domingo, 17 de julho de 2005

Dossiê Compostagem doméstica; Compostagem Caseira e a Vermicompostagem

ATENÇÃO © Copyleft - Permito a livre  reprodução exclusivamente para fins não comerciais e desde que o autor e o BioTerra sejam citados

Não esqueças de visitar regularmente este espaço para manteres-te actualizado
Tenho visto nalgumas escolas a existência de compostores e verifico que ninguém sabe utilizar aquilo. Inscrevi-me então numa acção da Horta da Formiga e que decorreu neste mês de Julho. Foi uma acção muito intensiva mas extremamente esclarecedora de todos os aspectos que dizem respeito à formação de húmus ou composto. A compostagem caseira ou doméstica permite finalizar o ciclo da matéria orgânica e traz imensas vantagens comparativamente aos adubos químicos. Podemos fazer compostagem no quintal ou até dentro de casa (como a vermicompostagem).

Depois de instalar ou montar o compostor num cantinho (de preferência que seja sombreado no Verão) do jardim ou quintal, devemos fazer uma cama de ramos no fundo, para ventilar e escoar melhor a água. Depois vamos fazendo camadas alternadas de verdes (ricos em azoto) e castanhos (ricos em carbono).
Verdes - restos de cozinha (legumes, fruta, cascas, sacos de chá (!), borra de café, casca de ovo), relva fresca, flores, estrume;
Castanhos - palha (o melhor "castanho" e que se pode comprar é o fardo, nas cooperativas agrícolas), folhas secas, ramos finos, cartão e papel - sem químicos - em tiras, algas (lavadas e secas), serradura e aparas de madeira sem tratamentos. De quinze em quinze dias deve-se revirar a pilha e, no Verão, regar para manter um bom nível de humidade (ao agarrarmos uma mão cheia de composto, este deve soltar-se mas deixar a mão "suja"). Posso assegurar que não cheira mal (se cheirar é porque não está a ser bem feito). Quando o compostor ficar cheio continua-se a revirar e a regar, se necessário, e quando o composto estiver homogéneo, retira-se do compostor e coloca-se numa pilha no chão a maturar: sempre que já não têm nada para comer os bicinhos vão todos à procura de nova casa e a temperatura (que dentro do compostor pode chegar acima dos 65ºC) estabiliza-se. Passado algumas semanas está pronto para nutrir o jardim ou quintal (se não estiver homogéneo, porque colocámos detritos de difícil compostagem, deve-se crivar o composto). O que não colocar no compostor
Não problemáticos (mas depois têm que ser retirados...) - vidro, plásticos, têxteis, papel plastificado;
Perigosos - dejectos de animais domésticos, pilhas, tintas, químicos, madeira tratada, medicamentos, ...; Problemáticos - folhas resistentes (degradação lenta e/ou acidez), alimentos cozinhados, de origem animal e gordura (atraem ratos, moscas, cães, gatos).
As características fisico-químicas e biológicas de um solo influenciam grandemente a qualidade final dos produtos alimentares provenientes da agricultura, pois as culturas agrícolas só poderão produzir em quantidade e qualidade se, além de condições climatéricas favoráveis, tiverem à sua disposição durante o período de crescimento, os vários nutrientes e fauna (minhocas, insectos,...) nas proporções adequadas, o que implica, em muitos casos, o recurso a fertilizantes químicos para aumentar a fertilidade do solo.

A lentidão de formação de húmus natural para restabelecer a fertilidade de um solo, o elevado custo dos fertilizantes químicos e a contaminação consequente das águas e solo, têm conduzido à procura de outros fertilizantes produzidos biologicamente. Uma das opções de melhoria da qualidade do solo passa pela aplicação, na terra, ou directamente junto às plantas, do húmus produzido pelas minhocas ou vermicomposto.

A minhoca ingere terra e matéria orgânica equivalente ao seu próprio peso e digere e expele cerca de 60% do que comeu sob a forma de excrementos (húmus), em muito menos tempo que a natureza. A minhoca recicla assim restos de comida e outra matéria orgânica, produzindo um adubo orgânico muito rico em flora bacteriana (cerca de 2000 milhares de bactérias vivas e activas, por cada grama de húmus produzido) e devolvendo à terra cinco vezes e meia mais azoto, duas vezes mais cálcio, duas vezes e meia mais magnésio, sete vezes mais fósforo e onze vezes mais potássio do que contém o solo do qual se alimenta.

A importância das minhocas para a fertilização e recuperação dos solos já era reconhecida pelo filósofo Aristóteles, que definia estes seres como "arados da terra", graças à sua capacidade de escavar os terrenos mais duros. Os antigos egípcios atribuíam poderes divinos às minhocas, protegendo-as por lei. A grande fertilidade do solo do vale do Nilo deve-se não só à matéria orgânica depositada pelas enchentes do rio Nilo, como também à sua humificação pelas minhocas que ali proliferam em enormes quantidades.

Animal extremamente útil para a agricultura e que passa quase todo o seu ciclo de vida debaixo da terra, a minhoca melhora as propriedades fisicas, químicas e biológicas do solo: perfura-o, formando galerias subterrâneas e descompacta-o.

Algumas das vantagens da utilização do húmus de minhoca como adubo natural incluem:

· Não agressivo para o ambiente e fonte de nutrientes para as plantas, especialmente de azoto, fósforo, potássio, cálcio e magnésio.
· Controlo da toxicidade do solo, corrigindo excessos de alumínio, ferro e manganês.
· Contribuição para um pH mais favorável ao desenvolvimento das plantas.
· Redução da lixiviação e volatilização dos nutrientes das plantas.
· Entrada de água e ar facilitada.
· Drenagem controlada, evitando encharcamentos.
· Alteração da estrutura do solo, suavizando efeitos de erosão, compactação, impermeabilização e desertificação.
· Promoção da agregação de solos arenosos.
· População microbiana fixadora de azoto abundante.
· Aumento da resistência das plantas a pragas e doenças.
· Absorção favorecida dos nutrientes pelas raízes das plantas.
· Aplicação possível em contacto directo com raízes, não queimando plantas novas.

A vermicompostagem, isto é, a compostagem realizada quase exclusivamente por minhocas, surge como opção simples de reciclar os restos de resíduos alimentares (cascas, gomos,...) e de obter húmus com excelentes propriedades. Poupam-se recursos, preserva-se o ambiente, evita-se o uso desmesurado de fertilizantes sintéticos e aproveita-se para conhecer melhor este ser vivo.

O comércio de minhocas como isco vivo tem sido o grande responsável pelo desenvolvimento da Minhocultura (blog) (criação de minhocas) na maioria dos países criadores.

Sítios 
Amigos do Mindelo- Compostagem
Centro de Demonstração de Compostagem (C.D.C.)
Organic Gardening
Master Composter

Textos e Artigos
5 factores básicos en el compostaje

NOVA ATENÇÃO © COPYRIGHT-  Ao partilhar, agradeço atempadamente a indicação do autor e do meu blogue Bioterra. Estes dossiês resultam de um apurado trabalho de pesquisa, selecção de qualidade e organização.