No plano global, Mujica foi uma voz que desafiou o cinismo de nosso tempo. Sua crítica ao consumismo, sua defesa radical da liberdade como tempo de vida e seu estilo de vida simples — morando numa chácara, dirigindo um Fusca, doando parte do salário — tornaram-se símbolos de autenticidade num mundo saturado de lideranças performáticas e tecnocráticas. Em entrevistas recentes, insistia na urgência de uma cultura da sobriedade e da responsabilidade ecológica, afirmando que se todos quisessem viver como os europeus, precisaríamos de três planetas.
Essa mensagem, embora muitas vezes vista como utópica, representa um alerta geopolítico de longo alcance. Num momento em que a ascensão da ultradireita desafia as instituições democráticas — inclusive no Brasil e no Cone Sul —, Mujica oferecia uma alternativa: uma esquerda ética, popular, viável e baseada na pedagogia política e no compromisso com o comum.
Sem comentários:
Enviar um comentário