quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Brundtland at the Hilton Awards 2013


Dr. Gro Harlem Brundtland is the former director-general of the World Health Organization (WHO) and the former prime minister of Norway—the first woman and youngest person to serve in that role. She has provided leadership on issues of global significance for more than four decades. Brundtland served as one of three United Nations Special Envoys for Climate Change, having been named to that position in May of 2007 by U.N. Secretary General Ban Ki-moon. In 2007, she also became a member of The Elders, a group founded by Nelson Mandela and Graça Machel and led by Archbishop Desmond Tutu. Recently, Brundtland served on the United Nation’s Panel on Threats, Challenges, and Change. She is member of the board of the United Nations Foundation.

In the 1980s she chaired the World Commission on the Environment and Development―the Brundtland Commission established the concept of sustainable development in its landmark report, Our Common Future. The commission’s recommendations provided the momentum for the United Nations Earth Summit in Rio de Janeiro in 1992.

During her tenure as director-general of the World Health Organization, Brundtland’s rapid response to the global threat of the SARS virus is largely credited with helping prevent the widespread growth of the disease. She also succeeded in garnering support for the first negotiated agreement on a major public health issue, The Tobacco Convention, and was recognized that same year as Scientific American’s “Policy Leader of the Year.” The recipient of many honors, perhaps her most prized award is the unofficial title she holds in her native Norway, where she is affectionately known as “Landsmoderen” or “mother of the nation.” Dr. Brundtland is a graduate of Oslo University and the Harvard School of Public Health.
Fonte: Hilton Humanitarian Prize

Rendas (lucros) excessivas da EDP à custa dos consumidores – mas governo e "troika" nada fazem para acabar com esta situação

O sobrepreço que os consumidores portugueses (famílias e empresas) são obrigados a pagar tem um custo global muito elevado. Em 2012, a produção de energias renováveis em Portugal atingiu 19 TWh segundo a ERSE, o que corresponde a 19.000.000MWh. Como a diferença paga a mais por MWh foi de 58,1 €, isto significa que, devido a este preço bonificado pago aos produtores de energias renováveis que é fixado pelo governo, os consumidores tiveram ou vão ter de pagar a mais cerca de 1.103,9 milhões € pelas energias renováveis que consumiram em 2012. E os principais produtores de energias renováveis são grandes grupos económicos como a EDP (eólicas), a PORTUCEL (biomassa), etc. E o escândalo chega ao ponto destes produtores de energia renováveis a venderem à rede a um preço muito superior àquele que depois vão adquirir à rede a que precisam (o grupo EDP, através da EDP –R , funciona como produtor de energias renováveis, que depois vende à EDP-Comercial para a vender aos consumidores). É um autêntico maná para empresas como a EDP a PORTUCEL e outras, que continua a verificar-se em Portugal com o beneplácito do governo e da "troika", embora no "Memorando" conste o contrário. [ler tudo no artigo de Eugénio Rosa]

Outras leituras

Notas:

1. Henrique Gomes, ex-secretário de Estado da Energia do governo PSD/CDS, num discurso escrito que elaborou para ser lido numa conferencia organizada pelo ISEG (acima referido) escreveu o seguinte: " As rendas excessivas e a atual garantia de potência impactam fortemente na sustentabilidade futura do sector elétrico, estando a desviar da economia e das famílias recursos num valor global de cerca de 3.500 milhões € até 2020. Em termos anuais, as rendas representam cerca de 370 milhões € " (pág. 18). Com os juros aqueles 3.500 poderão atingir cerca de 5.300 milhões € como refere também.

2. Para os que não andaram pela Física informo que 1 MWH é a energia produzida por uma fonte de energia com a potência de 1 milhão de watts durante 1 hora)

3. Fontes consultadas: entrevistas a Henrique Gomes, a Álvaro Santos Pereira , audição na comissão de economia da AR nos vídeos a seguir identificados e em especial estudo do economista Eugénio Rosa em Resistir Info.
Os Vídeos referidos estão aqui 

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Bio Foto Poema da Semana

Por ora, basta-me a ti, 
Eu só sou contigo 
Sou como a rocha 
a flor que cativa a bússola do dia!
João Soares

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Mariana Mazzucato: Government -- investor, risk-taker, innovator

Por que o governo simplesmente não sai do caminho e deixa o setor privado - os "revolucionários reais" - inovar? É retórica que se ouve em todos os lugares, e Mariana Mazzucato quer desfazê-la. Numa palestra enérgica, ela mostra como o estado - que muitos vêem como um gigante lento e encolhido - é realmente um dos nossos mais empolgantes tomadores de risco e formadores de mercado.

domingo, 27 de outubro de 2013

sábado, 26 de outubro de 2013

Drivetime



Echo and the Bunnymen's dark, swirling fusion of gloomy post-punk and Doors-inspired psychedelia brought the group a handful of British hits in the early '80s, while attracting a cult following in the United States. The Bunnymen grew out of the Crucial Three, a late-'70s trio featuring vocalist Ian McCulloch, Pete Wylie, and Julian Cope. Cope and Wylie left the group by the end of 1977, forming the Teardrop Explodes and Wah!, respectively. McCulloch met guitarist Will Sergeant in the summer of 1978 and the pair began recording demos with a drum machine that the duo called "Echo." Adding bassist Les Pattinson, the band made its live debut at the Liverpool club Eric's at the end of 1978, calling itself Echo &  the Bunnymen.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Documentário da Semana : Terra 2100 - A Terra em 100 anos


Estima-se que por volta do ano de 2015, atingiremos o ponto sem retorno na degradação do planeta e suas consequências. Ou seja, a partir de meados desta década, nada mais que se faça será suficiente para travar os efeitos colaterais de todo estrago feito desde a industrialização. Isso significa que todos os processos que desencadeamos com nosso crescimento e consumo desordenados, não poderão mais ser parados até que cumpram seu ciclo e tudo que nos restará será olhar e esperar pelo período em que as mudanças começarão a surtir efeito. Não sem antes sofrer as consequências das mudanças que não conseguiremos mais impedir.

domingo, 20 de outubro de 2013

Far Light- Luz Longínqua? Ou bem perto de nós, no interior?

Rachel Grims- Far Light
Por Vitor Carvalhais


Cada vez é mais evidente que Somos todos energia condensada no estado material, ou seja, a matéria é ela própria um estado de condensação da energia do Universo, de forma visível e tangível. Por isso nós humanos, as árvores, as flores e mesmo as rochas, a água, etc. somos todos conjuntos de átomos agrupados numa dada forma ou estado de organização. Se a energia se pudesse visualizar ela escorrer-nos-ia entre os dedos, pois apenas a forma em que ela está encerrada difere. Somos todos o mesmo, todos Unos, Todos Energia organizada apenas em fôrmas e formas diferentes. E isso pode sentir-se, basta que o observemos e nos apercebamos desta evidência.

sábado, 19 de outubro de 2013

Lua linda de morrer

Echo & The Bunnymen - The Killing Moon (All Night Mix)
Under blue moon I saw you
So soon you'll take me
Up in your arms
Too late to beg you or cancel it
Though I know it must be the killing time
Unwillingly mine

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Sobre a Verdade



As pessoas acreditam praticamente em tudo, desde que não seja verdade. E fazem bem (ironia). Já que a verdade é desinteressante, aborrecida, perturba o bom andamento das coisas e ensombra a vida. Pelo contrário, a mentira move multidões, empolga a opinião pública, anima a política, abastece os media, favorece os negócios. Atenção ao que nos dizem as flores, os animais, a astronomia e a evolução - João Soares, 2 de Setembro de 2013

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Why America Cannot Live without Wars



On a day marking the 50th anniversary of Martin Luther King's "I-Have-A-Dream" civil rights speech, the United States is poised to unleash another nightmare some 10,000km away in the Middle-East. Washington's war machine is geared up for limited strikes against Syria because Damascus ostensibly crossed a red line by using chemical weapons against its own population, never mind that many regimes worldwide inflict atrocities against their own people by other means.

Why a President who came to office on the strength of his anti-war credentials - especially on the phony war foisted on Iraq - is running with the war hounds, is something of a mystery. But the rest of the Washington establishment is champing at the bit to unleash missiles on the Syrian regime, promising a short punitive strike, in keeping with the well-worn belief that America cannot live without a war.
Defense Secretary Chuck Hagel was among those who indicated that the US was "ready to go" the moment President Barack Obama gave the sign. "We have moved assets in place to be able to fulfill and comply with whatever option the president wishes to take," Hagel said on Tuesday.

"We are not good at anything else anymore... can't build a decent car or a television, can't give good education to the kids or health care to the old, but we can bomb the shit of out any country..."

– the late George Carlin

This, when a UN team is still investigating the reported use of chemical weapons in the conflict between the regime of Bashir al Assad and the rebels. The UN team has been asked to pack up and get out of the way. "We clearly value the UN's work - we've said that from the beginning - when it comes to investigating chemical weapons in Syria. But we've reached a point now where we believe too much time has passed for the investigation to be credible and that it's clear the security situation isn't safe for the team in Syria," State Department spokeswoman Marie Harf said Tuesday, echoing the kind of impatience that characterized the descent into the Iraq war.

Despite the appalling intelligence failures during previous such conflicts, US officials placed immense faith in their own findings while scoffing at international efforts. "I think the intelligence will conclude that it wasn't the rebels who used it and there'll probably be pretty good intelligence to show that the Syria government was responsible," Hagel said in a BBC interview. The prospect of the war, even a limited strike, upsetting a range of friends and allies, from Israel to India, does not seem to be holding back Washington's war veterans (both Secretary of State John Kerry and Defense Secretary Chuck Hagel served in the military).
If all this recalls the war against Iraq not too long ago, not many in Washington seem keen on remembering it. Instead, explanations are being proffered on how different this case is and how it will be a short, surgical strike, not really a war.
But America's discerning have long recognized that the country can never live without war. It is a country made for war. Small detail: Up until 1947, the Defense Department was called Department of War.
By one count, the United States has fought some 70 wars since its birth 234 years ago; at least 10 of them major conflicts. "We like war... we are good at it!" the great, insightful comedian George Carlin said some two decades ago, during the first Gulf War. "We are not good at anything else anymore... can't build a decent car or a television, can't give good education to the kids or health care to the old, but we can bomb the shit of out any country..."
Similar sentiments have been echoed more recently. "America's economy is a war economy. Not a manufacturing economy. Not an agricultural economy. Nor a service economy. Not even a consumer economy," business pundit Paul Farrell wrote during this Iraq War. "Deep inside we love war. We want war. Need it. Relish it. Thrive on war. War is in our genes, deep in our DNA. War excites our economic brain. War drives our entrepreneurial spirit. War thrills the American soul. Oh just admit it, we have a love affair with war."
And so, America will be off to another (limited) war shortly. [Fonte Common Dreams, 29/8/13]

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Documentário da semana: A Era da Estupidez (The Age of Stupid)

O filme é um híbrido de drama-documentário-animação estrelado por Pete Postlethwaite como um homem que vive sozinho no mundo devastado de 2055, vendo imagens de arquivo a partir de 2008 e perguntando: Por que não nos salvamos quando tivemos essa hipótese?


Para qualquer pessoa que se preocupe com o estado de nosso planeta, este é um filme obrigatório. A directora é a ex-baterista de rock e cineasta autodidata Franny Armstrong. Misto de documentário, ficção e animação, ele conta uma história estarrecedora: a da destruição da Terra, causada pela insensatez da humanidade.


Mais Informações:
  • Franny Armstrong at The Age of Stupid website
  • Franny Armstrong at the Internet Movie Database
  • The Guardian's interview with Franny Armstrong
  • "The Age of Stupid is the future of film" - Huffington Post, September 2009
  • Birth of the 10:10 campaign - The Guardian, September 2009
  • Spanner Films interview with Franny about why and how she made The Age of Stupid
  • terça-feira, 15 de outubro de 2013

    Poema da Semana - Duas Rosas, por João Soares


    Duas rosas unidas
    Como o suspiro e o desgosto,
    Como as covinhas do rosto,
    Como dois continentes antes unidos
    Uma mais Doce e outra  mais Selvagem
    Unidas no mesmo ramo
    O ramo da Concórdia
    E por muito tempo vivíamos mergulhados na Beleza de
    Ser Flor, nas nossas Vidas


    João Soares, 1 de Setembro de 2013

    segunda-feira, 14 de outubro de 2013

    Documentário imperdível- Carbon Nation



    Consulte todas as informações no sítio Carbon Nation- The Movie

    Carbon Nation is a 2010 documentary film by Peter Byck about technological- and community-based energy solutions to the growing worldwide carbon footprint. The film is narrated by Bill Kurtis.

    Rather than highlighting the problems with use of fossil fuels, Carbon Nation presents a series of ways in which the 16 terawatts of energy the world consumes can be met while reducing or eliminating carbon-based sources. It contains optimistic interviews with experts in various fields, business CEOs, and sustainable energy supporters to present a compelling case for change while having a neutral, matter-of-fact explanation.

    Among those interviewed are Richard Branson, former CIA Director R. James Woolsey, Earth Day founder Denis Hayes and environmental advocate Van Jones.

    domingo, 13 de outubro de 2013

    Encontros Improváveis: Miguel Torga e Tom Waits- Flower´s Grave


    Flower´s grave, Tom Waits 
    Someday the silver moon and I will go to dreamland
    I will close my eyes and wake up there in dreamland 
    And Tell me who will put flowers on a flower's grave?
    Who will say a prayer?
    Will I meet a China rose there in dreamland?
    Or does love lie bleeding in dreamland?
    Are these days forever and always?

    "Sobretudo, não desesperar. Não cair no ódio, nem na renúncia. Ser homem no meio de carneiros, ter lógica no meio de sofismas, amar o povo no meio da retórica."
    Miguel Torga

    sexta-feira, 11 de outubro de 2013

    Cientistas criam mini cérebros humanos em laboratório

    A inovação pode significar o fim das experiências em ratos de laboratório. Investigadores criaram cérebros humanos em miniatura a partir de células estaminais, num laboratório em Viena.




    O trabalho de Juergen Knoblich e da sua equipa, no Instituto de Biologia Molecular de Viena, recorreu a células estaminais para criar "réplicas" do cérebro humano, em ponto pequeno. A necessidade surgiu porque os cérebros de cobaias, como ratos de laboratório, já «não eram suficientes» para as pesquisas que os cientistas fazem sobre o cérebro humano. 

    Os investigadores usaram células estaminais pluripotentes, colhidas em adultos, reprogramadas para se comportarem como células estaminais embrionárias. Depois, alimentaram estas células com os nutrientes necessários para formar tecido cerebral e colocaram a mistura em suspensão num gel para adquirir a estrutura necessária, explica a New Scientist. 

    Estes ”órgãos” artificiais medem apenas três a quatro milímetros e demoram cerca de um mês a ficarem prontos. Apesar de o cérebro não estar consciente, consegue produzir atividade neural e contém partes de várias zonas do cérebro como o córtex, tecido retinal e muito mais. A única região não detetada em nenhuma amostra é o cerebelo, uma zona que se desenvolve mais tarde e que é responsável pelas capacidades motoras e linguísticas. 

    Com esta criação em laboratório, é possível recolher células estaminais de portadores de doenças cerebrais e tentar perceber o que causa determinadas deformações, como a microcefalia. Esta condição surge quando o cérebro não atinge o seu tamanho completo.

    Para criar modelos de cérebro maiores e que lhes permitam estudar outras doenças como autismo ou esquizofrenia, os cientistas terão de incorporar outras técnicas neste método. Por exemplo, será necessário que as células estaminais sejam alimentadas de forma a produzir circuitos sanguíneos. Esta operação é considerada mais complexa do que criar tecido cerebral de raiz.

    quarta-feira, 9 de outubro de 2013

    Música do BioTerra: Gary Numan - Love Hurt Bleed


    Love seems all I want
    Love seems all I need
    Love seems everything
    I know everything bleeds

    Everything bleeds

    Love for things I love
    Love for thing to think
    Love for everything
    I know everything bleeds

    Everything bleeds

    Do, do you know my name
    Do, do you know what I've shamed
    Do, do you think I'm lost
    Do, do you think I pray

    Everything bleeds

    Biografia

    Página Oficial

    Youtube

    domingo, 6 de outubro de 2013

    Ottorino Respighi- The Birds


    Respighi was a musicologist as well as a composer, and he used the music of the past as inspiration for some of his compositions. The Birds is a suite of pieces that are based on various 18th century composers. It is an attempt to depict (somewhat stylized) bird songs of the Dove, Hen, Nightingale and Cuckoo. The composer uses the woodwind section of the orchestra for the bird imitations to good effect. Respighi conducted the premiere of the work in Brazil in 1928.

    The Birds consists of 5 movements

    I. Prelude - This prelude acts as a mini-overture for the rest of the work. The first-heard melody in the prelude is based on an opera aria by the Italian composer Bernardo Pasquini (1637-1710) , who was not only a composer but a virtuoso keyboardist, perhaps the greatest keyboard player of his generation. He wrote operas, cantatas, many works for voice, and music for keyboard. He was an outstanding teacher and may have taught Domenico Scarlatti. He may have been the first composer to write three-movement sonatas for keyboard. After this melody, there is a medley of the bird songs that comprise the rest of the work, and the Pasquini melody returns again to finish the prelude.

    II. The Dove - This movement is based on the music of French composer and lutenist Jacques de Gallot (ca.1625-1700). A solo oboe plays gently with the accompaniment of harp and strings. Trills in the strings imitate the flutter of wings while the melody is given to clarinet, then the solo violin.

    III. The Hen - This is based on the music of the French harpsichordist, composer and theorist Jean-Philippe Rameau (1683-1764). Rameau's music is seldom heard in the concert hall, but he was one of the great musicians of the Baroque era and the history of music in general. It was Rameau who codified what had been going on for a hundred years in music, basing music on harmony instead of counterpoint. He was the culmination of the Baroque era in France, much like J.S. Bach was in Germany. The music starts with the clucking of a hen and before it is over the entire hen house is a stir.

    IV. The Nightingale - The only thing known about the next melody is that it originated in England in the 18th century. Respighi orchestrates the gentle melody with the appropriate winds, and even has the solo horn gently sing the melody.

    V. The Cuckoo - Another melody from Pasquini, this one from a harpsichord piece. The woodwinds imitate the cuckoo, the melody from the prelude is heard once again to round off the piece and the work is finished.


    sábado, 5 de outubro de 2013

    Jonatham Balcombe - Biólogo inglês revela seu estudo peculiar sobre as emoções dos animais

    O biólogo Jonathan Balcombe nasceu na Inglaterra e cresceu na Nova Zelândia e Canadá, mas foi nos EUA que passou a viver desde 1987, onde conquistou seu PhD em Etologia pela University of Tennessee, em 1991.

    Com uma visão ímpar e peculiar sobre as emoções dos animais, em específico a dos roedores, Balcombe já escreveu mais de 50 artigos científicos e contribuiu em muitos livros sobre comportamento animal e ética.

    Autor de três obras importantes e conceituadas entre os defensores da causa animal -Pleasurable Kingdom: Animals and the Nature, traduzido no Brasil como “O Reino do Prazer: Saiba como os animais são felizes; The Inner Lives of Animals e The Exultant Ark: A Pictorial Tour of Animal Pleasure (Arca Exultante, em tradução literal) – o biólogo reuniu em seu último livro diversas imagens de fotógrafos quem captam as emoções de muitos animais em diferentes situações.

    Presidente do Departamento de Estudos de Animais com a Humane Society University, Balcombe relata em conversa exclusiva com a repórter da ANDA, Maria Castellano, suas impressões sobre o relacionamento humano e animal, os testes de laboratório, suas obras e os desafios da sociedade em relação a libertação animal.

    ANDA – Em sua pesquisa e nos seus textos, você tem dado foco às emoções positivas dos animais, como o prazer, ao invés das negativas, como a dor. Quais você considera as descobertas mais inovadoras nessa área e quais são suas implicações para as formas como nos relacionamos com os animais?

    Jonathan Balcombe – A descoberta que me vem primeiramente à cabeça e que acho que é a mais impressionante de todas sobre prazer refere-se aos estudos sobre cócegas e riso em ratos, e eu escrevi sobre isso diversas vezes. Esse estudo foi conduzido por um neurocientista americano chamado Jaak Panksepp. Após anos tendo ratos em cativeiro e fazendo experimentos com eles – dos quais alguns não muito agradáveis – ele percebeu que os ratos pareciam estar gostando de um tipo de brincadeira que faziam entre eles, e decidiu gravar os sons que eles emitiam durante essas atividades. É sabido que ratos emitem sons ultrassônicos, e nas gravações ele percebeu que eles faziam uma espécie de chiado enquanto brincavam. Ele então começou a fazer cócegas nos ratos, e eles passaram a seguir a sua mão para receber as cócegas. Ele descobriu que as áreas do cérebro dos ratos que ficavam ativas nesses momentos são as mesmas que as nossas quando estamos rindo, recebendo cócegas ou brincando. Então, o que ele tem argumentado em vários artigos científicos publicados é que a fisiologia, a anatomia e o comportamento dos ratos nessas situações são compatíveis com os nossos quando estamos em situações semelhantes. Eu acredito que essas pesquisas são altamente inovadoras, e tem legitimidade por ele ser um cientista de renome, muito meticuloso, e por ter publicado essas pesquisas em revistas muito respeitadas. Ele escreveu um livro chamado Affective neuroscience: The Foundations of Human and Animal Emotions, que é um livro texto muito usado agora no estudo da ciência das emoções dos animais.

    ANDA – Você acredita que essas idéias sobre as experiências emocionais dos ratos – animais que têm sido historicamente estigmatizados – já estão tendo influência na reavaliação das formas como esses animais são frequentemente explorados (por exemplo, como modelos para experimentação científica)?

    Jonathan Balcombe – Infelizmente eu acho que os cientistas que fazem esse tipo de experimento serão os últimos na sociedade a mudar, porque é isso o que eles fazem, é esse seu trabalho e é nisso que eles põem o seu tempo, a sua energia, e as suas mentes, e é disso que eles ganham seu dinheiro. Eu duvido que nessa área já encontremos mudanças. Entretanto, houve um estudo recente em um laboratório que usa ratos e camundongos para experimentos sobre analgésicos e mostraram que os ratos mudam de expressão quando sentem dor. Embora o experimento seja sobre dor e não sobre prazer, é um sinal dos tempos que esses cientistas estejam olhando para as expressões de roedores, porque pouco tempo atrás isso seria visto de maneira muito cética pela comunidade científica. Então, quem sabe, isso tenha algum efeito, e eu não sei se eles citam os estudos de Panksepp sobre o riso dos ratos, mas e não me surpreenderia se eles o citassem.

    ANDA – Você ainda encontra resistência por parte de outros cientistas quando utiliza termos como alegria, prazer ou tédio para se referir a emoções de animais não-humanos?

    Jonathan Balcombe – Certamente. O “pecado” do antropomorfismo está muito enraizado na comunidade científica. Os cientistas – eu inclusive – são muito relutantes em usar palavras para descrever um sentimento em um animal, já que nós não sabemos realmente quais são esses sentimentos, porque são experiências privadas. Eu tenho usado palavras como alegria, porque acho importante pressionar, provocar as pessoas… e a exigência de provas deveria ser para aqueles que negam que um animal possa ter esses sentimentos. Infelizmente a ciência funciona de acordo com o princípio oposto, ou seja, ela sempre assume que os animais não podem (ter esses sentimentos), a menos que se prove o contrário – o que, na verdade é praticamente impossível. Você não consegue ter uma prova com 100% de certeza sobre o sentimento de um animal porque ele não pode te dizer o que ele sente – bem, talvez um papagaio ou um chimpanzé consiga. É desafiador, mas minha posição é que devemos conceder-lhes o benefício da dúvida, não vamos lhes negar que eles podem sentir tudo isso enquanto não tivermos provas. Vamos assumir que eles podem, porque o custo para eles é muito mais alto se assumirmos que eles não podem, e os tratarmos mal, quando na verdade eles podem sentir. Inclusive, o custo para nós, como espécie, também é maior quando lhes negamos o benefício da dúvida. Por quê? Porque é karma! Se nós formos pessoas que temos compaixão pelos ratos, seremos pessoas que também tem mais compaixão pelos outros humanos. Estou terminando de ler um livro que se chama The better angels of our nature: why violence has declined, do psicólogo Steven Pinker, e ele fala do declínio da violência e de como estamos nos tornando mais razoáveis, mais racionais, nossos sistemas de comunicação estão muito melhores, estamos nos tornando mais femininos – e a feminilidade, o nutrir e o cuidar, estão se tornando proeminentes em nossa sociedade e as mulheres estão tendo mais poder (…) tem ocorrido uma série de mudanças nos últimos 50 anos, que indicam que estamos nos tornando uma espécie mais ética, essa é a mensagem geral. Apesar do terrorismo e, é claro, há ainda muitos problemas, (…) na redução do crime e violência, mas eu acho que está bastante bem documentado que a compaixão é indivisível, e a crueldade é indivisível. Se você é cruel você é cruel, não é só com pessoas; as pessoas que abusam animais têm muito mais chance de serem ruins com humanos, e vice-versa. De modo semelhante, as pessoas que têm mais compaixão para com animais também tendem a ter mais compaixão com as outras pessoas. Penso que ao menos nesse ponto as pessoas deveriam ter interesse em conceder aos animais o benefício da dúvida, porque formaríamos uma sociedade mais compassiva e solidária, e isso seria bom para nós também. Se eu tivesse que ficar num quarto por um ano, ou por uma semana, com uma pessoa que costuma bater em cachorros, eu ficaria muito mais preocupado com meu próprio bem-estar do que se eu tivesse que passar esse mesmo período com uma pessoa que trata bem os animais.

    ANDA – Quais foram os processos que te conduziram desde a escrita de Pleasurable Kingdom para a de Second Nature e depois The Exultant Ark, quais novos insights surgiram em cada um dos livros?

    Jonathan Balcombe – Para ser sincero, não foi uma coisa muito planejada. A questão do prazer resultou de uma epifania, foi um momento em que eu comecei a ver comportamentos em certos animais – por exemplo, esquilos interagindo – e o prazer por trás de alguns desses comportamentos estava muito claro. Percebi então que eu nunca havia lido nada a respeito disso, e que ninguém havia escrito sobre isso. Ao mesmo tempo, essa é uma voz muito forte, por ser esse um tema tão importante, por diversos motivos (não vou poder entrar nisso agora). Essa percepção foi muito importante para mim, e motivou o começo da jornada de começar a escrever sobre o tema (particularmente, escrever livros) e expandir os horizontes a esse respeito. No caso do Second Nature – que de modo geral trata da vida interior dos animais, suas capacidades emocionais e cognitivas – alguns dos materiais que usei para escrevê-lo vieram das pesquisas que fiz para escrever Pleasurable Kingdom, e outros, é claro, vieram de novos materiais que estavam sendo publicados. Paralelamente, eu vinha pensando havia tempos que a questão do prazer era um ótimo tema para um livro de fotografias, fotos de animais que pudessem demonstrar os conceitos de prazer nas brincadeiras, no toque, na comida, no sexo, talvez na estética, no companheirismo, etc. Assim surgiu a idéia para The Exultant Ark, portanto esse livro foi realmente uma extensão do Pleasurable Kingdom, porém com outra abordagem. O livro que estou escrevendo agora – cujo título provisório é The Inner Lives of Fishes (A vida interior dos peixes) – é uma continuação da tentativa de usar a ciência, ou o que os cientistas estão dizendo, para elevar o status dos animais, tentar rebater os estereótipos e os pressupostos que as pessoas normalmente têm sobre eles e avançar nesse aspecto. Os peixes são, coletivamente, o grupo de animais vertebrados mais explorado no mundo e a ciência agora está bastante convencida de que eles são sencientes, conscientes, complexos, e até mesmo afetivos. Eu acho, portanto, que é um bom momento para termos um livro que venha em sua defesa, não apenas dos peixes coletivamente, mas como indivíduos, como seres sencientes.

    ANDA – De que forma a mídia e a sociedade em geral tem recebido suas idéias? Eles são céticos com relação a elas?

    Jonathan Balcombe – A mídia tem recebido as coisas que escrevo bastante bem. Quando publiquei Pleasurable Kingdom fiz muitas entrevistas, fotos, etc. Embora nada muito grande, não para as principais TVs, mas em geral nos lugares onde eu ia para dar palestras os jornais locais me entrevistaram (como o Toronto Star, por exemplo), e dei muitas entrevistas para rádios, o que continuo fazendo de vez em quando. Não foi um enorme boom, mas gerou uma quantidade bem razoável de interesse, e eu acho que o fato de ser um tema positivo – o prazer, principalmente – tem ajudado nessa receptividade.

    ANDA – Para além do seu trabalho como cientista, você é também um defensor da causa animal (animal advocate), e vegano. Conte-nos um pouco sobre esse lado das suas atividades e sua importância.

    Jonathan Balcombe – Sim, no meu site acho que uso as palavras “cientista, autor, líder, defensor (advocate)”. Acho que me vejo como tudo isso, e como um etólogo aplicado (no sentido científico do termo), ou seja, tenho uma formação acadêmica como etólogo e especialista em comportamento animal, mas para mim não é simplesmente uma questão de descrever como os animais se comportam (que é do que a etologia trata), mas sim do que fazemos com essa informação, como a aplicamos a este mundo real, para as sociedades humanas e, logicamente, para a forma como tratamos os animais. Aí é onde entra a parte do “defensor” (advocacy), tudo o que eu faço em relação aos animais como acadêmico é no contexto de tentar ajudar a melhorar suas vidas, sua situação, há muito para ser feito nesse sentido. Minhas atividades incluem os cursos que desenvolvi e que ministro na universidade; as palestras e falas públicas que faço (incluindo entrevistas para a mídia); meu papel como “testemunha especializada”* para grupos como o Mercy for Animals; os textos que escrevo, tanto no meu blog como em revistas científicas e livros…estou escrevendo um artigo chamado “After meat” (depois da carne), que penso que depois poderia se transformar em livro, onde faço um exercício de projetar como seria o mundo se todos parassem de comer carne – o que aconteceria no próximo ano, nos próximos dez anos, no próximo século, e assim por diante. Seria uma forma interessante de abordar os problemas associados a esta cultura de se comer animais. Por fim, é claro, há a questão do estilo de vida. Ser vegano, “viver a mensagem” é muito importante, porque você mostra que não é apenas uma idéia, é algo que você realmente pode fazer pela causa na prática, todos os dias.
    *Testemunha especializada significa que eles podem me pedir para assistir a uma compilação de vídeos de investigações sigilosas que eles fizeram, por exemplo, de uma fazenda industrial de porcos, ou do tratamento de perus a caminho do abatedouro, ou do tratamento de peixes numa fábrica de processamento, coisas assim. Eu assisto o vídeo e faço comentários especializados que eles podem usar para dar suporte à investigação.

    ANDA – Quais você acha que são os maiores desafios para alcançarmos a libertação animal?

    Jonathan Balcombe – Acho que os principais desafios referem-se a duas palavras com i: “ignorância” e “inércia”. No caso da ignorância, a questão é que as pessoas não sabem, não têm a informação, ainda não fazem idéia de como os animais são tratados na produção. Elas estão começando a ficar cientes, porque agora temos a internet e outros canais para disponibilizar essas informações – o que é muito animador, ter essas ferramentas à nossa disposição – mas ainda há uma grande ignorância sobre o tema e as pessoas querem ser ignorantes. Elas não querem saber, porque se souberem poderão ter que pensar duas vezes sobre o que estão fazendo, e ninguém gosta de mudar seu comportamento. A segunda questão, da inércia, é que a questão animal é um grande problema, e os grandes problemas não se resolvem facilmente. É como um grande navio. Se você tem um barco pequeno, um caiaque, é muito mais fácil você virar e mudar a direção. Mas com um navio enorme, a inércia é muito maior, você não consegue fazê-lo girar de uma vez, você tem que ir virando gradualmente. Porque estamos falando de mais de um trilhão de peixes, de cerca de dez bilhões de frangos mortos só nos Estados Unidos por ano (na verdade esse número está diminuindo!), eu acho que o navio está começando a mudar de direção, mas ele é enorme e, claro, se você pensar em termos globais, ainda não começamos a mudar de direção. Acho que o timão já foi girado porém o navio ainda não começou a virar, tem esse atraso na resposta. Mas eu acredito que vamos ver, na próxima década, essa tendência que estamos começando a ver nos Estados Unidos, que foi uma redução significativa do consumo de carne em 2012. Eu tenho esperanças – e muitos podem dizer que sou louco por dizer isto – mas eu tenho esperanças de que poderemos ver essa tendência acontecer globalmente. Por enquanto, é como se houvesse um furor por comer carne em outros países, o que é frustrante, porque finalmente os países “desenvolvidos” estão começando a entender que comer carne não é a melhor coisa a ser feita, enquanto outros ainda estão caminhando para esse modelo de vida Ocidental.

    ANDA – Você é otimista em relação ao futuro, você vê coisas importantes acontecendo concretamente em favor dos animais?

    Jonathan Balcombe – Nós podemos escolher ser pessimistas, mas o que ganhamos com isso? Não quero dizer que sou otimista apenas porque é a melhor opção, eu realmente acredito que há motivos para isso – acho que temos que ser otimistas para fazermos as coisas melhorarem. Nós temos que pensar positivamente, buscar soluções, ser criativos, e também atraentes. Eu acho que isso é muito importante, que o movimento vegano e o movimento pelos animais seja alegre, e seja algo ao qual as pessoas queiram se juntar. Porque mesmo se a nossa mensagem está certa – e isso ajuda muito – se parecermos infelizes com o que estamos fazendo, isso não é convidativo para as pessoas. Eu acho que um ótimo exemplo do que deveríamos estar fazendo – eu vi isso ontem à noite e postei no meu FB – é um novo site sobre veganismo, e foi feito de forma linda, com modelos e fotógrafos profissionais para as imagens das comidas, chama-se Choose Veg. A página é ótima, as comidas parecem deliciosas, as pessoas saudáveis, há algumas informações, enfim, é um exemplo. E agora com a internet pessoas de qualquer lugar do mundo podem acessar essas páginas. (…) eu acho que o Brasil vai ser o grande indicador dessas mudanças na América Latina, porque é um país tão grande e tão importante. Acho que tudo é uma questão de disseminação das informações e, claro, de mudança de mentalidade. A questão da carne é tão antiga e está tão enraizada nas pessoas – essa idéia de que você precisa comer produtos de origem animal para obter proteínas, e isso é tudo mentira, é cientificamente falso. Você não forma músculo comendo carne, você forma músculo comendo proteínas e as proteínas, ou os aminoácidos que as formam, estão em todos os lugares. (…) A comunidade médica é uma das menos informadas nesse sentido, eles continuam trabalhando com base no antigo paradigma. O lado bom dessa história é que atualmente há uma grande quantidade de informação que contradiz esse antigo paradigma, e ela está amplamente disponível.

    Dario Castello: Sonata Seconda


    "A emoção pela emoção é a finalidade da arte, a emoção pela acção é a finalidade da vida e dessa organização da vida a que chamamos a sociedade."- Oscar Wilde

    sexta-feira, 4 de outubro de 2013

    Encontros Improváveis: Paula Rego e Carlos Drummond de Andrade [Uma democracia pelo AMOR]



    "Love"- Paula Rego


    "Que Todos os Dias Sejam Dias de Amor" 

    João Brandão pergunta, propõe e decreta:
    Se há o Dia dos Namorados, por que não haver o Dia dos Amorosos, o Dia dos Amadores, o Dia dos Amantes? Com todo o fogo desta última palavra, que circula entre o carnal e o sublime?
    E o Dia dos Amantes Exemplares e o Dia dos Amantes Platônicos, que também são exemplares à sua maneira, e dizem até que mais?
    Por que não instituir, ó psicólogos, ó sociólogos, ó lojistas e publicitários, o Dia do Amor?
    O Dia de Fazê-lo, o Dia de Agradecer-lhe, o de Meditá-lo em tudo que encerra de mistério e grandeza, o Dia de Amá-lo? Pois o Amor se desperdiça ou é incompreendido até por aqueles que amam e não sabem, pobrezinhos, como é essencial amar o Amor.
    E mais o Dia do Amor Tranqüilo, tão raro e vestido de linho alvo, o Dia do Amor Violento, o Dia do Amor Que Não Ousava Dizer o Seu Nome Mas Agora Ousa, na arrebentação geral do século?
    Amor Complicado pede o seu Dia, não para tornar-se pedestre, mas para requintar em sua complicação cheia de vôos fora do horário e da visibilidade. Amor à Primeira Vista, o fulminante, bem que gostava de ter o seu, cortado de relâmpagos. E há motivos de sobra para se estabelecer o Dia do Amor ao Próximo, e o Próximo somos nós, quando nos esquecemos de nós mesmos, abjurando o enfezadíssimo Amor-Próprio.
    Depressa, amigos criadores de Dias, criai o do Amor Livre, entendido como tal o que desata as correntes do interesse imediato, da discriminação racial e económica, ri das divisões políticas, das crenças separatórias, e planta o seu estandarte no cimo da cordilheira mais alta. Livre até no impulso egoístico da correspondência geométrica. Amor que nem a si mesmo se escraviza, na total doação que é converter-se no alvo, pois lá diz o que sabe: «Transforma-se o amador na coisa amada.»
    Haja também um Dia para o Amor Não Correspondido, em que ele se console e crie alento para perseverar, se esta é a sua condição fatal, melhor direi, a sua graça. Pois todo Amor tem o seu ponto de luz, que às vezes se confunde com a sombra.

    O Amor Impossível, exatamente por sua impossibilidade, merece a compensação de um Dia. Concederemos outro ao Amor Perfeito, que não precisa de mais, mergulhado que está na eternidade, a mover os sóis, independentemente da astrofísica. Ao Amor Imperfeito, síntese muito humana de tantos, retrato mal copiado do modelo divino, igualmente, se consagre um Dia generoso.
    Amor à Glória não carece ter Dia, nem Amor ao Dinheiro e seu primo (ou irmão) Amor ao Poder. Eles se satisfazem, o primeiro com uma bolha de sabão, os outros dois com a mesa posta. Mas ao Amor faminto e sem talher, e ao que nenhuma iguaria lhe satisfaz, porque sua fome vai além dos alimentos e é a fome em si, a ansiosa procura do que não existe nem pode existir: um Dia para cada um.

    E se mais Dias sobrarem, que sejam reservados para os Amores de que não me lembro no momento mas certamente existem, pois sendo o Amor infinito em sua finitude, isto é, fugindo ao tempo no tempo, e multiplicando-se em invenções, sutilezas, desvarios, enigmas e tudo mais, sempre haverá um Amor novo no sujeito amante, dentro do Amor que nele pousou e que cada manhã nasce outra vez, de sorte que o mesmo Amor é cada dia Outro sem deixar de ser o Antigo, e são muitos outros concentrados e não compendiados na potencialidade de amar. Assim sendo, recomendo e requeiro e decreto que todos os dias do ano sejam Dias do Amor, e não mais disso ou daquilo, como erradamente se convencionou e precisa ser corrigido. Tenho dito. Cumpra-se.

    Carlos Drummond de Andrade, in 'O Poder Ultrajovem'

    Documentário de John Pilger - "A guerra que você não vê" (The War You Don´t See - 2010)



    Neste documentário, John Pilger expõe como os grandes meios de comunicação dos países imperialistas (assim como seus representantes nos países periféricos) manipulam as informações com o objetivo de justificar suas guerras de rapina e outras políticas contrárias aos interesses das maiorias populares. 

    John Pilger revela como estes meios agem de modo orquestrado para beneficiar as políticas imperialistas dos Estados Unidos, por exemplo, e de seus agentes no  Médio Oriente (Israel). 

    A vida humana nada conta para estas potências imperialistas (ou sub-imperialistas) nem para a mídia que as defende. 

    Nada está por cima dos interesses económicos ou estratégicos militares dos estados e grupos econômicos que exercem a hegemonia política no planeta. 

    As cenas das atrocidades cometidas no Iraque, no Afeganistão e na Palestina são amostras do grau de perversidade a que se pode chegar com o objetivo de garantir privilégios.

    “Está vendo aquelas pessoas lá embaixo? Assim que você os tiver na mira, atire. Atire! Vai, fogo!”. Essa é uma conversa entre dois membros do esquadrão norte-americano na Guerra do Iraque apresentada pelo documentário “A guerra que você não vê”, ou The war you don’t see, em inglês. As pessoas “lá embaixo”, na mira da metralhadora, são civis em Bagdá. Vale constatar que, a despeito do avanço tecnológico, as mortes de civis em guerras têm crescido. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), 15% dos mortos eram civis; na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a quantidade foi de 65%. E durante os conflitos ocorridos na África e Oriente Médio, entre os anos 1990 e 2000, o número de pessoas mortas e não envolvidas diretamente na guerra foi de 90%.

    Segundo dados do Iraq Body Count, entidade com sede na Grã Bretanha, dos 174 mil mortos na Guerra do Iraque, 112 mil eram civis. Quase oito entre dez mortos desde que a invasão capitaneada pelos Estados Unidos começou no ano de 2003.

    O documentário se concentra no papel que os principais canais dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha exerceram para influenciar a opinião pública em relação à Guerra do Iraque. Destaque para entrevistas com representantes de Cable News Network (CNN) e British Broadcasting Corporation (BBC). Qual é o papel da mídia nessas guerras? De que forma a cobertura midiática muda ou não a opinião das pessoas sobre eventos assim? Como os crimes de guerra foram reportados? Como foi a participação dos iraquianos na cobertura jornalística? E de que forma eles eram representados?

    Essas questões foram levantadas pelo jornalista nascido na Austrália e radicado em Londres, John Pilger, de 71 anos. John Pilger já foi correspondente de guerras em países como Vietnam, Camboja, Egito, Índia e Bangladesh. Diversas cenas e diálogos apresentados pelo filme provam que o Iraque não tinha armas nucleares como alegavam os Estados Unidos. A suposta presença de armas foi o estopim para que a guerra começasse. Depois de milhares de mortes – de civis e de soldados – e de milhões de dólares investidos, verificou-se que não havia perigo naquele país. Ou seja: a justificativa dada para que a guerra começasse não procedia. No fundo, a causa da guerra que matou milhares de pessoas era o controle do petróleo.

    Outro tema abordado pelo documentário é o papel das relações públicas dentro das guerras. É retomada a “primeira estrutura de propaganda moderna”. O então presidente norte-americano, Woodrow Wilson, criou e instituiu uma forte máquina de propaganda com a ajuda de Edward Bernays. O documentário o cita como um dos responsáveis por convencer a população americana de que a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) era benéfica. Esse conflito tirou a vida de mais de 16 milhões de pessoas e feriu outros tantos. Mesmo assim, a estrutura de propaganda dirigida por Bernays fez com que os pontos positivos desse conflito se concretizassem na memória americana. Ele “vendeu” a guerra ao povo. Na época, um ministro inglês chegou a declarar, conforme mostra o filme: “se as pessoas soubessem o real motivo da guerra, ela acabaria amanhã”.

    Quando Bernays faleceu, o jornal New York Times colocou em seu obituário que morria o “pai das relações públicas”. O texto diz que Bernays foi um dos primeiros a expandir os mecanismos de ‘criação da opinião’ (opinion making) e mudanças comportamentais. “Relações públicas, usadas efetivamente, ajudam a validar o princípio oculto da nossa sociedade: competição no mercado das ideias e das coisas”, escreveu Bernays em 1971.

    Uma das situações abordadas pelo filme é o caso dos embedded journalists, ou seja, os jornalistas “embutidos”. Recebem esse nome porque vão junto com as forças do exército para os confrontos. Apesar de terem mais segurança trabalhando dessa forma, isso se mostra como um problema para a cobertura investigativa. Em troca dessa segurança, diz o documentário, os jornalistas só podem ir a locais permitidos pelo governo, o que influencia totalmente a cobertura, já que presenciar as situações que o governo não deseja mostrar seria fundamental para registrar com mais fidelidade os fatos.

    O documentário apresenta cenas e depoimentos fortes das guerras, revelando coisas jamais televisionadas, como o caso de uma mulher que aponta o lugar de sua casa onde um familiar seu foi metralhado. Ou cenas de crianças chorando contra a brutalidade dos soldados com armas. As imagens demonstram a violência sofrida pelos civis em suas próprias casas, humanizando aquele povo que não conhecemos e, por isso, não nos solidarizamos com ele.

    O jornalista Dan Rather, da CBS News, afirma no documentário que acredita que as chances de os Estados Unidos entrarem em guerra com o Iraque seriam menores se os jornalistas tivessem realizado um trabalho mais duro, de questionar, ao invés de somente “ouvir e reportar as notícias oficiais”.

    A ideia que o permeia todo o filme é que essa cobertura dos embedded journalists faz com que a imagem do conflito seja diferente para quem o vive, nos países afetados, e para quem os acompanha pelas grandes redes de comunicação. Há um abismo entre a  informação recebida pelo público ocidental e as pessoas comuns que têm seu espaço invadido e suas vidas destruídas.

    O documentário cita que foram mais de 700 embedded journalists para a cobertura da guerra no Iraque, número superior ao de muitas redações. Em algumas ocasiões, por exemplo, forjaram imagens. Mudavam os ângulos para criar situações irreais. Tudo isso com profissionais que atuaram na época. A rede Al Jazeera tentou fazer oposição a essa situação. Mostrou o outro lado, o descontentamento dos iraquianos. E seus escritórios no Iraque foram alvos de atentados. Destaque para a entrevista com Julian Assange, fundador do Wikileaks, que revelou diversos documentos contrários à guerra.

    Portanto, A guerra que você não vê é um filme indicado para que as pessoas possam enxergar um lado diferente daquele mostrado com frequência. Para pararmos de acreditar totalmente em tudo que vemos ou lemos. Para questionar. 

    Saber mais:

    quinta-feira, 3 de outubro de 2013

    Documentário da semana - Lixo Extraordinário


    Este filme, cujo visionamento aconselho vivamente, retrata o trabalho desenvolvido pelo artista plástico brasileiro Vic Muniz no aterro sanitário Jardim Gramacho, às portas da cidade do Rio de Janeiro. É ali que Vic dá expressão artística às toneladas de resíduos que diariamente dão entrada naquele aterro e cuja triagem está a cargo de um grupo de catadores. Este é um filme que, ao contrário dos filmes comuns, não vive de um argumento, de actores e de personagens. Este é um filme que, tal como nos filmes comuns, apela ao sentimento e acaba por nos provocar o riso e o choro, porque na verdade espelha a dura realidade de gente (quase) comum, como nós. Naquilo que a nós diz respeito, Lixo Extraordinário será um filme a rever e a ser usado como ferramenta de educação ambiental. Do lixo ordinário se conseguem coisas extraordinárias e porque, na verdade, do extraordinário das coisas, invariavelmente se chega a lixo. Cabe-nos a nós pessoas comuns (extra e ordinárias), que lutam por um Planeta mais limpo, zelar para que se faça arte com menos lixo.

    quarta-feira, 2 de outubro de 2013

    "GMO OMG" - Documentary on Chemical Food Conspiracy with Jeremy Seifert


    GMO OMG is the documentary about GMO foods and the truth about the food industry, and filmmaker Jeremy Seifert chronicles his story as a dad on a mission to uncover the truth about about genetically modified foods and how the loss of seed diversity and laboratory assisted genetic alteration of food affects his young children, the health of our planet, and freedom of choice everywhere. Clips and stories from the film are shared with Ondi Timoner of BYOD.

    GUEST INFO: In 2010, Jeremy completed his debut film, DIVE!, Living Off America's Waste. Initially made with a $200 budget, a borrowed camera, and a lot of heart, DIVE! went on to win 22 film festivals worldwide. In 2010 with the release of DIVE!, Jeremy began the production company, Compeller Pictures. He is now a filmmaker and activist, traveling the country and speaking on humanitarian and environmental issues. Jeremy's second film, GMO OMG, tells the hidden story of the take over of our food supply by giant chemical companies, an agricultural crisis that has grown into a cultural crisis.

    Wikipedia: "GMO OMG"

    Pensamento ecofilosófico da semana


    "Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos."
    - William Shakespeare

    terça-feira, 1 de outubro de 2013

    Mapa da Pangeia com as fronteiras actuais

                                                                                                                                                                        Retirado daqui