terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Qual o futuro que queremos?


"A comunidade alargada dos cientistas especializados no clima previu os diferentes aspectos do impacto da mudança climática. Aumento das inundações nas cidades costeiras - e aconteceu. Morte em grande escala dos recifes de coral devido ao aquecimento dos oceanos - aconteceu. Vagas de calor, secas e incêndios de magnitude sem precedentes - aconteceu. Os cientistas avisaram-nos.
As empresas com interesses na indústria dos combustíveis fósseis e os governos que as apoiam comportaram-se da mesma forma que as tabaqueiras. Fizeram de conta que os factos científicos não eram de confiança e retardaram a nossa resposta muitos anos que teriam sido preciosos.
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A ciência concedeu-nos o dom de ver catástrofes futuras como no passado só os deuses podiam ver.
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Imagine uma criança que devia ir para o jardim-infantil mas cujo primeiro dia é adiado até a temperatura baixar do nível letal. Quando os incêndios descontrolados acontecem, a família pode ter de fugir da sua casa de sempre sem levar nada. A água pode ser o champanhe no seu casamento. Pode surgir de repente uma epidemia provocada por um virião, um megavírus, inerte durante 100 mil anos mas acordado quando o permafrost do Ártico se derreteu.
Isto não é inevitável. Ainda não é demasiado tarde. Há outro futuro, outro mundo possível. O Antropoceno pode ser a era do nosso despertar humano, o momento em que nos mostramos à altura dos nossos poderes recentemente descobertos e aprendemos a usar a ciência e a tecnologia avançada em harmonia com a Natureza. Há uma comunidade global de pessoas atentas ao perigo e empenhadas em evitá-lo. E graças à internet sabemos como nos contactar uns aos outros.
Venha comigo ver esse futuro que ainda estamos a tempo de ter"
Ann Druyan, Cosmos - Mundos Possíveis. National Geographic/Gradiva. 2020. pp 373-375.
Foto: National Geographic Channels

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