sexta-feira, 30 de abril de 2004

O Analfabeto Político

Olimpio Araujo Jr. 


“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Mal sabe ele que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, o corrupto, o lacaio das empresas nacionais e multinacionais”. Faço minhas essas sábias palavras do imortal Bertold Brecht, palavras que são verdadeiras em qualquer país, em qualquer época. 
Os analfabetos políticos, induzidos a acreditar que nada na política é integro e que a mesma resume-se a partidos e candidatos disputando importantes cargos públicos as custas de promessas que nunca são cumpridas, evitam tomar conhecimento dos fatos cotidianos de seu município, estado ou país, não participando também das decisões de seu bairro ou de sua cidade. 
A política faz parte da vida de todo cidadão e influi diretamente no cotidiano de todos sejam crianças ou adultos. A política está presente nos sermões do padre ou do pastor e na condição social de cada um. Um voto bem analisado pode ser a diferença entre ter o que comer ou não no dia de amanhã. 
Atualmente a base da maior parte dos discursos político-partidários esta na promessa de assistencialismo, mantendo a dependência eterna do povo, que sem condições de manter-se com seu próprio trabalho depende de esmolas para sobreviver. Continuamos votando em quem promete ajuda, mas nada faz para resolver definitivamente os problemas da nação. É preciso conhecer bem o candidato antes de votar, conhecer seu passado profissional e pessoal, pois seu destino está em seu voto. 
Pobre analfabeto político que não sabe que junto com seu voto ele está entregando seu futuro, praticamente vendendo sua alma. Alguém um dia disse que todo povo tem o governo que merece, vamos transformar essa afirmação em realidade através de um voto consciente, demonstrando que o Brasil merece os melhores governantes possíveis. Votar em branco, anular o voto ou votar em candidatos envolvidos em escândalos é entregar é aceitar a condição em que estamos.

quinta-feira, 29 de abril de 2004

Guia didático da Energia Solar: Solar 1- Barragem Sabor-O

No âmbito do "Concurso Solar Padre Himalaya" foi publicado um guia didáctico de energia solar (ainda incompleto) com muito interesse não só para os concorrentes (alunos e professores) como para todos os entusiastas e curiosos da energia solar, o qual pode ser baixado aqui !

Isto numa altura em que um ano após Resolução de Conselho de Ministros sobre Política Energética, os incentivos fiscais às energias renováveis SÃO UMA FARSA; e a Poupança de emissões de gases de estufa pela eventual Barragem do Sabor é mínima e estudo de impacte tem CONTAS MAL FEITAS
FONTE:Quercus.

A Sociedade Portuguesa de Energia Solar tem ao dipôr dos interessados ( espero que haja cada vez mais) um directório de empresas certificadas na instalação de paineis solares a nível nacional e promove outras actividades.

quarta-feira, 28 de abril de 2004

Precisamos de uma Revolução de Mentalidades

Pegada Ecológica
Em 2000, Portugal apresentava uma pegada ecológica de 5,34 hectares/per capita, ainda que a biocapacidade do país ronde os 1,6
hectares/per capita. Neste contexto o deficit ecológico de Portugal rondava os 3,74 hectares/per capita.
Não foram implementadas medidas desde o ano 2000 que possam indicar uma alteração na tendência de Portugal para aumentar a sua pegada ecológica ano após anos (entre 1999 e 2000, Portugal foi o 3º país da UE que mais aumentou a sua pegada ecológica), pelo que em 2004, provavelmente, a pegada portuguesa será ainda superior à registada em 2000.
De referir que a pegada ecológica para a população mundial não deveria ultrapassar 1,8 a 2,2 hectares.

Aspectos Sociais

O investimento na educação ambiental foi muito reduzido e o seu papel diluído um pouco por todo o país.
O investimento na área da investigação e desenvolvimento é dos mais baixos da Europa.
O acesso à Internet é cada vez mais generalizado (cerca de 13% das famílias possuíam ligação à Internet em 2001), mas ainda assim, não deixa de ser pouco significativo face à realidade nacional. De referir que a tendência é de aumento. Mais indicadores.
Relembro Aldo Leopold, pois é urgente a cidania crítica . É urgente Reflectir; Responder;Reavaliar com base em dados, recursos e meios. É urgente participar!. É urgente mais Educação Ambiental!

terça-feira, 27 de abril de 2004

Dossiê - A Minha Bibliografia

Haeckel- "Trochilidae"

1978 - 1987
  • Papalagui de Tuiavii
  • Fernando Pessoa- quase toda obra
  • Sophia de Mello Breyner- leio e releio muitas vezes
  • Eugénio de Andrade ("As Mãos e os Frutos" principalmente), mas também é um autor que eu amo muito
  • O principezinho de Antoine Saint-Exupéry
  • Manhã Submersa de Virgílio Ferreira. Tocado pelo filme que passou na TV e conquistado pelo livro
  • "Gaibéus" e "Constantino Guardador de Vacas e de Sonhos", de Alves Redol
  • Retalhos da Vida de Um Médico, de Fernando Namora. Segui a série na TV e li o livro. Muito cativante.
  • As aventuras de João Sem Medo de José Gomes Ferreira. Leio e releio
  • Carl Sagan: "Cosmos",  "Cérebro de Broca"
  • Hermann Hess. Quase toda a sua obra. Releio algumas vezes
  • Triunfo dos Porcos e 1984 de George Orwell -Eric Blair, conhecido pelo pseudónimo George Orwell, escritor, jornalista e militante político, participou da Guerra Civil Espanhola na milícia marxista/trotskista e foi perseguido, junto aos anarquistas e outros comunistas, pelos stalinistas. Desencantado com o governo de Stalin, escreveu O Triunfo dos Porcos em 1944.
  • William Shakespeare- destaco Hamlet e Otelo (site William Shakespeare 400), mas já li quase toda a sua obra
1988
  • Viagem Fantástica ao Cérebro, de Isaac AssimovBrilhante.
  • O Castelo de Kafka- mudou radicalmente o meu olhar. Jamais fui o mesmo
  • A Metamorfose de Kafka - o mistério, o humanismo, a metáfora
  • Siddharta de Herman Hess- sempre quis perspectivar, procurar a síntese de todas as religiões. Este é um livro marcante.
1989
1991
  • O Livro Negro da Poluição de Guy TaradotNuma linguagem muito objectiva mas com um discurso demasiado negativo. Torna-se enfadonho. É interessante como consulta.
  • A Obra Ao Negro de Marguerite Yourcenar- Um dos pontos fortes do romance é o de não caricaturar o poder, apresentando as altas autoridades da época como cínicas e corruptas. Os textos sobre a prisão e o julgamento de Zenão são, a esse respeito, sintomáticos, porque constituem uma confrontação entre dois mundos irreconciliáveis.
1992
  • Contos Orientais, de Marguerite YourcenarO segundo livro que li desta escritora. Cativou-me a riqueza literária e as ideias formuladas pela autora.
  • O Fim da Natureza, de Bill MckibbenPoderia ser um romance mais cativante. Envolve algum suspense bem conseguido. Contudo o fim é demasiado previsível.

1993
  • Era do Átomo- Crise do Homem, de Vitorino Nemésio Preparei um Dossier Não ao Nuclear em homenagem pessoal a uma obra tão oportuna e visonária
1995
  • A televisão, de Karl PopperO autor ajudou-me a criar um espírito crítico relativamente a mais argumentos aos que eu já apresentava relativamente à selecção dos programas que podem ser vistos, aos critérios de qualidade argumentativa, ao número de horas de exposição, etc. Conclui que qualquer cidadão deve integrar a TV com outra actividade, principalmente não tão alienada (leituras, artes, música).

1996
  • O Perfume, de Patrick Suskind
  • No Castelo do Barba Azul, de George Steiner

1997
  • De Profundis, de José Cardoso PiresMuito intenso
  • Crime e Castigo, de Dostoievsky

1998
  • Sophia de Mello Breyner- "Geografia", "O Búzio de Cós", "O Cristo Cigano" e "Dual"
  • A Disciplina do Amor, de Lígia Fagundes Telles
  • Confesso que Vivi, de Pablo Neruda
1999
  • História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar, de Luís SepulvedaMagnífico. Profundo. Surpreendente.
  • Um velho que lia romances de amor, idem
  • O Diário, de Sebastião da GamaPara guardar no coração como o Sol que brilha para todos.
2000
  • A viagem ao fim do mundo, de Luís Sepúlveda
  • Cronicando, de Mia Couto
  • Amor, poesia, sabedoria, de Edgar Morin
  • Ursa Maior, de Mário CláudioUma obra magnífica. Envolvendo criminosos e o mundo prisional, o autor remete-nos para questões intemporais: a violação do privado; o homeocentrismo como fim da vivência pessoal e o questionar sobre o que somos: matéria e/ou espírito? O autor conclui a obra de forma extremamente trágica e imprevisível, um romance aberto deixando espaço e tempo para releituras mais finas e aprofundadas. A obra também ganha muito pela coesão narrativa conseguida, apesar de envolver  (incrivelmente) muitas personagens e enredos.
  • O Mistério dos Mistérios, de Clara Pinto CorreiaPara quem quer realmente desenvolver a Educação Sexual, a autora compilou, habilidosamente, vários documentos sobre a evolução do pensamento científico na área da reprodução humana. Uma obra imperdível.
  • A Morte Melancólica do Rapaz Ostra e Outras Estórias, de Tim BurtonMuito divertido.

2001
  • As Horas, de Michael CunninghamUm romance muito original em muitos aspectos. O principal é de que tenho a certeza que a loucura, ilustrada na obra pela vida de Virgínia Woolf - em certas pessoas é uma resposta individual à insatisfação intensamente vivida por ela relativamente ao status quo da sociedade em que vivem. Pretendem geralmente algo além do tempo em que decorre as suas vivências mas que não encontram outra concretização senão adoptando (despropositadamente, embora não parecendo) comportamentos de risco. Outros aspectos muito belos é a capacidade de o autor narrar a vida de três pessoas, com muita subtileza mas realista que até dói . Finalmente, esta obra é também surpreendente, pelo facto do autor, após um aparente paralelismo da vida dos três personagens, durante praticamente toda a narrativa, entrecruzar as suas vidas.
  • Em nome da terra, de Vergílio FerreiraTriste. Talvez o compreenda melhor mais tarde.
  • A caverna, de José SaramagoLento, lento. Lento.
  • O Sapo Francisquinho, de Clara Pinto CorreiaUma seca. Era preferível estar quieta e dar as suas aulas de iniciação à Taxonomia dos Vertebrados.
  • Herbário, de Jorge Sousa BragaUm conjunto de poemas muito bonitos. Curtos e criativos.
  • Memórias de Adriano, de Marguerite YourcenarRoma e os imperadores. Houve muitos. Mesmo não desejando ser contemporâneo de Nero, apesar da sua importância para que hoje os erros da sua governação não se repitam, Adriano é um Imperador. Foi um homem empreendedor, diplomático, astuto quanto baste, militar, idealista, filósofo e admirador das artes, não sendo artista.
  • O Jardineiro do Rei, de Fréderic RichaudO Barroco e o Absolutismo. A extrema hierarquização sócio-política dessa época estão bem evidentes, apesar de um convívio próximo do jardineiro de Versalhes e do Rei-Sol. Mais do que um elogio à tenacidade e fé do jardineiro, o autor mostra a importância de espaços verdes arquitectados como uma arte e, portanto, é urgente recuperar e aumentar o número de Jardins nas cidades.
  • A Vida é Breve, de Jostein GaarderA mulher e amante de Santo Agostinho expõe-se e expõe o marido. Sem cair na auto-piedade, o leitor entristece-se com as lamentações dela. Além disso, muitas locuções e pensamentos latinos são dignos de registar, pela simplificação e sonoridade das palavras bem como da poesia que brota dos mesmos. Por exemplo:Feminis lugere honestum est, viris meminisse Trácito ( À mulher convém chorar as perdas, ao homem, recordá-las );Vitem impedere vero de Juvenal ( Dediquei a minha vida à verdade ); O tempora, o mores de Cícero ( Ó tempos, ó costumes!)
  • O circo maravilhoso da Serpente Vermelha, de Isabel Alçada
  • O gato e o escuro, de Mia Couto
  • A maior flor do mundo, de José Saramago
  • A História da dona lavandisca Alvéola, de Manuel Mouta FariaInteressante.

2002
  • O Velho e o Mar, de Ernest HemingwayA velhice, a juventude, a felicidade e a infelicidade, a força, a malícia verdadeira na relação Homem-Animal, a coragem e a ternura, a pesca e a arte da pesca. Um livro profundo e uma história ( ilusoriamente e propositadamente ) simples. Amar é pensar.
  • Contos Exemplares, de Sophia de Mello Breyner AndresenCom um profundo e fecundo prefácio do Bispo do Porto António Ferreira Gomes. Uma obra imortal.
  • O sexo dos anjos, de Júlio Machado VazLeitura fácil, escorreita mas que na parte da transcrição dos programas de rádio poderia mostrar maior criatividade. As reflexões são muito interessantes, pois é quase autobiográfico. O autor expõe-se e simplifica anseios e dúvidas sobre amor, sexo e morte.
  • Breviário do Sol, de Francisco Duarte Mangas e João Pedro MéssederInteressante perspectiva poética acerca do astro. Digno de nota é o dicionário no fim
  • Bichos, de Miguel Torga-Voltei a reler. O autor preferiu recorrer a fábulas no intuito de explicar percursos de vida humana, à semelhança de comportamentos registados em certos animais. A escolha destes temas é recorrente de Miguel Torga: a liberdade, Trás-os-Montes, a solidão, a religião, a esperteza sadia e coragem. Uma obra bela. Tem poesia.
  • Quem me Dera ser Onda, de Manuel RuiManuel Rui nasceu no Huambo, Angola. A história é muito divertida.

2003
  • A Vida de Pi, de Yan MartelA obra está dividida em 2 grandes partes: uma primeira, mais divertida, feliz e que aborda a infância e juventude do personagem Pi e sua vontade de pertencer a três religiões. A segunda parte é muito trágica, enervante por vezes escatológica!.... Nesta ficção nunca li um autor que descrevesse escarnadamente sobre os limites da sobrevivência. Muito duro. É uma obra dura, escravizando o leitor, sem retorno, a não ser um final (abruptamente) feliz.
  • Retrato de um Artista Quando Jovem, de James JoyceA religião e quando os costumes e uma vida social sempre em torno da religião e a servir a religião também abafa em vez de crescer a espiritualidade.
  • Era Bom que Trocássemos umas Ideias Sobre o Assunto, de Mário de Carvalho Hilariante, divertido e um retrato de decepção em relação à causa comunista.
  • Húmus, de Raul BrandãoMuito triste. Muito defunto.Muito realista.
  • Edição Multimedia (Livro+ CD) Peter and Wolf , de Bono com Gavin FridayEspectacular

2004
  • Felicidade, de Will FergusonUma vida à procura da felicidade é mal vivida e infeliz. Vale a pena ler esta obra principalmente porque assinala, espero, uma condenação aos livros de auto-ajuda.
  • Fantasia para Dois Coronéis e uma Piscina, de Mário de CarvalhoUm livro bastante mordaz sobre o País dos nossos dias e com uma visível preocupação ecológica, inclusive abordando a questão dos transgénicos.

2005
  • Dias exemplares, de Michael CunninghamObra muito negra, muito pessimista. Não fui capaz de a ler até ao fim
  • Eu hei-de amar uma pedra, de António Lobo AntunesTítulo tão atraente e uma obra muito confusa, muito difícil de ler.
  • A república dos corvos, de José Cardoso PiresMuito alfacinha, demais. Não tenho as mesmas referências, pelo que o autor não foi capaz, a meu ver, de tornar a história algo mais universal.
  • Margem da ausência, de Urbano Tavares RodriguesGrandioso livro.
  • Planisfério Pessoal, de Gonçalo Cadilhe
  • Histórias Falsas, de Gonçalo M. Tavares- um excelente cruzamento de filosofia e fantasia

2006
  • Viver todos os dias cansa, de Pedro PaixãoContos que exigem uma reflexão sobre a modernidade e a errância dos valores.
  • Hoje não, de José Luís PeixotoContos
  • As Ondas, de Virgínia WoolfBelas descrições e demonstra um profunda sabedora das incompreensões sociais da humanidade, do invisível conflito do ser e parecer.
  • Be the change you want to see, de Pedro Jorge PereiraUma outra perspectiva do mundo através do voluntariado
  • A Desilusão de Deus , de Richard Dawkins

2007
  • Uma pequena História do Mundo, de E.H. GombrichEmbora um pouco centrada na evolução da História da Alemanha, de resto ao ler esta obra ficamos realmente com um panorama cronológico das civilizações humanas que existiram e outras que surgiram desde que o Homem evoluiu no planeta Terra.
  • O Coração dos Relógios; Nossa Senhora de Burka; Da guerra e da paz; De Camões a Pessoa, a Viagem Iniciática, todas obras de Maria AzenhaMostra e consegue evidenciar o êxito da universalidade dos dois poetas
  • Condomínio da TerraUm livro muito coerente, fascinante pela simplicidade e por isso desafiante. Fiquei cheio de energias novamente.
  • Algumas Distracções, de Francisco José Viegas
  • Psiquiatras, psicólogos e outros doentes, de Rodrigo Avia- Apelativo, porém pouco interessante.
2008
2009
2010
  • Pais Brilhantes, Professores Fascinantes, de Augusto Cury
  • Disciplina na sala de aulas, de Luís Aires
  • Eduardo Punset Frente a Frente com a Vida, a Mente e o Universo
2011
  • O afinador de pianos, de Daniel Mason
  • Quando Éramos Peixes, de Neil Shubin - Uma viagem pelos 3,5 mil milhões de anos de história do corpo humano
2012
  • Kafka à Beira-Mar, de Haruki Murakami
  • Rómulo de Carvalho, Príncipe Perfeito, de Cristina Carvalho

2013
  • A Passo de Caranguejo, de Umberto Eco
  • Pela Europa! de Daniel Cohn-Benedit e Guy Verhofstadt- Um verdadeiro manifesto por uma revolução pós-nacional na Europa
2016
  • O Filho de Mil Homens, de Valter Hugo Mãe
  • A Desumanização - idem

NOTA: Vou postando sequencialmente a minha bibliografia ao longo do tempo.

segunda-feira, 26 de abril de 2004

Ainda Montemuro


Caro João Paulo Soares:

A Serra do Montemuro é sítio de Rede Natura 2000. No entanto os seus limites apanham apenas parte da zona eucaliptizada (ainda não sei porque é que incluíram essa zona, talvez para servir de tampão).
As árvores junto à estrada de que fala não sei onde são, mas obras e estradas maltratadas é o que não falta por lá.

Sou montemurana de coração (e quase de nascença), tendo vivido toda a minha infância e adolescência naquelas paragens, e acho que a área tem uma data de problemas ainda mais preocupantes. A velocidade a que os parques eólicos se espalham por aquela Serra, sem que se faça um estudo ambiental para o conjunto dos vários parques, mas apenas para um de cada vez (é claro que o impacto de um parque é muito diferente do impacto das carradas de parques que neste momento proliferam pela serra). A possibilidade de uma mini-hídrica no ribeiro Bestança é ainda mais assustador, uma vez que esse ribeiro encerra valores ambientais muito importantes.


Mas o que me assusta mais é a falta de informação sobre o património ambiental da área. Esta foi classificada devido à presença de lobo-ibérico (núcleo mais importante a sul do Douro), de ribeiros com galerias ripícolas conservadas, turfeiras de altitude e salamandra lusitânica e etc, mas o desconhecimento que existe sobre a região em diversas áreas é notório, sobretudo nas Câmaras Municipais. Embora toda a gente se dê conta do valor do Ribeiro Bestança, por exemplo, não há nenhum  estudo sobre a flora, e que eu conheça, só os anfibios foram bem estudados na zona.


Sobretudo é necessária ajuda para estudar a Serra, com todo o seu património natural e histórico, e para pensar projectos de desenvolvimento que possam "premiar" as pessoas que aí habitam, sofrendo todas as consequências do isolamento e esquecimento a que foram votadas durante todo este tempo e que são, em última análise as principais responsáveis pelo sucesso ou insucesso de politicas de conservação. Toda a que vier é bem vinda.
Com os melhores cumprimentos

Alexandra Sá Pinto (via email)


Após a leitura da sua carta, muito esclarecedora, creio que é necessário e urgente proteger ambientalmente a belíssima serrania de Montemuro e presevar a cultura das suas gentes.Muito obrigado e espero ter boas notícias em breve.



domingo, 25 de abril de 2004

25 de Abril, os Jovens e os Media (principalmente a TV)



Videoclip "Freedom" - Recarga from Filipe Couto on Vimeo.


Todos os anos e em cada 25 de Abril, os principais canais de TV "querem" mostrar que os jovens são incultos, indiferentes, etc. ao 25 de Abril. Não falo aqui de qualquer teoria da conspiração, mas é um erro que as nossas televisões praticam e uma mentira consentida.
Tal não é verdade! Senão, vejam este e muitos outros vídeos que circulam pela net, trabalhos escolares e/ou circulemos pelas nossas cidades em que tantas crianças da Pré e Ensino Básico enchem-nas de esperança e de cores!

sexta-feira, 23 de abril de 2004

Livros em movimento...pela não-exclusão do conhecimento

O Dia Mundial do Livro foi instituído pela Unesco em 1995 com o objectivo de estimular a leitura de obras construtoras de saber e democratizar o acesso ao Livro. A par desta iniciativa - tão fundamental para um verdadeiro e genuíno humanismo, contribuindo para a construção de uma sensibilidade maior à Natureza, à Criatividade, ao Sonho eà Utopia, surgiu uma organização cívica, a Bookcrossing, criada em 2001, que rapidamente a sua mensagem "Passa a outro e não ao mesmo", despertou nas pessoas um sentimento de generosidade, que parecia nesta época de real individualismo e competitividade, pode ser de facto invertido se mais pessoas aderirem a este movimento tão ÉTICO! Portugal já é o quinto país com mais membros (3000), deste mundo mundial. Para saber mais ir ao site já indicado.
Além disso e muito recentemente a Bookcrossing está a organizar a Campanha Livros Pela Paz. Vamos aderir.

quinta-feira, 22 de abril de 2004

Rodovias Mortais e Absurdas

Não são só as belas quintas vinhateiras do Douro, as paisagens e os valores naturais que são sacrificados sem pensar pelos que concebem e executam o nosso sistema rodoviário (emanação de uma sociedade que
interiorizou a prótese automóvel como uma conformação congénita). Também as pessoas são sacrificadas e por vezes mortalmente. E se as populações directamente atingidas não protestam, nem sequer as regras de mais elementar segurança são cumpridas, em casos que infelizmente não são raros. Eis hoje o
exemplo de Adémia. Mas neste mesmo boletim, vários outros foram já evocados.
Exprimindo a mesma atitude geral de negligência e de indiferença ao massacre do peão na estrada.
José Carlos Marques


Adémia cortou EN111 para exigir passeios
Coimbra / Rodovias / Segurança
Jornal de Notícias 21 de abril de 2004

Moradores estão fartos de assistir a acidentes mortais e querem segurança para os peões População exige um prazo para o início da obra Joaquim Almeida Uma vigília para contestar a falta de segurança na
circulação de pessoas, no troço da Estrada Nacional (EN) 111, na Adémia, arredores de Coimbra, acabou num corte de trânsito naquela estrada, ontem, cerca das 18 horas. Os populares exigem a construção de passeios para não terem de partilhar o alcatrão com os automóveis e, dessa forma, evitar mais
atropelamentos, alguns deles mortais, o último dos quais ocorreu há cerca de 15 dias e vitimou uma senhora idosa.

quarta-feira, 21 de abril de 2004

A blogosfera está a crescer no apoio aos Direitos dos Animais

Pela adesão à campanha Boicote ao Turismo no Canadá, apoiada pela ANIMAL e pelas referências que tenho encontrado nos seus blogs sobre os Direitos dos Animais, agradeço os amigos que já se associaram:
Ondas;
Reciclemos
MeioAmbienteUrgente(BR)
O Vizinho
Espanto
Continuação de um bom trabalho.Um abraço

terça-feira, 20 de abril de 2004

Árvores e Oxigénio

Quem não dá grande valor à árvore enquanto ser vivo talvez encontre nesta citação outro motivo para as manter vivas.

"Uma faia de 100 anos, 25 m de altura e 15 m de diâmetro de copa produz, num ano, oxigénio suficiente para a respiração de 10 pessoas. Se essa árvore morrer, seria necessário plantar 2700 árvores novas, cada uma com um diâmetro de copa de 1 m, para produzir o mesmo efeito."
(Plano verde da cidade de Toronto)



segunda-feira, 19 de abril de 2004

O Abandono Escolar e o PNAPAE

Fui contactado pela Federação das Associações de Pais do Concelho de Gondomar cujas actividades e site merecem consulta. Além disso,se é pai e/ou encarregado de educação residente em Gondoamr associe-se ou entre em contacto com a FAPCA. A todos os professores, os pais/encarregados de educação apelo a que conheçam as actividades da Confederação Nacional das Associações de Pais. Há muito tempo que visito a sua página. Assinei hoje o seu livro de visitas.
Outro assunto que me leva a falar sobre Educação é o PNAPAE. Encontra-se o documento completo no ME e na CONFAP. A esse propósito li o artigo publicado no Público de 17/04/04,por Santana Castilho:"
Pnapae - A sigla significa Plano Nacional de Prevenção do Abandono Escolar. São 143 páginas que me deixam a sensação de terem sido escritas para que os autores sejam admirados, que não entendidos, por uma sociedade de parvos, em que eles são a excepção. Transcrevo duas pérolas deste exercício de tanto escrever e pouco dizer. Retiro-as da "versão síntese", página 5, linhas 2 a 5 e 9 a 10, respectivamente, quando o documento explana os seus dois conceitos-chave. Segurem-se:
" ... A resiliência escolar ou educativa, isto é, a capacidade do indivíduo ficar na escola, apesar dum conjunto de características dos subsistemas (o próprio indivíduo; a família; a escola; o meio envolvente) que motivariam para o abandono escolar..."
" ... O educational life-span, isto é, a prevenção do abandono escolar ao longo do ciclo de vida escolar e formativo dos sujeitos..."
Com conceitos-chave destes não vamos lá! Com tais doutos a tratar-lhe do "life-span", os jovens só mostram sanidade mental ao fugir da escola o mais rápido possível. E que não percam a embalagem e se pirem do país enquanto é tempo, é o meu conselho.
Há 30 anos que fazemos planos. Que ouvimos promessas. Que estabelecemos metas. Que discutimos e evocamos modelos. Que estabelecemos conceitos. Estamos fartos de tanta reflexão e nenhuns resultados. Notícia Completa

domingo, 18 de abril de 2004

Terra de Cinfães, Vilar de Arca e Montemuro



Atraído pelo bonito livro " Arca de Flores" de Paulo Bateira, fui conhecer a região de Cinfães.
O MELHOR

1. A cidade de Cinfães é muito agradável. Há um nicho muito interessante de casas em xisto antigas próximo da Câmara. As pessoas são acolhedoras e simpáticas. A descida até ao Porto Antigo merece bem uma visita. Além da espectacular paisagem, apreciei a presença de oliveiras misturadas com os carvalhos.

2. A Associação de Defesa do Vale de Bestança mostra como é possível preservar um espaço natural, com o mínimo impacto do Homem. O Vale de Bestança é de facto muito belo.

3.A serra granítica de Montemuro.

4. Quando cheguei a Vilar de Arca compreendi a voz e o apelo de Paulo Bateira. Constitui, de facto a aldeia em que a "gente encontra ninhos em cada peito e aves em cada ramo" ( Guerra Junqueiro). Situada a uma altitude de 900m, fértil e com uma perspectiva das serranias muito ampla e a tocar os céus. Está a necessitar de algumas intervenções de recuperação urgentes - particularmente os bonitos espigueiros.

O PIOR

1.Os montes entre Castelo de Paiva e Nespereira, que estão pejados da monocultura do eucalipto!!

2. A estrada 222, do Porto Antigo até à barragem de Carrapatelo está em obras e, segundo informação de pessoas residentes na localidade, foram já abatidas árvores centenárias que nada estorvavam nessas obras, pressupondo-se, portanto, que tinham "o destino marcado" por interesses madeireiros.

Fui alertado (e alerto quem possa intervir) de que há intenção de se proceder ao abate de mais árvores, frondosas e muito antigas, nessa estrada. Essas árvores já se encontram "marcadas"...provavelmente para o mesmo fim. Já enviei esta informação à Quercus.

3. Uma grande lixeira e uma estação de gasolina no meio da Serra de Montemuro!!  É lamentável!

4. O ruído e a fealdade das eólicas instaladas ao lado da Aldeia Vilar de Arca.

sexta-feira, 16 de abril de 2004

Regulamentos da UE sobre OGM aquém da protecção exigida

Já há um comentário no Estrago da Nação. No entanto “Os Verdes” denunciam:Regulamentos da UE sobre OGM estão aquém da protecção exigida.

O Partido Ecologista “Os Verdes” espera que a entrada em vigor dos dois novos Regulamentos Europeus sobre a Etiquetagem e a Rastreabilidade não sirva de justificação para que o Governo português se posicione a favor do fim da Moratória de Facto, existente na União Europeia desde 1999 e que impediu até hoje a entrada em vigor de novas autorizações de OGM – Organismos Geneticamente Modificados - ao nível da UE.

“Os Verdes” consideram da maior importância a adopção de legislação no sentido da protecção e da informação aos consumidores sobre os alimentos, desde os seus componentes às diferentes etapas da sua produção. No entanto, para “Os Verdes” os regulamentos que agora entram em vigor, continuam a estar aquém da protecção exigida e a apresentar graves lacunas, nomeadamente:

- Etiquetagem - adopção de teores de contaminação de alimentos por OGM: o regulamento impõe que a etiquetagem de alimentos se faça a partir de 0,9% de componentes OGM. Este valor fixado não corresponde ao que, do ponto de vista científico, são os limites detectáveis de OGM, correspondendo em nosso entender a uma cedência feita ao forte “lobby” da agro-indústria. O tão propagandeado direito de escolha dos consumidores de poderem ter acesso a alimentos livres de transgénicos fica desde logo condicionado.

- Aceitação da presença de OGM não autorizados: por mais 3 anos será aceite a presença de OGM não autorizados pela UE até ao limite de 0,5% sem que a etiquetagem desses alimentos seja obrigatória. “Os Verdes” entendem ser escandalosa a adopção de legislação que “legaliza” a presença de OGM não autorizados na UE em alimentos que irão estar em circulação e venda ao nível do espaço europeu.

- Produtos animais isentos de etiquetagem: ovos, leite e carne provenientes de animais alimentados com rações OGM não serão obrigados a mencionar em etiqueta tal facto.

“Os Verdes” manifestam ainda a sua extrema preocupação em relação ao silêncio e ausência por parte do Governo, no que diz respeito à informação e debate sobre esta matéria com os consumidores e agricultores, na definição de um quadro legal em relação à responsabilidade jurídica dos possíveis problemas de saúde, ambientais e económicos, ligados à utilização de OGM e sobre a apresentação de um plano nacional sobre a coexistência de culturas biológicas e convencionais e culturas transgénicas, o qual do ponto de vista comunitário, tem obrigação a apresentar.

O Gabinete de Imprensa

Lisboa, 16 de Abril de 2004


quinta-feira, 15 de abril de 2004

Em defesa da Biodiversidade! Pelo rio Sabor sem barragens!

Mais uma iniciativa da Plataforma Livre. Nos dias 22 e 23 de Maio de 2004, Mogadouro há um programa vastíssimo de modo a mais pessoas conhecerem o último granderio selvagem de Portugal e manifestar-se contra o projecto de construção de uma grande barragem que destruiria um santuário
natural único!

PROGRAMA

Dia 22 – sábado
13h30 – Concentração na Ponte de Remondes.
14h00 – Chegada de grupo de canoístas.
14h30 – Almoço campestre nas margens do rio Sabor.
15h30 – Passeios guiados pelo vale (observação do leito de cheias,
flora e vegetação, avifauna)
19h30 – Chegada a Mogadouro – preparação das dormidas.
21h00 – Jantar convívio.
23h00 – Conversa e Projecção de imagens sobre o rio Sabor.

Dia 23 – domingo
10h00 – Saída de Mogadouro para percurso pedestre até Sto André
(aldeia abandonada na margem do rio Sabor)
13h00 – Almoço campestre junto ao rio Sabor

A ficha de inscrição, ficha de alojamento e indicação sobre como chegar ao local, contactar, p.f.:
plataforma@saborlivre.org
93 6274097 (Bárbara Fráguas)

quarta-feira, 14 de abril de 2004

Manifesto - Os cidadãos, a REN e a RAN



Manifesto - Os cidadãos, a Reserva Ecológica Nacional (REN) e a Reserva Agrícola Nacional (RAN) Os conceitos de Reserva Ecológica Nacional (REN) e de Reserva Agrícola Nacional (RAN) são instrumentos fundamentais para garantir um correcto ordenamento do território. São elas que garantem a boa condição da sua existência no que respeita à manutenção da capacidade produtiva dos solos e ao adequado desempenho dos sistemas ecológicos indispensáveis à qualidade da vida humana – ou seja, à nossa. Estas reservas designam-se por “Nacionais”, porque os problemas da gestão do ciclo da água e dos nutrientes não podem ser considerados exclusivamente a um nível municipal, e porque se trata de salvaguardar valores que são de todos os cidadãos de hoje e do futuro. Estes dois instrumentos da política de ordenamento do território - RAN e REN - não são instrumentos de salvaguarda de valores únicos e notáveis como a Rede Natura ou as Áreas Protegidas. Mas são tão vitais como elas, embora a sua gestão tenha vindo a sofrer dificuldades e mesmo irracionalidades há muito identificadas. É por isso consensual a necessidade da sua revisão. O que pretendemos é relativamente simples de enunciar e, acreditamos, de executar: • Uma revisão que reforce o sentido de património nacional a salvaguardar por estes instrumentos; • Uma revisão que reconheça nos cidadãos a maturidade para se pronunciarem em qualquer altura sobre o processo; • Uma revisão que aponte no sentido de uma maior democraticidade de processos e dos mecanismos de gestão; • Uma revisão que dê corpo ao princípio de pensar globalmente, planear regionalmente e agir localmente; • Uma revisão assente em trabalho técnico sério e indiscutivelmente reconhecido. Por querermos isto, vimos desafiar o Governo a trabalhar connosco e com todas as organizações interessadas, no sentido de definir um modelo de discussão pública alargada sobre a matéria, que permita ultrapassar as mesquinhas querelas corporativas, partidárias e de interesses sectoriais. O processo de discussão deve ter por base uma avaliação rigorosa de diversos casos de estudo que identifiquem o modo como a aplicação dos instrumentos referidos tem decorrido. Assegura-se, em princípio, que as soluções finais a aprovar, contribuam para que os generosos conceitos que estão na base da instituição destes dois instrumentos de uso racional do território sejam, final e livremente, adoptados pelos cidadãos, como um bem público cujos custos devem ser suportados por todos, porque todos deles beneficiam. Esperamos que os sinais iniciais de secretismo e as dúvidas sobre a forma, objectivos e motivações que têm presidido à elaboração de documentos base da discussão, sejam apenas acidentes de percurso fácil e rapidamente ultrapassáveis pela abertura e transparência das fases seguintes deste processo. 13 de Abril de 2004 Subscritores Carlos Aguiar, Eugénio Sequeira, Fernando Nunes da Silva, Francisco Ferreira, Gonçalo Ribeiro Teles, Hélder Spínola, Helena Freitas, Henrique Pereira dos Santos, Humberto Rosa, Jorge Palmeirim, Luísa Schmidt, Teresa Andersen e Viriato Soromenho-Marques Subscreva este manifesto Coordenadores do manifesto: Luísa Schmidt, Henrique Pereira dos Santos, Francisco Ferreira.

terça-feira, 13 de abril de 2004

Comboios Batem Transporte Aéreo e Rodoviário no Respeito pelo Ambiente

O sector dos transportes consome em Portugal cerca de um terço da energia existente para consumo final e é responsável pela emissão de inúmeros poluentes atmosféricos prejudiciais à saúde, ao clima e à qualidade do ar. Razões suficientes para que o Instituto Nacional do Transporte Ferroviário (INTF) comparasse o impacto ambiental dos vários tipos de comboios com o modo rodoviário e aéreo aplicados ao caso português.

Factores de Consumo por Lugar/km

Transporte ano 2000

TGV 0,19

Comboio eléctrico convencional 0,13

Comboio a diesel convencional 0,57

Avião Jetfuel Fokker 100 1,81

Autocarro de longo curso a gasóleo 0,21

Automóvel a gasolina 0,55

Automóvel a gasóleo 0,53

Fonte: INTF/PÚBLICO

segunda-feira, 12 de abril de 2004

A Relevância do Património Biológico

Há fundamentalmente três tipos de Património: Material, Cultural e Biológico. Sendo o Património Biológico o mais importante, resultante de milhões de anos de evolução e fonte inesgotável e potencial do Património Material, tem de ser melhor assegurado.

A Diversidade Biológica (Biodiversidade), que teve flutuações desde o início do aparecimento da vida no Globo Terrestre, tem vindo a decrescer drasticamente devido à expansão da população humana, atingindo actualmente os níveis mais baixos desde o Mesozóico.

Várias acções têm sido empreendidas pelas instituições internacionais para a Conservação da Biodiversidade, tais como medidas para proteger ecossistemas; para proteger espécies; para promover a conservação de espécies "ex situ"; e tendentes a limitar a contaminação da Biosfera com poluentes.

A conservação da máxima Biodiversidade dos organismos integrados nos respectivos ecossistemas é fundamental para a salvaguarda do ecossistema global (a Biosfera) habitado pela espécie humana.


domingo, 11 de abril de 2004

Filosofia e Meio Ambiente

Le Procope - café fundado em 1686 (Paris)
                                    


Praticamente todos os estudantes tiveram como disciplina escolar a filosofia, mas pouquíssimos continuaram dedicando-se a estes estudos ou desenvolveram alguma profissão ligada ao mundo filosófico. Isto porque há uma tendência pré-conceituada de que filosofia é um tema sem função prática e concreta, que não é importante no nosso mundo materialista moderno. Ledo engano, a filosofia é importantíssima hoje em dia como foi e será no futuro, seja qual for o caminho que nossa civilização tomar, uma vez que se originou, suporta-se e se desenvolve no poder de pensar do ser humano. O filosofar é intrínseco do homem, fazendo parte de sua vida, não podendo ser separado de sua existência.

A filosofia é a essência de todo o nosso pensar e consequentemente de nosso agir, não podendo assim estar fora de nosso cotidiano. A reflexão filosófica está presente em todos os atos de decisão que tomamos, mesmo que inconscientemente, mesmo que não percebamos. Qualquer atitude que tomamos é baseada em decisão que por sua vez levou em consideração nosso poder de pensar, refletir, ponderar, ou seja filosofar.

A filosofia surgiu na antiguidade grega e era uma forma de procura de paz interior, posteriormente ficou restrita a iniciados, em universidades. No século passado ganhou as clínicas psiquiátricas com a finalidade de curar os desajustes emocionais. Até então a filosofia vem sendo usada por psiquiatras e psicólogos como exercício de cura de enfermidades mentais, são os chamados filósofos clínicos. Na religião também vemos a filosofia ter seu espaço importantíssimo, utilizada que é para decifrar os caminhos da fé, das crenças e do pensar religioso dos homens. É a filosofia religiosa dando impulso à compreensão do místico, das crenças, da força criadora etc.

Já a necessidade de se entender a complexidade da vida moderna cada vez mais regida pelos reflexos do fenômeno da globalização, tem trazido inquietude mental à milhões de pessoas que são expostas a informações e conceitos que não lhes dizem respeito diretamente e que acabam sendo incorporadas a sua cultura, regendo suas vidas. Isto está trazendo a necessidade de reflexão sobre o cotidiano dos novos tempos, do significado desta vida moderna, surgindo dessa forma campo propício ao ressurgimento da filosofia, mas desta vez para o questionamento filosófico sobre o nosso “modus vivendi”, a nossa vida agora. Afinal, o fenômeno da globalização tem-nos afastado da nossa natureza humana, já que a tecnologia avançada e as máquinas estão tomando nosso espaço com milhões de desempregados pela “robotização”, milhões sofrem pelos conflitos gerados pela rapidez de mudança dos costumes propiciada pela comunicação instantânea e a insatisfação de termos que fazer coisas impostas pela mídia importada de países economicamente mais fortes. É a insatisfação muitas vezes inconsciente gerada pela imposição da cultura alheia. Isto propicia campo ao surgimento desta nova forma de filosofia, a filosofia moderna do cotidiano.

Assim, por este e outros inúmeros motivos surgiram na França os famosos “cafés filosóficos” nos anos noventa do século passado, alastrando-se por várias partes do mundo. Nestes locais pessoas de todas as faixas etárias e das mais variadas profissões discutem os problemas cotidianos, gerando um excelente e eficaz exercício de reflexão filosófica, que muitas vezes dão origem a ações ou movimentos de cidadania. Em algumas universidades já há uma postura mais aberta em relação a filosofia, propiciando a divulgação de obras filosóficas mais acessíveis ao público leigo com divulgação do tema ao público em geral.

Portanto, ao contrário do que muitos pensam, a filosofia está presente em nosso dia-dia e é de suma importância para o exercício da cidadania, pois sem reflexão filosófica nossas atitudes podem ser direcionadas por regras impostas e sem sentido, comprometendo nossa consciência com prejuízos inclusive psíquicos. A neurose sem dúvida é um dos reflexos de nossa existência impensada. Dessa forma, a filosofia está cada vez mais viva e deve fazer parte de nosso mundo como ferramenta imprescindível para uma postura crítica perante as situações que se apresentam, aliás cada dia mais complexas e difíceis de se entender, daí porque a popularização da filosofia como ciência e modo de reflexão da vida moderna deve ser incentivada e desenvolvida por todos. Pensem nisso.


sábado, 10 de abril de 2004

Ecologia Holística


Por Olimpio Araujo Jr.

Uma das palavras mais discutidas no momento é a Holística, isto é, a visão global do que nos cerca. Pensando de forma holística percebemos que tudo no mundo possui uma interdependência, principalmente quando se fala em meio ambiente. Se preservamos uma espécie vegetal que é interessante economicamente e deixamos de lado as que não são, também estamos pondo em risco a que está sendo preservada, pois todas fazem parte de um ecossistema interdependente.

Quando uma região fértil é mal utilizada e acaba transformando-se em um deserto, como é o caso de alguns locais no Rio Grande do Sul por exemplo, isso mexe com a economia local, ocasiona migrações, desequilibra o meio ambiente de forma global além de aumentar a pobreza.

Uma catástrofe ambiental local, pode tomar um efeito dominó e ocasionar perdas até em outros países. O mesmo vale para uma grande enchente, um terremoto ou outras manifestações naturais que abalam direta ou indiretamente todo o planeta. A globalização foi criada muito antes da humanidade surgir na Terra, pois a natureza sempre foi globalizada, e hoje, a economia e o meio ambiente tornaram-se intrinsecamente ligados, através principalmente da utilização de recursos naturais como o petróleo, os metais e a própria água, ou ata mesmo pela produção de alimentos que pode ser atingida duramente por mudanças climáticas, pragas oriundas do desequilíbrio da cadeia alimentar e até mesmo pelo mal uso do solo, que causa erosão, lixiviação entre outros problemas.

Quando emitimos gases tóxicos em nossa cidade, ou quando acontece um vazamento radioativo do outro lado do mundo, as conseqüências são sentidas em todo o mundo, sejam elas ambientais ou econômicas. Os problemas sociais, econômicos e ambientais nunca serão resolvidos se forem tratados de forma isolada. Por esses motivos, é necessário começarmos a enxergar nosso mundo de forma holística, onde todas as formas de vida dependem uma das outras e onde tenhamos consciência de que nossas atitudes podem ser a diferença entre a sobreviver ou não.
Sítio para visitar

sexta-feira, 9 de abril de 2004

WWF Portugal


A intervenção da WWF em Portugal, desenvolvida desde 1995 no âmbito do Programa Mediterrâneo, incide na conservação das florestas e na protecção da biodiversidade.A WWF em Portugal posiciona-se como uma organização internacional que procura trazer novas abordagens aos problemas de conservação da natureza nacionais. O programa de trabalho da WWF em Portugal visa a mudança do paradigma da conservação da natureza, até aqui assente na responsabilidade das instituições públicas. Esta aproximação, de algum modo alternativa às perspectivas mais convencionais, faz tanto mais sentido em Portugal onde, aproximadamente, 90% da floresta está nas mãos de privados. A prioridade da WWF é fazer de qualquer proprietário, empresário ou cidadão, um agente de conservação da natureza. Esta nova abordagem apela ao direito e dever de cada cidadão exercer uma gestão responsável dos recursos disponíveis. A WWF compromete-se a trabalhar com a sociedade portuguesa na procura de novas soluções de conservação da natureza e preservação da nossa biodiversidade. Este compromisso iniciou-se em 1995 e manteve-se vivo no lançamento da Iniciativa Nacional FSC, em Dezembro de 2006, o único sistema de certificação que garante uma gestão responsável da floresta. Para além da Certificação Florestal FSC, a WWF tem estado empenhada na protecção efectiva dos valores de conservação, em particular na região Sul de Portugal, no restauro ecológico da floresta mediterrânica, na promoção do consumo responsável, além de participar na definição de políticas florestais e de conservação da natureza.

quarta-feira, 7 de abril de 2004

Luiz Vieira Caldas Saldanha (1937-1997)


Por Fernando Reis, para o Instituto Camões-Ciência


Luiz Saldanha nasceu em Lisboa em 1937. Estudou no liceu francês e depois na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde se doutorou com um trabalho sobre a ecologia animal na costa da Arrábida. A partir de 1970, foi docente dessa faculdade. Aí foi professor catedrático desde 1979 até à altura do seu falecimento.

Desempenhou vários cargos de liderança institucional. Foi presidente do Instituto Nacional de Investigação das Pescas e do Instituto do Mar. Como responsável pelo Laboratório Marítimo da Guia, situado na estrada do Guincho, perto de Cascais, foi pioneiro no domínio da Biologia Marinha, tendo publicado vários trabalhos fundamentais para o desenvolvimento desta ciência em Portugal.



Actividade Científica

O Professor Luiz Saldanha foi um dos mais conhecidos biólogos marítimos portugueses. Foi o iniciador em Portugal do ensino universitário de Oceanografia Biológica e de Ictiologia (ramo da zoologia que estuda os peixes) e a grande força por detrás do actual envolvimento português na investigação internacional das profundidades marítimas.

Saldanha foi um grande impulsionador da intensa actividade de investigação da biologia marinha que actualmente se desenvolve em Portugal. Não descurava nem o ensino nem a divulgação científica, tendo produzido, por exemplo, os textos da série televisiva «O Mar e a Terra». Cientista de campo, Luiz Saldanha participou em numerosos projectos de investigação nacionais e internacionais. Trabalhou por diversas vezes durante longos períodos em laboratórios marinhos de França, Reino Unido, Estados Unidos e Mónaco. Participou em expedições oceanográficas no Mediterrâneo, Atlântico, Ártico, Antártida, Oceano Índico, e Oceano Pacífico.

Mergulhou regularmente nos submersíveis franceses «Archimède» e «Nautile» e no submersível norte-americano «Alvin». No decorrer dessas missões descobriu chaminés submarinas ao largo dos Açores, descoberta de grande alcance para o estudo da fauna e flora de grandes profundidades.

Foi Luiz Saldanha quem teve a audácia de sugerir que os portugueses deveriam avançar com uma missão de descobertas, agora no fundo do mar, pelo que os sucessos alcançados lhe pertencem em grande medida.
Entre outras honras, Luiz Saldanha tem uma espécie lepidóptera de Angola com o seu nome, a «Charaxes lucretius saldanhai», e um relevo submarino que se chama Monte Saldanha.

Publicações

Produziu cerca de 115 textos científicos em revistas especializadas nacionais e estrangeiras, e 5 livros. Dada a longa lista de publicações do Professor Luiz Saldanha, apresentam-se apenas alguns títulos como referência. Listagens mais completas podem ser consultadas nas páginas indicadas em Apontadores.
SALDANHA, Luiz, Estudo do povoamento dos horizontes superiores da rocha litoral da costa da Arrábida, Arquivos do Museu Bocage, V (1), 1-382, 1974. [Tese de doutoramento].
SALDANHA, Luiz, Sobre a forma das grandes profundidades marinhas e sua origem, Lisboa, L.V. Saldanha, 1974 [Prova complementar de Doutoramento].
SALDANHA, Luiz, Fauna submarina atlântica, Mem Martins, Publicações Europa-América, s.d. [1980].
SALDANHA, Luiz, Estudo ambiental do esturio do Tejo : povoamentos bentónicos, peixes e ictioplancton do esturio do Tejo, Lisboa :Comissão Nacional do Ambiente, 1980.
SALDANHA, Luiz, Fauna submarina Atlântica : Portugal, Açores, Madeira, 2ª edição, revista e aumentada, Lisboa, Europa-América, 1995.
SALDANHA, Luís & RÉ, Pedro, eds., One hundred years of Portuguese Oceanography. In the footsteps of King Carlos de Bragança, Publicações avulsas do Museu Bocage, 2ª série (2), 1997.

Apontadores
TriploV – Bibliografia de Luis Saldanha
Laboratório Marítimo da Guia
Article - Luiz Saldanha, Passion for the Sea

terça-feira, 6 de abril de 2004

História, Património e Ambiente

Acho os textos do arqueólogo Marco Osório absolutamente ilustrativos e claros para dinamizar algumas aulas com os alunos quando se debatem assuntos relacionados com a sustentabilidade ou património.
Deixo-vos um dos últimos textos que mais me despertou a atenção e que transcrevo-o na íntegra.

Eles comem tudo... II
Gostava de saber se alguém me consegue explicar porque é que um parque eólico com menos de 20 aerogeradores, em zona não classificada (patrimonial e natural) ou com menos de 10 turbinas, em área protegida, não requer estudo de impacto ambiental prévio.
Será que os legisladores que fazem os regulamentos têm uma lógica própria que nós não conseguimos alcançar? Será que as instituições públicas responsáveis não souberam explicar esta lógica a eles? Haverá nuances de interesses pelo meio?
O impacto sobre os vestígios arqueológicos e sobre a natureza efectuado por 9 hélices é menos merecedor de um estudo preliminar que um parque eólico com 11 hélices?
Tanto pode destruir um elemento patrimonial um aerogerador, como um conjunto de 21 hélices. Tanto podem matar as aves 5 hélices como 11. Os caminhos abertos até ao topo dos montes para colocar 3 ou 30 hélices produzem os mesmos estragos e danos ambientais.
Não poderão, assim, as empresas que lucram com esta iniciativa energética alternativa, e que conhecem a legislação, reduzir, propositadamente, o número de geradores eólicos para não arcar com estudos inconvenientes feitos por arqueólogos e biólogos chatos?

segunda-feira, 5 de abril de 2004

EDUCAÇÃO, MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

EDUCAÇÃO, MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

Olimpio Araujo Junior


Viver em um meio ambiente sadio e equilibrado é direito e desejo de todos, indiferente da classe social, etnia ou credo, mas devemos nos lembrar também da nossa responsabilidade na manutenção e conservação deste ambiente. Sabemos que um indivíduo só se torna um cidadão através das relações estabelecidas com os demais cidadãos, com a sociedade e com seu ambiente.

Um cidadão deve ter consciência de seus direitos e deveres, participando da luta democrática na defesa dos mesmos. Esta luta deve incluir a defesa dos ambientes naturais e antrópicos.

É neste momento em que a importância da educação fica ainda mais evidente. Não é possível falar em construção da cidadania sem pensar na prática educacional.

É de conhecimento de todos que grande parte dos impactos ambientais negativos gerados pela sociedade, como a poluição de rios, arroios e terrenos baldios com lixo doméstico e esgoto domiciliar, está diretamente ligado ‘a falta de informações e de escolaridade, principalmente, mas não exclusivamente, nas faixas mais carentes da população.

Um dos principais fatores geradores desta situação é a baixa renda dos trabalhadores nos chamados países "em desenvolvimento", que incentiva o trabalho infantil e a evasão escolar, privando estas pessoas da troca de experiências e da construção do conhecimento, essencial para uma melhor compreensão do mundo em que vivem.

Dentro deste contexto, é possível afirmar que através da democratização da informação e do investimento em um sistema educacional de qualidade voltado não só para crianças e adolescentes, mas para todo cidadão de qualquer faixa etária que deseje retomar seus estudos, poderemos formar verdadeiros cidadãos, capazes de juntos, transformar o mundo em um lugar melhor para se viver.


domingo, 4 de abril de 2004

Parque Oriental-Porto

As associações ambientalistas da cidade não dão tréguas à luta contra a
construção da Alameda de Azevedo, cujo projecto rasga os terrenos do futuroParque Oriental. Depois de enviar uma petição com 615 assinaturas a favor da revisão do desenho da via rodoviária, para o presidente e os vereadores do Urbanismo e do Ambiente da Câmara do Porto, as instituições apostam noutra forma de luta. Aqui, ou através do meu blog encontram postais prontos para seguir rumo à caixa de correio da autarquia. Basta clicar, escrever uma mensagem e enviar. Para a Campo Aberto é essencial garantir a mudança do traçado da alameda, caso contrário o prometido Parque Oriental jamais se concretizará. "O mais importante é garantir que o parque vai existir e, com a construção da alameda, não existirá", conclui.( in Publico, Janeiro de 2004)
Agora, em Março, o IEP e a CMP chegaram a uma ideia intermédia da construção de um viaduto e uma estrada exclusiva para transportes públicos. A ideia consensual? É isto que pretendíamos??
É urgente a mobilização das pessoas!Subscreva a petição, envie os postais electónicos, informe-se junto das ONGA do Porto sobre o Parque Oriental e mais importante, associe-se na Defesa do Parque Oriental, pois teremos mais força!!O Porto precisa de mais um pulmão verde!!

sábado, 3 de abril de 2004

A indignação é filha da dignidade

Não apoio de maneira nenhuma a ideia de que os Parques Urbanos "pagam-se a si próprios". Recebi,com muito agrado, este testemunho do Alexandre Baía, que subscrevo interiramente:

O conceito de utilizador-pagador não é receita para tudo!
Servirá este princípio para obrigar Poluidores a pagarem a recuperação dos recursos que até agora estragavam sem custos e por isso lhes era rentável...
Só faltava que o dinheiro ditasse quem pode ou não viver com qualidade (respirar, fazer desporto,...)!
Ou queremos pagar para ir ao Parque, à Praia, à aldeia histórica, ao Centro histórico, tudo vedado com fronteiras e seguranças e máquinas de reconhecimento da pupila.... 'Amigos'? prefere encontrar no Parque os nossos semelhantes yupies, na lógica do condomínio fechado? afastem-me daqui esta gente dos Bairros sociais?
Só se começou a falar em Parques quando nos apercebemos que a crescente incúria levava a delapidar o património natural, e daí a tentativa de limitar a acção do Homem nas áreas mais sensíveis com Parques e Reservas e Áreas Protegidas... O futuro não passará por aí, mas antes por uma Carta de Sensibilidade ecológica com gradientes e sem perímetros fechados, à qual corresponderão regulamentos de uso do solo. Porque não faz sentido que um Parque tenha um rio como limite (protegendo uma das 2 margens), e já estamos a defender que o efeito ilha protegida pressupõe que poderíamos estragar 'o resto'. Voltávamos às portagens romanas...
Pessoalmente, tenho também dúvidas acerca da construção integrada na frente da Circunvalação... agora as vivendas na Av Boavista... com trazeiras de arame farpado... e cães de marca... com franqueza!
Mas bom senso é não disparar tiros para o ar! não gastemos munições e cuidado com os pés.

sexta-feira, 2 de abril de 2004

Parques Urbanos-O texto do escritor Francisco Viegas

Por erros técnicos temporários,já resovidos, volto a colocar o texto do escritor Francisco Viegas. Destaco o fim do seu artigo: "um parque (...) precisa de árvores, guardas-florestais, respeito e silêncio. Isso é um parque."
Um parque da cidade
Francisco José Viegas, escritor

Há uma estranha ideia no ar sobre uma das raras manchas verdes na zona de
Lisboa, o parque de Monsanto. Essa ideia, vinda da Câmara de Lisboa, sobre a
"implantação" de uma "indústria de lazer" em Monsanto, causa arrepios mas
não surpreende muito.

Insistamos num ponto: Monsanto é um dos últimos lugares saudáveis de Lisboa
e, infelizmente, já com coisas a mais lá dentro. Portugal não gosta muito de
jardins, de parques ou de bosques (falámos do assunto na altura dos
incêndios do Verão passado, não foi?): quando os vê, ao longe, pensa em
transformá-los em "espaço humano" ou "humanizado". Tudo estaria bem se se
tratasse de melhorar os parques existentes, de "optimizar" o "espaço humano"
já existente, de criar observatórios do parque (lugares para que se
apreciassem as árvores, se ouvisse o vento, se pudessem ver as espécies
botânicas), de impedir a circulação desnecessária por dentro do parque.
Mas a ideia portuguesa (que os rumores vindos da Câmara de Lisboa e de
outras instituições que velam pelo nosso progresso confirmam) é a de que um
parque, um bosque, uma floresta são lugares para ocupar com "equipamento de
lazer" (restaurantes, feira popular, centros comerciais, seja lá o que for),
tudo zonas livres para serem destruídas. Essa ideia estapafúrdia não fez
nenhum dos parques mais belos do Mundo (da pequena montanha de Bergen ao
magnífico jardim botânico de Bali): só os destruiu paulatinamente, devagar
ou depressa, mas decisivamente. Em Portugal, então, nem é preciso muito:
espalhamos lixo e ruído com muita facilidade.
Um parque como o de Monsanto devia ser intocável numa cidade em ruínas,
poluída e desagradável. Quando escrevo "intocável" isso significa, também,
que devia ser entregue a quem percebe de parques e de florestas; e, se for
preciso, quer também dizer que o parque deve ser defendido das pessoas. Dos
"utentes", como agora querem dizer, e que já têm muito que usar por Lisboa
fora, cheia de "equipamentos". Até acho aceitável que parte do parque seja
encerrada de noite à circulação. Um parque como o de Monsanto deve ser
preservado para passeantes, observadores de pássaros, velhos, leitores
deitados na relva, bicicletas, fotógrafos, excursões de miúdos das escolas.
E até podia ter uma biblioteca, sim; e um observatório para astrónomos
amadores. Mas não uma feira popular, barracas de hambúrgueres e farturas, um
pavilhão de "desportos radicais", área de concertos ou parques de
estacionamento. E devia ter cancelas para proteger (dos automobilistas)
determinadas áreas.
O mistério que manda as administrações municipais explorar todas as zonas
livres de uma cidade ainda está por esclarecer. A ideia de "embelezar" os
jardins com "animação cultural e desportiva", então, é um anátema que
persegue as nossas cidades. Os portugueses (sobretudo essa classe chamada
"autarcas amantes do progresso"), mal vêem um bosque onde as árvores
crescem, o silêncio é possível e ninguém anda aos saltos, têm a tentação
superior de encher esse espaço de ruído, festas populares e palcos para
desfiles.
A velha ideia de que Monsanto é o pulmão de Lisboa não alegra ninguém; mas é
verdadeira. Num pulmão não se toca; mantém-se vivo. Protege-se de tudo.
Mesmo das pessoas. Sobretudo de pessoas que acham que um bosque, uma
floresta, um parque, precisa de "equipamentos". Se as pessoas querem
Monsanto para fazer lá o que fazem nas Docas, na 24 de Julho ou no Bairro
Alto, o melhor é dizer-lhes que isso é impossível. Que há uma medida da
decência que não vai a votos. Que a destruição do único bosque de Lisboa é
uma operação que não está sujeita a escrutínio popular.

Um parque como Monsanto precisa de árvores, guardas-florestais, respeito e
silêncio. Isso é um parque.