terça-feira, 19 de março de 2024

Poema de Nuno Júdice: O Jogo


Falta cor, falta circo, falta teatro, falta alegria nas ruas. Como faz falta.

O Jogo
Abro a caixa do inverno. Tiro os ventos,
as rajadas da chuva, os bancos de neve de onde
fugiram todos  os pássaros. Desenrolo à minha
frente os pântanos do inverno, Ando à volta
deles para desentorpecer as pernas; sacudo
o frio das mãos, limpo a chuva que se me colou
aos cabelos. Depois volto a lançar os dados
– e avanço até à primavera.

Nuno Júdice, O meu primeiro álbum de poesia, selecção de Alice Vieira, Dom Quixote, Lisboa, 2007

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