segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Lao Tse- Quanto mais armas afiadas se possuem, mais grassa a desordem


De um sábio multimilenar (Lao Tse, no Tao Te King) vêm palavras tremendamente actuais sobre o nosso mundo:

"Quanto mais interdições e proibições existem
mais o povo empobrece.
Quanto mais armas afiadas se possuem,
mais grassa a desordem;
Quanto mais se desenvolve a inteligência produtiva,
mais dela resultam indesejáveis produtos;
quanto mais se multiplicam as leis e ordenações,
maior número há de ladrões e bandidos"...


domingo, 28 de fevereiro de 2016

The Cure- From the Edge of the Deep Green Sea


every time we do this
i fall for her
wave after wave after wave
it's all for her
i know this can't be wrong i say
(and i'll lie to keep her happy)
as long as i know that you know
that today i belong
right here with you
right here with you...

and so we watch the sun come up
from the edge of the deep green sea
and she listens like her head's on fire
like she wants to believe in me
so i try
put your hands in the sky
surrender
remember
we'll be here forever
and we'll never say goodbye...

i've never been so
colourfully-see-through-head before
i've never been so
wonderfully-me-you-want-some-more
and all i want is to keep it like this
you and me alone
a secret kiss
and don't go home
don't go away
don't let this end
please stay
not just for today

never never never never never let me go she says
hole me like this for a hundred thousand million days
but suddenly she slows
and looks down at my breaking face
why do you cry? what did i say?
but it's just rain i smile
brushing my tears away...

i wish i could just stop
i know another moment will break my heart
too many tears
too many times
too many years i've cried over you

how much more can we use it up?
drink it dry?
take this drug?
looking for something forever gone
but something
we will always want?

why why why are you letting me go? she says
i feel you pulling back
i feel you changing shape...
and just as i'm breaking free
she hangs herself in front of me
slips her dress like a flag to the floor
and hands in the sky
surrenders it all...

i whish i could just stop
i know another moment will break my heart
too many tears
too many times
too many years i've cried for you
it's always the same
wake up in the rain
head in pain
hung in shame
a different name
same old game
love in vain
and miles and miles and miles and miles and miles
away from home again...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Libetação da chimpanzé Wounda no Congo

 ...é muita genética semelhante e muita história evolutiva comum... 
La difícil labor de rescate y rehabilitación de chimpancés por parte del equipo del Instituto Jane Goodall en la República del Congo brinda a veces el mejor de los premios para todos: poder reintroducir un chimpancé en una selva protegida, devolviéndole la oportunidad que nuestra propia especie le había quitado. Más información en la web del Instituto Jane Goodall España

Todas as Postagens sobre Jane Goodall no Bioterra

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Encontros improváveis: Ana Luísa Amaral e Oregon- "The Silence Of A Candle"


DA COMUM CLARIDADE
Há um saber qualquer
que há-de ser semelhante ao das estrelas
no seu mais fino fio ausente colisão:
é quando as coisas se ampliam, ou se abrem,
ou muito simplesmente
se incendeiam
Estará decerto no amor esse saber,
e por isso talvez do coração
diziam os antigos ser o meio,
o centro do pensar
Talvez assim também
entre a cor da paisagem
e o recordar de cor
um rosto, uma janela quase circular,
um levíssimo gesto antecipado,
pode haver o mais óbvio
comum a universo:
explosão de estrela nova gerando
outras estrelas, ou mesmo
revogando a antiga luz
Mas em tal comprimento de energia
que o átomo foi,
desconcertado,
de encontro ao mais vazio,
tenta reconcertar outro
caminho
de onde: novo saber,
um brilho novo
transversal a tudo
Quanto ao humano,
sublunar na sua imperfeição,
cinde-o a maravilha do cuidar,
e só lhe resta amar –
o que o perfaz, em soma,
igual ao fogo de que é feita
a estrela –
Ana Luísa Amaral, in “E todavia”, Assírio & Alvim, 2015

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Jacques Ellul - é absolutamente necessário reaprender a escolher.

Esquerda e direita dividem-se aparentemente porque a primeira quer "sempre mais para todos" e a segunda "sempre mais para alguns", mas ambas concordam que há que querer "sempre mais" e esse é o verdadeiro problema. Porque querer "sempre mais" é querer sempre mais para o ser humano à custa da Terra e dos demais seres vivos. E isso não é possível, como a crise climática e ambiental mostra. Querer "sempre mais" está a levar a ter "sempre mais" problemas e a ter "sempre menos" biodiversidade e qualidade de vida. Decrescimento económico e austeridade voluntária impõem-se. E isso só é possível por uma R-evolução da consciência, por uma vida menos ávida e mais contemplativa.

Sem espiritualidade (que não é necessariamente religião) a economia e a política serão sempre parte do problema e nunca da solução. “Na verdade, é absolutamente necessário reaprender a escolher. Não entre a direita e a esquerda, entre o governo e a oposição, o que não é uma verdadeira escolha, mas entre os elementos constitutivos da nossa sociedade, da nossa maneira de viver, é necessário aprender o exercício da liberdade a este nível (e não no das lutas eleitorais), sabendo que é uma mentira dizer e uma tolice acreditar que se pode ter tudo, que se pode acumular todas as vantagens, que se pode aumentar todos os salários e trabalhar menos e consumir mais e suprimir o desemprego, etc.

É necessário escolher: e se escolhemos por exemplo a liberdade, esta implica sempre uma menor eficácia, um menor crescimento de consumo, uma redução dos poderes públicos (mesmo que sejam ocupados pela esquerda!), uma autodisciplina e uma certa ascese, uma certa austeridade. A liberdade não é o amolecimento na facilidade, no bem-estar e no consumo” ~ Jacques Ellul (1978), in “Penser globalement, agir localement”, 2007.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Acordo climático de Paris: a história vista de dentro

Que fariam se a vossa função fosse salvar o planeta? Quando Christiana Figueres foi contratada pela ONU para liderar a conferência climática em Paris (COP 21) em dezembro de 2015, ela reagiu da mesma forma que muita gente reagiria: pensava que seria impossível que 195 países entrassem em acordo sobre o abrandamento da alteração climática. Vejam como ela mudou o seu ceticismo em otimismo — e ajudou o mundo a atingir o mais importante acordo sobre o clima da História.

Ice Circle Sheyenne River ND


This is an ice circle and it is entirely natural and quite rare. It formed over the weekend on the Sheyenne River about ten miles southwest of Leonard, ND. It is the result of an eddy in the slowly moving river. As the river began to freeze, the eddy froze as a perfect circle. Ice circles are rare because it requires just the right conditions. The river must be at the point of freezing. An eddy must be present. And the current must be slow. If the water is too fast, there is too much turbulence and the eddy is disrupted. If the eddy swirls too slowly, the river just freezes over without the circle.

The movies were made by George Loegering of Casselton, North Dakota.

John Wheeler

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Joanna Macy- As quatro formas de olhar para o mundo

Joanna Macy fala de “quatro formas de olhar para o mundo”, transversais a todas as culturas e tradições, que condicionam o nosso modo de vida, em termos exteriores e interiores: 

1) o mundo como campo de batalha, entre o bem e o mal, a luz e as trevas, ou os capazes e os incapazes, onde nos inscrevemos de forma militante no primeiro dos lados a combater, intelectual, moral e/ou fisicamente, os que estão no outro, os “inimigos”, até à sua conversão ou destruição e vitória final dos “bons”, nós e os “nossos”; 

2) o mundo como armadilha, um lugar mau, seja o próprio corpo, a sociedade ou a natureza, que há que dominar para dele nos libertarmos o mais rápido possível, procurando algo que o transcenda e onde finalmente estejamos bem e em paz; 

3) o mundo como amante, um(a) companheiro(a) vital com o qual dançamos enamorados, numa sedução e encanto mútuos; 

4) o mundo como nós próprios, o que pode surgir do aprofundamento da experiência anterior, sentindo-nos entrelaçados com todos os seres e coisas, numa perfeita harmonia entre a unidade e a multiplicidade.


De qual destas formas de ver e experimentar o mundo nos sentimos realmente mais próximos neste preciso momento? É interessante verificar isso e qual a consequência que está a ter na nossa vida. É interessante ver como isso condiciona também as nossas sociedades e a nossa civilização... Haverá outras formas a acrescentar a estas?

(Joanna Macy, World as Lover, World as Self, 2007)

Obrigado, Paulo Borges

Eco - Cartoon - descalço barefoot

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Yanis Varoufakis lança seu movimento Democracia na Europa


O que esta multidão heterogénea de pessoas em pé no foyer do teatro do Povo está fazendo lá? Por que eles estão esperando com horas de antecedência por um ingresso? Por que os estrangeiros buscam em agonia por um link de transmissão ao vivo? No final do dia, o que é o assim chamado DiEM25?

O manifesto foi publicado em 9 idiomas reconhecendo, e ao mesmo tempo tentando superar, a dificuldade básica da Babel e se transformando em um movimento pan-europeu. Uma coisa é evidente: a Europa de hoje não pode se comunicar e concordar dentro de si mesma.

Claro, o fato de que a única substância de ligação entre muitos dos países envolvidos é a união monetária, é pior do que o efeito de multi-linguagem. Os primeiros tratados da UE foram um esforço para controlar os preços e cartéis, apesar do fato de que os acordos económicos não deveriam ser a principal preocupação na unificação das nações de uma região. A primeira parte do discurso de Yanis Varoufakis se concentrou neste ponto e o perigo que vem dos esforços, das vozes do nacionalismo, para nos forçar de volta para os Estados-nação.

Então, o que é DiEM25? Srećko Horvat, um dos apoiadores do DiEM25 respondeu a uma pergunta do público: “Se isso acabar como um outro partido teremos perdido o jogo, se isso acabar sendo apenas uma reunião espontânea de pessoas que sera dissolvida, quer pelas forças especiais lá fora nas praças, ou devido a uma incapacidade de se traduzir em algo maior, teremos também perdido o jogo “.

Então, eu visitei o site e preenchi o formulário de inscrição. Ao digitar minhas informações de contato tive a resposta: “Você é agora um membro de DiEM25 e um voluntário para os próximos grandes coisas por vir. Logo entraremos em contato com você e discutiremos qual parte do processo / progresso se encaixa ao seu interesse. ”

De acordo com Yanis Varoufakis, as instituições europeias estão gravemente doentes; algo que foi claramente demonstrado pelo vídeo apresentado durante o lançamento DiEM25 de ontem. Como primeiro “antídoto” em toda a Europa foi proposto um pedido de transparência em todas as reuniões oficiais e institucionais. Este pedido de transparência encontra terreno fértil na sociedade civil, bem como em personalidades políticas e académicas que, de uma forma ou de outra, têm experimentado os efeitos de decisões tomadas a portas fechadas: a maior parte das negociações sobre os acordos transatlânticos (TTIP, TTP, CETA) , todas as reuniões do Eurogrupo, as negociações entre os estados e as instituições europeias com os bancos, as empresas farmacêuticas, etc. Todos os “principais pilares” da política económica global e europeia são exercidas por trás de portas fechadas ou por notas manipuladas independentemente do que é realmente discutido. Esta necessidade de transparência foi mencionado mais de 15 vezes no evento de ontem e a transmissão ao vivo de todas estas reuniões foi a primeira demanda por ação.

Foi proposta como uma exigência de meio termo a co-formulação de um programa de política alternativa para as questões financeiras, dívida, a pobreza e o trabalho; que será realizada através de plataformas de internet e enriquecida com discussões vitais. Como as questões de linguagem e de acesso serão geridas em fóruns on-line por assunto é uma questão que ainda não foi esclarecida. Parece que DiEM25 vai tentar fornecer a infra-estrutura para facilitar esse diálogo, a fim de que as decisões finais entre os povos da Europa possa ser tão participativo quanto possível. Estamos esperando por isso.

O objetivo final é criar um modelo diferente de governância, com destaque para a comunidade local, numa organização horizontal, onde o desafio de discussões e propostas será de “baixo para cima” e não “de cima para baixo”, como nós experimentamos hoje. Ambicioso? Claro. Necessário? De fato.

Mas heterogónea não era só a multidão reunida no Volksbühne. A partir de diferentes origens e com diferenças ideológicas graves e diferentes prioridades – como o tipo de ação imediata necessária para as nossas sociedades de hoje – foram também os apoiadores oficiais apresentados pelo Sr. Varoufakis. “Será que vamos mudar as políticas climáticas, a fim de desfrutar de mais sociedades humanistas ou vamos mudar o sistema, a fim de ter sucesso e ter melhores condições climáticas?” foram duas posturas dominantes entre políticas ecologista e de esquerda. “Devemos operar dentro do sistema capitalista ou a orientação da Europa deve ser diferente e se sim, como?” DiEM25 e todas aquelas pessoas que falavam no palco estavam de acordo sobre os seguintes pontos básicos:

Que nenhum povo europeu …
  • Possa ser livre enquanto a democracia de outro seja violada
  • Possa viver com dignidade, enquanto a outro ela é negada
  • Possa esperar pela prosperidade se outro é empurrado para a insolvência permanente e depressão
  • Possa crescer sem bens básicos para os seus cidadãos mais fracos, o desenvolvimento humano, equilíbrio ecológico e uma determinação para se tornar livre de combustível fóssil.
Nos discursos dos apoiadores convidados no palco eu pude distinguir raiva com a situação de hoje enquanto resultado das políticas de austeridade, uma determinação para o que vai acontecer amanhã, a vontade de igualdade de participação de grupos deixado para trás, transparência e coragem. Além disso todos eles acreditam que, se a democracia for realmente implementada, teremos automaticamente o tipo de União Europeia que queremos. Esta é a minha dúvida pois eu acredito em uma mudança profunda em nossos valores, a fim de sermos capazes de ter o tipo de Europa e o tipo de mundo que queremos, colocando o ser humano no centro das nossas políticas e preocupações e isto não vem automaticamente. Precisamos trabalhar em diferentes níveis de violência e medo produzidos e impostos por este sistema e, infelizmente, não só no nível social.

Mas eu não pretendo deixar esses pensamentos rastejando em minha mente. Pelo contrário, como um membro ativo do movimento humanista mundial eu vou tentar, juntamente com outras pessoas para transformá-las em propostas concretas e comunicá-las ao DiEM25, pois é certamente a coisa mais interessante que tenho visto desde os movimentos espanhóis e “Occupy”.

O público deificado Ada Colau, Julian Assange, a jovem representando Blockupy, a abordagem artística de Brian Eno. Eles aplaudiram com paixão toda crítica às discussões à portas fechadas dos tratados transatlânticos e cada comentário sobre os grandes esforços feitos pelos países do Mediterrâneo há mais de um ano agora para lidar com a crise de refugiados (basicamente Grécia e Itália). Eles aplaudiram a admissão de fracasso de Varoufakis como ministro das Finanças, uma falha do governo grego para obter apenas uma concessão por parte das impiedosas instituições europeias. Eles calorosamente aceitaram a afirmação de Slavoj Žižek de que o fracasso era esperado porque a resposta deve vir de todos os povos da Europa, como uma sequência da derrota do último verão.

E, finalmente, nos lembramos das palavras de Samuel Beckett citadas por Srećko Horvat: “Tente novamente. Falhe novamente. Falhe melhor “

Reis do Agronegócio - Chico César na Mob Nacional Indígena de 2015- a ouvir, (re)lembrar e partilhar


Quilombolas, indígenas, agricultores familiares e ambientalistas se reuniram em Brasília para reivindicar a retomada da demarcação de terras indígenas e territórios tradicionais. Além de promover uma articulações politica para evitar retrocessos na legislação brasileira, a mobilização colectiva exige uma ordenação fundiária necessária para por fim nos actos de violência contra as populações tradicionais. O evento foi marcado por protestos, um sessão solene no Senado Federal e pela belíssima apresentação de Chico César, que cantou a música “Reis do Agronegócio”, com letra de Carlos Rennó.

“Reis do Agronegócio” (música de Chico César, letra de Carlos Rennó)

Ó donos do agrobiz, ó reis do agronegócio,
Ó produtores de alimentos com veneno,
Vocês que aumentam todo ano sua posse,
E que poluem cada palmo de terreno,
E que possuem cada qual um latifúndio,
E que destratam e destroem o ambiente,
De cada mente de vocês olhei no fundo
E vi o quanto cada um, no fundo, mente.
Vocês desterram povaréus ao léu que erram,
E não empregam tanta gente como pregam.
Vocês não matam nem a fome que há na Terra,
Nem alimentam tanto a gente como alegam.
É o pequeno produtor que nos provê e os
Seus deputados não protegem, como dizem:
Outra mentira de vocês, Pinóquios véios.
Vocês já viram como tá o seu nariz, hem?
Vocês me dizem que o Brasil não desenvolve
Sem o agrebiz feroz, desenvolvimentista.
Mas até hoje na verdade nunca houve
Um desenvolvimento tão destrutivista.
É o que diz aquele que vocês não ouvem,
O cientista, essa voz, a da ciência.
Tampouco a voz da consciência os comove.
Vocês só ouvem algo por conveniência.
Para vocês, que emitem montes de dióxido,
Para vocês, que têm um gênio neurastênico,
Pobre tem mais é que comer com agrotóxico,
Povo tem mais é que comer, se tem transgênico.
É o que acha, é o que disse um certo dia
Miss Motosserrainha do Desmatamento.
Já o que acho é que vocês é que deviam
Diariamente só comer seu “alimento”.
Vocês se elegem e legislam, feito cínicos,
Em causa própria ou de empresa coligada:
O frigo, a múlti de transgene e agentes químicos,
Que bancam cada deputado da bancada.
Até comunista cai no lobby antiecológico
Do ruralista cujo clã é um grande clube.
Inclui até quem é racista e homofóbico.
Vocês abafam mas tá tudo no YouTube.
Vocês que enxotam o que luta por justiça;
Vocês que oprimem quem produz e quem preserva;
Vocês que pilham, assediam e cobiçam
A terra indígena, o quilombo e a reserva;
Vocês que podam e que fodem e que ferram
Quem represente pela frente uma barreira,
Seja o posseiro, o seringueiro ou o sem-terra,
O extrativista, o ambientalista ou a freira.
Vocês que criam, matam cruelmente bois,
Cujas carcaças formam um enorme lixo;
Vocês que exterminam peixes, caracóis,
Sapos e pássaros e abelhas do seu nicho;
E que rebaixam planta, bicho e outros entes,
E acham pobre, preto e índio “tudo” chucro:
Por que dispensam tal desprezo a um vivente?
Por que só prezam e só pensam no seu lucro?
Eu vejo a liberdade dada aos que se põem
Além da lei, na lista do trabalho escravo,
E a anistia concedida aos que destroem
O verde, a vida, sem morrer com um centavo.
Com dor eu vejo cenas de horror tão fortes,
Tal como eu vejo com amor a fonte linda –
E além do monte o pôr-do-sol porque por sorte
Vocês não destruíram o horizonte… Ainda.
Seu avião derrama a chuva de veneno
Na plantação e causa a náusea violenta
E a intoxicação “ne” adultos e pequenos –
Na mãe que contamina o filho que amamenta.
Provoca aborto e suicídio o inseticida,
Mas na mansão o fato não sensibiliza.
Vocês já não ´tão nem aí co´aquelas vidas.
Vejam como é que o Ogrobiz desumaniza…:
Desmata Minas, a Amazônia, Mato Grosso…;
Infecta solo, rio, ar, lençol freático;
Consome, mais do que qualquer outro negócio,
Um quatrilhão de litros d´água, o que é dramático.
Por tanto mal, do qual vocês não se redimem;
Por tal excesso que só leva à escassez –
Por essa seca, essa crise, esse crime,
Não há maiores responsáveis que vocês.
Eu vejo o campo de vocês ficar infértil,
Num tempo um tanto longe ainda, mas não muito;
E eu vejo a terra de vocês restar estéril,
Num tempo cada vez mais perto, e lhes pergunto:
O que será que os seus filhos acharão de
Vocês diante de um legado tão nefasto,
Vocês que fazem das fazendas hoje um grande
Deserto verde só de soja, de cana ou de pasto?
Pelos milhares que ontem foram e amanhã serão
mortos pelo grão-negócio de vocês;
Pelos milhares dessas vítimas de câncer,
De fome e sede, e fogo e bala, e de AVCs;
Saibam vocês, que ganham “cum” negócio desse
Muitos milhões, enquanto perdem sua alma,
Que a mim não faria falta se vocês morressem;
Saibam que não me causaria nenhum trauma.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Alternative Models: Christiania, a society in a society. 44 years

"A cidade livre de ‪Christiania‬ é uma região cuja autonomia face ao governo Dinamarquês foi autoproclamada em 1971 e onde se estabeleceram regras de comportamento muito próprias, que tentam resistir ao modelo capitalista, já que o enclave consegue ser economicamente auto-sustentável e autogerido." (mais em Expresso, 28.10.2013)
Part 1


Part 2


It was in 1971, in the heart of Denmark, when it was born officially this alternative model of living in Society. It used to be a military base and its neighborhood about to be abandoned but still safe, that allowed its occupation by a big amount of young people looking for a place to live. Nowadays, Christiania is still, above all, a place of freethinking people, a place of inspiration. But it is also a realistic and humble model, fighting for surviving against western world in Northern Europe... Christiania is every inhabitant, as some of them argue.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O capitalismo engolirá a democracia — se não nos manifestarmos



Já pensaram porque é que os políticos já não são o que costumavam ser? Porque é que os governos parecem incapazes de resolver os problemas reais? O economista Yanis Varoufakis, antigo ministro das Finanças da Grécia, diz que é porque hoje podemos ser politicos mas não temos poder — porque o poder real pertence hoje aos que controlam a economia. 
Acha que os ultrarricos e as grandes empresas estão a canibalizar esfera política, provocando uma crise financeira. Nesta palestra, oiçam o seu sonho para um mundo em que o capital e o trabalho já não lutam um contra o outro, "um mundo que é simultaneamente libertário, marxista e keynesiano".

Por que você deve ouvir
Yanis Varoufakis se descreve como um "marxista libertário", embora, segundo ele, "não seja algo sobre o qual eu me disponha a falar muito, porque a simples menção de Marx desorienta o público". Ele ensina teoria econômica na Universidade de Atenas, onde desafia as noções dominantes - argumentando que, após o colapso financeiro de 2008, precisamos de uma maneira radicalmente nova de pensar sobre economia, finanças e capitalismo.

Tornou-se amplamente conhecido no primeiro semestre de 2015, quando, como Ministro das Finanças do recém-formado governo grego, foi uma figura líder, franca e muito discutida nas renegociações da dívida da Grécia.

Em maio de 2017, Varoufakis lançou Adults in The Room: My Battle With Europe’s Deep Establishment, um relato pessoal da agenda oculta da Europa e um alerta urgente para renovar a democracia europeia.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Música do Bioterra: Trentemøller: Come Undone




Hey, may you come undone, so why
don't you let your hair down?
your voice is my fate
your touch is my text
i only wish to see nothing at all
your master is my mind,
speak so loudly
i only wish i could want
none at all

You, so special, so they told me
so why still lie about yourself?
your voice is my fate
your touch is my text
i only wish to see nothing at all
your master is my mind,
speak so loudly
i only wish i could want
nothing at all
your master is my mind,
speak, so softly
i only know i could want
every time
your master is my mind,
speak so loudly
i only know i could want
every time

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Herberto Helder in "Servidões", 2013

Free-Dum
"Aprendemos então certas astúcias, por exemplo: é preciso apanhar a ocasional distracção das coisas, e desaparecer; fugir para o outro lado, onde elas nem suspeitam da nossa consciência; e apanhá-las quando fecham as pálpebras, um momento rápidas, e rapidamente pô-las sob o nosso senhorio, apanhar as coisas durante a sua fortuita distracção, um interregno, um instante oblíquo, e enriquecer e intoxicar a vida com essas misteriosas coisas roubadas…"

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Encontros Improváveis- José Tolentino Mendonça e Laurie Andersen- "Same time tommorrow"


"Sem lentidão não há paladar. (...) Os nossos estilos de vida parecem irremediavelmente contaminados por uma pressão que não dominamos; não há tempo a perder; queremos alcançar as metas o mais rapidamente que formos capazes; os processos desgastam-nos, as perguntas atrasam-nos, os sentimentos são um puro desperdício: dizem-nos que temos de valorizar resultados, apenas resultados. À conta disso, os ritmos de actividade tornam-se impiedosamente antinaturais." ~José Tolentino Mendonça in A mística do instante

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Música do Bioterra: Brian Eno and John Cale- The River


The River (lyrics)

So deep in the water
Sleep, dark as the night
Somehow it seems it was all another dream
Soon dissolved in the light.
Oh, we were by the waterline.
Vague, the song of the night.
Innocent to all the peasant gods with you,
So, we drink to be renewed.

On the long, deep river
Where the moorhens cry
As the first sun quivers in the open sky,
Oh, she came down the river.
Soon, all the leaves were still.
The current was strong and the river was so long.
So, we drink to be renewed.
In the long cool evening,
Where the peacocks shiver
And the boat starts down the silver river way
I remember you saying,
As her deep eyes opened,
In the first light seeing her,
Here is someone new.

"Ouver" também Brian Eno- By this river

Brian Eno (Biografia)
Brian Eno (Página oficial)
Brian Eno (Instagram)
Brian Eno (Youtube)

John Cale (Biografia)
John Cale (Página oficial)
John Cale (Youtube)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

To Scale: The Solar System



On a dry lakebed in Nevada, a group of friends build the first scale model of the solar system with complete planetary orbits: a true illustration of our place in the universe.

A film by Wylie Overstreet and Alex Gorosh


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Ted Talk- Donald Hoffman: Do we see reality as it is?


Cognitive scientist Donald Hoffman is trying to answer a big question: Do we experience the world as it really is ... or as we need it to be? In this ever so slightly mind-blowing talk, he ponders how our minds construct reality for us.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

EcoPoema: "Quando Vieres" de Maria Eugénia Cunhal

Este poema está sempre a comover-me. E já o li tantas vezes!..
Picasso

Quando Vieres

Quando vieres
Encontrarás tudo como quando partiste.
A mãe bordará a um canto da sala...
Apenas os cabelos mais brancos
E o olhar mais cansado.
O pai fumará o cigarro depois do jantar
E lerá o jornal.
Quando vieres
Só não encontrarás aquela menina de saias curtas
E cabelos entrançados
Que deixaste um dia.
Mas os meus filhos brincarão nos teus joelhos
Como se te tivessem sempre conhecido.
Quando vieres
nenhum de nós dirá nada
mas a mãe largará o bordado
o pai largará o jornal
as crianças os brinquedos
e abriremos para ti os nossos corações.
Pois quando tu vieres
Não és só tu que vens
É todo um mundo novo que despontará lá fora
Quando vieres.

Maria Eugénia Cunhal (1927 - 2015)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Encontros improváveis- Nietzsche e Of Monsters And Men - "Wolves Without Teeth"


"...Thus passes the day of the virtuous. And when night comes I guard well against calling sleep. For sleep, who is the master of the virtues, does not want to be called..."
- Nietzsche, Thus Spoke Zarathustra

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

From salt to GMOs - resistance is fertile

How can progressive movements rise above merely being right, to mount effective mass opposition to corporate rule and the dictatorship of the super-wealthy? By learning from Gandhi, writes Colin Todhunter, and devising new campaigns that engage with people's everyday concerns - like access to safe, wholesome, affordable, 'open source' food.

How can we broaden our movement to appeal to and involve the majority of people out there who do not seem to be aware, do not seem to care or are just too apathetic?

This has long been an issue for many a campaign group or activist.

There are many groups who have been offering a credible analysis of how the world functions. But many of these groups use certain language and theoretical constructs whereby they end up preaching to the converted and make little headway in galvanising mass protest, action or resistance to capitalism, especially among more affluent or politically unaware sections of the population.

Take Syria, for instance. What is happening on the ground there is too abstract for many, too far away or seemingly too unconnected from their everyday lives to have much meaning (except when the issue of immigration rears its head, whose solution, according to the mainstream media, politicians and pundits, does not involve bombing Syria less but more).

Similarly, Ukraine or Afghanistan is also often regarded as being too removed and any talk about empire or imperialism does not strike much of a chord with many people, who after a long day do not have the time, energy or inclination to sit down and do research into the machinations of empire, read Brookings Institute reports on how to deal with Iran or gem up on the Project for a New American Century.

The problem revolves around how to raise informed awareness (not spoon-fed mainstream media narratives) of these and other issues and how to make the public connect world events with their everyday lives.

Gandhiji's powerful message of peaceful resistance

Gandhi knew how to connect everyday concerns with wider issues. In 1930, he led a 'salt march' to the coast of Gujarat to symbolically collect salt on the shore. His message of resistance against the British Empire revolved around a simple everyday foodstuff.

His focus on salt was questioned by sections of the press and prominent figures on his side (even the British weren't much concerned about a march about salt), who felt that protest against British rule in India should for instance focus more directly on the heady issues of rights and democracy.

However, Gandhi knew that by concentrating on an item of daily use among ordinary Indians, such a campaign could resonate more with all classes of citizens than an abstract demand for greater political rights.

Even though salt was freely available to those living on the coast (by evaporation of sea water), Indians were forced to purchase it from the colonial government. The tax on salt represented 8.2% of the British Raj tax revenue. The issue of salt encapsulated the essence of colonial oppression at the time.

Explaining his choice, Gandhi said that next to air and water, salt is perhaps the greatest necessity of life. The prominent Congress statesman and future Governor-General of India, C. Rajagopalachari, understood what Gandhi was trying to achieve. He said:

Protest and action against widespread oppression, violence and exploitation has to be focussed. As in Gandhi's time, it is again food that is playing a central role in raising awareness and provoking resistance.

"Suppose, a people rise in revolt. They cannot attack the abstract constitution or lead an army against proclamations and statutes...Civil disobedience has to be directed against the salt tax or the land tax or some other particular point - not that that is our final end, but for the time being it is our aim, and we must shoot straight."

With the British imposing heavy taxes on salt and monopolising its production, Gandhi felt he could strike a chord with the masses by highlighting an issue that directly affected everyone in the country: access to and control over a daily essential. His march drew not only national but international attention to India's struggle for independence.

From salt to the entire food chain

Today, we find the issue of food in general playing a similar role in people's struggle for independence, but this time it is independence from the corporate tyranny of global agribusiness, and, for much of the world, independence from the US - which for a long time has been using food as a geopolitical tool to create food deficit areas, boost reliance on US exports and create dependence on oil-based chemical-intensive agriculture and ultimately the petro-dollar (see this and this and this).

Vandana Shiva draws a parallel between the seed sovereignty movement and Gandhi's civil disobedience 'salt march':

"Gandhi has started the independence movement with the salt satyagraha. Satyagraha means 'struggle for truth'. The salt satyagraha was a direct action of non-cooperation. When the British tried to create salt monopolies, he went to the beach in Dindi, picked up the salt and said, 'Nature has given us this for free, it was meant to sustain us, we will not allow it to become a monopoly to finance the Imperial Army ...

"Nature has gifted this rich biological diversity to us. We will not allow it to become the monopoly of a handful of corporations ... For us, not cooperating in the monopoly regimes of intellectual property rights and patents and biodiversity - saying 'no' to patents on life, and developing intellectual ideas of resistance - is very much a continuation of Gandhian satyagraha ...

"That is the satyagraha for the next millennium. It is what the ecology movement must engage in, not just in India, but in the United States as well."

At the heart of the debate: patented GM seeds

With genetically modified seeds now a major issue, the debate on food has in recent years meant that the issues of food sovereignty and food independence have been given a sharper focus.

What the debate on GM has done is create increased public awareness concerning how food is produced, what is in it, who is controlling it and for what purpose. At one end of the spectrum, we have groups that were already highly politically aware about food and the geopolitics of food and agriculture.

At the other end, however, there are people who may have not been too politically aware or attracted to politics or political issues but who are being drawn towards issues like the 'right to know' what is in their food and the need to label GM foodstuffs on supermarket shelves.

As a result, many are being politicised as they get drawn into the great food debate because, once they begin talking about the need to label, they soon begin to realise there are powerful state-corporate forces preventing this. By delving into the politics of labelling and GM, people will hopefully be drawn towards wider debates about Monsanto and agribusiness and in turn to how these entities are shaping the global system of food and agriculture.

The basic 'right to know' could and should logically lead people to consider issues pertaining to seed sovereignty and patenting of seeds, petro-chemical farming and the role of oil, the destruction of indigenous agriculture across the world and corrupt trade deals like TTIP.

Resistance is fertile

For too long, so many people in the West have acted like 'mob wives', displaying a willingness to remain blissfully ignorant while living well from the fruits of imperialism or knowing that something might be amiss but turning a blind eye because life (for them) is good.

There is however a growing recognition that their food is not only killing them as consumers but others too and that this is part of an agenda to capture the food supply by a powerful cartel that began many decades ago and is still being played out in throughout the globe from Africa and India to Ukraine and beyond.

Protest and action against widespread oppression, violence and exploitation has to be focussed. As in Gandhi's time, it is again food that is playing a central role in raising awareness and provoking resistance.

"Os professores perderam o controle total sobre o seu processo de trabalho». Entrevista com a investigadora Kênia Miranda


©Costas Balafas, Greece, 1950s
«... para que o Capital possa avançar em seu projecto de converter a educação em mercadoria e em conformação social, ele necessariamente precisa expropriar o conhecimento daqueles que conduzem o processo educativo. Os professores são os principais alvos, há uma tendência crescente a uma perda progressiva do controle sobre o seu processo de trabalho. (...)»

Ler entrevista na íntegra em Rubra, 17 de Dezembro de 2015