As deportações também rendem votos por cá. São inevitáveis. Não há novidade nas ordens de saída voluntária. Existem desde 2007 e até são inferiores, em número, a vários anos dos governos do PS. Mais uma vez, o governo faz passar por ação política procedimentos quotidianos da administração pública. O que mudou é serem anunciadas, num arranque de campanha, como bandeira política e em celebração, contribuindo para a demonização dos imigrantes. Estamos próximos do pleno emprego, temos falta de mão de obra nos setores que estes imigrantes procuram, precisamos deles para garantir a sustentabilidade da segurança social, são responsáveis pelo repovoamento de várias zonas do interior e travaram a nossa gravíssima crise demográfica. No centrão, só o PR juntou à consciência dos evidentes erros administrativos do passado, em que se deixaram pendurados processos de milhares de imigrantes, a importância económica da imigração e de valores básicos de humanidade, não celebrando a expulsão de pessoas que, como fizemos no passado, procuram uma vida melhor. Não cumprir os requisitos não é sinónimo de ser criminoso. Em Portugal, se vier uma crise económica e com este ambiente político, os imigrantes serão o bode expiatório. Nesse campeonato, só ganhará quem se especializou no filão. Como os conservadores britânicos estão a aprender.
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