quinta-feira, 30 de setembro de 2004

Parques Voltam a Falhar Planos de Ordenamento

Reserva Natural do Paúl da Arzila


Por RICARDO GARCIA
Publico, Quinta-feira, 30 de Setembro de 2004

A maior parte das áreas protegidas do país vai falhar, a partir de amanhã, mais um prazo legal para a elaboração dos respectivos planos de ordenamento. Para algumas delas, é a terceira vez que isto acontece. Do total de 29 áreas protegidas do país, 14 correm o risco de estarem automaticamente desclassificadas. Segundo a legislação, os parques, reservas e paisagens protegidas que não tenham plano de ordenamento aprovado num determinado prazo, especificado caso a caso, perdem o seu estatuto de protecção.

Os prazos têm sido desrespeitados sucessivamente. Há parques e reservas cujos planos foram mandados fazer há seis ou sete anos, mas até agora não estão prontos. A última data limite - que agora será ultrapassada - era 1 de Outubro de 2004. Este prazo fora definido há dois anos pelo Governo, através de um decreto-lei destinado a evitar a desclassificação das áreas protegidas que já estavam em incumprimento. O diploma "mantém a classificação das áreas protegidas", com efeitos retroactivos.

Passados dois anos, apenas um plano foi concluído - o da Reserva Natural do Paúl da Arzila. Por isso, o actual Governo fez aprovar, em Agosto passado, um novo decreto-lei, com o mesmo teor do anterior, alargando o prazo agora até 31 de Dezembro de 2005. Mas este diploma ainda não foi publicado em "Diário da República", não estando em vigor.

O Ministério do Ambiente quer aprovar alguns planos antes do novo prazo fixado. O primeiro será o do Parque Natural do Vale do Guadiana, que curiosamente nunca teve limite legal para ser concluído. A aprovação final deverá ocorrer ainda em Outubro, de acordo com o secretário de Estado Adjunto do Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território, Jorge Moreira da Silva.

A seguir virá o do Parque Natural da Arrábida, cuja versão final o ministério espera concluir na próxima semana. Na calha até ao final deste ano, segundo Moreira da Silva, estão também os planos do Parque Natural da Serra de São Mamede e das reservas naturais da Serra da Malcata e das Dunas de São Jacinto.

Os planos têm passado por atrasos inexplicáveis. Os da Arrábida, São Jacinto e São Mamede, por exemplo, foram colocados em discussão pública há um ano e meio, e ainda não viram a luz do dia. Aliás, só aqueles que já tiveram discussão pública é que estão em condições de ser aprovados mais rapidamente."Este Governo vem beneficiar de muito trabalho que já estava feito", reconhece Moreira da Silva. "Mas sobre esta matéria, posso assegurar que há um forte empenhamento político da nossa parte e que ela é tratada como uma prioridade", acrescenta.

Os atrasos nos planos de ordenamento arrastam-se por quatro governos sucessivos. Na versão oficial, a questão ficou em segundo plano entre 1995 e 2000, porque o Ministério do Ambiente estava mais preocupado em concluir a elaboração da lista nacional de sítios da Rede Natura 2000 - uma malha europeia de áreas de interesse para conservação. "Muitos meios do Instituto da Conservação da Natureza tiveram de ser canalizados para esse processo", justifica o deputado Pedro Silva Pereira (PS), ex-secretário de Estado com a tutela dessa área, durante o segundo governo de António Guterres. Silva Pereira salienta, porém, que o PS deixou alguns planos praticamente prontos quando deixou o Governo, em 2002.

O presidente da Liga para a Protecção da Natureza, José Manuel Alho, acredita que os atrasos devem-se aos conflitos de interesses, como os da caça no Vale do Guadiana, da agricultura no Paúl do Boquilobo, ou do imobiliário na Arrábida. "A pressão dos interesses deve ser de tal ordem, que os governantes não têm força política para superá-las", avalia.

Da lista de planos a aprovar até fins de 2005, ficam de fora três áreas protegidas que ainda não dispõem deste instrumento, nem iniciaram a sua elaboração: a Reserva Natural do Estuário do Sado e as paisagens protegidas da Serra do Açor e da Arriba Fóssil da Costa da Caparica

segunda-feira, 27 de setembro de 2004

A Seara dos Esquecidos


A desarticulação completa de várias instituições, as políticas erráticas e a quase supressão / exclusão das variáveis Ambiente e Educação / Formação em todas as decisões de muitos governantes e seus representantes, que iludidos pelo neoliberalismo, incapazes e insensíveis em assegurar muitos dos programas de desenvolvimento sustentável já existentes (por exemplo, até agora só 5% das autarquias é que aderiram à Agenda 21)e que conduziram ao estado catastrófico de Portugal em 2004. 

Neste vergonhoso percurso do país pós-adesão à CEE , não se deu a devida atenção às regiões já de si mais desfavorecidas e medidas que mitigassem a migração para as cidades . Por outro lado, os incêndios e uma má política dos solos, por erosão, aceleraram a desertificação. Neste desequilíbrio, quem está a sofrer muito mais são os habitantes dessas regiões. Pessoas com aspectos culturais próprios e que estão a desaparecer cada dia que passa e são pessoas que deixaram de ter acesso a bens que conseguiriam também conquistar (como Saúde, Educação, Emprego, Rede de Transportes...), se recorressem a esses programas específicos. 

Para cúmulo, os últimos telejornais invadem-nos com notícias alarmistas sobre os "perigos" dessas regiões e dos seus habitantes, como se tratassem de focos de "epidemias", "homicidas" e de "ladrões". Num furor irracional exploram dia sim dia sim e até à exaustão, sem nunca referirem as causas de tão acentuada desertificação. 

Repudio veementemente este vampirismo televisivo que temos assistido ultimamente. 
Exige-se ética e um jornalismo mais sério. Mais respeito por todos os cidadãos, sejam eles moradores na Lapa, Lagarteiro, Cascais, Foz ou Seara.

João Soares

domingo, 26 de setembro de 2004

UK's first ever naked shopping event held

There was a poor turnout for the event with only about 15 naturists turning up at the Plaza shopping centre in Oxford Street.

The UK's first ever naked shopping event has been held in Central London.
Oona Graham-Taylor, spokeswoman for the Plaza centre, blamed the disappointing turnout of naturists on the Euro 2004 football championships.
She said the centre would "possibly" consider holding another naked evening, says BBC News Online.

"We were actually hoping for more but it is the first event we have run and the football cut numbers down", she said.
Naturists were invited to register as naked shoppers before being allowed entry on the night. Many of the centre's shops and restaurants also offered discounts to the nude bargain hunters.
Staff remained fully clothed during the event.
Nick Mayhew, co-author of naturists' guidebook Bare Beaches, was on hand to sign copies of his book.

Fonte: Clothes Free
Nick Mayhew, co-author of naturists' guidebook Bare Beaches

Todos os livros de Nick-Mathew Smith

quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Dia Europeu Sem Carros


O Dia Europeu Sem Carros celebra-se anualmente a 22 de Setembro.
A data visa sensibilizar a população e autoridades para a necessidade de reduzir o tráfego rodoviário dentro das cidades, de forma a aumentar a qualidade de vida e garantir a sustentabilidade dos recursos naturais, optando por alternativas de transporte menos poluentes como os transportes públicos e bicicletas.
Integrado na Semana Europeia da Mobilidade, o Dia Europeu Sem Carros é celebrado através da promoção de ações de sensibilização.
Nas cidades que aderem à iniciativa do Dia Europeu Sem Carros, algumas ruas são fechadas ao trânsito de forma a incentivar os cidadãos a escolher meios de mobilidade como os transporte alternativos mais amigos do ambiente. Neste dia é possível andar e explorar as ruas de forma diferente, sem o perigo e a pressa dos carros.
Em 2015 aderiram 63 localidades portuguesas ao Dia Europeu Sem Carros e em 2014 aderiram 44.
Esta data surgiu em França em 1998 e foi adotada pela União Europeia no ano de 2000.

Semana Europeia da Mobilidade
Já a Semana Europeia da Mobilidade surgiu em 2002 e observa-se todos os anos de 16 a 22 de Setembro.
O tema da Semana Europeia da Mobilidade 2016 é "Mobilidade inteligente: economia forte" sublinhando a importância da utilização racional dos transportes para a economia local.
As localidades portuguesas aderentes à Semana Europeia da Mobilidade podem ser conhecidas no site oficial do evento.

terça-feira, 21 de setembro de 2004

Dossiê Escritores Portugueses e Internacionais

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segunda-feira, 20 de setembro de 2004

Graffiti Artists vs. GMOs (Genetically Modified Organisms)


Some of California's dopest graffiti artists - Mear One, Vyal One, Werc, Griffin One and Ernest Doty- have created high-impact murals to raise awareness for the labeling of Genetically Modified Organisms (GMO). The artists discuss their reasons for supporting California's Yes on Prop 37 campaign while displaying can control and sick techniques.

domingo, 19 de setembro de 2004

The Lighthouse:: O farol



Reflexão
O farol, precisamos dele como os marinheiros/pescadores para fugir dos perigos e chegar a bom porto. Um farol cantado há 100 anos pode ajudar a reaprender a observar os acontecimentos e abraçar com bravura o presente, sem hipotecar as gerações vindouras. Sejamos hoje mesmo esse FAROL para as crianças e netos que estão a nascer!
Aspectos Musicais
Este tema, gravado em 1994, consta do álbum do produtor francês Hector Zazou, intitulado Chansons des mers froides (Songs from the Cold Seas). Sioux e Zazou adaptaram um excerto do poema "Flannan Isle" do poeta inglês Wilfred Wilson Gibson na letra. A canção inclui os encantamentos de uma shaman Nanai gravados na Siberia, e na performance musical teve as participações de Budgie e Mark Isham.


Poema e Mistério
Flannan Isle

THOUGH three men dwell on Flannan Isle
To keep the lamp alight,
As we steered under the lee, we caught
No glimmer through the night."


A passing ship at dawn had brought
The news; and quickly we set sail,
To find out what strange thing might ail
The keepers of the deep-sea light.


The Winter day broke blue and bright,
With glancing sun and glancing spray,
As o'er the swell our boat made way,
As gallant as a gull inflight.
But, as we neared the lonely Isle;
And looked up at the naked height;
And saw the lighthouse towering white,
With blinded lantern, that all night
Had never shot a spark
Of comfort through the dark,
So ghostly in the cold sunlight
It seemed, that we were struck the while
With wonder all too dread for words.
And, as into the tiny creek
We stole beneath the hanging crag,
We saw three queer, black, ugly birds—
Too big, by far, in my belief,
For guillemot or shag—
Like seamen sitting bolt-upright
Upon a half-tide reef:
But, as we neared, they plunged from sight,
Without a sound, or spurt of white.


And still to mazed to speak,
We landed; and made fast the boat;
And climbed the track in single file,
Each wishing he was safe afloat,
On any sea, however far,
So it be far from Flannan Isle:
And still we seemed to climb, and climb,
As though we'd lost all count of time,
And so must climb for evermore.
Yet, all too soon, we reached the door—
The black, sun-blistered lighthouse-door,
That gaped for us ajar.


As, on the threshold, for a spell,
We paused, we seemed to breathe the smell
Of limewash and of tar,
Familiar as our daily breath,
As though 't were some strange scent of death:
And so, yet wondering, side by side,
We stood a moment, still tongue-tied:
And each with black foreboding eyed
The door, ere we should fling it wide,
To leave the sunlight for the gloom:
Till, plucking courage up, at last,
Hard on each other's heels we passed,
Into the living-room.


Yet, as we crowded through the door,
We only saw a table, spread
For dinner, meat and cheese and bread;
But, all untouched; and no one there:
As though, when they sat down to eat,
Ere they could even taste,
Alarm had come; and they in haste
Had risen and left the bread and meat:
For at the table-head a chair
Lay tumbled on the floor.


We listened; but we only heard
The feeble cheeping of a bird
That starved upon its perch:
And, listening still, without a word,
We set about our hopeless search.


We hunted high, we hunted low;
And soon ransacked the empty house;
Then o'er the Island, to and fro,
We ranged, to listen and to look
In every cranny, cleft or nook
That might have hid a bird or mouse:
But, though we searched from shore to shore,
We found no sign in any place:
And soon again stood face to face
Before the gaping door:
And stole into the room once more
As frightened children steal.


Aye: though we hunted high and low,
And hunted everywhere,
Of the three men's fate we found no trace
Of any kind in any place,
But a door ajar, and an untouched meal,
And an overtoppled chair.


And, as we listened in the gloom
Of that forsaken living-room—
A chill clutch on our breath—
We thought how ill-chance came to all
Who kept the Flannan Light:
And how the rock had been the death
Of many a likely lad:
How six had come to a sudden end,
And three had gone stark mad:
And one whom we'd all known as friend
Had leapt from the lantern one still night,
And fallen dead by the lighthouse wall:
And long we thought
On the three we sought,
And of what might yet befall.


Like curs, a glance has brought to heel,
We listened, flinching there:
And looked, and looked, on the untouched meal,
And the overtoppled chair.


We seemed to stand for an endless while,
Though still no word was said,
Three men alive on Flannan Isle,
Who thought, on three men dead.

Notes

The History of Flannan Island: Eilean Mor, The Island of the Dead, is a major island of Flannan Isles which is a group of 7 main islands with about 45 rocks and islets.  Flannan Isles, also known as The Seven Hunters, is a uninhabited archipelago located 15-miles northwest of Lewis (Hebrides) island.  Before the Flannan Isle Lighthouse was built, The Seven Hunters were a hazardous group of isles so named for destroying ships en route to Scottish Ports.

The Flannan isle lighthouse was built in by 1899 by David Alan Stevenson and Charles Stevenson Eilean Mor (Big Isle). The disappearance happened one year later; in December 1900, three lighthouse keepers at the new lighthouse  mysteriously disappeared.

It was noticed on 15 December that the light had not been lit in the lighthouse, but bad weather prevented anyone getting to the island until 26 December. The lighthouse tender, the Hesperus, went to the island with a new set of keepers, but the three who were supposed to be there had gone - vanished. The lighthouse was deserted, with the lamps primed and ready for lighting. There was a diary entry made on the morning of 15 December that the lamp should have been lit, but no more.

Explanations put forward have included a freak wave, and a terrible row in which two were killed and the murderer committed suicide - but no bodies were ever found. Some accounts say there was a half-eaten meal on the table and that furniture had been overturned. A Board of Inquiry could not come up with an explanation, though the investigations are well documented.

Read more about the mystery at   www.bbc.co.uk/dna/h2g2/A1061335

sábado, 18 de setembro de 2004

Que ano tão negro....

Hoje, dia de arranque do ano lectivo, celebração dos mais belos momentos da caminhada dos nossos jovens, aspirando a cidadania e acalentando aquele dia em que serão também agentes do progresso do país em que nasceram, com os conhecimentos científicos, histórico-geográficos que aprenderam e o que se viu: as escolas previsivelmente vazias...Nunca o Ensino foi submetido a tamanha injustiça...Mais dramático ainda é também a elevada taxa de abandono escolar, o analfabetismo e a iliteracia...ano muito negro.


sexta-feira, 17 de setembro de 2004

Semana da (I)Mobilidade 16-22 Setembro

O número de autarquias aderentes ao Dia Mundial Sem Carros tem diminuído desde que a iniciativa europeia começou há 3 anos. Da Semana pouco se fala...isto é demais!!Se os nossos governantes e autarcas fossem criativos e apostassem em apoiar iniciativas menos poluentes, como estão a fazer aderindo à campnha da separação dos residuos, penso que os portugueses iriam aderir bem. Contudo, teimam em importar os modelos económicos errados...há é muita IMOBILIDADE, vontade endógena para remendar o estrago da nação...

CanalKids- Meio Ambiente (Brasil)



quinta-feira, 16 de setembro de 2004

Dia Mundial para a Preservação da Camada de Ozono

O Dia Mundial para a Preservação da Camada do Ozono observa-se a 16 de Setembro.


Foi a 16 de Setembro de 1987 que se assinou o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Prejudicam a Camada de Ozono, escolhendo-se então esta data para a celebração do Dia Mundial do Ozono. A data foi criada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas em dezembro de 1994.

O objetivo do dia é alertar para a destruição da Camada de Ozono e procurar soluções para a proteger. A Camada de Ozono é um escudo gasoso frágil que protege o globo das radiações solares, preservando assim a vida na Terra. Cabe aos governos, às indústrias e às organizações internacionais, a tarefa de unir esforços para eliminar os produtos químicos responsáveis pela destruição da Camada de Ozono.

Neste dia, não só se realizam encontros e colóquios em Montreal, Canadá, como um pouco por todo o mundo, para debater a questão mundial da preservação da Camada de Ozono.

Documentos

Resolução 49/114 adotada na Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono DESCARREGAR

quarta-feira, 15 de setembro de 2004

Alimentos com Transgénicos Passam Este Mês a Ser Rotulados

Fonte: Público

Todos os alimentos para consumo humano e animal que, na sua composição, incluam ingredientes transgénicos vão ter de informar o consumidor dessa presença. A lei comunitária entra em vigor a partir deste fim-de-semana mas isso não quer dizer que, depois de segunda-feira, os rótulos já estejam todos actualizados. É que todos os bens cujo processo produtivo se tenha iniciado antes do próximo dia 18 não são obrigados a cumprir as novas normas. Daqui para a frente, já não haverá excepções.

Hoje, 16 de Abril de 2004 entra em vigor o regulamento que define que se pode conseguir seguir o rasto de todos os ingredientes utilizados nos produtos alimentares. O objectivo é o de, além de facilitar a rotulagem, conseguir retirar todos os produtos de mercado que tenham como ingrediente um determinado transgénico que se provou que provoca efeitos prejudiciais para a saúde humana, para os animais ou para o ambiente.

No domingo, é a vez de o regulamento da rotulagem que obriga a que qualquer produto alimentar avise o consumidor que existem elementos transgénicos na sua composição entrar em vigor. Até agora, a lei obrigava a fornecer este aviso só quando, no produto final, se detectava a presença de mais de um por cento de transgenes.

As novas normas foram saudadas por ambientalistas e agricultores com culturas biológicas que defendem a opção dada agora aos consumidores de comprar, ou não, produtos com organismos geneticamente modificados (OGM). Além disso, esta legislação cria um "novo patamar de garantias alimentares", congratula-se a plataforma "Transgénicos fora do prato", que inclui diversas associações da área do ambiente e da agricultura.

O consumidor tem o lugar central nestas leis. "O que está em questão não é tanto a segurança alimentar mas mais o direito do consumidor em estar informado, porque tudo o que até agora tem sido avaliado em matéria de OGM tem indicado que estes são seguros", afirmou Lurdes Camilo, da Direcção-Geral de Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar (DGFCQA).

Mas estes regulamentos europeus cumprem também objectivos políticos. A sua aprovação foi a solução encontrada para tentar travar o diferendo que se arrasta há anos entre a União Europeia e os Estados Unidos em relação aos transgénicos. E pôr um ponto final na moratória informal imposta por alguns países europeus, que fecharam as suas portas à importação de OGM, o que aliás gerou uma queixa colocada pelos EUA na Organização Mundial do Comércio. Porém, esta moratória não está totalmente afastada, já que a lista de produtos geneticamente modificados aprovados pela UE é restrita.

Aplicação complexa

Tanto as autoridades, como a indústria, como até as associações ambientalistas admitem que a aplicação da legislação vai ser complicada. O grande esforço pedido às indústrias é de base documental: as empresas têm de pedir e guardar por cinco anos todas as declarações sobre os diferentes ingredientes que usam, onde se explicitam quais os materiais utilizados e se são transgénicos.

"Temos de ter grande confiança nos fornecedores", explica Jaime Piçarra, da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA). Ou seja, o produtor tem de acreditar que o seu fornecedor está a dar-lhe todas as informações. Mas esta exigência esbarra nalguma resistência por parte de países como os Estados Unidos, que não consideram que se esteja perante um problema de segurança alimentar.

"Se os documentos não forem verdadeiros, como é que podemos garantir que não há transgénicos?", questiona Isabel Sarmento, da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA). "É que, muitas vezes, não é possível detectar se há transgenes, por mais análises que se façam", acrescenta.

A capacidade de resposta dos laboratórios - que vão passar a ser muito requisitados para o autocontrolo que as empresas vão fazer - e os métodos analíticos, que são limitados, são duas das grandes preocupações dos industriais e ambientalistas.

Apesar de tudo, a indústria diz-se preparada para aplicar os regulamentos, tendo redigido um guia onde se explicam todas as implicações da lei e as mudanças necessárias, a distribuir pelos associados da IACA e da FIPA.

Por enquanto, a grande mudança prende-se com a quantidade de documentação que é pedida às empresas. "A gestão dos 'stocks' terá de ser cirúrgica, pois a rotulagem tem de ser adequada - e modificada - conforme os lotes que se recebem", explica Margarida Silva, da plataforma "Transgénicos fora do prato".

Mas, a prazo, uma outra mudança pode ser ditada pelos consumidores. Isabel Sarmento, da FIPA, diz que "a indústria vai esperar para ver como se comporta o mercado". Mas Lurdes Camilo acredita que muitas empresas vão começar, desde logo, a apostar na substituição dos ingredientes transgénicos por outros alternativos.