As bactérias estão a tornar-se cada vez mais resistentes aos antibióticos |
Cientistas descobriram na China um gene capaz de tornar bactérias invencíveis, resistentes mesmo a um a tipo de antibióticos de último recurso, denominados como polimixinas. O perigo é que doenças habitualmente tratáveis, como pneumonias e infecções urinárias por E.coli, possam vir a tornar-se letais.
“Estes são resultados extremamente preocupantes”, disse Liu Jian-Hua, professor da Universidade Agrícola do Sul da China e coautor do estudo divulgado na publicação científica britânica “The Lancet”.
A descoberta ocorreu após terem sido detetadas superbactérias em testes de rotina a porcos e galinhas no sul da China. Os animais transportavam uma bactéria resistente à colistina, um antibiótico potente de uso corrente na criação de gado.
Os investigadores analisaram as amostras de bactérias K. pneumoniae e E.coli recolhidas em porcos e galinhas vendidas em dezenas de mercados de quatro províncias chinesas.
GENE JÁ DETECTADO EM HUMANOS
Também analisaram os testes de laboratório de pacientes de dois hospitais, das províncias de Guangdong e Zhejiang.
Mais de 20% das bactérias encontradas nos animais, e mais de 15% das amostras de carne crua, tinham indicadores do gene MCR-1, que também foi encontrado em 16 dos 1322 pacientes cujos testes foram analisados.
A baixa taxa de infecções detectadas entre os humanos aponta para que a bactéria resistente tenha passado, com forte probabilidade, dos animais para os humanos, refere o mesmo estudo.
O gene é facilmente propagado de uma estirpe para outra, o que cria receios de uma “potencial epidemia” e está a preocupar os investigadores.
RISCO DE EXPANSÃO GLOBAL
A Organização Mundial da Saúde já alertou que a resistência antimicrobiana poderá conduzir “ao retrocesso a uma era préantibióticos”, na qual mesmo pequenas infecções ou cortes podem revelar-se fatais.
O estudo indicou que o gene MCR-1 está “actualmente confinado à China”, mas alerta para a possibilidade de vir a alastrar-se para outro pontos do globo. Alguns dados recolhidos apontam mesmo para que já possa ter chegado ao Laos e à Malásia.
Fonte: Expresso
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