O preço da casa em Portugal é determinado pelos Bancos que foram salvos em 2008, ou seja, pelos accionistas.
Quem diz que isto se vai resolver cuidando dos sem abrigo com assistência social e "arrefecer" o luxo (Livre), com tectos de rendas (Bloco), taxando a Banca (PCP), construindo mais e mais até não sobrar um sobreiro - PS, PSD, IL e Chega - está a mentir, embora possa ser sem intenções, mas a vida é como é. Qualquer uma destas medidas vai levar a tirar casas do mercado, aumentar o seu preço ou, no caso da direita, destruir o país ainda mais, que fica sem terrenos agrícolas. Sem nacionalizar (sob controlo dos trabalhadores, não do Estado) a Banca, as casas vão continuar a subir, porque tudo o que for para o mercado está no mercado mundial, está na mão da Banca mundial ( a ser comprado pelos poupanças e pensões da classe média do norte da Europa, e pelos fundos imobiliários). A esquerda que não é radical e tem medo de ser radical fica sem programa. Ficar sem programa autónomo não parece mas é de facto deixar de existir. Portugal é um refugio para investidores em solo, e os governos do PS a toda a direita são os mediadores desse processo. Há muito que o Estado português é um protetorado de facto, e que a "economia" é pura rapina.
Não precisamos de construir sem parar, precisamos aliás de menos cimento e mais jardins. A Banca alemã e francesa determina o preço da casa. A IL, o Chega, o PSD, o PS querem construir, em solos agrícolas, para vender a estrangeiros (o Livre também entrou no jogo defendendo "arrefecer" mas não impedir a compra). Esses estrangeiros não são para "deportar", são "investidores". Até porque não estão cá a viver. Açambarcam casas. Ao meu lado estão 6 casas vazias, uma delas um T0 foi vendido há 2 anos por 200 mil euros, depois foi vendido a brasileiros por 225 mil euros, está à venda por 240 mil. Ninguém nunca lá viveu, é puro açambarcamento. Especulação. Nada mais.
Sem propriedade pública dos solos - que impeça a especulação que determina o valor astronómico das casas - e habitação massiva pública, bem como total proibição de quem não é residente regular comprar casas, nada se resolverá.
Sem nacionalização da Banca e das casas dos fundos imobiliários - que também são Banca - nada se resolverá e ontem o mais longe que foi o PCP foi ter "um contributo da Banca". Esta é a esquerda menos envergonhada, ou seja, não consegue dizer em palavras que uma sociedade não pode ter os investimentos em mãos privadas, banca privada, que isso nos torna a todos reféns de accionistas, que por sua vez são donos de cada vez mais casas.
Em 1974-75 uma onda generalizada de ocupação de casas que estavam para especulação fez cair o preço da habitação. Não porque muitas casas foram ocupadas (só foram ocupadas casas para especulação, nunca foram as de segunda habitação). A ocupação levou ao medo dos senhorios que estavam a especular que colocaram as casas no mercado e assim o preço caiu. Em muitas regiões grupos de trabalhadores ocuparam terrenos, muitos públicos, e construíram bairros. A partir das comissões de moradores. E claro, a banca foi colocada sob controlo público - na verdade foi nacionalizada para ver se se retirava aos trabalhadores bancários o controlo sob a Banca. Parece radical? Não parece. É.
O país está à venda, teve um apagão eléctrico, vai ter um apagão alimentar (só um ignorante pode achar que a Europa fala a uma voz, e que a Europa não se vai dividir em lutas entre os seus Estados), Portugal terá um apagão de combustíveis, tem já um apagão na saúde e na educação, porque não há carreiras e decência no trabalho. Tem um apagão moral, de um governo que é alegadamente o conselho de administração da Spinunviva aos governos que apoiam de facto o genocídio em Gaza, mantendo relações com Israel, há muito se bateu abaixo do fundo.
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