O biólogo americano Thomas Lovejoy, conhecido como o "padrinho da biodiversidade" por ter cunhado o termo na década de 1980 e um dos principais especialistas em floresta amazônica, morreu neste sábado (25/12), aos 80 anos de idade, em Washington.
Lovejoy decidiu estudar biologia após fazer um estágio num zoológico no estado de Nova York quando ainda estava na escola. Ele começou a estudar a floresta amazónica no Brasil em 1965 e obteve seu doutorado pela universidade Yale em 1971.
Grande estudioso da interação entre mudanças climáticas e biodiversidade, ele ganhou em 2012 o prémio Blue Planet, considerado o Prémio Nobel do Meio Ambiente.
Lovejoy foi conselheiro ambiental dos ex-presidentes americanos Ronald Reagan, Bill Clinton e George W. Bush e ex-conselheiro-chefe do Banco Mundial para biodiversidade, e era um membro honorário da National Geographic, que financiou as suas primeiras pesquisas sobre pássaros da floresta amazónica.
Ele também foi diretor da organização ambientalista WWF, dos Estados Unidos, de 1973 a 1987, tendo sido responsável pela orientação científica a respeito das florestas tropicais do hemisfério ocidental.
"Tom deixa um profundo legado no campo da biologia e na National Geographic. (...) As pesquisas pioneiras de Tom sobre a Amazónia, sua advocacia apaixonada e muitas outras de suas conquistas nos ajudaram a melhor entender, apreciar e a cuidar da grande diversidade da vida em nosso planeta", disse Jill Tiefenthaler, diretor executivo da National Geographic, em um comunicado.
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), também lamentou a morte de Lovejoy no Twitter, e afirmou que ele era "um dos maiores cientistas e estudiosos da Amazôóia", que "deixa um legado incomparável de conhecimento sobre a Amazónia para esta e futuras gerações".
Vínculo com o Brasil
Lovejoy esteve inúmeras vezes no Brasil para estudar a floresta amazónica, e ajudou a fundar o Centro de Biodiversidade da Amazónia e o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, no final da década de 1970.
Ele foi o primeiro ambientalista condecorado pelo governo brasileiro com a Ordem do Rio Branco, em 1988, e também recebeu a Ordem do Mérito Científico, em 1998.
Em entrevista à DW Brasil em agosto de 2019, Lovey demonstrou preocupação com o futuro da floresta em relação ao avanço do desmatamento e afirmou que o presidente Jair Bolsonaro ignorava o meio ambiente a a ciência.
Alguns meses antes, ele havia assinado um editorial na revista científica Science Advances, ao lado do climatologista brasileiro Carlos Nobre, no qual alertava que o desmatamento na Amazónia estava caminhando para o que chamam de ponto de inflexão, a partir do qual os padrões biológicos e climáticos são afetados de modo irreparável.
Na entrevista, ele afirmou ainda ter esperança que o Brasil pudesse no futuro retomar o posto de líder global no meio ambiente e que as ameaças à biodiversidade fossem enfrentadas "por meio do bom diálogo entre nações".
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