sábado, 31 de março de 2012

Investimentos verdes já somam US$ 3,3 triliões



Os avisos de bandas como os Creedence Clearwater Revival, filmes que se fizeram, imensos documentários  sobre os riscos nuclear e as alterações climáticas, bem como apoio da juventude, estão a trazer bons frutos, também no comércio e empresas, num mercado que se deseja cada vez mais transparente e mais amigo do ambiente.

[Boa notícia obtida em ECCAPLAN BR] Green Transition Scoreboard 2012 (Painel de Transição Verde), estudo que rastreia investimentos do setor privado em empresas e tecnologias verdes no mundo todo, mostra que o montante de capital girando nesse setor chegou a 3,3 trilhões de dólares desde 2007, quando começou a ser feito. Uma das surpresas deste ano foi o crescimento da participação da Ásia, da Europa e da América Latina, que estão emparelhadas com Estados Unidos no volume de investimentos verdes. Fonte: Mercado Ético e Ethical Markets Media

Levando-se em conta os muitos estudos que indicam que é preciso se investir 1 trilhão de dólares anualmente até 2020 para acelerar a transição verde em todo o planeta, os resultados mostram que investimentos sustentáveis estão se tornando a norma do mercado. O Ethical Markets espera que investidores globais destinem pelo menos 10% de seu capital para empresas ligadas ao desenvolvimento sustentável, colocando os mercados verdes no caminho para alcançar os 10 trilhões de dólares investidos até 2020.

Para Hazel Henderson, presidente do Ethical Markets, futurista e ex-conselheira de Ciência e Tecnologia da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos, a corrente transição de combustíveis fósseis para energias e recursos mais eficientes e renováveis é simplesmente o próximo estágio do conhecimento humano e progresso da ciência. “Investidores institucionais que focarem nos riscos climáticos verão mais oportunidades em reorganizar o mundo para a inevitável transição verde, que é um mercado estimado em 45 trilhões de dólares.

Para reforçar o paradigma dessa mudanças, Timothy Nash, conselheiro do Ethical Markets, fala do recente crescimento na área de materiais e aplicações. “Essas empresas estão finalmene prontas para investir e expandir dentro do espaço verde”, acredita ele.

Rosalinda Sanquiche, diretora executiva do Ethical Markets e editora do GTS, reforça que ainda que seja muito impressionante um registro de 3,3 trilhões de dólares investidos no setor, ainda há muitos negócios que estão fora do relatório. “São milhares de pequenos empresas florescendo em todo o mundo, que vão desde investimentos de 100 mil dólares e chegam até a alguns milhões. Tudo isso significa mais oportunidades para fazer a economia verde funcionar em níveis mais locais e regionais”, comemora.

O estudo completo está disponível em Green Transition Scoreboard.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Livro do Mês- "Verdes Anos- História do ecologismo em Portugal" por Luís Humberto Teixeira


Melancias, abóboras, pimentinhas... Muitos têm sido os nomes dados aos ecologistas em Portugal. Colocados à margem, o seu percurso tem sido pouco estudado, não obstante estarmos num dos países onde a intervenção de ambientalistas e ecologistas na esfera pública revela maior eficácia prática.
Este livro aborda as origens, a evolução e as dinâmicas dos três partidos ecologistas existentes (PEV, MPT e PAN), os projectos políticos verdes que não germinaram e a acção de personalidades e grupos que têm defendido a causa ambiental junto da sociedade civil ou do Estado.

Recuando até às origens da defesa do ambiente em Portugal, esta obra, que percorre mais de seis décadas, oferece-nos um enquadramento internacional das ideias ecologistas e da evolução dos partidos verdes na Europa Ocidental e permite-nos conhecer melhor os principais partidos e associações ecologistas portugueses. Fruto de uma rigorosa pesquisa documental e de quase três dezenas de entrevistas a algumas das principais figuras do ecologismo no nosso país, o livro revela também algumas das estratégias de diversas forças políticas para se adaptarem à emergência do ideário verde.

SOBRE O AUTOR:
Luís Humberto Teixeira. Nasceu em Setúbal, onde se licenciou em Comunicação Social. Enquanto jornalista, colaborou em órgãos locais, regionais, nacionais e internacionais e integrou a equipa do projecto editorial Green China. Membro da organização do Festroia, idealizou e concretizou a iniciativa Festroia CarbonoZero, que em 2007 tornou este festival de cinema o primeiro, a nível mundial, a compensar a sua pegada carbónica. Mestre em Política Comparada pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), é autor de diversos estudos sobre o sistema eleitoral português e a problemática dos eleitores-fantasma. Traduziu o livro A Tradição da Liberdade – Grandes obras do pensamento liberal (2010), do politólogo belga Corentin de Salle. Em 2011, escreveu o argumento do documentário Setúbal, Cidade Verde, realizado por Helena de Sousa Freitas e vencedor do Prémio do Público do IV Curtas Sadinas.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Grupo de cientistas vencedores do Prémio Planeta Azul reivindicam nova forma de medir riqueza


O PIB já era. O consumo inveterado, idem. Subsídios para setores como energia, agricultura e transportes, então, nem se fala. O fim destes pilares do sistema econômico mundial foi profetizado por 20 cientistas, vencedores do Prêmio Planeta Azul, uma espécie de Nobel do meio ambiente. O grupo propõe uma nova forma de medir as riquezas de um país, que leve em conta, por exemplo, os custos ambientais do crescimento econômico, seu capital verde e o nascimento de um mercado com menos uso de CO2. A proposta foi apresentada ontem em Nairóbi, no Quênia, em um encontro promovido pelas Nações Unidas.

Alerta para emissões de CO2
O grupo acredita que a sociedade global não conseguirá manter seu atual crescimento nas bases levantadas décadas atrás. Talvez o maior sinal de esgotamento do planeta venha das emissões de carbono. Os laureados com o Planeta Azul lembram o que ocorreu nas últimas seis décadas com o Brics. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, neste período, viram sua participação no PIB mundial crescer de 23% para 32%. O motor deste fenômeno foram os combustíveis fósseis — responsáveis por 90% do consumo energético destes países. Agora, eles respondem por 35% da liberação de gases-estufa. Sessenta anos atrás, o índice era de 15%.

“Este caminho, de desenvolvimento energético intenso, é claramente insustentável”, condena o relatório. “Os impactos já são sentidos, como o rápido crescimento da desertificação na China e o colapso da biodiversidade nos oceanos. A falha na mudança para uma sociedade de baixo carbono — que requere, entre outras ações, corrigir falhas do mercado e remover perigosos subsídios à energia —, pode resultar em mudanças climáticas prejudiciais e perdas ao meio ambiente”.

Há, no entanto, sinais encorajadores, embora sejam isolados. No Brasil, por exemplo, o desmatamento na Amazônia foi reduzido em 80% nos últimos sete anos. E a China, em seu mais novo plano quinquenal, que abrange até 2015, faz claros sinais de que buscará uma economia de baixo carbono.

— Alguns países levaram o problema das mudanças climáticas a sério, principalmente na União Europeia, que efetivamente reduziu suas emissões de carbono — conta o físico José Goldemberg, único brasileiro vencedor do Planeta Azul, em 2008. — Já os EUA se mantiveram fora do Protocolo de Kioto, o que reduziu muito a sua eficácia.

Numa escala de 0 a 10, segundo Goldemberg, o mundo merece nota 5 em sua integração com o desenvolvimento sustentável. O Brasil, até agora, é digno de um conceito “um pouco mais alto”.
— Digamos 7 ou 8, devido ao seu programa de hidroelétricas e de álcool — lembra. — Mas, no que se refere ao desmatamento da Amazônia, o Brasil até recentemente ganharia apenas uma nota 3, que agora subiu para 5. A ideia equivocada de que preocupações ambientais são um obstáculo ao desenvolvimento ainda não foram superadas.

Como todos os conceitos usados por analistas parecem subjetivos ou incompletos, por não considerarem os consequências ambientais provocadas pela economia, a sugestão para destronar a ultrapassada medição do PIB seria taxar o carbono. Um mecanismo eficiente atende por Redd (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal). Os premiados com o Planeta Azul recomendam a implantação deste índice, uma espécie de incentivo financeiro para que governos protejam suas matas “tanto para reduzir o desflorestamento quanto para, em alguns países, manter as já baixas taxas de desmatamento”.

Tirar o Redd do papel, no entanto, implica acelerar acordos globais cujas negociações se arrastam há anos. E fazer com que líderes globais aceitem pôr a mão na bolso para financiar a manutenção de florestas fora de suas fronteiras, assim como, em boa parte dos casos, a troca de sua própria matriz energética.

— É difícil “vender” a ideia de conservação ambiental e da biodiversidade para tomadas de decisão, porque eles, de modo geral, são eleitos para mandatos de 4 a 8 anos e só pensam em termos imediatos, enquanto os problemas ambientais produzem impactos que aparecerão em uma escala de tempo mais longa — lamenta Goldemberg. — Existe, porém, uma consequência das mudanças globais que está ocorrendo agora e que forçará os governantes a se movimentarem: o aumento da frequência dos eventos climáticos extremos, como tufões, inundações e secas, algo que já ocorre no mundo inteiro. São “pegadas” do aquecimento global que estamos identificando.

O Prêmio Planeta Azul foi criado no mesmo ano da Rio 92 pela Fundação Asahi Glass. Seu objetivo é reconhecer pessoas e organizações que atingiram conquistas significativas na luta contra os problemas ambientais globais. O nome do prêmio foi inspirado na frase “A Terra é azul”, dita em 1961 pelo primeiro homem a chegar ao espaço, o cosmonauta russo Yuri Gagarin.
Fonte:  o globo ciencia


Mais Leituras

Leymah Gbowee: Libertem a inteligência, a paixão e a grandeza das jovens mulheres


Biografias:
Leymah Gbowee

Gbowee Peace Foundation Africa 


00:00
Muitas vezes, viajo pelo mundo a falar e as pessoas fazem-me perguntas acerca dos desafios, os meus momentos, alguns dos meus arrependimentos. 1998: Uma mãe solteira com quatro filhos, três meses após o nascimento do meu quarto filho, fui trabalhar como assistente de investigação. Fui para o norte da Libéria. E fazia parte do trabalho a aldeia dar-me alojamento. E fiquei numa casa com uma mãe solteira e a sua filha.

00:44
Essa rapariga era a única, em toda a aldeia, a ter conseguido estudar até ao 9º ano. Ela era motivo de piada pela comunidade. Muitas vezes as outras mulheres diziam à sua mãe "Tu e a tua filha vão morrer pobres". Depois de duas semanas a trabalhar nessa aldeia, chegou a altura de me ir embora. A mãe aproximou-se de mim, ajoelhou-se, e disse "Leymah, leve a minha filha. Eu queria que ela se tornasse numa enfermeira." Muito pobre, a viver em casa dos meus pais, não podia fazer nada. Com lágrimas nos olhos, disse "Não".

01:34
Dois meses mais tarde, fui para outra aldeia com a mesma tarefa e pediram-me que fosse viver com a chefe da aldeia. A mulher chefe da aldeia tinha uma criança pequena, a mesma cor de pele que eu, toda suja. E passava o dia inteiro só com roupa interior vestida. Quando perguntei quem era, disseram-me "Chama-se Wei. O seu nome significa porco. A sua mãe morreu ao dar à luz e ninguém sabe quem é o pai." Fez-me companhia durante duas semanas, dormia comigo. Comprei-lhe roupas usadas e comprei-lhe a sua primeira boneca. Na noite antes de partir, ela veio ter comigo e disse "Leymah, não me deixe aqui. Quero ir consigo. Quero ir para a escola". Muito pobre, sem dinheiro, a viver com os meus pais, voltei a dizer "Não". Dois meses depois, essas duas aldeias entraram novamente em guerra. Até hoje, não sei o que é feito dessas duas meninas.

02:47
Avançando até 2004: No auge do nosso activismo, o Ministro de Género da Libéria chamou-me e disse "Leymah, tenho uma criança de 9 anos para ti. Quero que a leves para casa, pois não temos casas seguras." A história desta criança: Tinha sido violada pelo avô paterno diariamente durante 6 meses. Estava inchada, muito pálida. Todas as noites eu chegava do trabalho e deitava-me no chão frio. Ela deitava-se ao meu lado e dizia "Tia, quero ficar bem. Quero ir para a escola."

03:27
2010: Uma jovem apresenta-se perante a presidente Sirleaf e dá o seu testemunho de como ela e os irmãos vivem todos juntos, os pais morreram durante a guerra. Ela tem 19 anos, o seu sonho é ir para a Universidade para poder sustentá-los. É bastante atlética. Ela candidata-se a uma bolsa de estudos. Bolsa completa. Ela consegue-a. O seu sonho de ir para a escola, o seu desejo de estudar finalmente concretiza-se. Vai para a escola no primeiro dia. O director de desporto, responsável pela sua vinda para o programa, chama-a à parte. E nos três anos que se seguem, o seu destino será ter relações sexuais com ele todos os dias, para pagar o favor de ter sido aceite naquela escola.

04:18
A nível mundial, temos políticas, instrumentos internacionais, líderes trabalhistas. Pessoas incríveis comprometeram-se em proteger as nossas crianças da necessidade e do medo. A ONU tem a Convenção dos Direitos das Crianças. Na América, têm a lei chamada "Nenhuma Criança Será Deixada para Trás". Outros países têm diferentes iniciativas. No Desenvolvimento do Milénio há o objectivo Três que se foca em mulheres jovens. Todas estas grandes iniciativas de pessoas extraordinárias que têm como objectivo levar os jovens até onde queremos que eles vão globalmente, na minha opinião, falharam.

04:59
Na Libéria, por exemplo, a taxa de gravidez na adolescência é de 3 em cada 10 jovens. A prostituição entre adolescentes é a mais alta de sempre. Numa comunidade, dizem, acorda-se de manhã e vê-se preservativos usados como se fossem papéis de pastilha elástica usada. Raparigas de 12 anos a prostituirem-se por menos de um dólar por noite. É desolador, é triste. E alguém me perguntou, pouco antes do meu TEDTalk, há uns dias atrás, "Então, onde está a esperança?".

05:35
Há muitos anos, alguns amigos meus decidiram que era preciso fazer a ligação entre a nossa geração e a geração de mulheres jovens. Não é suficiente dizer que existem duas mulheres liberianas premiadas com o Nobel quando os filhos das nossas jovens estão por aí, sem esperança ou aparentemente sem ela. Criámos um espaço chamado "Young Girls Transformative Project" (Projecto de Transformação de Jovens Mulheres). Dirigimo-nos às comunidades rurais e aquilo que fazemos, assim como nesta sala, é criar o espaço. Quando estas jovens se sentam, libertamos a inteligência, libertamos a paixão, libertamos o compromisso, libertamos objectivos, libertamos grandes líderes. Até hoje, trabalhámos com mais de 300. E algumas dessas jovens, que entram na sala muito tímidas, foram corajosas, enquanto mães jovens, ao manifestarem-se e ao defenderem os direitos de outras mulheres jovens.

06:39
Conheci uma jovem, mãe adolescente com quatro filhos, que nunca pensou em acabar o liceu, formou-se com sucesso; que nunca pensou em ir para a Universidade, matriculou-se numa. Um dia ela disse-me, "O meu desejo é terminar a Universidade e ser capaz de sustentar os meus filhos." Encontra-se numa situação em que não consegue arranjar dinheiro para estudar. Vende água, vende refrigerantes e vende cartões recarregáveis para telemóveis. E podemos pensar que ela iria pegar nesse dinheiro e investir na sua educação. O seu nome é Juanita. Ela pega nesse dinheiro e procura mães solteiras na sua comunidade para que voltem a estudar. Ela diz "Leymah, eu queria estudar. Mas se eu não posso fazê-lo, ao ver algumas das minhas irmãs estudarem, o meu sonho concretiza-se. Quero uma vida melhor. Quero ter comida para os meus filhos. Quero que o abuso sexual e a exploração nas escolas acabe." Este é o sonho da jovem africana.

07:45
Há muitos anos, havia uma rapariga africana. Essa rapariga tinha um filho que queria um donut, porque estava faminto. Zangada, frustrada e muito chateada pelo estado da sua sociedade e o estado dos seus filhos, esta jovem iniciou um movimento, um movimento de mulheres comuns unidas para construir a paz. Eu irei realizar esse desejo. Este é o desejo de outra rapariga africana. Eu não realizei o desejo daquelas duas raparigas. Falhei em fazer isso. Era isto que passava pela cabeça de outra jovem mulher: falhei, falhei, falhei. Então farei isto. As mulheres manifestaram-se, protestaram contra um ditator brutal, falaram sem medo. Não só realizaram o desejo de um donut, como também o de alcançar a paz. Esta jovem mulher também queria estudar. Foi para a escola. Esta jovem mulher tinha outros desejos, que se concretizaram.

08:57
Hoje, essa jovem mulher sou eu, premiada com um Nobel. Embarquei numa viagem para realizar o desejo, com as minhas limitadas capacidades, das meninas africanas o desejo de estudarem. Criámos uma organização. Concedemos bolsas completas de quatro anos a meninas provenientes de aldeias, nas quais vemos potencial.

09:20
Não tenho muito para vos pedir. já estive em alguns lugares aqui nos E.U.A, e sei que as raparigas aqui também têm desejos, querem uma vida melhor algures no Bronx, querem uma vida melhor algures na baixa de L.A., querem uma vida melhor algures no Texas, querem uma vida melhor algures em Nova Iorque, querem uma vida melhor algures em Nova Jérsia.

09:46
Querem embarcar comigo nesta viagem para ajudar aquela rapariga, seja africana, americana, ou japonesa, a concretizar o seu desejo, o seu sonho, a alcançar esse sonho? Porque todos os grandes inovadores e inventores com quem falámos e que vimos, nos últimos dias, estão também sentados em cantos minúsculos, em diferentes partes do mundo, e tudo o que nos pedem é que criemos esse espaço para libertar a inteligência, libertar a paixão, libertar todas as grandezas que guardam dentro de si. Vamos embarcar nesta viagem juntos. Vamos embarcar nesta viagem juntos.

10:32
Obrigado.

10:34
(Aplausos)

10:57
Chris Anderson: Muito obrigado. Actualmente na Libéria, qual é a questão que mais a preocupa?

11:06
LG: Pediram-me para liderar a "Iniciativa de Reconciliação da Libéria". Como parte da minha função, faço estas viagens em diferentes aldeias e cidades, 13 a 15 horas em estradas de terra, e não houve nenhuma comunidade em que não houvesse raparigas inteligentes. Mas infelizmente, a visão de um grande futuro ou o sonho de um grande futuro, é somente um sonho, porque existem todos estes vícios. A gravidez na adolescência, que como eu disse, é epidémica.

11:43
Por isso, o que me preocupa é ter estado nesse lugar e, de certo modo, estou neste lugar, e não quero ser a única a estar neste lugar. Procuro formas de ter outras jovens comigo. Daqui a 20 anos quero olhar para trás e ver que há outra jovem liberiana, do Gana, da Nigéria, da Etiópia, aqui neste palco TED. E talvez, somente talvez, a dizer "Por causa da Leymah estou aqui hoje". Por isso fico preocupada quando vejo que não têm esperança. Mas também não sou pessimista, porque sei que não é preciso muito para as motivar.

12:29
CA: E durante o ano passado, conte-nos algo promissor que tenha presenciado.

12:35
LG: Posso contar-lhe muitas coisas promissoras. Mas no ano passado, na aldeia onde a presidente Sirleaf nasceu, trabalhámos com algumas raparigas. E não encontrámos 25 raparigas que frequentassem o liceu. Todas elas trabalhavam na mina de ouro e a maior parte eram prostitutas que faziam outras coisas. Pegámos em 50 dessas raparigas e trabalhámos em conjunto com elas. E isto foi no início da campanha eleitoral. É um local onde as mulheres, mesmo as mais velhas, nunca se sentavam no mesmo círculo que os homens. Mas estas jovens juntaram-se, formaram um grupo e lançaram uma campanha de registo eleitoral. É uma vila mesmo rural. E o lema que usaram foi: "Até as raparigas bonitas votam". Conseguiram mobilizar as mulheres jovens.

13:24
Mas não só, foram até aos candidatos e perguntaram-lhes "O que é que vão dar às raparigas desta comunidade se ganharem?". E um deles, já eleito, porque a Libéria tem uma das mais pesadas leis sobre a violação e ele era um dos que realmente lutava por isso no parlamento, para mudar essa lei, por considerar bárbaro. Ele dizia que a violação não era bárbara, mas sim a lei. E quando as raparigas começaram a questioná-lo, ele foi bastante hostil para com elas. Elas viraram-se para ele e disseram "Vamos fazer com que não seja reeleito". E ele não foi reeleito.

14:03
(Aplausos)

14:09
CA: Leymah, obrigado. Muito obrigado por ter vindo ao TED.

14:12
LG: De nada. (CA: Obrigado.)

14:14
(Aplausos)

terça-feira, 27 de março de 2012

Documentário da semana: Making a Killing: The Untold Story of Psychotropic Drugging




Clica em "CC" e em "translation legends" e escolhe a língua portuguesa (aguarda uns poucos segundos). Depois tens a possibilidade de veres este documentário legendado com boa qualidade.

Este vídeo fornece os fatos sobre drogas psicotrópicas e os enormes lucros que eles criam para a indústria farmacêutica. Estes medicamentos não são seguros e estão no mercado sem o tempo necessário para fornecer suficientes estudos a longo prazo sobre seus efeitos. 

Estas drogas causam dependência, no entanto a maioria dos "médicos" não chamaria esta dependência, porque você não tem que tomar uma dose cada vez maior ao longo do tempo. Eles fazem-no sentir completamente bem enquanto estiver viciado em a mesma quantidade de qualquer droga numa base diária. 

Mais da metade das pessoas que cometem suicídio nos Estados Unidos tinham sido prescritos com as drogas psicotrópicas. Contudo não esquecer que há situações clinicamente fiáveis e cada caso é um caso. 

Um documentário e debate necessários, pois as drogas infelizmente instalaram-se há muito (desde cedo) no ecos humano e tem que haver dose/risco bem estudados para a sua administração médica e parâmetros de legalidade, independentes da comercialização.

(Ex: Paxil (Paroxetine), Zoloft (Sertraline), Prozac, Wellbutrin (Bupropion), Effexor, Seroquil, Ultram (Tramadol), etc.)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Ted Talks - A bateria de metal líquido, por Donald Sadoway

A bateria de metal líquido está a ser desenvolvida por Donald Sadoway e a sua equipa na Ambri. Esta é a bateria que promete revolucionar as energias renováveis contribuindo para o melhoramento da eficiência das mesmas. Donald Sadoway afirma que a existência de uma bateria entre as renováveis e a rede eléctrica põe fim às actuais variações abruptas no fornecimento de energia, tornando o sistema eléctrico mais eficiente. Com esta tecnologia pode-se armazenar a energia quando esta está disponível para usar quando é necessária, possibilitando assim que se desliguem as centrais em stand-by, que são caras e poluentes e que actualmente são usadas para equilibrar a produção de energia com o consumo da rede. A bateria concebida por Donald Sadoway e a sua equipa além de grande capacidade de armazenamento deve ter um custo de produção reduzido, tornando-a na mais promissora das tecnologias de armazenamento de energia de grande escala.

A Ambri conta com investidores importantes como Bill Gates, Khosla Ventures e a empresa de energia Total.

Entre as vantagens desta bateria estão o baixo custo devido à utilização de materiais abundantes e baratos, a flexibilidade de resposta podendo responder em milissegundos ou lentamente ao longo do tempo e a longa duração devido à utilização de eléctrodos líquidos em vez de eléctrodos sólidos.

Site oficial

Donald Sadoway 



Relógio para Matemáticos


domingo, 25 de março de 2012

Economia heterodoxa


As perspectivas heterodoxas da economia (Economia heterodoxa ) referem-se às abordagens ou escolas de pensamento económico que se opõem à perspectiva ortodoxa da economia (escola neoclássica e marginalista)

Não há uma única teoria económica heterodoxas, mas diversas teorias e escolas económicas que rejeitam a ortodoxia neoclássica como a teoria mais apropriada para a compreensão dos mecanismos da vida económica e social.

A economia heterodoxa é uma expressão ampla que cobre campos, projetos ou tradições separados e às vezes distantes, que incluem o (antigo) institucionalismo, a economia pós-keynesiana, feminista, ecologista, marxista. anarquista, de entre muitas outras.

Enquanto a economia ortodoxa pode ser definida em torno do nexo "equilíbrio-racionalidade-individualismo", a economia heterodoxa pode ser definida em termos de um nexo "estrutura histórico-social-institucional".

sábado, 24 de março de 2012

A Sociedade Industrial e Seu Futuro - "O Manifesto do Unabomber" - Theodore Kaczynski

Ted Kaczynski (left) with father Theodore - mais fotos aqui

ESCLARECIMENTO
Trata-se de um caso que provocou muito alarido: a referida publicação foi conseguida como garantia que a partir daí terminariam os atentados com bombas artesanais que vinham sendo dirigidos a acadêmicos, e que ao longo demais de uma década vitimaram dezenas de “alvos”, três deles mortalmente.

De certa maneira essa publicação foi uma proeza, pois o conteúdo e extensão do texto deveriam em princípio condená-lo à obscuridade; pelo contrário, teve a atenção de muita gente nos Estados Unidos e também mundialmente, sobretudo após a captura em 1996 do presumível autor (T. Kaczynski), ex-académico que vivia como eremita numa zona remota do noroeste do país.

A redação está sempre na primeira pessoa do plural, o que pode ser apenas para dar a ilusão de se tratar do manifesto de um grupo de ação política (“FC”),no qual Kaczynski estaria pelo menos implicado; se de fato ele é o único autortanto do texto como dos referidos ataques à bomba, são questões que o processo judicial onde Kaczynski foi arguido pouco fez para esclarecer (segundo parece, a sua declaração de culpado foi sob coação).

Seria talvez desnecessário precisar que a presente tradução não implica necessariamente qualquer forma de solidariedade para com os atentados à bomba e mesmo com diversos pontos de vista expendidos no texto original; visa pôr em destaque certas reflexões sobre as sociedades industrializadas e em particular sobre o controle dos indivíduos nessas sociedades, assim como difundir a análise que faz sobre formas de atuação face aos problemas que aborda.
Nesse aspecto pode considerar-se um texto de notável acuidade e lucidez.

Manteve-se o formato em MAIÚSCULAS que foi usado em certas palavras do original, e as frases omitidas (geralmente exemplos que se consideram menos relevantes) vêm assinaladas com [...].
Boa parte dos parágrafos traduzidos abaixo e o esclarecimento acima foram retirados de Universidade de Évora.
Os restantes parágrafos são resultado de uma ligeira revisão após tradução eletrónica de Sin Dominio.

Biografia completa no Wikipedia

sexta-feira, 23 de março de 2012

Biografias- Ailton Krenak




Ailton Krenak é um militante índio. Nasceu no Vale do rio Doce, Minas Gerais, no povo dos Krenak. Com 17 anos Ailton migrou com seus parentes para o estado do Paraná. Alfabetizou-se aos 18 anos, tornando-se a seguir produtor gráfico e jornalista. Na década de 1980 passou a se dedicar exclusivamente à articulação do movimento indígena. Em 1987, no contexto das discussões da Assembleia Constituinte, Ailton Krenak foi autor de um gesto marcante, logo captado pela imprensa e que comoveu a opinião pública: pintou o rosto de preto com pasta de jenipapo enquanto discursava no plenário do Congresso Nacional, em sinal de luto pelo retrocesso na tramitação dos direitos indígenas. Nos últimos anos, Ailton se recolheu de volta à Minas Gerais e mais perto do seu povo. Actualmente, está no Núcleo de Cultura Indígena, ONG idealizada por ele e localizada na Serra do Cipó (MG). Foi convidado para o TEDxVilaMadá com o tema Meio Ambiente e Sustentabilidade: é hora de agir.

Esta apresentação foi gravada no dia 26 de maio 2011 no Teatro da Vila, durante o TEDxVilaMadá. 

Blogue com recolha de textos e pensamentos

quinta-feira, 22 de março de 2012

Os sete R do consumidor ecológico / verde

Este artigo, em castelhano, aponta várias soluções que podem assumir padrões de consumo mais justos, respeitadores da natureza e de forma económica.

Reflectir, recusar, reduzir, reutilizar, reciclar, redistribuir e reclamar.

Os consumidores que têm em linha de conta estas sete ações contribuem para preservar o meio ambiente, defendem o comércio justo e evitam o lixo . Várias dicas simples pode tornar possível os sete Rs do consumidor "verde".

Ler mais em  Eroski Consumer 11 de novembro de 2010  ou continuar aqui a leitura

quarta-feira, 21 de março de 2012

Poemave e aves com poemas dentro- o ninho de Miguel Torga e os horneros da América do Sul

Dia Mundial da Poesia




Horneros : ενασ πρακτικοσ και αυτοδιδακτοσ αρχιτεκτων στην ουρουγουαη ! Urban horneros a perfect architect in Uruguay !


Por mero acaso encontrei este encantador vídeo, depois de estar à volta de papeladas, notas para dar e reflexões profissionais...Depois uma coincidência de "crise" por estar escrito em Grego.Mantenho o título original.
Além disso, os meus leitores sabem que nutro especial carinho e atenção pelos sul-americanos. Os horneros são abundantes por essas terras. Aliás o hornero é o símbolo nacional da Argentina.
Oxalá que aos gregos e argentinos e povos subjugados pela Troika e que me visitem possa com esta postagem transmitir daqui toda a minha solidariedade, rebelião e esperança. Aos meus leitores lusos, observem os lírios do campo, as aves....e os ninhos! Leiam e declamem poemas.
E depois o ninho! Quanta fragilidade, mas ao mesmo tempo a solidez, a geometria e os baixos recursos que são as respostas adaptativas ao meio e que as aves magnificamente revelam!
Complemento a postagem com o poema de Miguel Torga- O Ninho (cortante, voador e vertical)!
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.


Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...

terça-feira, 20 de março de 2012

As biorrefinarias são cada vez mais uma alternativa viável à indústria baseada no petróleo



A Amyris é o exemplo de uma empresa que ultrapassando milhões de anos de evolução, procura "entalhar" todo o sistema metabólico de um micróbio (seja uma bactéria seja uma levedura) numa fábrica viva, recorrendo à engenharia genética. Estas biorrefinarias ou fábricas microbianas estão a ser mais eficazes, mais flexíveis e bem mais limpas que as fábricas químicas tradicionais (normalmente demoram sete a oito passos de produção final, envolvendo altas temperaturas e adição de químicos para refinação do petróleo).
Estas biofábricas por outro lado não precisam de ser alimentadas por combustíveis fósseis: podem começar com açúcar simples e barato e acabar com aquilo que faz andar o mundo.
Bibliografia
Fred Krupp (2008)- Reinventar a Energia

sábado, 17 de março de 2012

Entrevista a Branko Milanovic - Chamar ao poder só tecnocratas “não é bom para a democracia”


A ler

2. Entrevista a Branko Milanovic, economista-chefe do Banco Mundial (excerto)
Como é que vê a resposta europeia para ultrapassar a crise neste contexto em que já se percebeu que os maiores não estão a salvo?
Estou relativamente pessimista sobre as medidas de austeridade que estão para vir. Entrámos numa espécie de espiral negativa. Os países tiveram de cortar nas despesas, de tentar equilibrar as contas públicas e aumentaram os impostos indirectos, no IVA ou uma [taxa] equivalente, em vez dos impostos directos, e tudo isto teve um impacto negativo na igualdade de rendimentos. Os impostos indirectos são geralmente regressivos, o que significa que, proporcionalmente, afectam mais os pobres do que os ricos. Os impostos directos têm um impacto progressivo, porque os ricos pagam mais.

Os últimos dados do Eurostat mostram que, na União Europeia, 23% da população está em risco de pobreza ou de exclusão social. Os contrastes sociais na Europa têm vindo a aumentar?

Houve certamente mais conflitos sociais em 2009. Não vejo que haja uma ameaça maior hoje. Assistimos é, potencialmente, a um [modelo de] desenvolvimento perigoso em que os governos eleitos democraticamente são substituídos por tecnocratas, como aconteceu em Itália e na Grécia, o que indica indirectamente que o próprio sistema democrático não foi capaz de debelar a crise. Portugal e Espanha estão em posições diferentes, porque têm novos governos [eleitos], onde o sistema foi capaz de resolver o problema [da crise política]. Em Itália e na Grécia, tiveram de chamar tecnocratas. [Mario] Monti não é um líder político, não foi eleito. [Lucas] Papademos também não. Consigo entender a lógica, porque ganham um suporte mais vasto [dos partidos] por serem tecnocratas, mas não é bom para a democracia. Se há uma crise séria e o sistema político [vigente] não consegue resolver essa crise, a substituição por tecnocratas não é bom para o desenvolvimento democrático. Não tenho nada contra os tecnocratas – eu próprio sou um tecnocrata… – mas não penso que os líderes políticos tenham de o ser. Os tecnocratas podem ajudar (através de conclusões, produzindo relatórios, dando ideias), mas os líderes políticos devem ser pessoas próximas dos cidadãos.

Branko Milanovic, economista-chefe do Banco Mundial, alerta para o resultado desigual das políticas do FMI  no passado. Mas não vê outra solução para a crise europeia.

O sistema não foi capaz de debelar a crise financeira há quatro anos e, hoje, a Europa assiste à substituição dos líderes políticos por tecnocratas que precisam de “ser pessoas próximas dos cidadãos”. O retrato é feito pelo economista-chefe do Banco Mundial, Branko Milanovic, que atribui falta de criatividade aos dirigentes europeus para travar o contágio da crise.

Dedicado ao estudo da distribuição de rendimentos desde os anos 1980, quando se formou em Belgrado, investigador no Carnegie Endowment for International Peace, em Washington, Milanovic sublinha o efeito da austeridade na classe média e, em particular, nos pobres. Mas ressalva que o impacto nas desigualdades globais é relativo. À conversa com o PÚBLICO, quando esteve recentemente em Lisboa para falar sobre globalização e desenvolvimento, tema que aborda no seu último livro, The Haves and the Have-Nots (Os que Têm e Os que Não Têm, numa tradução livre), deixa um aviso aos líderes europeus: se, perante uma crise séria, o sistema chama tecnocratas ao poder sem antes irem a eleições, os Governos estão a entrar numa lógica perigosa. E o sinal que dão aos cidadãos não é saudável para a democracia.

Quando começou a escrever sobre a distribuição da riqueza mundial, no final dos anos 1980 e a Europa de Leste e Central estava a caminho da transição para a economia de mercado, alguma coisa fazia prever este aumento das desigualdades na distribuição de rendimentos no interior dos países?
Não era imediatamente perceptível. Houve um grande aumento [da riqueza] e a razão tem a ver com a globalização; se olharmos para a perspectiva económica, era expectável que os países pobres tivessem um crescimento maior do que os países ricos, porque a ideia era a de que, com a globalização, existisse uma transferência de capital maior para os países pobres, que podiam também usar tecnologia que não estavam normalmente aptos a usar, e que, essencialmente, se pudessem especializar em transaccionar aquilo em que eram bons a produzir. No fundo, estava patente uma ideia de convergência entre países pobres e países ricos, mas o que, de facto, aconteceu entre 1980 e 2000 foi o contrário: uma divergência na distribuição de rendimento. Estamos a falar especificamente da diferença entre o Produto Interno Bruto (PIB), mas é preciso ter em atenção que a China e a Índia tiveram uma boa trajectória e que representam um terço da população mundial.

Neutralizaram as diferenças?
Houve um travão no aumento das desigualdades. Existem, essencialmente, três forças nas desigualdades mundiais: o aumento entre países (por exemplo, entre Portugal, os Estados Unidos, o Reino Unido, China, Rússia); depois, uma grande divergência entre regiões (a África, a Europa de Leste e a América Latina a crescerem muito devagar ou com um crescimento negativo); e por outro lado, o mundo desenvolvido com um bom desempenho. Portugal está neste último grupo. Mas aqui entra uma quarta força, que foi o rápido crescimento da China e da Índia, que reduziram as desigualdades mundiais. É por isso que penso ser importante distinguir entre estras três-quatro forças que actuam sobre as desigualdades mundiais.

Olhando para o caso europeu: há hoje sinais de desmantelamento do Estado Social, uma vaga de austeridade que, em alguns casos, ameaça a classe média e uma escalada do desemprego. É um sinal da relação estreita entre as desigualdades na distribuição de rendimentos e a crise financeira global?
Existe uma relação próxima, porque hoje podemos argumentar que existe uma relação em dois sentidos, particularmente nos Estados Unidos. Por um lado, existem muitas pessoas com grande poder económico e activos financeiros ao ponto de não terem mais momentos de oportunidade para investir – e o sector financeiro teve de encontrar oportunidades de risco. Por outro, há o problema de os rendimentos da classe média não terem aumentado em duas décadas [nos EUA]. E isto tornou-se um problema político. Para os políticos foi bom, durante um período, estimular os empréstimos à classe média, fazendo com que parecesse que os rendimentos aumentavam como o dos ricos – que, na verdade, cresciam –, mas o rendimento da classe média não cresceu; foi suportado pelos empréstimos e, consequentemente, pareceu como se, na verdade, fosse assim. Há hoje cada vez mais pessoas a acreditar que, como reacção à crise, há pessoas ricas que procuram meios de usar o seu capital, depois, pessoas com rendimentos médios que precisam de acreditar que o seu rendimento está a crescer e, ainda, os políticos, que precisam de fazer a classe média feliz, porque precisam do seu voto. E, finalmente, temos o sector financeiro, que também quer emprestar, porque procura ao mesmo tempo fazer dinheiro. Todos estes grupos têm o seu próprio interesse em fazer isto. Naturalmente o problema verifica-se quando a classe média não consegue pagar os seus empréstimos e, nessa altura, todo o sistema pára.

Qual o efeito inverso, ou seja, os impactos directos da crise na desigualdade de distribuição da riqueza?
Na verdade, os primeiros impactos são diferentes, por causa do primeiro efeito da crise nos países ricos, que geralmente no início perdem rendimento e activos – por exemplo, pessoas que tinham grandes posses, que tinham investido em obrigações e que perderam até a propriedade. Este é o primeiro impacto. O problema é que o segundo e o terceiro, particularmente na Europa, onde são tomadas políticas de austeridade restritivas, são sentidos pela classe média e, em especial, pelos pobres. O desemprego começa a aumentar, as pessoas perdem emprego ou começam a trabalhar mais horas, são alteradas regras [na atribuição] das pensões... O segundo impacto tem um reflexo no aumento das desigualdades, mas também é preciso dizer que vários autores encontraram impactos relativos na Europa Ocidental.

Como é que vê a resposta europeia para ultrapassar a crise neste contexto em que já se percebeu que os maiores não estão a salvo?
Estou relativamente pessimista sobre as medidas de austeridade que estão para vir. Entrámos numa espécie de espiral negativa. Os países tiveram de cortar nas despesas, de tentar equilibrar as contas públicas e aumentaram os impostos indirectos, no IVA ou uma [taxa] equivalente, em vez dos impostos directos, e tudo isto teve um impacto negativo na igualdade de rendimentos. Os impostos indirectos são geralmente regressivos, o que significa que, proporcionalmente, afectam mais os pobres do que os ricos. Os impostos directos têm um impacto progressivo, porque os ricos pagam mais.

É preciso uma política de estímulos alternativa? Um quadro diferente da resposta ao que hoje se propõe: recessão para depois se crescer e ganhar competitividade?
Aqui entramos na macroeconomia, que já sai fora da minha área [de estudo]. Mas digo apenas que estas políticas cíclicas exacerbaram o ciclo de queda da economia... E, depois, cortam-se as despesas e mais despesas... Uma vez que o euro é controlado pelo Banco Central Europeu, não existe a possibilidade de imprimir mais moeda. Pessoas como [Joseph] Stiglitz e [Paul] Krugman criticaram-no. Estas políticas foram aplicadas nos países em desenvolvimento desde há 30 anos. O que está a acontecer à Grécia neste momento e as políticas adoptadas em Portugal, Espanha e Itália não são novas. Aproximam-se do que se passou no Brasil, no México, na Argentina e em países de África. São políticas-padrão aplicadas pelo FMI e os resultados foram desiguais.

Os últimos dados do Eurostat mostram que, na União Europeia, 23% da população está em risco de pobreza ou de exclusão social. Os contrastes sociais na Europa têm vindo a aumentar?
Houve certamente mais conflitos sociais em 2009. Não vejo que haja uma ameaça maior hoje. Assistimos é, potencialmente, a um [modelo de] desenvolvimento perigoso em que os governos eleitos democraticamente são substituídos por tecnocratas, como aconteceu em Itália e na Grécia, o que indica indirectamente que o próprio sistema democrático não foi capaz de debelar a crise. Portugal e Espanha estão em posições diferentes, porque têm novos governos [eleitos], onde o sistema foi capaz de resolver o problema [da crise política]. Em Itália e na Grécia, tiveram de chamar tecnocratas. [Mario] Monti não é um líder político, não foi eleito. [Lucas] Papademos também não. Consigo entender a lógica, porque ganham um suporte mais vasto [dos partidos] por serem tecnocratas, mas não é bom para a democracia. Se há uma crise séria e o sistema político [vigente] não consegue resolver essa crise, a substituição por tecnocratas não é bom para o desenvolvimento democrático. Não tenho nada contra os tecnocratas – eu próprio sou um tecnocrata… – mas não penso que os líderes políticos tenham de o ser. Os tecnocratas podem ajudar (através de conclusões, produzindo relatórios, dando ideias), mas os líderes políticos devem ser pessoas próximas dos cidadãos.

As decisões políticas submeteram-se às decisões dos mercados financeiros?
Não penso que alguém seja a favor disso, mas é muito difícil ver como é que hoje se pode sair desta situação. Os tecnocratas que estão agora no poder vieram precisamente como resposta aos mercados financeiros. Parece não haver saída. A sua posição política é dizer: “Temos de cortar o défice”, posição que se compreende – eu não encontro uma solução para a crise. A sua posição é: “Nós podemos continuar endividar-nos, mas vamos pagar uma taxa de juro insustentável”. A Grécia é o expoente máximo disto. Alguém pode pagar 15% de juros? Ninguém consegue. E, então, dizem: “A única forma de baixar as taxas de juro para um nível sustentável é cortando o défice”. [Os Governos] não têm alternativas a apresentar. No entanto, o efeito é conhecido: cortes nas pensões sociais, aumento de impostos, aumento do desemprego e um sentimento de insatisfação do país em relação à política e, obviamente, os partidos não são capazes de sobreviver a eleições. Não penso que alguém consiga ver saída para isto, excepto a saída da zona euro. Mas, neste caso, o jogo já é outro. É um cenário impensável; penso que o euro irá sobreviver.

Quais as consequências sobre a unidade política de um país?
Podem ter muitas consequências negativas. Uma é óbvia: se existirem grandes desigualdades, os mais ricos, o poder político e o poder económico tentam manter as suas posições. A Bolívia ou a Venezuela sempre tiveram sérios conflitos sociais que impediram uma política económica consistente. Um segundo tipo de consequências é visível, por exemplo, na Ex-Jugoslávia, com diferenças entre religiosos: uns muito ricos e outros muito pobres. Algo semelhante está agora a acontecer na China, com os mais ricos a tornarem-se cada vez mais ricos e, ao mesmo tempo no mesmo país, dois terços da população pobre.

Mais do que pela classe, as desigualdades de rendimento podem ser explicadas pela origem do país?
Tem muito a ver com a nacionalidade. Entre as desigualdades a nível global, cerca de 80% devem-se a diferenças entre países. Por outras palavras, é determinante se uma pessoa é cidadã de um país desenvolvido, porque, mesmo sendo uma pessoa pobre num país rico, em termos comparativos com a distribuição da riqueza a nível mundial, estará melhor.

É uma ideia que não mudou nos últimos 20 anos?
Mudou ligeiramente, por causa do aumento da riqueza em países como a China, a Indonésia, o Brasil. Estes países cresceram, fizeram com que mudasse alguma coisa, mas não de uma forma brusca. Tivemos os países ricos a crescer muito lentamente e os países pobres a crescer muito rapidamente.

Daí o impacto directo das desigualdades na eficiência económica?
Será por aí, mas sobre isso há duas teorias: uma, que a desigualdade é boa para o crescimento e, outra, que [diz que] é má. Pessoas como Mitt Romney, nos Estados Unidos, acreditam que é boa, porque se na desigualdade houver pessoas ricas, estas vão investir e criar novos empregos, com um efeito positivo para a economia. As pessoas que pensam que a desigualdade é má acreditam que um país mais igualitário preservará o poder político e económico.

Se a distribuição de rendimentos tem na nacionalidade uma causa tão forte, depois no interior de um país, que influência resta para as políticas nacionais?
É muito influenciada. Depende em larga medida das políticas, mas é também influenciada por aquilo que se tem. Por outras palavras, num país que está no nível riqueza mais baixo, a diferença entre pessoas muito qualificadas e a restante população será muito grande. Um país pobre não pode fazer muito a favor da distribuição da riqueza. As decisões políticas têm muito mais poder nos países desenvolvidos, porque perto de 40% do PIB é taxado e é possível fazer alguma coisa com isso. Nos países pobres, os governos não podem aumentar muito os impostos. Os países realmente pobres não podem ter políticas sociais que os Estados ricos podem praticar: o acesso gratuito à educação, programas de saúde públicos... Os países pobres não conseguem pagar pensões, pagar uma taxa de desemprego...

A crise é resultado de um ciclo vicioso de perpetuação da pobreza?
No caso da Europa, vive-se um ciclo vicioso. O PIB está estagnado ou poderá contrair-se. A eficiência orçamental mantém-se insuficiente, porque os países pagam taxas de juro mais elevadas para se endividarem e têm de cortar no seu défice, o que implica menos despesa e que o sector privado gaste menos. A política económica, seja onde for, tem dois braços: um orçamental e outro de controlo. Na Europa, os países apenas têm a orçamental, porque o controlo é feito pelo Banco Central Europeu.

Podemos questionar a existência, hoje, de uma classe média?
A nível global, temos para cada país critérios individuais para definir a classe média. Isto em termos económicos. A definição sociológica é mais subjectiva. Se em Portugal se perguntar quem é da classe média, toda a gente vai dizer: “Eu sou da classe média, eu sou da classe média”. Muito poucas pessoas ricas dirão: “Eu sou rico”. Dirão que são da classe média – é subjectivo. Já a definição económica é muito clara: a partir do rendimento médio de um país, olha-se para 25% acima e abaixo deste rendimento e calcula-se a percentagem da população. Nos países com uma grande classe média, têm muitas pessoas neste grupo, cerca de 40% da população, em países da Escandinávia, a Alemanha, França… Portugal estará próximo deste número. Mas, depois, os países que estão nos extremos têm tanto pessoas muito ricas como pessoas muito pobres: os países da América Latina têm 15% a 30% de classe média. O mundo não é uma sociedade de classe média, tem algo como 800 milhões de pessoas de classe média, o que é pouco em relação aos 7000 milhões da população mundial.

Na própria Europa, não falamos de classe média da mesma forma em Portugal do que, por exemplo, na Alemanha.
Esse é um outro problema, que é de rendimento, mais do que de definição. Em Portugal, 85% da população terá um rendimento inferior ao de um salário de um professor. Um alemão terá um salário superior, porque a média dos rendimentos na Alemanha é mais alta. É um problema de distribuição.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Novos Rurais



Viveiro de mudas reutilizando cascas de ovos
Quando as plantas estiverem fortes e prontas para serem transplantadas para um recipiente mais permanente ou no jardim, basta tirá-las da caixa e esmagar a casca de ovo no solo justamente no buraco onde ficará a muda. O cálcio presente na casca é um ótimo adubo. Sem materiais tóxicos utilizados ou eliminados o “recipiente” é 100% reciclável.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Verdadeira tristeza: amam mais os telemóveis, os mass media (TV cabo) e a internet que a comida, diz um estudo

If you had to surrender your cable, your mobile phone or internet, which would you choose? Well, 8% of US respondents in an AdAge/Ipsos Observer study were having none of it — saying they would rather forgo eating than give up a media consumption device.
For those willing to play along, 49% said they’d lose cable, 37% said their mobile phone, and only 6% said internet. But that doesn’t mean people would be willing to swear off their favorite TV shows altogether: Nearly half of respondents said they would be willing to give up their cable or satellite to watch TV shows in another fashion. And, in fact, nearly one in four already watch this programming on a non-television platform “often or sometimes”. The online survey of 1,000 U.S. consumers was conducted in mid-January. [Fonte: The Open Exchange, 2011]


A MANIPULAÇÃO DIÁRIA
Eles manipulam continuamente. A ordem das notícias do telejornal não é neutra. Os crimes, o futebol várias vezes abrem os noticiários, misturam-se propositadamente com os grandes problemas do mundo e do país, de forma a que a nossa atenção se disperse. Infantiliza-se o espectador. Os comentadores do regime educam-nos. Nada é por acaso. Tudo para nos fazer a cabeça, para nos impingir o medo, para legitimar o capitalismo e a própria máquina de propaganda. Para nos manter apáticos, conformistas, obedientes. É uma batalha diária que temos de travar. Não nos deixemos adormecer.


Consultem o meu Dossiê Cinema - TV onde encontram imensa informação independente

terça-feira, 13 de março de 2012

Frederick Delius - Winter Landscape




Em cada obra de Delius, a orquestração colorida evoca de forma sugestiva um idílio bucólico nos jardins de uma cidade ou em plenos espaços abertos mais naturalizados. 
Os ritmos e a instrumentação subtis criam um sentimento de tranquilidade rural.
Biografia muito completa no wikipedia.


Aproveito para vos informar que actualizei o Dossiê Urbanismo do Bioterra.

segunda-feira, 12 de março de 2012

sábado, 10 de março de 2012

U2 - Window In The Skies


U2

U2 – Window In The Skies lyrics
The shackles are undone
The bullet's quit the gun
The heat that's in the sun
Will keep us when there's none
The rule has been disproved
The stone it has been moved
The grain is now a groove
All debts are removed

[refrão]
Oh can't you see what our love has done?
Oh can't you see what our love has done?
Oh can't you see what our love has done?
What it's doing to me?

Love makes strange enemies
Makes love where love may please
Soul in its strip tease
Hate brought to its knees

The sky over our head
We can reach it form our bed
If you let me in your heart
And out of my head

[refrão]

Oh can't you see what our love has done?
What it's doing to me?

Ooh ooh oh oh-oh-oh-oh-oh
Please don't ever let me out of here...
I've got no shame, oh no, oh no

[chorus in background]
I know I hurt you and I made you cry
Did everything but murder you and I
But love left a window in the skies
And to love I rhapsodize

[chorus in background]
Oh can't you see what love has done?
To every broken heart
For every heart cries
Love left a window in the skies
And to love I rhapsodize

Ooh ooh ooh
Oh can't you see.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Blogue da Semana: EcoCasa Portuguesa

Casa do Penedo




À primeira vista a casa nem parece real; parece mais uma habitação dos Flinstones. Mas está perfeitamente integrada na paisagem natural. Por fora é toda feita de pedra, salvo as janelas tortas e o telhado. Por dentro, a mobília, as escadas e os corrimões feitos de troncos completam o aspecto rústico. Os vidros são à prova de bala, a porta é de aço e o sofá pesa 350 quilos, pois é feito em betão e madeira de eucalipto.[Blogue]


Um projecto. Uma Eco Casa. E é um projecto em que todos os portugueses podem e devem colaborar! A Eco Casa de todos nós! O objectivo do projecto é construir uma Eco Casa, com Embaixadores (fornecedores) 100% portugueses.Partilhe esta ideia!


Os principais objectivos deste projecto são atrair, sensibilizar e informar as pessoas que procuram (re) construir edifícios e espaços. Para tal, serão convidados todos aqueles/as que projectam, planeiam e executam as construções e os equipamentos, com uma atitude intencional na criação de construções sustentáveis, com menores custos económicos e ambientais aportando valor acrescentado à qualidade de vida.




quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia da Mulher

Duas mulheres, dois registos, duas idades, um tecido musical idêntico - vocalizos (humanos e não humanos). Feliz dia da Mulher.






No dia 8 de Março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. 
As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num acto totalmente desumano.

quarta-feira, 7 de março de 2012

BioTerra 8 anos- obrigado pelas mensagens






I would thank you from the bottom of my heart, but for you my heart has no bottom. (Anonymous)
Dedico ainda esta postagem ao excelente homem e filósofo que foi León Rozitchner, 1924–2011

terça-feira, 6 de março de 2012

OEA alerta risco que correm ambientalistas e ativistas LGBT

Em apenas cinco dias, entre 24 e 28 de maio do ano passado, a Comissão recebeu a notificação de ameaças de morte contra 125 ativistas e líderes camponeses no país.


A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), advertiu nesta terça-feira sobre a grave situação de risco que afeta ambientalistas e ativistas do movimento LGBT no Brasil.

Em apenas cinco dias, entre 24 e 28 de maio do ano passado, a Comissão recebeu a notificação de ameaças de morte contra 125 ativistas e líderes camponeses do Brasil, relacionados à defesa do meio ambiente, e reportou o assassinato de quatro deles, segundo o Segundo Relatório sobre a Situação das Defensoras e Defensores de Direitos Humanos publicado nesta terça-feira pela CIDH.

As principais vítimas das ameaças são ativistas que contestam o desmatamento ilegal da floresta amazônica.

A CIDH levou em conta o assassinato de José Cláudio Ribeiro da Silva e de sua esposa, Maria do Espírito Santo da Silva, que participavam do Conselho Nacional de Povoações Extrativistas do Pará, ONG contrária ao desmatamento na reserva ambiental situada na cidade de Nova Ipixuna (PA).

De acordo com a informação recebida pela Comissão, o casal de ativistas foi assassinado a tiros no dia 24 de maio de 2011, perto de sua casa localizada na reserva ambiental onde viviam por mais de duas décadas ganhando a vida com a extração de castanhas-do-pará.

Há anos, os dois ativistas foram alvo de ameaças por suas denúncias contra madeireiros interessados em invadir a reserva com a intenção de cortar ilegalmente variedades de árvores de alto valor comercial para a produção de carvão vegetal para a indústria siderúrgica.

Dias depois desses assassinatos, a Comissão foi informada sobre a morte de Adelino Ramos, ativista do Movimento Camponês Corumbiara, ameaçado por denunciar o desmatamento ilegal nos estados do Acre, Amazonas e Rondônia.

A CIDH também criticou o assassinato de Gabriel Henrique Furquim, membro do Grupo Dignidade, de defesa dos direitos da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais.

Durante 2008, a CIDH recebeu informações sobre o assassinato de defensores por serem testemunhas fundamentais nas investigações contra milícias armadas, e em 2007 sobre o assassinato de membros do MST e da Comissão Pastoral da Terra.

Foto do dia- Colhemos o que plantamos

Autor desconhecido

segunda-feira, 5 de março de 2012

2012 é o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos

Menino de 13 anos revoluciona método de captação de energia solarDébora Spitzcovsky - 18/01/2012 

Difícil de acreditar? Com apenas 13 anos, o nova-iorquino Aidan Dwyer desbancou os mais renomados cientistas, de todo o mundo, que dedicam seus dias a pesquisas a respeito de métodos mais eficientes de captação de energia solar. Como? Estudante da sétima série do Ensino Fundamental, o menino construiu, sozinho, uma estrutura que capta 20% mais energia solar do que os atuais painéis fotovoltaicos.
E o melhor: para chegar à nova descoberta, o menino não realizou nenhuma pesquisa exorbitante. Apenas, exercitou o hábito de observar a natureza e aprender com sua sabedoria. Isso porque o projeto de Aidan para captar energia solar imita a estrutura de uma árvore – com galhos e folhas aparentemente irregulares, mas que cumprem muito bem sua função de coletar luz solar para realizar fotossíntese e, assim, produzir energia.
Depois de muita observação – e, claro, pesquisas na internet –, Aidan constatou que, de fato, uma “árvore metálica”, que possuísse placas fotovoltaicas em diferentes níveis (entenda melhor na foto, ao lado) captava muito mais energia do que um painel fotovoltaico plano, como os usados atualmente. Depois disso, foi “só” construir a estrutura que ele idealizou – mais uma vez, com a ajuda da web. O projeto deu tão certo que Aidan virou celebridade no mundo científico: o garoto foi premiado pelo American Museum of Natural History, dos EUA, e nesta semana participou da Conferência World Future Energy, nos Emirados Árabes, ao lado de importantes nomes, como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Alguém ainda duvida da genialidade do menino?
Imagens: Divulgação/American Museum of Natural History
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