É divertido ver hoje escrito por Pacheco Pereira, Irene Pimentel, José Manuel Fernandes, Helena Matos - e tantos outros, sem nunca citarem - a minha tese de doutoramento sobre o papel do PCP na Revolução. Quando a defendi o júri foi, em parte dele , duríssimo, como eu nunca tinha visto um júri. E a reação destes dois historiadores e dois jornalistas foi de um enorme incómodo, para ser delicada. O tempo é sábio. Foi publicada em 2011. Não precisam de me citar, vivo muito bem com o livro, o que lá está já ninguém apaga. Na inquisição das disputas políticas em geral ataca-se pessoas, ignora-se a sua existência ou finge-se que as ideias são novas. Um país com escassos quadros e todos dependentes do aparelho de Estado é assim. Os quatro apoiaram o 25 de novembro. Não porque, como alguns, foram perseguidos pelo PCP, mas, como o tempo o demonstrou, queriam estar ao lado do aparelho de Estado.
Não, o PCP nunca quis fazer uma revolução em Portugal. Queria Angola e a reforma agrária. O 25 de Novembro foi o cerco à democracia popular com a desculpa - do PS - que era para evitar uma ditadura soviética.
O que acabou em 25 de novembro foram 19 meses de democracia participativa como nunca se viveu antes na história de Portugal. A contra revolução não nos “salvou” de ditadura soviética, impôs sim um regime de democracia formal nas eleições, e ditadura, cada vez mais severa, nos locais de trabalho, retirando a voz a quem nas fábricas, escolas, hospitais e serviços geriu ( com uma eficácia sem paralelo) este país por 19 meses mostrando que era possível viver de outra forma.
Não lhes pergunto onde estavam no 25 de novembro claro, já sabemos, mas onde estão hoje face à NATO e a Israel. Porque é isso que se debate na AR a propósito do 25 de Novembro. Onde estão face ao rearmamento da Europa e ao genocídio em Gaza, hoje?
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