O ódio, o ressentimento, a mentira e a violência foram e continuarão a ser o combustível desta tragédia democrática que é a consolidação do fascismo como alternativa política.
"Estas eleições fizeram prova da falência do establishment político e mediático. falhou tudo. falharam as previsões, falharam os comentadores, falharam os resultados. pretendeu-se condicionar a opinião e favorecer um dos candidatos, por sinal, uma candidata, na qual, aliás, podendo, eu teria votado. ao invés de ir à raiz das coisas optou-se pelo politicamente correcto de uma agenda de fantasias e desejos. Trump, um delinquente desbocado, fez uma campanha implacável. utilizou o insulto como arma de arremesso e escolheu apenas dois ou três temas - as guerras, a ameaça do outro configurada na imigração, a economia. mentiu. mas, actor consumado, disse o que o seu eleitorado queria ouvir. ninguém sabe como vai acabar com as guerras ou se vai fazer a maior deportação de sempre de pessoas que ele diz comerem cães e gatos de estimação. tão pouco se sabe até que ponto poderá impor medidas proteccionistas. falou à emoção dos mais pobres contra as elites que nada resolvem. Harris, certamente do agrado de pessoas mais sofisticadas, patinou nas guerras e na imigração, recuou em posições anteriores como no caso dos fósseis, defendeu bem a questão do aborto e deixou no ar a ideia de taxar os mais ricos. em determinados contextos as evasivas são letais. neste, foi. para quem tem o coração à esquerda, meter a cabeça na areia é suicidário. ceder sistematicamente ao apelo das políticas neoliberais, enveredar pelo belicismo apoiando guerras absurdas, hesitar no socialismo e envergonhar-se dele é horrível. tal como contemporizar com uma liderança europeia que passa a vida a falar de guerra enquanto, em nome da moderação, apoia o sionismo e escancara as portas ao fascismo. meter a cabeça na areia serve para quê? sabem, por exemplo, a qual a percentagem de americanos que não acredita nos media mainstream? 70 por cento."- Jorge Campos
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