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Henri Martin |
"Das velhas impressões da infância a ideia grata
perdura-nos fiel, volvam embora os anos;
em vão do nosso Abril as flores sofrem danos,
a imagem delas fica indelével, exata.
Ao contrário, ai de nós! — ninguém conserva intata
a memória, apesar de esforços sobre-humanos,
das novas emoções, efêmeros enganos,
cujo traço se apaga apenas se retrata.
Como esperto escanção que no banquete a taça
entretém sempre cheia, a cada vez que passa,
passa o tempo e nos enche a memória também.
A lembrança mais nova é a gota derradeira,
que ao choque mais sutil, transborda e cai;
porém, no fundo permanece a primitiva inteira."
– Sully Prudhomme (poeta, primeiro francês laureado com o Prémio Nobel da Literatura, em 1901)
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