sábado, 17 de maio de 2025

Israel denuncia "discurso irresponsável" do chefe humanitário da ONU



Na terça-feira, durante uma reunião do Conselho de Segurança, Tom Fletcher criticou duramente as condições desumanas impostas "sem o menor constrangimento" por Israel no território palestiniano.

Tom Fletcher utilizou mesmo a palavra "genocídio".

"De que mais provas precisam? Vão agir de forma decisiva para impedir o genocídio e garantir o respeito pelo direito internacional humanitário, ou, em vez disso, dirão `fizemos tudo o que podíamos?`", questionou.

Danny Danon realçou, numa carta enviada na sexta-feira a Tom Fletcher, tornada pública pelo seu gabinete, que ficou "profundamente chocado e perturbado" com aquelas declarações.

"Teve a ousadia, na sua capacidade de alto funcionário da ONU, de se apresentar perante o Conselho de Segurança e invocar a acusação de genocídio sem provas, sem mandato, sem restrições", denunciou.

"Esta foi uma declaração completamente descabida e irresponsável, que destruiu qualquer noção de neutralidade (...) O senhor não informou o Conselho, fez um sermão político", acrescentou.

Para o embaixador israelita, utilizar "a palavra `genocídio` como arma contra Israel não é apenas uma distorção, é a profanação e a subversão de um termo de força e peso únicos".

O difícil relacionamento entre Israel e a ONU deteriorou-se ainda mais após o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, a 07 de outubro de 2023, e a retaliação do exército israelita na Faixa de Gaza.

As autoridades israelitas cortaram todos os laços com a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA), que acusam de estar infiltrada pelo Hamas.

Em outubro passado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, foi declarado "persona non grata" em Israel.

Já hoje, o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, lamentou a escalada dos ataques israelitas na Faixa de Gaza, alertando para uma "limpeza étnica" do povo palestiniano em curso.

Em resposta ao ataque de 07 de outubro de 2023 do grupo islamita palestiniano Hamas - que fez 1.200 mortos e 251 sequestrados -, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, propôs-se "erradicar" o movimento, e o seu Exército lançou horas depois uma ofensiva destruidora em Gaza que causou mais de 53.000 mortos, obrigou os 2,4 milhões de habitantes a deslocarem-se várias vezes em busca de refúgio e provocou uma catástrofe humanitária.

Após um cessar-fogo de dois meses, o Exército israelita retomou a ofensiva na Faixa de Gaza a 18 de março e apoderou-se de vastas áreas do território.

No início de maio, o Governo de Netanyahu anunciou um plano para "conquistar" Gaza, que Israel ocupou entre 1967 e 2005.

2 comentários:

Manuel M Pinto disse...

"Todos pela Ucrânia, ninguém por Gaza"
(Amílcar Correia, in Público, 13/05/2025)
https://estatuadesal.com/2025/05/17/todos-pela-ucrania-ninguem-por-gaza/
"... Convencido da sua impunidade, Israel já ultrapassou todos os limites do bom senso e da legalidade. Este plano que acabou de aprovar tem um objectivo: a limpeza étnica. Tal como em 1945, ninguém pode dizer que não sabe o que se está a passar em Gaza. O silêncio europeu é o da cumplicidade."

João Soares disse...

Está quase correcto, mas Pedro Sanchez e Giorgia Meloni consideraram situação humanitária em Gaza "dramática e injustificável". Espanha pretende que TPI se pronuncie sobre guerra israelita em Gaza