sábado, 30 de abril de 2005

Loucos e Santos por Oscar Wilde


(Oscar Wilde) Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade tolice, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

quinta-feira, 28 de abril de 2005

Ser vigilantes em relação aos espaços públicos

A Obra acabou! Podem aplaudir!
Teresa Andresen, arquitecta paisagista. Universidade do Porto.


Ainda na sequência de um comentário que aqui deixei no passado dia ...,venho agora responder ao apelo de Eduardo Souto Moura a propósito da surpresa que manifestou na televisão, na ocasião da apresentação do projecto da Avenida dos Aliados e da Praça da Liberdade, pelo facto de a obra da Rotunda da Boavista, que teria ficado tão bem, não ter recebido aplausos.Embora solicitada na altura, optei por ficar calada. Mas já que há um pedido do arquitecto Eduardo Souto Moura, aqui está uma voz. Sobre a Rotunda, ficou bem mas, na minha opinião, não merece aplauso sentido. Ficou asseada, de facto. Valoriza a fantástica Casa da Música (terá muito de capricho mas é fantástica (faz ruptura no momento e no sítio certo!). Julgo que ainda poderá estar por construir uma casa de chá no jardim que eventualmente será o pivot do espaço dentro da circular viária que o limita. O ajardinado ali existente é, acima de tudo, a base de suporte e recepção do magnífico monumento de Marques da Silva, ao centro. E, depois,era um espaço com um conjunto arbóreo-arbustivo de interesse assinalável,embora carente de um adequado Plano de Gestão. A herança da envolvente arquitectónica da Rotunda corresponde a uma miscelânea de datas recentes sem uma grande valia a destacar, relativamente a outros espaços da cidade.Noticiou-se na altura - se a memória não me atraiçoa - que na Rotunda se ia recuperar o traçado inicial. Achei desadequado pois a recuperação era impossível e não era a questão central. A Rotunda foi um espaço de feira e,depois, um espaço onde há largas décadas - quase um século - se valorizou a exposição de flores exigentes em luminosidade. Não há pois lugar à recuperação, até porque apenas o enorme ensombramento entretanto criado inviabiliza essa recuperação a não ser que, por absurdo, se tivesse decidido por um abate mais intenso das árvores. E, não é por acaso que os canteiros apresentavam uma dada modelação. O património das frondosíssimas árvores que ali vivem e foram crescendo, assim como um denso estrato arbóreo que o projecto delapidou excessivamente, não suportaria o rigor de uma recuperação. Para além do mais, todos sabemos que um jardim de dimensão reduzida circundado por um arruamento de tráfego intenso não reúne as condições ideais para o cumprimento das suas funções enquanto jardim.Portanto, a recuperação de um traçado original era uma questão falsa e não era particularmente importante. Deixei-me ficar calada pois não me era difícil antecipar que outros combates, mais oportunos em nome da qualificação do espaço público, estariam para vir. E, isto de criticar a obra de arquitectos que atingem um estatuto de autoridade tem muitos riscos.Meu caro Souto Moura, é natural que você não saiba o que isto seja! A curto prazo leva-nos a viver a solidão, a incompreensão e até a calúnia, imagine!Suporta-nos uma solidariedade que se vai manifestando devagar. Terá resultados a médio prazo e outros beneficiarão. É um combate desigual’aquele para o qual estou disponível. Mas vale a pena. Sabe, é preciso ter muita convicção dentro de nós. E a minha convicção é que a intervenção em espaços desta natureza não é uma competência da arquitectura mas sim da arquitectura paisagista. Haverá vantagens em fazê-la em articulação com a arquitectura e com outras áreas profissionais assim como em estar disponível para o debate. A montante, não apenas a jusante.Vi nesta obra serem cometidos erros graves da arte da jardinagem e da conservação de espaços verdes. Também não seria da sua competência zelar pelo rigor de intervenções em espaços de vegetação notável, como a Rotunda,onde é preciso atender ao valor de cada espécie e do conjunto de espécies,das raízes da vegetação, dos níveis de ensombramento e de compactação do solo, da densidade de plantação. E, talvez também não me devesse ter calado por este motivo. A maioria dos nossos espaços históricos da cidade foi acusada de estar degradada - em vez de se diagnosticar uma deficiente gestão que prevalece - e isto foi motivo para os planos de asseio’ a que muitos deles têm vindo a ser sujeitos. Para quando a intervenção de uma cultura de gestão a par com a cultura do projecto?
Aproveito agora para me dirigir ao Senhor Presidente da Câmara. A Câmara Municipal de Lisboa tem 45 arquitectos paisagistas, a de Oeiras cerca de 20 e entre eles alguns ocupam destacados lugares de chefia no respeitante ao espaço público. A do Porto acho que terá três. Há um défice manifesto de competência no tratamento do espaço público e consequentemente de uma cultura e de autoridade. A Universidade do Porto iniciou há 4 anos uma licenciatura em arquitectura paisagista. A decisão terá sido tardia mas a primeira geração está prestes a surgir. Ela será um recurso mobilizável para a qualidade de vida na cidade e na região e desejo que seja vigilante a favor de um padrão de cidadania participativa e informada sobre estas matérias do interesse colectivo.

terça-feira, 26 de abril de 2005

Um Só Mundo...é o que temos!

Save Wilderness for FREE - EcologyFund.com




Obrigada Cidade Solidária


ULTIMA HORA
Atentado ecológico na Colômbia


Mejor piojoso que decapitado

Daniel Samper Pizano

CAMBALACHE(20 de abril de 2005)
El Gobierno planea un atentado ecológico: cambiar la ley, para fumigar los parques nacionales.
El Gobierno quiere cambiar la legislación de parques nacionales a fin de fumigarlos con glifosato para combatir en ellos la proliferación de cultivos ilícitos. Así lo anunció hace una semana, y todos quedaron tan tranquilos. El ministro de Gobierno se atrevió a decir que “la mayor riqueza de la nación son sus reservas ecológicas y no se puede permitir que sean contaminadas con químicos por la producción de droga”.
Tenemos, entonces, que el Gobierno se propone envenenar los parques para protegerlos. Con la misma desfachatez habrían podido anunciar que, ante la epidemia escolar de piojos, y movido por su aprecio del cuero cabelludo de los estudiantes colombianos, procederá a decapitar a los apestados. No sabíamos del hondo cariño del ministro de la política por los parques: un cariño que lo impulsa a matar lo que más ama. Pero teníamos la idea, a fuerza de oírsela a voceros oficiales, de que estábamos ganando la batalla contra los cocales. Ahora resulta que no. Que, para vencer, será necesario modificar las leyes ecológicas de inspiración universal a fin de introducir en los parques sustancias químicas contaminantes.
Esta historia tiene tres patas, y los colombianos están en su derecho de conocerla completa. Deben saber, en primer lugar, que la fumigación no ha sido esa herramienta victoriosa contra los cultivos ilícitos que quieren vendernos. Segundo, que el sacrificio de nuestros parques se hará por presiones de la embajada de Estados Unidos y el sometimiento de nuestras autoridades. Y, tercero, que, aunque se han extendido los cultivos ilícitos en zonas naturales, es posible combatirlos sin acabar con los parques.
Vamos por partes y examinémoslas todas.
Éxito, pero poco. La guerra contra las drogas no avanza. Las más optimistas cifras hablan de un menor número de hectáreas cultivadas, pero la Junta Internacional de Fiscalización de Estupefacientes, órgano de la ONU, ya señaló cómo “la reducción de la superficie total en Suramérica parece neutralizada por aumento del rendimiento agrícola”. Asesores colombianos han dicho que el modelo no sirve. Fumigar envenena, pero no derrota. Sin embargo, pretenden que insistamos en la fórmula equivocada y que la hagamos aún peor.
¡Qué dirá la Embajada! Si algún día abriera sus actas el Consejo Nacional de Estupefacientes, organismo que dirige la lucha contra la droga en Colombia, veríamos hasta qué punto la embajada de Estados Unidos ha ejercido presión para conseguir algo que en su país le acarrearía un escándalo nacional: fumigar los parques con glifosato. Yo entiendo a la embajada: al fin y al cabo, los parques colombianos no son problema suyo, y quienes salen perdiendo con la fumigación no son los ciudadanos estadounidenses sino los de aquí. Lo grave es que ante esas presiones se han plegado casi todas las instituciones representadas en el Consejo: desde el ministerio de Gobierno hasta la Procuraduría. Solo los organismos ambientales se oponen a la fumigación, y por eso se les mira en el Consejo como una especie de parias. Si no empezaron aún los bombardeos de veneno sobre los parques, es debido a que la ley lo prohíbe. Pero el Gobierno, que tiene la costumbre de cambiar las leyes que le estorban, como ocurrió con la reelección, parece decidido a dar el paso nefando y consagrar en el estatuto orgánico de parques la posibilidad de que las propias autoridades esparzan sustancias químicas expresamente diseñadas para provocar alteraciones botánicas.
Divulga e assina a petição.

segunda-feira, 25 de abril de 2005

Foi para isto que se fez o 25 de Abril!


Sim, porque foi para terminar com a ditadura que se fez o 25 de Abril! E, em consequência, a democracia aí está, possibilitando a todos e a cada um que, usando a liberdade conquistada, participe na escolha dos seus diversos dirigentes.

Sim, porque foi para terminar com a guerra que se fez o 25 de Abril! E a guerra terminou, ajudando ao nascimento de novos países, que, com muitas dificuldades é certo, vêm caminhando, fazendo o seu próprio caminho de países independentes, construindo a sua própria história.

Sim, porque foi para terminar o isolamento internacional em que Portugal vivia que se fez o 25 de Abril. E aí estamos nós, inseridos na União Europeia, com relações amigáveis com todos os países do mundo!

Sim, porque foi para aumentar a alfabetização do País e acesso mais livre ao ensino superior e isso aconteceu!

Sim, porque hoje há eleições e direito à escolha de vários partidos!

Sim, porque Portugal tem um índice de desenvolvimento técnico e científico nas suas academias equiparável às congéneres europeias!

(texto por mim adaptado da mensagem da Associação 25 de Abril)

domingo, 24 de abril de 2005

sexta-feira, 22 de abril de 2005

Celebremos o 35º Aniversário do dia da Terra | Celebrate 35Th Anniversary of Earth Day

Um dia dedicado ao planeta que suporta uma imensa diversidade de vida, mas que se tornou pequeno para alguns. Se todos fossemos portugueses teríamos que dedicar o dia às 2,5 Terras, porque uma seria insuficiente.( Naturlink)

22 de Abril é o dia da Terra por Nuno Leitão (texto de 22-04-2002)

Hoje, 22 de Abril, comemora-se a existência do nosso planeta, a Terra. A Terra que, apesar de ser um imenso espaço que alberga uma abundante diversidade de vida, tornou-se demasiado pequena para alguns.Se todos os humanos adoptassem o estilo de vida portuguesa, que até nem é dos que causa maior impacto, seria necessário existir 2 Terras e meia para nos suportar. Se no resto do planeta todos vivessem como nós, não havia nem metade do espaço necessário para a população humana e para os seus resíduos, nem metade da água necessária para consumo e a produção de recursos habitual. A nossa Pegada Ecológica é demasiado grande.A Pegada Ecológica nacional situa-se entre os 3,7 e 5,8 hectares por habitante, quando, idealmente, não deveria ultrapassar os 1,8 hectares, e apesar de não sermos dos piores, encontramo-nos no Top 35 dos países com maior pegada ecológica.
A Nível Local
A propósito deste dia dedicado ao nosso pequeno planeta, a Câmara Municipal de S. João daMadeira dedica novamente este dia à Agenda 21 Local. Neste dia, o objectivo é que as entidades que aderirem a esta iniciativa promovam acções em benefícioda cidade, de preferência em parceria com várias instituições doconcelho.Na edição deste ano espera-se novamente uma adesão massiva dasinstituições do concelho, estando confirmadas cerca de 50 entidades, que irão envolver mais de 2000 Sanjoanenses. Pode ir a tempo de ver como é e participar numa imensa variedade de actividades!
A Nnível Mundial- Worldwide
THREE QUICK STEPS TO MAKE A DIFFERENCE
Happy Earth Day! No gifts to buy or cards to send this holiday.
Celebrating Earth Day this Friday can be quick and easy.

1) Send a message to car makers - Cars are one of the biggest sources of global warming pollution. California's groundbreaking new law cuts global warming pollution from cars. But the auto industry is suing to block the law. As a potential customer, your voice matters. On Earth Day, take a moment to tell car makers they should build less polluting cars instead of suing.

2) Earth-friendly seafood - print a wallet-sized list - Farmed salmon or wild - which is better for you and the planet? Carry this list of fish with you, so whether shopping for groceries or dining at a restaurant, you can always navigate your way to the best seafood choices. Print an extra for a friend!

3) Follow 20 simple steps to help undo global warming - Global warming is our most serious environmental problem. Today, tweak a daily habit or two (or twenty!). Bike or carpool to work. Or even brighten your house with more energy efficiency bulbs.

Share this list with your friends and family, and enjoy Earth Day! THANK YOU

quinta-feira, 21 de abril de 2005

Artistas pela Terra

Uma imagem....



e um filme

e mais muitos mais Artisitas pela Terra: humoristas, fotógrafos, pintores, etc
na
Terra.Org

Aqui também tem muitos conselhos, ideias para uma pratica ecológica!!

segunda-feira, 18 de abril de 2005

Os centros históricos, as requalificações e a publicidade

Não considero utópico o texto do Forum da Cidade . Penso que a causa está essencialmente na publicidade: no tempo destinado a ela nas radios e televisões nacionais, no espaço de paginas que elas ocupam nos jornais e revistas e o modo como ela é exposta na TV ( já vi quantos noticiários ultimamnte a fazer o seguinte: a pouco mais de vinte e cinco minutos de um bloco de notícias ouve-se e ve-se vamos a intervalo, com o pretexto de uma notíca-dossier e depois espetarem-nos com mais de 10 minutos de publicidade, finalmente entra a noticia-dossier que nem tem 2 minutos, para fechar o telejornal e nova enchurrada de publicidade de mais de 10 minutos!!!).
Quanto à dicotomia centros comerciasi/segurança enquanto as cidades não promoveram com coragem mais medidas de respsitos pelos peões e alternativas à mobilidade e respeito pelos espaços verdes quando pretendem "requalificar", então decicidamente os cidadãos viverão melhor as cidades.Temos que saber como, quando e de que forma atingir esses objectivos.Por isso considero importantes as reflexões escritas no blogue Baixa Pombalina.

TEXTO 1. É preciso deitar abaixo os Centros Comerciais.
POR Forum da Cidade
Ao contrário da maioria das cidades europeias, o centro histórico Lisboa encontra-se desertificado à noite e com o comércio tradicional quase moribundo, pese embora a ajuda que lhe vem dando o aparecimento das grandes marcas. E isso deve-se a uma errada política comercial, cuja responsabilidade não pode ser imputada só aos políticos, que têm sido sempre os bodes expiatórios das decisões tomadas pela influencia dos grupos de pressão organizados.Neste caso, foram os comerciantes receosos da concorrência - o país sempre foi avesso à concorrência, pelo menos nos últimos cinquenta anos - que pressionaram para que os centros comerciais, de criação inexorável, fossem afastados do centro, como forma de a evitar.Foi, a nosso ver, um erro histórico. Com essa opção, o comércio tradicional perdeu as suas possibilidades de desenvolvimento, ao contrário do que aconteceu nas outras capitais europeias que tiveram a opção contrária. As sinergias que lhe davam o movimento de pessoas nesses centros comerciais, em relação aos quais, quanto mais não fosse, o comércio tradicional sempre seria um sucedâneo, podiam ser o impulso para esse desenvolvimento.Mais grave, ainda, as pessoas passaram a deslocar-se para os centros comerciais que, afinal, não foram construídos tão longe como isso, e daí resultou uma verdadeira desertificação de Lisboa com consequências graves no domínio da segurança.Como todos sabemos não pode haver um polícia para cada cidadão e a melhor forma de se garantir essa segurança é, como em tudo, a presença de pessoas.É pois absolutamente necessário, se quisermos reanimar o centro histórico de Lisboa, deitar abaixo os centros comerciais, ao menos em sentido figurado. Isto é, é absolutamente necessário proibir a criação de novos centros comerciais fora do centro e, pelo contrário, estimular o seu aparecimento no centro histórico.

TEXTO 2. Afinal, qual o papel da Baixa na Baixa Pombalina, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana?!...
POR Baixa Pombalina
Quando Santana Lopes lançou a ideia da candidatura da Baixa a Património Mundial no Barcelona Meeting Point - que decorreu na capital da Catalunha entre os dias 21 e 26 de Outubro de 2003, a esperança de reabilitação da Baixa Pombalina parecia, finalmente, avançar.Acontece que, volvidos estes anos, o que realmente se passou foi o anunciar de medidas desgarradas e sem um plano global capaz de fazer frente à multiplicidade de problemas que uma acção deste natureza teria de resolver. Por vezes, neste blog sobre as políticas de intervenção na Baixa Pombalina aludimos a esta realidade e chamámos à atenção para esta inércia e também - porque não dizê-lo - inépcia das equipas que foram escolhidas para avançar as ideias e a acção no terreno. Seria um trabalho ciclópico a desenvolver não só na vertente arquitectónica, mas também política,social, jurídica e histórico-cultural; um trabalho a ser realizado pelo menos em dois mandatos autárquicos, com o apoio do governo e o consenso das oposições [não nos podemos esquecer que a reabilitação da Baixa, mais do que um projecto da cidade de Lisboa é um projecto nacional; reabilitar Alfama como bairro histórico não tem o mesmo significado histórico- cultural e político da reabilitação da Baixa !] .Se em 1755 o quadro jurídico não tivesse sido alterado e se não houvesse uma equipa de homens capazes para procederem à reconstrução de Lisboa, esta não teria sido possível. O que se passa hoje com a Baixa é uma falta de coragem política associada a uma incapacidade de accionar a mudança; e foi talvez esta a razão que levou Siza Vieira a não aceitar o projecto de reabilitação da Baixa.A poucos meses do final deste mandato autárquico, eis que surge [finalmente!] a Baixa Pombalina, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana, EM, cujas linhas orientadoras da estratégia de intervenção podem ser consultadas on-line [clique nas imagens]. Embora não conhecendo o modo de concretização do plano de actividades, nem a sua calendarização parece-nos desde já um projecto inovador relativamente ao conceito de reabilitação urbana que não se reduz à "recuperação estrita do edificado" mas também "à revitalização funcional dos usos, das acessibilidades e do espaço público" e ainda, o "privilegiar uma escala de intervenção diferente da geralmente considerada em reabilitação: agora, o conjunto edificado, em regra, o quarteirão ou a frente de rua, em vez do imóvel individualizado."
Apesar destes aspectos positivos [que só por si valem o lançamento do projecto] - o que não entendemos, pelo menos pela leitura que fizemos do projecto, é a enorme e tão diferenciada área que abrange, nada mais que oito unidades operativas de reabilitação [UOR]s que vão de Alfama Rio ao Chiado Norte, passando [claro está] pela Baixa! Não se compreende que um projecto a pensar na Baixa seja aplicado em Alfama, S. Paulo ou mesmo até no Chiado [a lógica do quarteirão aplica-se também a estas áreas?]; não estaremos, mais uma vez, a dar o nome de Baixa Pombalina a projectos que se destinam à multiplicação de fundos para o Chiado e Alfama?Afinal, qual o papel da Baixa na Baixa Pombalina, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana, Emp. Municipal?!...

domingo, 17 de abril de 2005

Carta escrita no ano 2070 - a falta de água

São inumeráveis os leitores, bloggers e pessoas que conheço, que ficaram cativadas por este texto. Tenho sugerido e tenho feito isso, que é:
-enviem-no para as Câmaras e Juntas de Freguesia
- enviem-no para os Centros de Saúde da vossa localidade
-coloquem-no nas V/ Escolas, Faculdades, Serviços, Tribunais, fóruns da net, etc.
- publiquem-no nas Associações Recreativas, cafés, etc
É preciso melhores praticas ambientais.

"Estamos no ano de 2070, acabo de completar os 50, mas a minha aparência é de alguém de 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro com cerca de uma hora. Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele. Antes todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira. Agora devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água. Antes o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava; pensávamos que a água jamais se podia terminar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes a quantidade de água indicada como ideal para beber era oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água. A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não têm a capa de ozono que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte. A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com água potável em vez de salário. Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressiquidade da pele uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. Os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água. O oxigénio também está degradado por falta de árvores, o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos. Como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O governo até nos cobra pelo ar que respiramos: 137 m3/ dia por habitante e adulto. A gente que não pode pagar é retirada das "zonas ventiladas" que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar. Não são de boa qualidade, mas pode-se respirar. A idade média é de 35 anos. Em alguns países ficaram manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exército. A água tornou-se um tesouro muito cobiçado mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui em volta, não há arvores porque quase nunca chove, e quando chega a registar-se precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano têm sido severamente transformadas pelas experiências atómicas e da indústria contaminante do século XX. Advertia-se que havia que cuidar o meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, falo-lhe da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente. Ela pergunta-me:- Mamã! Porque se acabou a água? Então, sinto um nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpada, porque pertenço à geração que terminou destruindo o meio ambiente ou simplesmente não tomámos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto, e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso planeta terra!"

sexta-feira, 15 de abril de 2005

ESTRELA DO MAR por Jorge Palma

Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
E em que o sono parecia disposto a não vir
Fui estender-me na praia sozinho ao relento
E ali longe do tempo acabei por dormir
Acordei com o toque suave de um beijo
E uma cara sardenta encheu-me o olhar
Ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
Ela riu-se e disse baixinho: estrela do mar
Sou a estrela do mar
Só a ele obedeço, só ele me conhece
Só ele sabe quem sou no princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força
Ser dono de mim
Nao sei se era maior o desejo ou o espanto
Mas sei que por instantes deixei de pensar
Uma chama invisível incendiou-me o peito
Qualquer coisa impossível fez-me acreditar
Em silêncio trocámos segredos e abraços
Inscrevemos no espaço um novo algabeto
Já passaram mil anos sobre o nosso encontro
Mas mil anos são pouco ou nada para a estrela do mar
(Jorge Palma)

quinta-feira, 14 de abril de 2005

Sobre o Projecto de Remodelação para a Avenida dos Aliados

Junto a minha voz ao texto do Paulo Araújo do Dia Com Árvores acerca do que está pensado para a Avenida dos Aliados.
Mais uma vez um exemplo do autismo e prepotência dos autarcas . Que mais podemos fazer para demover interesses bancários, económicos, sociais até que se cumpram alguns decretos de lei no sentido de efectivamnete começarmos a Recuperar e Reconstruir o património de uma cidade, sem excluir os espaços naturais?
Modernizar parece sinónimo de destruir a Natureza.
As crianças do Porto desaprendem Educação Ambiental logo mal saiem das escolas do Concelho...

Como contra-exemplo e como as alternativas existem, dou todo o apoio à iniciativa da Associação Vamos Renovar Lisboa, que aqui apresentam varios textos de recuperação e restauro.

Termino publicando também o texto integral do Paulo Araújo e sugiro que inspirados nele, escrevam à Camara do Porto manifestando-se contra o Projecto Sizento para a Avenida dos Aliados.

Apresentado publicamente pelos seus autores em 14 de Março passado, o projecto de remodelação da Avenida dos Aliados deverá, segundo anúncio da Câmara da Porto, estar concretizado até ao próximo mês de Agosto. Essa remodelação, financiada e executada pela empresa Metro do Porto, é consequência da construção de uma estação de Metro que, situada como está a meio caminho entre duas outras muito próximas (S. Bento e Trindade), nunca foi cabalmente justificada.Pelas declarações que foram vindo a público, e pelas intervenções anteriores dos mesmos arquitectos no espaço público da cidade (Rotunda da Boavista, por exemplo), não se pode dizer que o projecto para a Avenida seja uma surpresa. De facto, uma das tendências que avulta nas transformações a que a cidade vem sendo submetida é a recusa do colorido, do canteiro com flores, e a opção pelos grandes espaços monocromáticos cobertos por granito ou arrelvados. Toda a zona da Cordoaria, Parada Leitão e Leões foi intensamente petrificada pela Porto 2001; e as flores e canteiros desapareceram dos jardins da Rotunda da Boavista, da Cordoaria e da Avenida de Montevideu. Esta predilecção pelo cinzentismo, que ignora ou desdenha o que é característico das nossas cidades em favor de uniformizantes modelos de importação, é inteiramente perfilhada pelos arquitectos a quem foi adjudicada a requalificação dos Aliados.Uma primeira perplexidade é que, tendo as obras da Porto 2001 provocado um desagrado tão manifesto em vastos sectores da cidade, se insista na mesma estética minimalista. Quem frequenta a cidade reconhece como o espaço público petrificado se tornou inóspito, mais frágil e, tirando ocasiões especiais, mais rarefeito da presença humana; e como essas transformações radicais, ao obliterarem a memória dos lugares, criaram, na feliz expressão de Rui Moreira, um efeito de orfandade nos cidadãos. Dir-­se-­ia, pois, que o fracasso da Porto 2001 não trouxe ensinamentos a quem planeia o espaço público ou sobre ele decide, e que estamos perante uma flagrante incapacidade de aprender com a (má) experiência.As intervenções em zonas públicas consolidadas com alto valor patrimonial ou simbólico devem respeitar o carácter dos locais - e, em qualquer caso, não podem ser decididas de forma autocrática, ignorando a opinião dos cidadãos e os seus laços afectivos com a cidade. Ora, nada disso se passou neste caso e noutros semelhantes: os arquitectos decidem com toda a liberdade sobre o futuro de lugares que a todos pertencem; e à cidade, aturdida pelo prestígio dos arquitectos, só é consentido que exprima uma admiração sem reservas ou se cale.Há aqui graves vícios de procedimento: primeiro, que o trabalho seja confiado aos arquitectos por ajuste directo e não por concurso público; segundo, que não haja um caderno de encargos que corporize, a bem da salvaguarda do património e da identidade urbana, os parâmetros a que o projecto deve obedecer; terceiro, que não se tenha promovido uma ampla e fecunda discussão pública em todas as fases do processo. E o procedimento autista da Câmara é ainda mais inaceitável por estar em causa um espaço emblemático, autêntica sala de visitas da cidade.Ressalvando que este processo, por estar ferido de autoritarismo e torpedear os direitos dos cidadãos, deveria ser refeito desde o início, entendemos ainda assim manifestar a nossa opinião, na esperança de que pelo menos se repensem algumas das opções mais gravosas do actual projecto, como sejam:

1) o uso exagerado do granito, agravado pela ausência de arborização na placa central da Praça da Liberdade, que irá conferir um ar soturno a todo o conjunto e potenciar situações de desconforto térmico em dias de calor (já notório noutros locais da cidade sujeitos a tratamento semelhante);
2) a supressão, como já aconteceu na Praça da Batalha, da calçada portuguesa - que, além de embelezar o pavimento e ser uma marca da nossa fisionomia urbana que importa preservar, é no presente caso especialmente valiosa, exibindo um conjunto de raros e expressivos desenhos alusivos à produção do vinho do Porto;
3) a abolição dos canteiros floridos, numa atitude de menosprezo pela grande tradição floral portuense, que hoje sobrevive nos jardins públicos graças ao inestimável Viveiro Municipal e aos meritórios esforços dos jardineiros camarários;
4) a promessa de renovar a arborização da Avenida com árvores iguais às que ainda lá existem (Acer platanoides) e se revelaram inadaptadas ao local, o que só se pode explicar por ignorância;
5) o sacrifício de duas esplêndidas magnólias, junto à Igreja dos Congregados, que são uma referência na zona e florescem vistosamente nos primeiros meses de cada ano;
6) as facilidades concedidas ao automóvel, com a manutenção de três faixas de rodagem em cada sentido e dos atravessamentos na placa central, o que é uma atitude incompreensível face ao pesado investimento na rede do Metro e torna o centro da Avenida, que se quer um passeio público animado de vida, numa ilha rodeada de trânsito intenso;
7) o bizarro capricho de rodar 180 graus a estátua equestre de D. Pedro, obrigando-o a dar as costas, 170 anos depois, ao inimigo que tão garbosamente enfrentou durante o histórico cerco do Porto.
Fazer cidade não pode ser, como tem sido nos últimos anos, vestir o espaço público com um novo figurino que o torne irreconhecível. O dinheiro que se tem esbanjado nessas mal avisadas requalificações seria muito mais bem empregado na manutenção ou recuperação historicamente consciente de jardins e praças, ou na construção de novos jardins ou espaços públicos de qualidade em lugares onde eles não existam. Esta nova Avenida dos Aliados que a empresa Metro do Porto oferece à cidade tem um ar de requentado déjà vu; a cidade, para seu bem, deve ter a frontalidade e a lucidez de recusar a oferta.

terça-feira, 12 de abril de 2005

Constituição Europeia: a nível Geral e a nível do Ambiente


É difícil não falar deste importante Referendo. Votar Não, não significa estritamente que se está contra o projecto europeu. Pode-se exigir uma melhor Constituição Europeia, isto é, a redacção da que está a ser proposta parece não ser válida em aspectos muito importantes.
Além disso são mais de 810 paginas que estão em consulta e eu pergunto qual é o cidadão comum ( com o dia a dia extremente complicado que todos nós temos) que o terá lido inteiramente?
Há artigos que merecem uma abordagem e reflexão atentas.
Portanto, por tudo isto e pelas explicações que se seguem, mais vale exigir uma melhor Constituição Europeia do que votar entusiasticamente no Sim e acarretarmos com os graves impactos abaixo referidos....

A Nível Geral segue a tradução das 30 razões, na altura divulgadas pelo Blogo Social Português ( com base por sua vez em Rebelion)

15 razões para aprovar a constituição:

1. Pelo seu caracter constitucional define um modelo político de liberdade e solidariedade.
2. Integra com carácter vinculativo a Carta de Direitos Fundamentais que dá sentido à cidadania Europeia.
3. Situa os valores e objectivos da UE numa definição mais progressista que a maioria das constituições dos Estados membros, incluindo a Paz, a Liberdade, a Democracia, os Direitos Humanos, a Igualdade entre homens e mulheres, a Justiça, a Solidariedade, a Economia livre de mercado, o Emprego pleno, o Desenvolvimento sustentável, a não Discriminação por nenhum motivo de género, raça, credo, orientação sexual ou outro, e a erradicação da pobreza.
4. Introduz o conceito de democracia participativa e cria a iniciativa legislativa popular Europeia.
5. Estabelece a orientação federal da União, reconhecendo a sua dupla legitimidade porcedente dos estados e dos seus cidadãos.
6. Reforça as capacidades da UE na sua política externa e de defesa, consagra o multilateralismo, o respeito pelo direito internacional, a legitimidade da ONU e a solução negociada dos conflitos.
7. Estabelece uma política de coesão económica, social e territorial.
8. As leias da UE serão aprovadas conjuntamente pelo parlamento Europeu e pelo conselho Europeu.
9. Outorga à UE personalidade jurídica própria.
10. Amplia a cooperação entre países que desejem aprofundar as sua relações mais rapidamente.
11. Passa a existir maioria qualificada, através do duplo critério da população e do número de estados, acabando com a unanimidade até agora necessária.
12. Clarifica a divisão de poderes, com um legislativo partilhado entre a Comissão e o Parlamento; consolida a Comissão Europeia como governo da UE e cria a figura de presidente do Conselho Europeu e o de Ministro dos negócios estrangeiros.
13. Aumenta a participação dos parlamentos nacionais nas decisões da UE.
14. Reforça o papel das regiões, cidades e municípios.
15. Institucionaliza a Convenção como método representativo e transparente no processo da revisão constitucional.

15 razões para reprovar a constituição:

1. Não se trata de uma autêntica constituição surgida através de uma assembleia constituinte eleita por sufrágio universal directo; pelo contrário, estamos perante um tratado internacional multilateral, como reflexa a sua adopção, ratificação e revisão por parte dos Estados membros e não dos seus cidadãos.
2. A Carta de Direitos Fundamentais não amplia o âmbito de aplicação do direito na UE nem cria novas competências (Art. II-111), pelo que se resume a uma declaração de princípios sem consequências práticas.
3. Os autênticos valores e objectivos da UE estão reflectidos na utilização da palavra "competividade" 27 vezes, enquanto que a "Economia Social de Mercado" aparece apenas uma vez, com o atributo de "altamente competitiva" (Art. I-3). Objectivos como a "paz" e o "desenvolvimento sustentável" não são posteriormente concretizados.
4. O único mecanismo real de democracia participativa explicita é a iniciativa de legislatura popular que é muito limitada, já que não obriga a Comissão Europeia a apresentar a proposta, e está reduzida às áreas de competência da Comissão (fundamentalmente política comercial, monetária e mercado interior); para além destes constrangimentos, estas iniciativas só poderão ir avante com a mobilização de pelo menos 1 milhão de cidadãos provenientes de um número significativo de estados membros.
5. Consolida a poder de decisão da soberania estatal na UE, já que apenas uma instituição, o parlamento Europeu, é eleito directamente por sufrágio universal dos Europeus.
6. Permite à UE recorrer à guerra preventiva e aposta no militarismo ao criar uma agência para a aquisição e investigação militar e obrigar os estados membros a incrementar os seus gastos militares (Art. I-41)
7. As políticas de coesão Económica, Social e territorial continuam a ter por base fundos mínimos (o orçamento da UE o não ultrapassa 1,27 % do PIB comunitário), ao mesmo tempo que a harmonização entre estados é cada vez mais difícil, e é interdita a convergência legal em termos de condições de trabalho, segurança social e luta contra a exclusão social.
8. O parlamento Europeu continua sem ter autonomia ou iniciativa legislativa, mantendo-se como orgão consultivo.
9. Nega a cidadania Europeia aos residentes extra-comunitários, negando-lhes por acréscimo uma série de direitos.
10. Aprofunda as divergências entre estados membros, ao estabelecer a possibilidade de uma série de cooperações reforçadas, o que implica apostar na consolidação de uma Europa a várias velocidades.
11. Mantém a unanimidade paralizante relativamente à adopção de políticas fiscais e sociais, assim como leis contra todo o tipo de descriminação (Art. III-124). Pelo contrário, alarga a maioria qualificada para temas económicos como a liberalização dos serviços, com os previsíveis efeitos sociais negativos.1
2. Não estabelece uma verdadeira divisão de poderes, já que (por exemplo) a comissão Europeia mantém o monopólio da iniciativa legislativa ao mesmo tempo que se vê reforçado o seu poder executivo na UE.
13. Os parlamentos nacionais continuam sem nenhum poder de decisão relativamente às decisões da UE.
14. O papel das regiões, cidades e municípios continua a ser meramente consultivo.
15. Esmaga-se o tratado constitucional, ao exigir a unanimidade dos 25 estados membros da UE para a ratificação da sua reforma (Art. IV-443), institucionalizando a lógica da diplomacia internacional em detrimento de qualquer processo constituinte.

Impactos e consequências da nova Constituição europeia para o ambiente.

Country Programmes Officer for Portugal, Greece and Turkey Royal Society for the Protection of BirdsInternational Division The Lodge Sandy Bedfordshire SG19 2DL UK

A minha organização tem seguido e contribuído desde o inicio para o processo de formulacao do novo tratado constitucional. De um modo muito sumario, e daquilo que me lembro das reuniões e conversas que tivemos sobre o assunto, na versão final do novo tratado constitucional ha perdas e ganhos em relação a situação actual.

Perdas ou falhas principais

Transparência e acesso aos documentos - segundo a nova Constituição, a votação e os relatórios dos conselhos de ministros serão do domínio publico, mas os grupos de trabalho e o COREPER (onde a maior parte do trabalho detalhado e feito) continuarão "fechados".

No geral, o acesso a documentos nao melhorara substancialmente com a nova constituição - uma oportunidade perdida Substancia da PAC (Politica Agricola Comum), Politica Comunitária das Pescas e a Politica de Transportes 'locked in' - A substancia das já antiquadas politicas comunitárias de refrencia-framework policies - não será alterada com a nova Constituição, sendo que estas estarão 'locked in' no tratado constitucional e so poderao mudar atraves de um voto unanime num Conselho de Ministros - ou seja, cada um dos 25 actuais estados membros tem direito a veto quanto a esta matéria. Esta situação é indesejável porque ,por exemplo, os objectivos da PAC (desastrosos para a conservacao da natureza) poderão permanecer inalterados por muitos anos. Este é provavelmente a maior falha do novo tratado em termos de impacto e consequências no ambiente.

Ganhos principais
O tratado introduz uma "iniciativa de cidadãos". Se um milhão de pessoas de um numero significativo de estados membros assinar uma petição sobre um qualquer aspecto constitucional que esta a ser desrespeitado, a Comissão tera que estudar o tema. Isto abre excelentes oportunidades para grandes ONGAs Europeias como a BirdLife International ou a WWF, mas o efeito contrario também pode acontecer, com caçadores europeus a mobilizarem-se para exigirem uma mudança na Directiva Aves.
Reforço dos poderes do PE - Os poderes do Parlamento Europeu saem reforçados na nova Constituicaso, nomeadamente no controle sobre a totalidade do orçamento comunitário (incluindo o orcamento da PAC). No geral isto e positivo para o ambiente, porque o PE é mais receptivo aos temas ambientais que a Comissão.

Incógnita
Acesso ao Tribunal Europeu de Justiça - as regras de acesso ao TEJ são diferentes na nova Constituição, e não e claro que implicações isto terá nomeadamente em relação a possibilidade das ONGS levarem casos que digam directamente respeito a decisões das instituições europeias ao TEJ.

segunda-feira, 11 de abril de 2005

Modernidade e passadismo

Por José Carlos Marques

Há mais de 30 anos que acompanho a evolução dos movimentos ambientais / ecológicos e tenho constantemente deparado com as acusações que lhes são frequentemente feitas de serem nostálgicos do passado ou resistentes à modernidade, critério tornado o abre-te sésamo de qualquer valoração.

Entre nós, até um autarca como Luís Filipe Menezes, a propósito da resistência de um proprietário rural de Gaia a uma expropriação feita para se construir lá o indispensável centro de estágios do Futebol Clube doPorto, proferiu esta frase viril, que tantos dizem de outros modos mais sibilinos quando surge alguma resistência aos seus grandiosos planos: Ele será esmagado pela modernidade!

Quantas vezes a invocação da modernidade e da modernização tem sido feita,em todo o mundo, e também em Portugal, para justificar verdadeiras aberrações urbanísticas e ambientais. É o pão nosso de cada dia. Para mentesmais primárias, os ecologistas estão contra tudo. Não conseguem compreender (mesmo alguns diplomados do ensino superior) que esse tudo não é senão mais do mesmo e que, portanto, os ecologistas não estão contra tudo, mas apenas contra uma só coisa, a destruição contínua da natureza e dos sistemas vivos e seus suportes.

É assim gratificante ver num editorial de um jornal de prestígio mundial, o Le Monde, a finalizar o texto que se refere ao recente relatório de 1300 etal peritos que, contra Lomborgs e marés, reafirmam o conhecido conhecimentodo estado de contínua degradação ambiental na Terra, esta frase espantosa:Puisque la modernité, aujourd'hui, c'est tout simplement de comprendrequ'il faut sauver la planète. É que a modernidade, hoje, é muitosimplesmente compreender que é necessário salvar o planeta.

Sim, anti-modernos são aqueles que insistem numa modernidade serôdia queconsiste em fazer recuar cada vez mais os espaços não construídos, não industrializados, não infra-estruturados à custa da destruição de valores ecológicos e de simples recursos vivos ou até de simples espaço.

Infelizmente, há também já muitos que seriam capazes de cantarolar a expressiva frase do Le Monde AO MESMO TEMPO QUE promovem a manipulação da natureza segundo critérios de mera rentabilidade ou modernidade ou progresso científico ou que lançam projectos diversos que apenas reforçam o esmagamento da natureza pela modernidade serôdia que cultivam.

O próprioLe Monde não deixa de o fazer quando toca a certas opções tecnocráticas da iniciativa pública e privada feitas em função da grandeza da França ou da sua competitividade. A miopia e a contradição são das coisas mais bem repartidas, como dizia Descartes do bom senso.

domingo, 10 de abril de 2005

As 4 Ecologias de Boff



Retirado da página de Leonardo Boff

1. Ecologia ambiental
Esta primeira vertente se preocupa com o meio ambiente, para que não sofra excessiva desfiguração, com qualidade de vida e com a preservação das espécies em extinção. Ela vê a natureza fora do ser humano e da sociedade. Procura tecnologias novas, menos poluentes, privilegiando soluções técnicas. Ela é importante porque procura corrigir os excessos da voracidade do projeto industrialista mundial, que implica sempre custos ecológicos altos.
Se não cuidarmos do planeta como um todo, podemos submetê-lo a graves riscos de destruição de partes da biosfera e, no seu termo, inviabilizar a própria vida no planeta.

Bibliografia mínima de orientação- Berry, T. O sonho da Terra, Vozes, Petrópolis 1991- Boff, L., Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres, Atica, S.Paulo 1995.- Capra. F.,O ponto de mutação, Cultrix, S.Paulo 1991.- Dajoz, R.,Ecologia gerl, Vozes, Petrópolis 1983.- Lovelock,J.,Gaia, um novo olhar sobre a vida na Terra, Edições 70, Lisboa 1987.- Varios, Cuidando do planeta Terra. Uma estratégia para o futuro da vida, publicação conjunta de UICN/ PNUMA/WWR, S.Paulo 1991.- Wilson, E., O futuro da vida, Campus, Rio de Janeiro 2001

2. Ecologia social
A segunda - a ecologia social - não quer apenas o meio ambiente. Quer o ambiente inteiro. Insere o ser humano e a sociedade dentro da natureza. Preocupa-se não apenas com o embelezamento da cidade, com melhores avenidas, com praças ou praias mais atrativas. Mas prioriza o saneamento básico, uma boa rede escolar e um serviço de saúde decente. A injustiça social significa uma violência contra o ser mais complexo e singular da criação que é o ser humano, homem e mulher. Ele é parte e parcela da natureza.
A ecologia social propugna por um desenvolvimento sustentável. É aquele em que se atende às carências básicas dos seres humanos hoje sem sacrificar o capital natural da Terra e se considera também as necessidades das gerações futuras que têm direito à sua satisfação e de herdarem uma Terra habitável com relações humanas minimamente justas.
Mas o tipo de sociedade construída nos últimos 400 anos impede que se realize um desenvolvimento sustentável. É energívora, montou um modelo de desenvolvimento que pratica sistematicamente a pilhagem dos recursos da Terra e explora a força de trabalho.
No imaginário dos pais fundadores da sociedade moderna, o desenvolvimento se movia dentro de dois infinitos: o infinito dos recursos naturais e o infinito do desenvolvimento rumo ao futuro. Esta pressuposição se revelou ilusória. Os recursos não são infinitos. A maioria está se acabando, principalmente a água potável e os combustíveis fósseis. E o tipo de desenvolvimento linear e crescente para o futuro não é universalizável. Não é, portanto, infinito. Se as famílias chinesas quisessem ter os automóveis que as famílias americanas têm, a China viraria um imenso estacionamento. Não haveria combustível suficiente e ninguém se moveria.
Carecemos de uma sociedade sustentável que encontra para si o desenvolvimento viável para as necessidades de todos. O bem-estar não pode ser apenas social, mas tem de ser também sociocósmico. Ele tem que atender aos demais seres da natureza, como as águas, as plantas, os animais, os microorganismo, pois todos juntos constituem a comunidade planetária, na qual estamos inseridos, e sem os quais nós mesmos não viveríamos.
Bibliografia mínima de orientação- Boff, L., Ecologia, mundialização, espiritualidade, Atica, S.Paulo 1996.- Boff, L., Do iceberg à arca de Noé, Garamond, Rio de Janeiro 2002.- Boff, L., Ecologia social em face da pobreza e da exclusão, em Etica da vida, Letraativa, Brasilia 2000, pp. 41-72.- Minc, C., Como fazer movimento ecológico e defender a natureza e as liberdades, Vozes, Petrópolis 1987.- Müller, R, O nascimento de uma civilização global, Aquariana, S.Paulo 1993.- Vários. Nosso futuro comum. Comissão Mundial sobre o Meio Ambiene, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro 1988.

3. Ecologia mental
A terceira, a ecologia mental, chamada também de ecologia profunda, sustenta que as causas do déficit da Terra não se encontram apenas no tipo de sociedade que atualmente temos. Mas também no tipo de mentalidade que vigora, cujas raízes alcançam épocas anteriores à nossa história moderna, incluindo a profundidade da vida psíquica humana consciente e inconsciente, pessoal e arquetípica.
Há em nós instintos de violência, vontade de dominação, arquétipos sombrios que nos afastam da benevolência em relação à vida e à natureza. Aí dentro da mente humana se iniciam os mecanismos que nos levam a uma guerra contra a Terra. Eles se expressam por uma categoria: a nossa cultura antropocêntrica. O antropocentrismo considera o ser humano rei/rainha do universo. Pensa que os demais seres só têm sentido quando ordenados ao ser humano; eles estão aí disponíveis ao seu bel-prazer. Esta estrutura quebra com a lei mais universal do universo: a solidariedade cósmica. Todos os seres são interdependentes e vivem dentro de uma teia intrincadíssima de relações. Todos são importantes.
Não há isso de alguém ser rei/rainha e considerar-se independente sem precisar dos demais. A moderna cosmologia nos ensina que tudo tem a ver com tudo em todos os momentos e em todas as circunstâncias. O ser humano esquece esta realidade. Afasta-se e se coloca sobre as coisas em vez de sentir-se junto e com elas, numa imensa comunidade planetária e cósmica. Importa recuperarmos atitudes de respeito e veneração para com a Terra.
Isso somente se consegue se antes for resgatada a dimensão do feminino no homem e na mulher. Pelo feminino o ser humano se abre ao cuidado, se sensibiliza pela profundidade misteriosa da vida e recupera sua capacidade de maravilhamento. O feminino ajuda a resgatar a dimensão do sagrado. O sagrado impõe sempre limites à manipulação do mundo, pois ele dá origem à veneração e ao respeito, fundamentais para a salvaguarda da Terra. Cria a capacidade de re-ligar todas as coisas à sua fonte criadora que é o Criador e o Ordenador do universo. Desta capacidade re-ligadora nascem todas as religiões. Precisamos hoje revitalizar as religiões para que cumpram sua função religadora.

Bibliografia mínima de orientação-Berry, T., O sonho da Terra, Vozes, Petrópolis 1991- Boff, L., A nova era: a civilização planetária, Atica, S.Paulo 1995.- Boff, L.,Eco-espiritualidade:sentir, pensar e amar como Terra, em Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres, Atica, S.Paulo 1995, pp.285-307.- Lutzenberger, J., Gaia, o planeta vivo(por um caminho suave), L&PM 1990, Porto Alegre 1990.- Prigogine, I. E Stengers I, A nova aliança, Editora da Universidade de Brasilia, Brasilia 1990.- Sagan, C., Pálido ponto azul, Companhia das Letras, S.Paulo 1996.- Unger, N.M., Encantamento do humano:ecologia e espiritualidade, Loyola, S.Paulo 1997.-Zohar, D.e Dr. Ian Marshall, QS, Inteligência espiritual, Record, Rio de Janeiro 2000


4.Ecologia integral
Por fim, a quarta - a ecologia integral - parte de uma nova visão da Terra. É a visão inaugurada pelos astronautas a partir dos anos 60 quando se lançaram os primeiros foguetes tripulados. Eles vêem a Terra de fora da Terra. De lá, de sua nave espacial ou da Lua, como testemunharam vários deles, a Terra aparece como resplandecente planeta azul e branco que cabe na palma da mão e que pode ser escondido pelo polegar humano.
Daquela perspectiva, Terra e seres humanos emergem como uma única entidade. O ser humano é a própria Terra enquanto sente, pensa, ama, chora e venera. A Terra emerge como o terceiro planeta de um Sol que é apenas um entre 100 bilhões de outros de nossa galáxia, que, por sua vez, é uma entre 100 bilhões de outras do universo, universo que, possivelmente, é apenas um entre outros milhões paralelos e diversos do nosso. E tudo caminhou com tal calibragem que permitiu a nossa existência aqui e agora. Caso contrário não estaríamos aqui. Os cosmólogos, vindos da astrofísica, da física quântica, da biologia molecular, numa palavra, das ciências da Terra, nos advertem que o inteiro universo se encontra em cosmogênese. Isto significa: ele está em gênese, se constituindo e nascendo, formando um sistema aberto, sempre capaz de novas aquisições e novas expressões. Portanto ninguém está pronto. Por isso, temos que ter paciência com o processo global, uns com os outros e também conosco mesmo, pois nós, humanos, estamos igualmente em processo de antropogênese, de constituição e de nascimento.
Três grandes emergências ocorrem na cosmogênese e antropogênese: (1) a complexidade/diferenciação, (2) a auto-organização/consciência e (3) a religação/relação de tudo com tudo. A partir de seu primeiro momento, após o Big-Bang, a evolução está criando mais e mais seres diferentes e complexos (1). Quanto mais complexos mais se auto-organizam, mais mostram interioridade e possuem mais e mais níveis de consciência (2) até chegaram à consciência reflexa no ser humano. O universo, pois, como um todo possui uma profundidade espiritual. Para estar no ser humano, o espírito estava antes no universo. Agora ele emerge em nós na forma da consciência reflexa e da amorização. E, quanto mais complexo e consciente, mais se relaciona e se religa (3) com todas as coisas, fazendo com que o universo seja realmente uni-verso, uma totalidade orgânica, dinâmica, diversa, tensa e harmônica, um cosmos e não um caos.
As quatro interações existentes, a gravitacional, a eletromagnética e a nuclear fraca e forte, constituem os princípios diretores do universo, de todos os seres, também dos seres humanos. A galáxia mais distante se encontra sob a ação destas quatro energias primordiais, bem como a formiga que caminha sobre minha mesa e os neurônios do cérebro humano com os quais faço estas reflexões. Tudo se mantém religado num equilíbrio dinâmico, aberto, passando pelo caos que é sempre generativo, pois propicia um novo equilíbrio mais alto e complexo, desembocando numa ordem, rica de novas potencialidades.
Bibliografia mínima de orientação- Boff, L., Uma cosmovisão ecológica: a narrativa atual, em Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres, Atica, S.Paulo1995, pp.63-100.- Crema, R., Introdução à visão holística, Cultrix, S.Paulo 1997.- De Duve, C, Poeira vital. A vida como imperativo cósmico, Campus, Rio de Janeiro 1997.- Gadotti, M., Pedagogia da Terra, Editora Fundação Peirópolis, S.Paulo 2001.- Hawking, S., O universo numa casca de noz, Mandarin, S.Paulo 2001.- Müller, R., O nascimento de uma civilização global, Aquariana, S.Paulo 1991.- Zohar, D., O ser quântico. Uma visão revolucionária da natureza humana e da consciência baseada na nova física, Best Seller, S.Paulo 1991.

Biografia de Leonardo Boff [da wiki]
Leonardo Boff ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1959 e foi ordenado sacerdote em 1964. Em 1970, doutorou-se em Filosofia e Teologia na Universidade de Munique, Alemanha. Ao retornar ao Brasil, ajudou a consolidar a Teologia da Libertação no país. Lecionou Teologia Sistemática e Ecumênica no Instituto Teológico Franciscano em Petrópolis (RJ) durante 22 anos. Foi editor das revistas Concilium (1970-1995) (Revista Internacional de Teologia), Revista de Cultura Vozes (1984-1992) e Revista Eclesiástica Brasileira (1970-1984). Seus questionamentos a respeito da hierarquia da Igreja, expressos no livro Igreja, Carisma e Poder, renderam-lhe um processo junto à Congregação para a Doutrina da Fé, então sob a direção de Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI. Em 1985, foi condenado a um ano de "silêncio obsequioso", perdendo sua cátedra e suas funções editoriais no interior da Igreja Católica. Em 1986, recuperou algumas funções, mas sempre sob severa vigilância. Em 1992, ante nova ameaça de punição, desligou-se da Ordem Franciscana e pediu dispensa do sacerdócio. Sem que esta dispensa lhe fosse concedida, uniu-se, então, à educadora popular e militante dos direitos humanos Márcia Monteiro da Silva Miranda, divorciada e mãe de seis filhos. Boff afirma que nunca deixou a Igreja: "Continuei e continuo dentro da Igreja e fazendo teologia como antes", mas deixou de exercer a função de padre dentro da Igreja.
Sua reflexão teológica abrange os campos da Ética, Ecologia e da Espiritualidade, além de assessorar as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e movimentos sociais como o MST. Trabalha também no campo do ecumenismo. Em 1993 foi aprovado em concurso público como professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde é atualmente professor emérito. Foi professor de Teologia e Espiritualidade em vários institutos do Brasil e exterior. Como professor visitante, lecionou nas seguintes instituições: de Universidade de Lisboa (Portugal), Universidade de Salamanca (Espanha), Universidade Harvard (EUA), Universidade de Basel (Suíça) e Universidade de Heidelberg (Alemanha). É doutor honoris causa em Política pela universidade de Turim, na Itália, em Teologia pela universidade de Lund na Suécia e nas Faculdades EST – Escola Superior de Teologia em São Leopoldo (Rio Grande do Sul). Boff fala fluentemente alemão. Sua produção literária e teológica é superior a 60 livros, entre eles o best-seller A Águia e a Galinha. A maioria de suas obras foram publicadas no exterior. Atualmente, viaja pelo Brasil dando palestras sobre os temas abordados em seus livros e tambem em encontros da Agenda 21. Vive em Petrópolis (RJ) com a educadora popular Márcia Miranda. 
Prémios 
Prêmio conferido a Jésus Christ Libérateur. Paris, Du Cerf, como livro religioso do ano na França (1974) Prêmio conferido a The Lord's Prayer. Quezon City, como livro religioso do ano nas Filipinas (1984) Herbert Haag Preis Freiheit in der Kirche, prêmio pela liberdade na Igreja, de Luzern, Suíça (1985) 
Prêmio conferido a Passion of Christ, Passion of the World. New York, Orbis Books, como livro religioso do ano nos USA (1987)
Prêmio Internacional Alfonso Comin, concedido pela fundação Alfonso Comin e pela prefeitura de Barcelona, por seu trabalho comunitário e em prol dos direitos dos empobrecidos e marginalizados (1987) Prêmio dos editores de livros religiosos em idioma alemão pelo conjunto de sua obra traduzida para o alemão em Frankfurt (1988) Prêmio Thomas Morus Medaille der Thomas Morus Gesellschaft pela firmeza da consciência (Standfestigkeit des Gewissens) (1992) Prêmio Nacional de Direitos Humanos (1992) Prêmio Sergio Buarque de Holanda (Biblioteca Nacional - Ministério da Cultura), para a obra Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres. S.Paulo, Ed. Atica, como ensaio social do ano (1994) 
Prêmio Right Livelihood (Correto Modo de Vida), conhecido como o Nobel alternativo, Estocolmo, Suécia (2001).
Doutor Honoris Causa da Escola Superior de Teologia, instituição da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, em pelo seu compromisso ecumênico a partir do diálogo com a teologia protestante e à reflexão entre teologia e ecologia (2008).

Saber mais:

sábado, 9 de abril de 2005

Por uma ecologia popular

Sei que seria possível construir o mundo justo
de uma cidade humana que fosse
fiel à perfeição do Universo
Sophia de Mello Breyner, 1976 in O Nome das Coisas
APRESENTAÇÃO
O que é Meio Ambiente? Meio Ambiente é tudo. É a água que você bebe, o ar que você respira, o som que você ouve. É o esgoto que sai da sua casa e o lixo que a sociedade quer empurrar para debaixo do tapete. Falar de Meio Ambiente é falar de vida. Mais precisamente, de qualidade de vida.Assim como acreditamos, ao criar o Portal Viva Favela, que o acesso à Internet não pode esperar pela solução dos demais problemas emergentes do país (como a fome), apostamos agora no EcoPop como um novo canal para chegar até quem mais precisa da preservação ambiental - mas muitas vezes não faz a menor idéia do que seja isso.Numa proposta inédita, vamos focar a questão ambiental partindo da chamada Agenda Marrom – aquela que fala dos problemas urbanos, como a falta de saneamento básico, a questão do lixo, a poluição do ar e das águas. Questões que de tão comuns parecem não ter jeito. Mas têm.O EcoPop está afinado com a nova tendência no universo ambiental de vincular os avanços sociais aos ecológicos. E quer mostrar que sempre é possível melhorar a qualidade de vida do cidadão brasileiro - mesmo que seja na mais pobre das comunidades. É de lá que vamos partir para mostrar que há esperança. Sem salto alto. Descomplicando.Um ABC ambiental – com 50 verbetes - vai ajudar os marinheiros de primeira viagem a descobrir que essa linguagem se torna simples quando trazida para o nosso dia-a-dia.Em Conexão Verde, artigos do jornalista André Trigueiro, especializado em Meio Ambiente. Na seção Clareira, abrimos espaço para anônimos e famosos falarem sobre o tema de forma simples e direta.Em Especiais, o grande diferencial do EcoPop - matérias feitas por correspondentes comunitários sobre questões ambientais que afetam as favelas. Tudo em parceria com a repórter especial Julia Duque Estrada. Nesta seção, vamos abrir espaço para denúncias de problemas como lixo clandestino e falta de saneamento básico. O leitor abre o verbo. E a gente cobra.Soluções encontradas pelas comunidades também serão destacadas. Vamos ainda garimpar exemplos de INGs – indivíduos não governamentais – aqueles indignados de plantão que decidem arregaçar as mangas e fazer alguma coisa. E, surpresa, conseguem trazer um monte de gente com eles. E isso é tudo o que a gente espera com o EcoPop.
Finalmente, na Cambitolândia - terra do personagem em quadrinhos do Viva Favela - os jovens leitores encontrarão dicas e informações úteis para pesquisar e aprender brincando.


quinta-feira, 7 de abril de 2005

Dia Mundial da Saúde



O Dia Mundial da Saúde é celebrado anualmente a 7 de abril.

A data foi escolhida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1948, aquando da organização da primeira assembleia da OMS. Desde 1950, que no dia 7 de abril se celebra o Dia Mundial da Saúde.

A cada ano a organização escolhe um tema central para ser debatido no Dia Mundial da Saúde, o qual passa a ser uma prioridade na agenda internacional da OMS.

O Dia Mundial da Saúde é uma oportunidade única de alertar a sociedade civil para temas-chave na área da saúde que afetam a humanidade, além de desenvolver atividades com vista à promoção do bem-estar das populações, tal como a promoção de hábitos de vida saudáveis.

Nas escolas portuguesas realizam-se várias atividades escolares para incutir aos alunos a importância da manutenção de um estilo de vida saudável.

Os programas apresentados no Dia Mundial da Saúde prolongam-se ao longo do ano.

quarta-feira, 6 de abril de 2005

Fafa da Madeira- fora de moda

Por favor, faça o download do vídeo “ANIMAL apresenta Fátima Lopes” (clique aqui) e DIVULGUE massivamente. ENVIE este vídeo para TODOS os seus contactos. A SUA colaboração preciosa é FUNDAMENTAL para que o horror do sofrimento dos animais nas quintas de peles e o apoio da estilista Fátima Lopes a esta indústria seja denunciado. Ajude, DIVULGANDO! Faça com que este seja o vídeo mais divulgado de sempre na internet.

Fátima Lopes e o Sofrimento dos Animais
Todos temos que saber!


Faça o Download Aqui

terça-feira, 5 de abril de 2005

Soneto do amigo por Vinicius de Moraes


Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes

segunda-feira, 4 de abril de 2005

Campanha para Salvar a UNICEF


Por falta de tempo mas porque não quero deixar passar este apelo em claro,o texto da campanha vai mesmo na língua original em que o recebi.

Sat, 02 Apr 2005

Promotora de biotecnologia nueva directora de UNICEF
Queridos amigos

En mayo del 2005, la ex-Ministra de Agricultura de Estados Unidos Ann Veneman ocupará el cargo de Directora Ejecutiva de UNICEF, la agencia de las Naciones Unidas responsable del trabajo con niños.Veneman es una gran promotora de los cultivos transgénicos. Ella cree que es imposible alimentar al mundo sin los transgénicos. Ella fue miembro del consejo de directores de Calgene, la primera empresa en comercializar un producto genéticamente modificado, el tomate Flavr Savr. En 1997 Monsanto, la compañía biotecnológica líder en el país, compró Calgene. Cuando fue Secretaria de Agricultura por el Estado de California, se opuso a la eliminación del Bromuro de Metilo, un tóxico que destruye la capa de ozono, y como Ministra de Agricultura ha estado involucrada en varias acciones atentatorias al medio ambiente. Es inconcebible que ahora ella esté ca cargo de una organización que se preocupe por la salud y bienestar de los niños del mundo.El Movimiento de Salud de los Pueblos ha iniciado una campaña de protesta contra este nombramiento.

domingo, 3 de abril de 2005

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sábado, 2 de abril de 2005

A água primordial

Os animais mamíferos humanos até ignoram ou esquecem que todos já estivemos, frágeis e dependentes, no ventre de uma mãe, quando ainda eramos fetos, dentro do líquido nutritivo e protector- o líquido amniótico.
Esta água primordial, fonte de estudos médicos e biológicos há muito denunciam que também é permeável à poluição ambiental.
Se o cidadão estiver calado e passivo a ver os seus rios poluídos, , a ver fábricas ao seu lado a emitir gases de efeitos de estufa ou então activamente ou acríticamente aceita e compra produtos em plásticos e derivado e anda a comprar monovolumes a diesel, não estará a acentuar estes efeitos? Isto também é criação de pobreza.
Há tanto egoísmo, hipocrisia e insensibilidade naqueles que esquecem esta realidade biológica na sua prática socio-politico-económica. Compaixão e ecosolidariedade é preciso!

sexta-feira, 1 de abril de 2005

Sou a língua da árvore

Já muito se lavrou sobre a recente acção da Grenpeace e Quercus, acerca do comércio ilegal de madeira e no patamar vergonhoso que o nosso País ocupa nesse comércio.

Aproveite e conheça melhor o Instituto Akatu- pelo consumo consciente!

Sugiro ainda que leia este belíssimo livro de António Ramos Rosa para sentir a alma das nossas irmãs ÁRVORES!


Espero escrever neste poço de folhas com as mãos entre as árvores...