segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

(Eco) Poema da Semana - Emily Dickinson "O Êxito Parece a Mais Doce das Coisas"

Edgar Degas - ''Before the Performance'', 1896-98
O êxito parece a mais doce das coisas 
A quem nunca venceu na vida.
Ter a compreensão de um néctar
Exige a mais dolorosa necessidade.
De entre o purpúreo Exército
Que hoje empunhou a Bandeira
Nenhum outro poderá dar uma tão clara
Definição da Vitória
Como o vencido - agonizante -
Em cujo ouvido interdito
A distante ária triunfal
Ressoa nítida e pungente!
Emily Dickinson, in "Poemas e Cartas"

sábado, 26 de dezembro de 2015

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Feliz (Eco-) Natal com Bill Evans - "Peace Piece"



An impression of american city life (NewYork) during the late 50's & the early 60's accompanied with the music of Bill Evans - Peace Piece (1958) with pictures of important photographers and appearances of artists and their works from that period

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Árvore feita com pauzinhos chineses alerta para a desflorestação na China

Fonte: O Planeta que Temos
Todos os anos, a China consome 45 mil milhões de pares de pauzinhos chineses descartáveis, o que equivale a cerca de 25 milhões de árvores abatidas, de acordo com a Fundação da Protecção Ambiental da China, que refere ainda que, a este ritmo, "a floresta desaparecerá da China em 20 anos".
Para alertar a população para este problema, o grupo ambiental chinês reuniu 30 mil pares de pauzinhos usados de restaurantes de Xangai e construiu com eles uma árvore de 5 metros de altura, que derrubou e colocou numa zona movimentada da cidade.
Perto da árvore caída, foram posicionados voluntários que distribuíam pauzinhos reutilizáveis às pessoas que passavam, enquanto uma placa as informava de que: "As nossas árvores só chegam para nos alimentar durante mais 20 anos".

Fonte: TreeHugger, Dezembro 2010

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

American Muslims: Facts vs. Fiction


American Muslims: Facts vs. Fiction provides poll-based answers to the most frequent questions Americans ask about their Muslim neighbors. The film debunks stereotypes and separates many of the prevailing fictions about Islam and American Muslims. Featuring leading researchers, religious authorities and the results of studies conducted by the Gallup Organization, the Pew Forum, the Institute for Social Policy and Understanding, and the U.S. Counterterrorism Center.

For more resources like this, visit the collection Promoting Understanding: Islam.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Saiu uma nova pirâmide dos alimentos que aconselha a comer quinoa, cuscuz e leite de soja – e proíbe o açúcar

É a grande novidade do ano. Não, não estou a falar da forma correcta de pronunciar o nome Lopetegui. Estou a falar da actualização da Pirâmide dos Alimentos, que, pela primeira vez em 15 anos, foi alterada na Austrália. E porque é que isso lhe pode interessar tanto? Porque é esta pequena imagem que lhe dá as indicações essenciais para ter uma alimentação saudável. E porque, pela primeira vez, a pirâmide prevê alimentos como quinoa, cuscuz, tofu ou leite de soja. E retira outros como o açúcar ou as gorduras saturadas.


Açúcar e sal nem ver. Já estão naturalmente na comida e, por isso, não devem ser acrescentados quando cozinha. A Nutrition Australia, que elaborou a nova Pirâmide dos Alimentos, recomenda mesmo que toda a gente confirme os rótulos nos alimentos embalados que compra no supermercado – e evite aqueles que têm sal ou açúcar adicionados. O sal e o açúcar são responsáveis pelo aumento do risco de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 ou alguns tipos de cancro. 

Use ervas e especiarias. Não consegue comer os alimentos sem uma pitadinha de sal? Ou uma colherzinha de açúcar? Problema seu. Não, estou a brincar... A Nutrition Australia aconselha-o a substituí-los por ervas aromáticas – secas ou frescas – e especiarias. É uma forma saudável de dar sabor à comida.

Adeus manteiga. Antigamente estavam no topo da pirâmide, junto aos alimentos que deveriam ser consumidos muito esporadicamente. Agora as gorduras saturadas desapareceram. As únicas gorduras que deve comer são as gorduras saudáveis, como o azeite.

Coma quinoa, cuscuz e cereais integrais. 70% daquilo que come ao longo de um dia deve ser fruta, vegetais, leguminosas e cereais. E de entre os cereais deve privilegiar os integrais – o arroz castanho, as aveias e a quinoa. As crianças mais velhas, os adolescentes e os adultos deveriam comer, todos os dias, duas porções de fruta e cinco de vegetais ou leguminosas.

Leite magro ou então de soja. Na camada do meio da pirâmide, estão os lacticínios e as proteínas, que devem ser consumidos moderadamente. E aqui há novidades. Escolha sempre produtos lácteos magros, para EVITAR as gorduras saturadas. Ou então substitua-os por alternativas como o leite de soja, de arroz ou de cereais, desde que tenham, pelo menos 100 mg por cada 100 ml de cálcio adicionado.

Pode SUBSTITUIR a carne e o peixe por leguminosas. Carnes, de preferência magras. Os vegetarianos podem ter uma alimentação equilibrada se substituírem o peixe e a carne por ovos, tofu ou leguminosas que sejam ricas em proteínas.

Uma boa alimentação para si onde quer que esteja.

TED-Talk - From Ecocide to Ecolibrium: The Great Turning by Polly Higgins

Prejudicar a natureza não se qualifica apenas como um crime ecológico, mas muitas vezes é um crime de liderança, um crime corporativo e/ou um crime contra a paz. Enquanto o nosso mundo tem estado particularmente preocupado com os crimes infligidos aos seres humanos, Polly Higgins dedicou a sua vida a levar a julgamento aqueles que tomam decisões que causam danos significativos à natureza e às comunidades.
Enquanto o nosso mundo tem estado particularmente preocupado com os crimes infligidos aos seres humanos, Polly Higgins dedicou a sua vida a levar a julgamento aqueles que tomam decisões que causam danos significativos à natureza e às comunidades. Prejudicar a natureza não se qualifica apenas como um crime ecológico, mas muitas vezes é um crime de liderança, um crime corporativo e/ou um crime contra a paz.
Polly Higgins foi professora honorária Arne Naess na Universidade de Oslo (não académica). Ela é professora convidada em várias universidades, incluindo a Escola de Estudos Avançados, Universidade de Londres, Uppsala e Vancouver. Ela recebeu um Doutorado Honoris Causa em Negócios da Business School de Lausanne, na Suíça, e foi nomeada “Uma das dez maiores pensadoras visionárias do mundo” pela Ecologist Magazine. Além disso, ela ganhou o Peoples Book Award pelo seu primeiro livro 'Eradicating Ecocide' e publicou recentemente o seu livro mais recente 'I dare you to be great'.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Artista médico revela como era Jesus Cristo usando ciência forense


A aparência física de Jesus Cristo permanece um mistério. Nenhuma descrição da aparência de Jesus está incluída no Novo Testamento, e não há restos esqueléticos ou corporais para realizar uma análise de DNA. Isso significa que nossas ideias sobre sua aparência foram formadas principalmente por representações artísticas subjetivas. Até agora.

A Popular Mechanics relata que especialistas forenses britânicos e arqueólogos israelenses colaboraram para desenvolver um modelo de computador do rosto de Jesus Cristo com base na antropologia forense.

Lideradas pelo artista médico aposentado Dr. Richard Neave, da Universidade de Manchester, as imagens construídas pela equipa de cientistas sugerem que Cristo poderia ter um rosto largo, com olhos escuros, cabelos escuros curtos, barba espessa e pele bronzeada.

Neave e sua equipa basearam sua reconstrução na análise de três antigos crânios semitas – encontrados por arqueólogos israelenses e datados por volta do mesmo período em que Jesus viveu – e combinaram os dados com referências antropológicas.

De acordo com o Daily Mail, os olhos, lábios e nariz de Jesus Cristo foram estimados com base na forma dos crânios semitas. Os cálculos de um programa de computador determinaram a aparência dos músculos subjacentes e da pele.

Para determinar a cor dos olhos, cabelos e pele, os cientistas estudaram informações antropológicas, como obras de arte do primeiro século, referências literárias e a Bíblia.

Com base nos escritos de S. Paulo na Bíblia - que afirmavam que "se um homem tem cabelo comprido, é uma vergonha para ele" - a equipe verificou que Jesus provavelmente tinha cabelos curtos e crespos e que usava barba, conforme ditado pelos judeus. tradição da época.

A equipa levantou a hipótese de que, com base em sua ocupação como carpinteiro, Jesus teria uma estrutura muscular e pele bronzeada por trabalhar ao ar livre. Eles estimaram a sua altura num metro e meio e o seu peso em cerca de 50 kg.

O retrato resultante difere significativamente das representações encontradas na literatura ocidental e na arte renascentista. No entanto, a gama de representações artísticas de Jesus variam muito, dependendo dos contextos geográficos. Esta questão foi levantada recentemente, quando um homem de Nova York processou o Metropolitan Museum of Art em Nova York pela exibição pública de representações “racistas” de Jesus como um homem branco de cabelos loiros.

“Embora as imagens ocidentais sejam dominantes, em outras partes do mundo [Jesus] é frequentemente mostrado como negro, árabe ou hispânico”, disse Carlos F. Cardoza-Orlandi, professor associado de cristianismo mundial no Seminário Teológico Columbia em Atlanta, à Popular Mechanics.

Fonte e tradução: News Art Net

Leitura recomendada:

Encontros Improváveis- Clarice Lispector e Robin Guthrie - Sunflower Stories


"Um dos gestos mais belos e generosos do homem, andando vagarosamente pelo campo lavrado, é o de lançar na terra as sementes."~ Clarice Lispector 

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

"#Unchainemee"- campanha internacional para abolir o uso de Animais no Circo



Cada Animal Preso no Circo tem uma Cara” é o início de uma campanha internacional de ajuda ao resgate de todos os Animais domésticos e selvagens que trabalham ainda em Circos por todo o mundo.

Por todo o mundo há cada vez mais países a abolir o uso de Animais no Circo, devido ao importante e eficaz trabalho de Associações de defesa de direitos dos Animais.

Muitas organizações dedicam-se também ao resgate, reabilitação física e psicológica e transferência destes Animais para santuários onde possam viver uma vida sem encarceramento nem exploração.

Para apoiar este trabalho um grupo de cidadãos da área das artes e espectáculo juntou-se para criar 12 filmes que mostram a vida de escravidão que todos os animais, sejam eles domésticos ou selvagens, continuam a viver no Circo. Além da questão moral de fundo -- não temos o direito de explorar e manter ninguém em cativeiro para nossa diversão.

Em Portugal, participam neste projecto as muito conceituadas actrizes e actores: RITA BLANCO, ADRIANO LUZ, MARIA JOÃO LUÍS, JOÃO LAGARTO, CARLA BOLITO, FILIPE DUARTE, ANA BRANDÃO, RUBEN ALVES, MITÓ MENDES, MARCELLO URGEGHE, MANUELA COUTO E DIOGO AMARAL.

Sobre #unchainmee 

#unchainmee é um grupo informal de cidadãos a nível nacional e internacional, que se juntou para esta primeira campanha que defende a abolição de animais de qualquer espécie em Circos.

Sendo todos os membros de #unchainmee admiradores do circo enquanto arte e espectáculo com humanos, consideram inaceitável que animais de tantas espécies continuem a ser encarcerados e forçados a actuar.

No seio desta iniciativa nasceu uma produção internacional da autoria da realizadora Teresa Ramos que arranca agora em Portugal com 12 filmes que relatam histórias verdadeiras de animais que viveram no circo e foram resgatados. À semelhança da primeira fase portuguesa, estas histórias serão relatadas também noutros países e representadas por prestigiados actores dos mesmos.

Sobre Regulamentação versus Resgate e Libertação

A lei portuguesa, por exemplo, esquece a defesa e libertação dos animais ainda presos no circo, apenas proíbe a sua reprodução (e apenas de espécies selvagens) permitindo ainda a sua exploração.

Mas mesmo esta lei não é cumprida, visto que, na altura do Natal, continua a ser comum ver os circos apresentarem leões e tigres bebés, para oportunidades fotográficas com espectadores, quando isso é ilegal.

Uma observação do comportamento dos animais que se encontram encarcerados nos circos permite concluir que os sintomas de confinamento, como os movimentos repetitivos, as estereotipias, a coprofragia e tantos outros que estão muito bem documentados por médicos veterinários e biólogos especializados em etologia, demonstram bem a vida de escravidão a que são forçados os animais quando são mantidos nos circos.

Uma das histórias relatadas, a da Elefanta Shirley, mostra que, se os próprios zoos mais avançados do mundo começam a reconhecer, aberta e honestamente, que não conseguem oferecer aos seus animais a qualidade de vida e o espaço suficiente para lhes darem existência decente, então não há como conceber que os circos – ambulantes por natureza e com sistemas de jaulas como únicos alojamentos para os animais – possam manter os animais em boas condições.

Por Fim 

#unchainmee salienta também que este é um problema que afecta igualmente animais de espécies selvagens e de espécies domésticas (estas muito esquecidas ao olhos da lei e do público no mundo inteiro), como de resto se demonstra através das histórias que os filmes contam. A conclusão que se apresenta é de que todos os animais – e não apenas de espécies selvagens – que se encontram nos circos devem ser resgatados e colocados em santuários onde possam recuperar e preservar a sua integridade. O público deve ser incentivado a escolher apenas circos onde não haja Animais. 

Outras leituras


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Como educar os jovens? 5 conselhos de Einstein

Para os professores na escola, e para os pais em casa, educar crianças pode ser um desafio. Na sua vida, Albert Einstein refletiu muito sobre o tema da educação: eis os seus conselhos.

Lewis Hine

Albert Einstein não foi apenas um homem da ciência e da matemática: o autor da teoria da relatividade, eleito pela revista norte-americana Time como o homem mais importante do século XX, refletiu bastante sobre a educação durante a sua vida. Como educar os jovens foi uma das suas preocupações, que abordou em cartas, livros e ensaios biográficos. O jornal espanhol El País inventariou algumas das suas principais ideias sobre o tema: conheça-as abaixo.

1 – Exames são prejudiciais, e aprender não deve ser obrigação
Para Albert Einstein, o ensino não deve ser imposto aos jovens como uma obrigação: deve-lhes, sim, ser aguçada a curiosidade, a vontade de aprender. Na obra “A minha visão do mundo”, publicada originalmente em 1949 pelo cientista de origem germânica, Einstein discorria sobre vários temas relacionadas com a sociedade de que era contemporâneo e propunha a seguinte ideia:
A aprendizagem deve ser feita de uma maneira que possa ser recebida como a maior dádiva, e não como uma obrigação amarga.
Note-se que Albert Eistein, na sua vida académica, estudara sete anos num colégio germânico, situado em Munique, que tinha um nome difícil até de escrever: Staatliches Luitpold-Gymnasium München. A sua experiência académica deixou-lhe uma visão crítica de um método que consistia em obrigar os alunos a decorar e reter a matéria, ao invés de serem encorajados a reflectir sobre ela de forma crítica. Em “Notas autobiográficas”, publicado no mesmo ano, Einstein viria a escrever:
Aprendi desde muito cedo a extrair o importante, prescindindo de uma multiplicidade de coisas que (…) desviam a mente do essencial. O problema é que para os exames tinhas de enfiar tudo na cabeça, quer queiras ou não. (…) É um erro grave acreditar que a vontade de olhar e pesquisar pode ser fomentada pela obrigação e pelo sentido de dever. Penso que até um predador animal saudável pode ser privado da sua voracidade se lhes for exigido continuarem a comer quando não têm fome.

A visão crítica de uma educação que promove uma sociedade pouco curiosa, e que aprende por obrigação, não é inovadora, e deixou raízes: por exemplo, no pensamento do romancista e ensaísta argentino Alberto Manguel, que em Outubro, numa entrevista ao Observador, descrevia a curiosidade como uma “força motora” dos seres humanos. A que, apontava, a sociedade cria obstáculos: “Temos medo da curiosidade”, acrescentava.

2 – Fazendo o que se gosta, aprende-se mais
Numa carta ao seu filho, Eduard Einstein, publicada postumamente em 2008 na obra “Posteridade: cartas de grandes [cidadãos] norte-americanos aos seus filhos”, de Dorie McCullough Dawson, o cientista recomendava-o a seguir o seu instinto e fazer aquilo que gostasse, já que essa é a “melhor maneira de aprender”:
Toca ao piano sobretudo o que gostares, mesmo que a professora não te o exija. Essa é a melhor maneira de aprender, quando estás a fazer algo com tanto prazer que nem te dás conta do tempo a passar.
3 – Sem prática não há milagres
Novamente em 1939, na obra “As minhas crenças” (título espanhol), Albert Einstein sugeriria que a prática é essencial para a aprendizagem, escrevendo que:
As grandes personalidades não se formam com o que ouvem ou dizem, mas com o trabalho e as acções. Por conseguinte, o melhor método de educação foi sempre aquele que exigiu ao seu discípulo [ou aluno] a realização de tarefas concretas. Isto tanto se aplica às primeiras tentativas de escrever feitas por uma criança, como [à escrita de] uma tese universitária (…), à interpretação ou tradução de um texto, à resolução de um problema matemática ou à prática de um desporto.
Três anos antes, em 1936, era publicado um ensaio de Albert Einstein sobre a educação, em alemão: onde já defendia algo de muito parecido. “Se um homem jovem tiver treinado os seus músculos e a sua resistência física fazendo ginástica e caminhadas, mais tarde estará preparado para qualquer trabalho físico. Isto também acontece com a mente”, escrevera, em “Sobre a educação”. E, ainda no mesmo ensaio, viria a acrescentar que:

Não estava equivocado aquele que disse: “A educação é o que sobra quando se esquece tudo o que se aprendeu na escola”

4 – Educar para servir a sociedade
Ainda em “As minhas crenças” (título espanhol), originalmente publicado em 1939, o autor da teoria da relatividade manifestava preocupações quanto à educação e quanto à educação cívica dos jovens. Na obra, Albert Einstein escrevia:
Deveria cultivar-se nos indivíduos qualidades que promovam o bem comum. Isto não significa que (…) [o indivíduo] se converta num simples instrumento da comunidade, como uma abelha (…) O objectivo deve ser formar indivíduos que atuem com independência e que trabalhem o seu principal interesse ao serviço da comunidade
5 – Jovens devem ser ensinados a dar, não a receber
Na mesma obra, Albert Einstein reflectia sobre aquilo que é dito aos jovens que devem atingir durante a sua vida: e sobre o quão errado tem sido esse pensamento.
Temos que ter cuidado com os que pregam aos jovens o sucesso como o objectivo [principal] da vida (…). O valor de um homem deveria ser analisado em função do que dá, e não do que recebe. A função decisiva do ensino é despertar estas forças psicológicas [vontade de contribuir para o mundo] nos jovens.

O final feliz da COP21


Por volta das 19h30 do último sábado, 14/12, em Paris, ouviu-se bater um martelo. Foi quando 195 países do mundo concordaram com um só documento que define passos comuns a serem seguidos rumo a uma economia de baixo carbono. Este é um feito inédito em 21 anos de convenção mundial do clima – as COP’s - e, sem dúvida, um grande passo para a Humanidade.

A partir de agora, cada país que apresentou seus objetivos domésticos de mitigação de gases do efeito estufa e adaptação às mudanças climáticas – as Metas Nacionalmente Determinadas – terá que cumprir compromissos de transparência e cooperação sob um regime internacional com força de lei. As metas do Acordo do Clima começam a valer em 2020. Durará por 5 anos e terá seu sucesso revisto então.

Alguns fatores colaboraram imensamente para o sucesso deste COP. A condução francesa foi muito elogiada - como o país anfitrião lidera os trabalhos conta muito para criar o ambiente político em conferências deste tipo. Em Paris, esta tarefa foi dada ao ministro de Negócios e Desenvolvimento Internacional, Laurent Fabius. Foi tão bem sucedido, que ao entrar no salão para anunciar a vitória, Fabius arrancou suspiros e gritinhos entusiasmados da plateia.

Entre as boas sacadas francesas, a estratégia de trazer os chefes de estado para o dia inicial da conferência foi acertada. Se 150 grandes chefões voaram até uma Paris pós-atentado para deixar claro que gostaríam de ver sair este acordo, os negociadores tinham que se virar para cumprir. Também a lembrança de que a França construiu este momento logo após todo o sofrimento vivido em 13 de Novembro foi devidamente reconhecida. “Nos devolveu a fé na comunidade global”, comemorou o Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry.

O Brasil esteve em alta. Saiu-se com metas arrojadas, se comparadas aos demais. Vendeu casos de sucesso no combate ao desmatamento e reforçou seus bons números de energias renováveis - os dois grandes vilões das emissões de gases estufa. Apresentou proposta de mecanismos de mercado aplaudidas. Presidiu um dos grupos de trabalho mais complicados - o que debateu a questão de diferenciação de responsabilidade entre os países. Foi elogiado pelo corredores pela excelência de seu corpo de diplomatas e terminou com a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira comemorando que o acordo teve mesmo foi sotaque brasileiro.

Um acordo deste porte traz algo além do que compromissos. Ele passa uma mensagem. Algo que, para fins de políticas internas e externas, é o mais importante. É um sinal claro e inequívoco de que há uma coisa no mundo com o qual os países que o compõem concordam: que do jeito que está, não vai dar mais. Este sinal vermelho falará alto aos políticos e à sociedade civil. Mas, quem foi mesmo citado com recorrência em Paris foram os setores privados e financeiro. A contar pela presença em massa de empresas na COP 21, o recado foi dado.

Escondidos no juridiquês da negociação circularam conceitos profundos. O que fala em “no country left behind” - nenhum país será deixado para trás, em português - é particularmente significativo, pois traduz um intuito verdadeiramente cooperativo entre nações. Foi graças a ele que a batalha em prol dos países mais vulneráveis acabou vencida - e a meta de almejarmos um aquecimento máximo de 1.5 oC até o final do século, se comparados aos níveis pré-industriais, entrou para o texto final. Justiça Climática também foi expressão que ganhou corpo. E, quem diria, até a Mãe Terra foi citada no acordo final. As ONG’s, encabuladas em suas ações pelo rigor da polícia francesa, saíram, desta forma, também um pouco de alma lavada.

A palavra que mais se ouviu ao final, no entanto, foi implementação. Cada país sai de Paris com compromissos determinados por eles mesmos e com reconhecimento de seus pares de que aqueles são os melhores objetivos que puderam apresentar. No abraço de agradecimento a sua delegação, Izabella Teixeira frisou: "Agora é hora de ir para casa trabalhar”.

Foi com Nelson Mandela, mais de uma vez citado durante os motivadores discursos dos nossos salvadores do clima em Paris, que a chanceler sul-africana Edna Molewa encerrou sua fala durante a plenária final. “Eu andei a longa estrada para a liberdade”, começa a citação. “Mas só posso descansar por um momento, pois com a liberdade vem a responsabilidade, e eu não me atrevo a demorar, pois a minha caminhada não terminou”.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Música do BioTerra: Anne Clark - Sleeper In Metropolis


"Outside the cancerous city spreads
Like an illness, its symptoms
In cars that cruise to inevitable destinations
Tailed by the silent spotlights
Of society created paranoia "

sábado, 12 de dezembro de 2015

Música do BioTerra: Siouxsie & Morrissey - Interlude


Time is like a dream
And now, for a time, you are mine
Let's hold fast to the dream
That tastes and sparkles like wine

Who knows (who knows)
If it's real
Or just something we're both dreaming of?
What seems like an interlude now
Could be the beginning of love

Loving you
Is a world that's strange
So much more than my heart can hold

Loving you
Makes the whole world change
Loving you, I could not grow old

No, nobody knows
When love will end
So till then, sweet friend...

Time is like a dream
And now, for a time, you are mine
Let's hold fast to the dream
That tastes and sparkles like wine

Who knows (who knows)
If it's real
Or just something we're both dreaming of?
What seems like an interlude now
Could be the beginning of love

What seems like an interlude now
Could be the beginning of love

What seems like an interlude now
Could be the beginning of love

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Naomi Klein: a defesa da Terra é pós-capitalista (entrevista)

“Ações individuais importam — por provarem que as coisas que necessitamos fazer para BAIXAR nossas emissões melhoram nossa qualidade de vida. Mas não são um substituto para o trabalho político." - Naomi Klein

M. Magus
Ativista-intelectual sustenta: para frear mudança climática, todas as atitudes pessoais têm valor. Mas elas só serão efetivas com mudança no modo de produção e consumo

Por Bill Lueders | Tradução: Inês Castilho 

Naomi Klein talvez seja a pessoa mais esperançosa na face da terra. A despeito de sua aterradora avaliação sobre as consequências das mudanças climáticas globais, a maioria delas inevitável, em seu livro de 2014 This Changes Everything: Capitalism vs. the Climate (Isso Muda Tudo: Capitalismo versus Clima) a escritora e ativista canadense acredita na capacidade dos humanos emMUDAR o curso das coisas.

“As mudanças climáticas não são uma ‘questão’ a ser somada à lista de coisas com as quais se preocupar, ao lado de creches e impostos”, escreve Klein. “São antes a convocação para um despertar civilizacional. Uma mensagem poderosa – falada na linguagem de incêndios, enchentes, secas e extinção –, dizendo que precisamos de um modelo econômico inteiramente novo e uma nova maneira de partilhar este planeta. Dizendo que temos de evoluir.”

Colaboradora de publicações como The Nation e The Progressive, e autora de livros que incluem A Doutrina de Choque, sobre como interesses poderosos usam um conjunto de crises conectadas para abrir caminho, Klein não é poliana ao dimensionar a enormidade do desafio. Ele propõe, entre outras coisas, tramar “a extinção das mais ricas e poderosas indústrias que o mundo jamais conheceu – as indústrias de petróleo e de gás.” Mas sua receita é até mais ambiciosa: “A solução para o aquecimento global não é consertar o mundo, é nos consertar a nós mesmos.”

Klein argumenta que os humanos podem vir a recriar o mundo e a natureza de seu relacionamento com ele porque necessitam disso. Seu livro foi chamado no The New York Times de “o mais sério e consciente sobre meio ambiente desde Primavera Silenciosa” e o “primeiro livro verdadeiramente honesto já escrito sobre as mudanças climáticas”, na revista Time. E agora é assunto de um documentário que o acompanha, também denominado This Changes Everything, que Klein está divulgando em viagens pelo mundo. (Para informações sobre exibição, veja o site do filme).

Conversei com Klein pelo telefone em meados de outubro, quando ela estava em Seattle, acompanhando uma projeção. Falamos sobre seu livro, seu otimismo qualificado, seus pensamentos sobre o papa Francisco e o presidente Obama, sua visão sobre como a humanidade podeMUDAR, e mais.


Seu livro apresenta dois futuros possíveis: ou a humanidade rompe de modo dramático com práticas passadas, especialmente a adesão ao sistema econômico capitalista, ou tendemos inevitavelmente a uma catástrofe sem paralelos. Considerando que nossa estrutura social e política está profundamente comprometida com os ditames do capitalismo, este último cenário não seria mais provável?

Sim. (Risos.) Não defendo a ideia de que as probabilidades estão a nosso favor. Argumento que a aposta é tão alta, que temos uma responsabilidade moral sem precedentes de fazer todo o possível para aumentar nossas chances. E considero que há mais espaço para debater os custos do capitalismo do que em qualquer outro momento da minha vida. Isso foi até tema do primeiro debate dos candidatos do Partido Democrata à presidência dos EUA. Há alguns sinais reais de mudança, desde as eleições na Grécia e a eleição de Jeremy Corbyn como líder do Partido Trabalhista britânico, até a campanha de Bernie Sanders à Casa Branca e as iniciativas do papa Francisco. Penso que, se se tratasse apenas das mudanças climáticas, não teríamos chance. Mas o fato de que este modelo econômico está esmagando as pessoas em tantas frentes simultaneamente cria o potencial para um tipo de política de coalizão que é avalizada pela ciência; e que usa os prazos definidos pela ciência em relação às mudanças climáticas para agir com ousadia e rapidez. Mas, se eu fosse apostar, não apostaria a nosso favor, não.

Você sugere que o problema real por trás das mudanças climáticas não é a natureza humana, nem mesmo os gases de efeito estufa – mas uma história que vimos contando a nós mesmos nos últimos 400 anos. Você poderia elaborar isso?

As mudanças climáticas são, entre outras coisas, uma crise de narrativa. E essa narrativa nasceu nos anos 1600, sustentada pela visão de Francis Bacon e René Descartes. Eles tinham a ideia, revolucionária naquele tempo, de que a Terra não era um sistema vivo, uma mãe a ser reverenciada e temida, mas, ao contrário, uma coisa inerte que poderia ser inteiramente conhecida e da qual se poderia extrair riquezas indefinidamente.

Mas a ideia de que poderíamos dominar a natureza e agir sem pensar nas consequências entrou em colapso com as mudanças climáticas. O aquecimento global nos coloca, os seres humanos, em nosso lugar, de maneira profundamente perturbadora para uma visão de mundo baseada na dominação. Mas é algo a ser abraçado, se você tem uma visão de mundo baseada em interconexão. É o que a maioria dos cientistas tem, cada vez mais.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Estes arquitectos querem mudar o clima através do urbanismo

Sofia Pera e João Cortesão criaram um gabinete de urbanismo que, com metodologias e "software" próprios, consegue prever que alterações climáticas um determinado projecto pode conseguir. A câmara do Porto está em negociações com eles.

Há uma resposta sumária que Sofia Pera guarda na ponta da língua para esclarecer uma dúvida que ainda surge com mais frequência do que gostaria. “As pessoas ainda me perguntam o que faz um urbanista. Eu digo sempre que um urbanista faz tudo aquilo que tu vês quando sais da porta da tua casa”, verbaliza, com um aceno de concordância de João Cortesão. Os dois arquitectos e urbanistas compõem a dupla do Still Urban Design, um gabinete de urbanismo que incorpora estratégias de desenho bioclimático e, com metodologias e SOFTWARE” próprios, consegue prever que mudanças climáticas pode operar num determinado espaço com um certo projecto.

Tratar o clima como “elemento projectual” é o ponto de partida para tudo o que João e Sofia fazem — e o que eles sonham não tem só a ver com projecto, mas também com educação e sensibilização para questões ligadas ao ambiente. Quando em Abril deste ano foram aceites como um dos 17 projectos finalistas da terceira edição do Programa de Aceleração de Start-ups do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), iniciaram uma louca corrida de erguer uma empresa em seis meses com uma “motivação muito grande”: “Contribuir de forma positiva para o desenvolvimento urbano”, recorda João Cortesão, 31 anos. E a amiga Sofia Pera, 32 anos, completa com um sorriso: “Também queremos lutar um bocadinho contra esta ideia de que o que é sustentável é verde. Nós não temos só árvores na cabeça.”

Com apenas seis meses de trabalho, a dupla tem já alguns projectos em mãos e estão em negociações com a Câmara Municipal do Porto, a quem apresentaram uma proposta que envolve “um protótipo de módulos bioclimáticos combinados com mobiliário” que poderão ser usados em vários contextos, como eventos e festivais por exemplo. Os pormenores — e a praça para a qual o Still Urban Design apresentou a proposta — estão ainda no segredo dos deuses, mas os arquitectos prometem soluções que serão “quase uma forma de provocação”. Acompanhando com “investigação teórica” (e aqui a dupla tem vastas possibilidades, já vamos aos currículos), João e Sofia querem “usar a cidade como um laboratório” para ir validando as metodologias que pretendem aplicar. Ser urbanista em Portugal é essencialmente fazer “acupunctura” no espaço exterior — e isso é aliciante, diz Sofia Pera: “Temos uma história tão rica que não fazemos coisas do zero e a mim sempre me atraiu muito essa ideia.”


Mudanças climáticas através do urbanismo

O Still Urban Design — que se apresentou no início do mês na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), durante o Startup Pitch Day da UPTEC, e recebeu uma menção honrosa — promete resultados. “Conseguimos dizer que pegando numa praça e pondo determinados elementos — vegetação, espelho de água, materiais — aquilo que se espera é que no período de cinco ou dez anos (o factor paciência é importante) conseguimos reduzir a temperatura nesta magnitude, a temperatura das superfícies naquela, a radiação noutra percentagem”, exemplifica João Cortesão.

As “visíveis” alterações climáticas e o aquecimento global seriam razões mais do que suficientes para que o urbanismo tivesse um lugar mais importante no desenvolvimento das cidades, defendem. “E ainda que isso não existisse há uma coisa que se chama saúde e bem-estar das pessoas em meio urbano”, acrescenta o arquitecto. Exemplos práticos: se a escolha do pavimento não for correcta, a probabilidade de “a cidade se transformar num rio” quando há chuva é grande e isso implica gastos posteriores na descontaminação das águas e do ar; se essa descontaminação das águas não for feita, há gastos posteriores em saúde; se o espaço exterior não é agradável as pessoas não permanecem nele, logo as economias locais (cafés, restaurantes) não crescem. 

Nas últimas décadas, o que se tem feito em Portugal em termos de reabilitação urbana “foi muito numa questão de limpeza”, lamentam. “Vemos reabilitações do espaço urbano que são profundamente vazias e assépticas”, lamenta Sofia Pera. A pedonalizaçao é uma boa solução? “'Pedonalizar' está na moda e ainda bem. Mas o que dizemos é: não vale a pena 'pedonalizar' um espaço se não garantirmos que as pessoas o utilizam. Retirar carros e regularizar o pavimento não chega e a permanência no espaço público tem sido negligenciada.” Outro erro clássico: "Pôr relva no nosso clima é um desinvestimento. Nós conseguimos diminuir custos escolhendo as espécies certas e contemplando formas de manutenção adequadas." 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Encontros improváveis- Fernando Pessoa e Ludovico Einaudi - Night


Como a Noite é Longa!

Como a noite é longa!
Toda a noite é assim...
Senta-te, ama, perto
Do leito onde esperto.
Vem p’r’ao pé de mim...

Amei tanta coisa...
Hoje nada existe.
Aqui ao pé da cama
Canta-me, minha ama,
Uma canção triste.

Era uma princesa
Que amou... Já não sei...
Como estou esquecido!
Canta-me ao ouvido
E adormecerei...

Que é feito de tudo?
Que fiz eu de mim?
Deixa-me dormir,

Dormir a sorrir
E seja isto o fim.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Mais textos e crónicas sobre Fernando Pessoa no Bioterra.

Biografia e discografia

Site oficial:

Youtube

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Ensinem os filhos a falhar (com video)

"... O processo de humanização começa pelo entendimento de que jamais haverá a satisfação completa. É esse o curso saudável das coisas. Se os pais boicotam esse processo, podem estar cometendo um erro." - Jean-Pierre Lebrun

Nos últimos 30 anos, a ideia dos pais como senhores do destino dos filhos vem desabando progressivamente. As consequências disso não são necessariamente ruins, como explica o psicanalista belga Jean-Pierre Lebrun, uma das principais referências na Europa no estudo sobre mudanças nas relações entre pais e filhos. Mas, para tanto, é preciso aprender a negociar com os filhos mantendo a autoridade. Leia abaixo os principais trechos da entrevista que Lebrun concedeu à revista Veja quando no Brasil para o 3º Encontro Franco-Brasileiro de Psicanálise e Direito.

Por que os pais hoje têm tanta dificuldade de controlar seus filhos?
Jean-Pierre Lebrun: Isso é reflexo da perda de legitimidade. Até pouco tempo atrás, a sociedade era hierarquizada, de forma que havia sempre um único lugar de destaque. Ele podia ser ocupado por Deus, ou pelo papa, ou pelo pai, ou pelo chefe. Isso foi se desfazendo progressivamente, e o processo se acentuou nos últimos trinta anos. Hoje, a organização social não está mais constituída como pirâmide, mas como rede. E, na rede, não existe mais esse lugar diferente, que era reconhecido espontaneamente como tal e que conferia autoridade aos pais. As dificuldades para impor limites se acentuaram, causando grande apreensão nas pessoas quanto ao futuro de seus filhos.

Existe uma fórmula para EVITAR que os filhos sigam por um caminho errado?
Jean-Pierre Lebrun: É preciso ensiná-los a falhar. Uma coisa certa na vida é que as crianças vão falhar, não há como ser diferente. Quando os pais, a família e a sociedade dizem o tempo todo que é preciso conseguir, conseguir, conseguir, massacram os filhos. É inescapável errar. Todo mundo, em algum momento, vai passar por isso. Aprender a lidar com o fracasso evita que ele se torne algo destrutivo. Às vezes é preciso lembrar coisas muito simples que as pessoas parecem ter esquecido completamente. Estamos como que dopados. Os pais sabem que as crianças não ficarão com eles a vida inteira, que não vão conseguir tudo o que sonharam, que vão estabelecer ligações sociais e afetivas que, por vezes, lhes farão mal, mas tentam agir como se não soubessem disso. Hoje os filhos se tornaram um indicador do sucesso dos pais. Isso é perigoso, porque cada um tem a sua vida. Não é justo que, além de carregarem o peso das próprias dificuldades, os filhos também tenham de suportar a angústia de falhar em relação à expectativa depositada neles.

Falando concretamente, como é possível perceber essa diferença no comportamento das famílias hoje?
Jean-Pierre Lebrun: A mudança é visível. Na Europa, por exemplo, quando um professor dá nota baixa a um aluno, é certo que os pais vão aparecer na escola no dia seguinte para reclamar com ele. Há vinte, trinta anos, era o aluno que tinha de dar satisfações aos pais diante do professor. É uma completa inversão. Posso citar outro exemplo. Desde sempre, quando se levam os filhos pela primeira vez à escola, eles choram. Hoje em dia, normalmente são os pais que choram. A cena é comum. É como se esses pais tivessem continuado crianças. Isso acontece porque eles não são capazes de seAPRESENTAR como a geração acima da dos filhos. É uma consequência desse novo arranjo social, em que os papéis estão organizados de forma mais horizontal.

Como o senhor avalia essa mudança? Esse novo arranjo é pior do que o anterior?
Jean-Pierre Lebrun: Hoje os pais precisam discutir tudo, negociar o que antes eram ordens definitivas. E isso não é necessariamente algo negativo, desde que fique claro que, depois de negociar, discutir, trocar ideias, quem decide são os pais.

Essas mudanças na estrutura social podem influenciar em aspectos negativos como, por exemplo, o uso abusivo de drogas?
Jean-Pierre Lebrun: Não há uma relação automática. Os mecanismos pelos quais os indivíduos se tornam dependentes químicos são diversos e complexos. A psicanálise ajuda a identificar alguns deles. Vou dar um exemplo. Manter uma criança em satisfação permanente, com sua chupeta na boca o tempo todo, fazendo por ela tudo o que ela pede, a impede de ser confrontada com a perda da satisfação completa. E isso vai ser determinante em sua formação.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Eduardo Galeano: Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável

A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.

O sistema fala em nome de todos, dirige a todos as suas ordens imperiosas de consumo, difunde entre todos a febre compradora; mas sem remédio: para quase todos esta aventura começa e termina no écran do televisor. A maioria, que se endivida para ter coisas, termina por ter nada mais que dívidas para pagar dívidas as quais geram novas dívidas, e acaba a consumir fantasias que por vezes materializa delinquindo.

Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efémera, que se esgota como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas para que outro mundo vamos mudar-nos?

A explosão do consumo no mundo atual faz mais ruído do que todas as guerras e provoca mais alvoroço do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco: quem bebe por conta, emborracha-se o dobro. O carrossel aturde e confunde o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço. Mas a cultura de consumo soa muito, tal como o tambor, porque está vazia. E na hora da verdade, quando o estrépito cessa e acaba a festa, o borracho acorda, só, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos partidos que deve pagar.

A expansão da procura choca com as fronteiras que lhe impõe o mesmo sistema que a gera. O sistema necessita de mercados cada vez mais abertos e mais amplos, como os pulmões necessitam o ar, e ao mesmo tempo necessitam que andem pelo chão, como acontece, os preços das matérias-primas e da força humana de trabalho.

O direito ao desperdício, privilégio de poucos, diz ser a liberdade de todos. Diz-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa dormir as flores, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores são submetidas a luz contínua, para que cresçam mais depressa. Nas fábricas de ovos, as galinhas também estão proibidas de ter a noite. E as pessoas estão condenadas à insónia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar.

Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem a metade dos sedativos, ansiolíticos e demais drogas químicas que se vendem legalmente no mundo, e mais da metade das drogas proibidas que se vendem ilegalmente, o que não é pouca coisa se se considerar que os EUA têm apenas cinco por cento da população mundial.

“Gente infeliz os que vivem a comparar-se”, lamenta uma mulher no bairro do Buceo, em Montevideo. A dor de já não ser, que outrora cantou o tango, abriu passagem à vergonha de não ter. Um homem pobre é um pobre homem. “Quando não tens nada, pensas que não vales nada”, diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, de Buenos Aires. E outro comprova, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: “Meus irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas e vivem suando em bicas para pagar as prestações”.

Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade e a uniformidade manda. A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Rachel Carson- pensamento


The more clearly we can focus our attention on the wonders and realities of the universe about us, the less taste we shall have for destruction.”Rachel Carson

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A inacreditável moradia com jardim vertical em Lisboa


De vez em quando, entre artigos de jornal e partilhas de redes sociais, aparece-nos este edifício. Situado na Travessa do Patrocínio, junto a Campo de Ourique, Lisboa, esta moradia tem o selo da ADN Garden e uma grande novidade nos edifícios da capital: um jardim vertical com mais de 4.000 plantas.

Agora é a nossa vez de falarmos dele: a moradia de três pisos substituiu umas antigas ruínas e é a prova que reabilitação e sustentabilidade casam bem. Cada piso tem um aroma: o primeiro a alecrim, o segundo a alfazema e o terceiro a caril. “Esta rua tem um cheiro de campo na Primavera e Verão”, explicou ao Economia Verde João Salgueiro, da ADN Garden.

Segundo Tiago Rebelo de Andrade, um dos três arquitectos responsáveis pelo projecto, o jardim vertical ajuda o edifício termicamente. “Existem painéis solares em cima dos elevadores, para aquecimento de águas, e o próprio conceito da arquitectura também o torna sustentável, na medida em que traz a natureza para o centro da cidade”, explica.

A base do sistema é hidropónico, um sistema gota a gota controlado por várias secções. Nas que estão mais expostas ao Sol, a rega é feita mais vezes ao dia. Nas zonas menos expostas ao Sol, a rega é menor. 

O único inconveniente da moradia é o preço: €1,5 milhões. Mas nem isso deverá ser entrave à aquisição do imóvel, segundo Luís Soares Franco, da promotora do projecto, a BWA. “Claramente há mercado, sobretudo numa época como esta de crise, onde são verdadeiramente os projectos originais aqueles que mostram a diferença e vingam”, explicou ao Economia Verde.

A BWA diz que esta moradia é um projecto único em Portugal e o primeiro edifício de habitação com cobertura de jardins verticais nas suas fachadas. Se estiver interessado pode conhecê-lo melhor aqui e com video reportagem aqui

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Os 10 Mandamentos de Gonçalo Ribeiro Telles para a criação de um jardim


1. Aposte na sublimação do lugar, tornando-o feliz e ameno.

2. Invista em lagos e charcos. A presença da água, traduzida na sua serenidade estética, confere um movimento ritmado e uma dinâmica musical ao jardim.

3. Arrisque em espécies que podem fazer a diferença, para sublimar a pujança da natureza compreendida na sua diversidade biológica e no ritmo de vida.

4. Tire partido da luminosidade natural dos espaços. O esplendor da luz é conseguido através do contraste sombra-claridade e da harmonia das cores.

5. Deixe-se influenciar pela geometria, apostando na profundidade das perspectivas e no recorte dos sucessivos planos conseguindo valorizar distancias e formas.

6. Olhe à sua volta. A integração na paisagem envolvente, sempre que esta seja ordenada e bela.

7. Não imponha uma visão que pode não ser a mais adequada. Aceitar com base da concepção do jardim ou da paisagem a ordem natural da natureza liberta da acepção da sociedade humana.

8. Valorize os aspectos culturais da paisagem. Tal implica impor à ordem natural a ordem cultural que sublimará aquela em face do seu único utente, o homem.

9. Evite os excessos. Esta recomendação passa por exaltar no jardim ou na paisagem a simplicidade no ordenamento das coisas, evitando a decoração pela decoração.

10. Planeie e não tenha medo de recorrer a ajuda especializada. Um jardim e uma paisagem são fruto de concepções e projectos e nunca de arranjos ou decorações, pelo que a sua grandeza e beleza resulta no que lhes é essencial na medida certa.

in Revista Jardins nº 127 - Junho de 2013

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Descoberto gene capaz de tornar bactérias imunes a todos os antibióticos



As bactérias estão a tornar-se cada vez mais resistentes aos antibióticos
Cientistas descobriram na China um gene capaz de tornar bactérias invencíveis, resistentes mesmo a um a tipo de antibióticos de último recurso, denominados como polimixinas. O perigo é que doenças habitualmente tratáveis, como pneumonias e infecções urinárias por E.coli, possam vir a tornar-se letais.

“Estes são resultados extremamente preocupantes”, disse Liu Jian-Hua, professor da Universidade Agrícola do Sul da China e coautor do estudo divulgado na publicação científica britânica “The Lancet”.

A descoberta ocorreu após terem sido detetadas superbactérias em testes de rotina a porcos e galinhas no sul da China. Os animais transportavam uma bactéria resistente à colistina, um antibiótico potente de uso corrente na criação de gado.

Os investigadores analisaram as amostras de bactérias K. pneumoniae e E.coli recolhidas em porcos e galinhas vendidas em dezenas de mercados de quatro províncias chinesas.

GENE JÁ DETECTADO EM HUMANOS

Também analisaram os testes de laboratório de pacientes de dois hospitais, das províncias de Guangdong e Zhejiang.

Mais de 20% das bactérias encontradas nos animais, e mais de 15% das amostras de carne crua, tinham indicadores do gene MCR-1, que também foi encontrado em 16 dos 1322 pacientes cujos testes foram analisados.

A baixa taxa de infecções detectadas entre os humanos aponta para que a bactéria resistente tenha passado, com forte probabilidade, dos animais para os humanos, refere o mesmo estudo.

O gene é facilmente propagado de uma estirpe para outra, o que cria receios de uma “potencial epidemia” e está a preocupar os investigadores.

RISCO DE EXPANSÃO GLOBAL

A Organização Mundial da Saúde já alertou que a resistência antimicrobiana poderá conduzir “ao retrocesso a uma era préantibióticos”, na qual mesmo pequenas infecções ou cortes podem revelar-se fatais.

O estudo indicou que o gene MCR-1 está “actualmente confinado à China”, mas alerta para a possibilidade de vir a alastrar-se para outro pontos do globo. Alguns dados recolhidos apontam mesmo para que já possa ter chegado ao Laos e à Malásia.

Fonte: Expresso

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Conheça Drumi, a máquina de lavar portátil que não requer energia eléctrica


Imagine a seguinte situação: você quer viajar para o campo e passar um tempo acampando e se divertindo, mas a estadia vai exigir que você lave as suas roupas à mão. Ter uma máquina de lavar nesse momento seria excelente, não é mesmo? É aí que o conceito da Drumi se aplica: uma lavadora portátil que exige zero de energia eléctrica e pode ser utilizada em qualquer lugar.

O projecto foi criado por uma startup canadiana chamada de Yirego, que queria desenvolver uma alternativa à máquina de lavar doméstica, responsável por consumir uma grande quantidade de água e energia. O objecto é capaz de limpar uma quantidade pequena de roupas com apenas 9 litros de água e funcionar com a energia mecânica de um pedal, similar às antigas máquinas de costura.

A Drumi consegue lavar até sete peças de roupa simultaneamente. Basta manter o ritmo no pedal por cinco minutos para realizar o processo, que é dividido em três etapas: lavagem, enxague e secagem rápida.

Ecologicamente correcta

Um dos grandes destaques da lavadora portátil é a política ecologicamente correta utilizada pela Yirego. Além de consumir pouca água – cerca de 80% a menos que um eletrodoméstico comum – e nenhum tipo de energia elétrica, 40% da Drumi é construída com materiais reciclados.

Por enquanto, o projeto está em pré-venda no Canadá e Estados Unidos.

Fonte: Tecmundo