quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Um multimilionário emite um milhão de vezes mais gases com efeito de estufa do que o cidadão comum, denuncia Oxfam


Os investimentos de somente 125 multimilionários emitem 393 milhões de toneladas de dióxido de carbono todos os anos, um valor um milhão de vezes superior ao emitido por alguém que faça parte dos restantes 90% da humanidade.

A revelação é feita pela organização não-governamental Oxfam, no seu mais recente relatório intitulado ‘Multimilionários do carbono: As emissões dos investimentos das pessoas mais ricas do mundo’. Os multimilionários abrangidos pelo estudo representam, no seu conjunto, uma quota de 2,4 biliões (trillion em inglês) de dólares em 183 empresas.

Contas feitas, cada um destes magnatas emite uma média de três milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, uma quantidade um milhão de vezes superior às 2,74 toneladas de CO2 emitidas em média pelo cidadão comum.

Contudo, os relatores reconhecem que os contributos desses multimilionários para o aquecimento global poderão ser ainda maiores, “uma vez que as emissões de carbono publicadas pelas empresas têm sistematicamente subestimado o verdadeiro impacto carbónico” e que “os multimilionários e empresas que não revelam publicamente as suas emissões, e que não puderem ser incluídos na investigação, provavelmente serão aqueles com os maiores impactos climáticos”.

Nafkote Dabi, responsável da divisão de Alterações Climáticas da Oxfam, argumenta que as emissões dos investimentos destes “poucos multimilionários” têm pegadas carbónicas semelhantes às de países inteiros, como França, o Egipto ou a Argentina.

A responsabilidade dos mais ricos no quadro geral das emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera, assinala Dabi, “raramente é discutida ou considerada na criação de políticas climáticas. Isso tem de mudar”.

“Estes investidores multimilionários no topo da pirâmide corporativa têm uma enorme responsabilidade no avanço da degradação climática”, sentencia a responsável.

O relatório revela que “os investimentos das pessoas mais ricas do mundo representam até 70% das suas emissões”, e que, em média, 14% dos investimentos dos multimilionários são feitos em indústrias poluentes.

“Precisamos que a COP27 exponha e transforme o papel que as grandes empresas e os investidores ricos estão a desempenhar na criação de lucro através da poluição que está a impulsionar a crise climática global”, alerta Dabi, que defende que “precisamos que os governos respondam com urgência publicando os valores das emissões das pessoas mais ricas”, bem como através de regulamentos sobre investidores e empresas para que seja possível cortar as emissões de carbono e “tributar a riqueza e os investimentos poluidores”.

Para ser possível manter o aquecimento global 1,5 graus Celsius acima dos valores pré-industriais, tal como plasmado no Acordo de Paris de 2015, “a humanidade tem de reduzir significativamente as emissões de carbono, o que exigirá mudanças radicais na forma como os investidores e as empresas conduzem os seus negócios”, frisa a responsável.

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