Que esforço inútil foi todo o meu apelo de ontem! Falava, e sentia-me a arder ingloriamente, como um papel incendiado que quisesse comunicar o seu lume a um monte de lenha molhada. E não eram façanhas que pedia! Limitava-me a exigir que não deixássemos substituir dentro de nós o pensante pelo ruminante…
Mas um rebanho é um rebanho. E tanto faz falar-lhe de lobos, como de estrelas. Sonolento, só entende o mundo limitado pelas malhas do redil.
Há formas de com pouco salvar vidas, e vou-vos mostrar como: Elon Musk diz que a “empatia é um sinal de fraqueza”, ele tem mais dinheiro, mas eu acredito que aqueles que acreditam que a empatia é dos sentimentos mais poderosos da mente humana são a maioria dos portugueses. Ajudam-me a provar que Musk está errado?
Orgulho-me muito de ter trabalhado uns anos no INEM, que para além da experiência médica que fui absorvendo me permitiu entrar em todo o tipo de casas, de todo o tipo de pessoas, no grande Porto. Bairros problemáticos dominados pelo tráfico e pelo crime, as famosas “ilhas” escondidas, e até casebres no meio do nada sem eletricidade. Entrei em todo o lado, com os 5 sentidos bem alerta. Achava eu que tinha visto tudo, mas infelizmente não. Há pior. Há muito pior.
Há um submundo escondido que não se vê a olho nu mesmo para quem já palmou a cidade de lés a lés. Gente que vive nos extremos da pobreza e faz por não ser vista pela fuga às autoridades e também para que não sejam vistos pelos cidadãos que têm local para tomar banho, ou seja, todos nós. Inimaginável como se colocam em tantos lugares onde já passei centenas de vezes e jamais imaginava que havia uma civilização escondida feita de tendas, panos e cartão. Alguma coisa em nós os fez tornarem-se invisíveis. São os “sem-abrigo”. Invisíveis mas iguaizinhos a nós.
A SABER COMPREENDER apoia de uma forma muito humana, integrada e de proximidade estas pessoas há quase 10 anos. Fazem as famosas “rondas”.
Prepararam-se os kits com comes, bebes, café e chá como cartão de visita para o mais importante: SABER quem são, e COMPREENDER os porquês de viverem sem um tecto digno, para que se possam tentar encontrar caminhos e soluções. Esta oferta de comida e bebida, além de suprir o básico é uma porta de entrada para uma conversa, para que aos poucos se ganhe a confiança com psicólogos e assistentes sociais, e se possam encaminhar estas pessoas à tão desejada dignidade humana, só alcançada com a independência económica. É um trabalho muito difícil, mas onde se salva “mais” vidas do que nos hospitais.
Dói-me a alma pensar que há tanta gente com tanto, e outros a dormir na rua ao frio, à chuva e à mercê da maldade alheia. Fontes oficiais: em Portugal a estimativa é que sejam mais de 13.000 as pessoas que vivem no degrau mais baixo da miséria, os sem-abrigo.
A SABER COMPREENDER faz o seu trabalho num regime de 100% voluntariado, e tinha até há pouco tempo o uso fruto duma carrinha da Junta de Freguesia que chegou ao fim. Agora, para que possam fazer o seu trabalho que tem toques de magia humana, acreditem em mim que já fiz uma ronda com eles, precisam de comprar uma carrinha em segunda mão… e já há semanas que não saem à rua, o que quer dizer que há muitos dos nossos irmãos mais pobres a sofrer ainda mais, por falta desta pequena, mas enorme ajuda e com incontáveis casos de enorme sucesso.
Se fosse fácil por certo já estaria feito. É preciso ouvir, sentir, dar e receber, criar laços, vincar a confiança, para que num momento... naquele momento certo, se consiga abrir a porta de saída para uma ajuda técnica e especializada que possa tratar as questões de fundo, e encaminhar para a tão desejada independência económica que lhes permita voltar a ser visíveis por todos nós. “Des-desumanizá-los”!
Cada um de nós vale pelo tamanho dos seus sonhos, e como sociedade apenas temos a força do nosso elo mais fraco. Só ficaremos mais fortes se fortalecermos os mais vulneráveis. É um facto. Somos um tecido humano, em que a fragilidade de uma peça, é o desequilíbrio de todos nós.
Nunca duvidem que podia ser qualquer um de nós, a “tropeçar” numa situação de sem-abrigo. Há dois anos, descobri que tinha um amigo de infância nessa situação, e foi a SABER COMPREENDER que tanto me ajudou, mas a minha admiração já vinha de antes ao ponto que lhes ofereço os lucros dum dos meus livros.
E por isso, vos peço a vossa ajuda (link a baixo), com o que entenderem poder dar, para que se consiga uma carrinha para que a humanidade não perca esta pequena gota de água de humanidade, mas que encharca de amor centenas e centenas de pessoas.
Contribuam, e partilhem se acreditam que vale a pena lutar por um mundo melhor!
Muita gente vos ficará grata por salvarem as suas vidas, e acredito que as memórias do Papa Francisco também vos agradecerão, tal como ele diz na sua carta de despedida revelada após a sua morte: “Se alguma vez as minhas palavras vos tocaram, não as guardem. Transformem-nas em ação. Abracem quem está sozinho.”
Ajudem a provar que Elon Musk está errado! Doar Aqui
A solidão que frequentemente acompanha a inteligência e a sensibilidade. Ser inteligente não significa apenas saber mais — significa perceber o que muitos ignoram, enxergar contradições, mentiras, superficialidades e dores que passam despercebidas aos olhos comuns.
Quem entende demais sente demais. E essa consciência profunda pode isolar, porque nem sempre há com quem compartilhar esse peso de forma honesta. A lucidez, muitas vezes, é um caminho solitário.
O mundo parece barulhento, raso, repetitivo — e quanto mais se compreende, menos se pertence.
A última foto de Ian Curtis, tirada na manhã de 15 de Maio de 1980, para o passaporte daquela que iria ser a primeira digressão americana dos Joy Division. Como se sabe Curtis nunca chegou a fazer essa viagem porque, dias depois, há 45 anos, pôs fim à vida. Os Joy Division, como uma vez disse Peter Hook foram “profissionais” apenas durante os 6 meses anteriores à morte de Curtis, porque todos eles tinham ocupações profissionais antes. Se pensarmos bem provavelmente nunca existiu outra banda tão influente nos desenvolvimentos da música popular, ainda hoje com um legado muito potente, tendo sido “profissional” apenas seis meses.
Na noite do dia 17 de maio, dias antes do início da primeira turnê do Joy Division nos Estados Unidos, Ian assistiu a um de seus filmes favoritos, Stroszek, de Werner Herzog, enquanto ouvia Weeping, momentos antes de se enforcar, falou por telefone com Genesis P-Orridge. E nas primeiras horas da manhã do dia 18 de maio, Ian enforcou-se em sua cozinha, utilizando uma corda que sustentava o varal de roupas, segundo se conta, ouvindo o disco The Idiot, primeiro lançamento do cantor norte-americano Iggy Pop. Os pontos de vista e as preferências de Ian Curtis continuam a gerar especulações sobre as reais razões pelas quais ele resolveu tirar a própria vida. Alguns dizem que ele simplesmente desejou morrer jovem. Mas o fato é que Ian já era conturbado na sua adolescência, com pensamentos e ideologias de contracultura, uma mente provavelmente já farta do mundo ao seu redor.
Bruno Stroszek (Bruno S.), um músico de rua alcoólatra, acaba de sair da prisão. Sem esperanças, ele conta apenas com um glockenspiel e um acordeon. Logo conhece a prostituta Eva (Eva Mattes) e, em companhia de Scheitz (Clemens Scheitz), excêntrico vizinho de Bruno, decidem ir para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor.
E se o caminho para transformar o planeta e torná-lo sustentável dependesse de algo tão cotidiano e de primeira necessidade como a comida? Este é o argumento defendido pela arquiteta, professora e escritora britânica Carolyn Steel, em seu livro Sitopía (Capitán Swing, 2022).
Sitopia é um termo inventado por Steel a partir das palavras gregas sitos (alimento) e topos (lugar), e significa, literalmente, lugar de alimentos. Com isso, pretendia dar um nome à nossa sociedade, um mundo conformado pela comida.
Steel reflete sobre como a forma como nos alimentamos moldou nossas cidades. Conforme os mercados tradicionais vão desaparecendo e o valor que atribuímos à comida é cada vez menor, também vamos perdendo a coesão social, a saúde e até a nossa própria identidade cultural. Por dependermos de alimentos cada vez mais baratos e produzidos de modo intensivo, entramos em um modo de vida menos sustentável. Ainda temos tempo para mudar?
A entrevista é de Mariángeles García, publicada por Yorokobu, 22-03-2023. A tradução é do Cepat.
Eis a entrevista.
A filosofia está muito presente em seu livro. O fato desta disciplina estar desaparecendo dos planos de estudo (ao menos na Espanha) nos torna, como cidadãos, mais vulneráveis a ideologias que nos desumanizam?
Sim! De fato, acredito que estamos perdendo a capacidade de pensar por nós mesmos e de nos fazer grandes perguntas, o que realmente me preocupa. Penso que a internet criou uma espécie de supermercado das ideias, no qual as pessoas vão às compras até encontrar conceitos pré-fabricados que as atraem. Então, elas os adotam por atacado, como se tivessem sido pensados por elas próprias.
Isto me preocupa muito, porque essas ideias, muitas vezes, tornam-se ideologias irremovíveis. Também nos expõe a acreditar em teorias da conspiração e a ser incapazes de examinar o que realmente pensamos desde a base e, portanto, de estabelecer um debate fundamentado. Como vimos com a recente invação ao Capitólio dos Estados Unidos e agora ao Congresso brasileiro, este fenômeno ameaça a própria democracia.
Qual é a relação entre filosofia e alimentação, e como isso afeta nossa cultura alimentar?
Bem, existem poucos atos tão significativos como o de comer: levanta questões muito profundas como o que é a vida, o que significa compartilhar com justiça, qual é a nossa relação com a natureza e como é uma boa vida.
Por exemplo, só pelo fato de comer, nós nos autorizamos a considerar nossa vida mais importante do que a de, por exemplo, um frango ou uma batata. Mais do que isso, penso que ver o mundo pelo prisma da comida pode nos ajudar a nos tornarmos filósofos, o que significa que pode nos habilitar a fazer grandes e importantes perguntas. E isso, conforme eu dizia antes, é extremamente importante. De fato, se eu tivesse que redesenhar o plano de estudos, colocaria a alimentação e a filosofia entre as disciplinas mais importantes.
Por isso, inventei a palavra sitopia, porque vivemos em um mundo moldado pela comida. Sendo assim, pensar a partir dela pode nos ajudar a olhar ao nosso redor, questionar nosso lugar no mundo e voltar a nos fazer essas grandes perguntas.
O urbanismo das cidades costumava gravitar em torno de seus mercados: eram os centros de reuniões sociais e quase políticas. Como o urbanismo mudou, desde que a nossa alimentação piorou?
O mercado era o centro da cidade pré-industrial, não só fisicamente, mas social, econômica, simbólica e politicamente. Antes que a industrialização destruísse a o vínculo geográfico entre os alimentos e as cidades, os mercados eram os únicos lugares onde as pessoas podiam comprar alimentos frescos, então, todos recorriam a eles, não só para comprar comida, mas para uma socialização, para saber das últimas notícias e tagarelar.
Basta ler as descrições da ágora ateniense, os relatos de Zola sobre Les Halles, em Paris, e os de Samuel Pepys sobre Covent Garden para perceber como esses espaços públicos eram vibrantes. De fato, os supermercados foram projetados especificamente para eliminar os encontros sociais que outrora caracterizavam os mercados, o que significa uma grande perda.
O que essas mudanças implicam?
Como arquiteta, tenho muito interesse na importância da esfera pública, ou seja, a presença de um espaço aberto, inclusivo e heterogêneo no qual se é livre para atuar e se encontrar face a face com seus concidadãos. De fato, isso está diretamente relacionado ao debate anterior, sobre como as pessoas estão perdendo a capacidade de debater e pensar por si mesmas, porque grande parte dessa atividade agora é realizada on-line. E isto está longe de ser um verdadeiro espaço público, já que, como sabemos, é muito manipulado.
As implicações são enormes, uma vez que limitam nossa experiência do outro e nossas oportunidades de sentir o que temos em comum (apesar de nossas diferenças). E, por sua vez, ameaça nosso compromisso político e, de fato, nossa capacidade de participar como cidadãos em uma democracia que funcione.
Qual é a primeira coisa que você faz quando viaja para uma nova cidade?
No meu caso, e penso que no de muitos de nós, é procurar pela comida local e tradicional, seja em mercados, comércios locais, cafés e restaurantes. É de longe a maneira mais rápida (e prazerosa!) de entender o que faz um lugar funcionar, como as pessoas se relacionam, como são a paisagem e a cultura local.
Uma cidade como Barcelona, por exemplo, que protege e investe em seus mercados e promulga leis para protegê-los do desenvolvimento dos supermercados, seria uma dessas cidades. E, claro, muitas cidades do sul permanecem organizadas de forma espetacular em torno de suas culturas alimentares tradicionais, porque a marcha inexorável do McDonald's et al ainda não as alcançou.
Penso que a mensagem mais poderosa que podemos enviar a esses lugares é que, a todo custo, se apeguem a suas culturas alimentares locais: uma vez perdidas, é muito difícil recuperá-las (como qualquer pessoa no Reino Unido pode dizer!) e delas depende, em grande medida, a coesão social e política de um povo.
"Não odeies pessoa alguma, nem mesmo os maus. Compadece-te deles, porque jamais conhecerão o único gozo que consola na vida: fazer o bem."
Entusiasta do anarquismo e ardente deyfusista, encarna o protótipo de intelectual comprometido com os assuntos públicos de sua época, assumindo como dever primordial desmistificar as instituições que alienam e oprimem. Nesta tarefa buscou constituir uma estética da revelação que levasse a lucidez, capaz de obrigar os voluntariamente cegos a encararem a realidade das injustiças do mundo. Combateu a sociedade burguesa e a economia capitalista, fazendo frente a formas literárias e estéticas tradicionais que contribuíam para anestesiar consciências, rejeitou o naturalismo, o academicismo e o simbolismo, buscando seu caminho entre o impressionismo e expressionismo.
À medida que viajávamos pelo mundo, encontrávamos amor, ódio, ricos e pobres, negros e brancos, bem como muitos grupos religiosos e ideologias diferentes. Ficou muito claro que, enquanto raça humana, precisamos de transcender das trevas para a luz e a música é a nossa arma do futuro. This Song Around The World conta com a participação de Bono, David Broza, Rocky Dawuni, Mermans Mosengo e músicos que viram e superaram conflitos e ódio com amor e perseverança. Não precisamos de mais problemas, o que precisamos é de amor. O espírito de Bob Marley vive sempre.
Until the philosophy which hold one race Superior and another inferior Is finally and permanently Discredited and abandoned Everywhere is war, me say war
(We don't need) No, we don't need (no more trouble) No more trouble! (We don't need no more trouble)
(We don't need) We don't need (no more) trouble! We don't need no trouble!
What we need is love (love) To guide and protect us on (on) If you hope good down from above (love) Help the weak if you are strong now (strong)
We don't need no trouble (Need no trouble) What we need is love (What we need is love sweet love) Oh, no! We don't need, no more trouble! Lord knows, we don't need no trouble!
Speak happiness! (Sad enough without your woes) Come on, you all, and speak of love (Sad enough without your foes)
We don't need no trouble (We don't need your troubles) What we need is love now (What we need is love!) (We don't need) Oh, we don't need no more trouble! We don't need, no, we don't need no trouble!
Na terça-feira, durante uma reunião do Conselho de Segurança, Tom Fletcher criticou duramente as condições desumanas impostas "sem o menor constrangimento" por Israel no território palestiniano.
Tom Fletcher utilizou mesmo a palavra "genocídio".
"De que mais provas precisam? Vão agir de forma decisiva para impedir o genocídio e garantir o respeito pelo direito internacional humanitário, ou, em vez disso, dirão `fizemos tudo o que podíamos?`", questionou.
Danny Danon realçou, numa carta enviada na sexta-feira a Tom Fletcher, tornada pública pelo seu gabinete, que ficou "profundamente chocado e perturbado" com aquelas declarações.
"Teve a ousadia, na sua capacidade de alto funcionário da ONU, de se apresentar perante o Conselho de Segurança e invocar a acusação de genocídio sem provas, sem mandato, sem restrições", denunciou.
"Esta foi uma declaração completamente descabida e irresponsável, que destruiu qualquer noção de neutralidade (...) O senhor não informou o Conselho, fez um sermão político", acrescentou.
Para o embaixador israelita, utilizar "a palavra `genocídio` como arma contra Israel não é apenas uma distorção, é a profanação e a subversão de um termo de força e peso únicos".
O difícil relacionamento entre Israel e a ONU deteriorou-se ainda mais após o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, a 07 de outubro de 2023, e a retaliação do exército israelita na Faixa de Gaza.
As autoridades israelitas cortaram todos os laços com a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA), que acusam de estar infiltrada pelo Hamas.
Em outubro passado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, foi declarado "persona non grata" em Israel.
Já hoje, o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, lamentou a escalada dos ataques israelitas na Faixa de Gaza, alertando para uma "limpeza étnica" do povo palestiniano em curso.
Em resposta ao ataque de 07 de outubro de 2023 do grupo islamita palestiniano Hamas - que fez 1.200 mortos e 251 sequestrados -, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, propôs-se "erradicar" o movimento, e o seu Exército lançou horas depois uma ofensiva destruidora em Gaza que causou mais de 53.000 mortos, obrigou os 2,4 milhões de habitantes a deslocarem-se várias vezes em busca de refúgio e provocou uma catástrofe humanitária.
Após um cessar-fogo de dois meses, o Exército israelita retomou a ofensiva na Faixa de Gaza a 18 de março e apoderou-se de vastas áreas do território.
No início de maio, o Governo de Netanyahu anunciou um plano para "conquistar" Gaza, que Israel ocupou entre 1967 e 2005.
Fizeram-no aos nativos americanos, aos palestinianos como a minha família em 1948, e agora Trump quer fazer o mesmo novamente em Gaza. Chama-se “transferência forçada” e mata algo muito maior do que qualquer vida individual.
Os efeitos das alterações climáticas já são sentidos em todo o mundo e constituem ameaças reais à segurança e bem-estar das pessoas. A perda de biodiversidade e a degradação ambiental, que seguem a um ritmo acelerado, agravam ainda mais esta realidade. Para garantir que os líderes que estarão à frente das decisões em Portugal estejam comprometidos em reverter este cenário, a Coligação C7 destaca as seguintes medidas prioritárias que devem ser incluídas nos programas das Eleições Legislativas que se aproximam:
Conservação e Restauro da Natureza, dentro e fora de Áreas Classificadas:
Retorno da Secretaria de Estado de Conservação da Natureza, e da pasta das Florestas ao Ministério do Ambiente.
Reverter a alteração à lei dos solos que veio permitir construção em solos rústicos.
Garantir o cumprimento da meta de proteção de 30% do território terrestre e marinho até 2030, incluindo os 10% de proteção estrita, através de uma rede eficaz de Áreas Protegidas ecologicamente representativas, conectadas e bem geridas - necessidade de cumprir as metas definidas na Lei do Restauro;
Garantir a implementação da Rede Natura 2000 (nomeadamente, a conclusão da elaboração dos planos de gestão e a ampliação desta rede ecológica em Portugal) e a efetiva aplicação da legislação, da regulamentação e de iniciativas de conservação, monitorização e fiscalização em todo o Sistema Nacional de Áreas Classificadas;
Garantir financiamento para a elaboração e implementação do Plano Nacional de Restauro, para promover o restauro ecológico à escala da paisagem e dos ecossistemas degradados, reabilitar o equilíbrio ecossistémico e reverter a perda de biodiversidade;
Promover o restauro dos rios através da remoção de barreiras fluviais obsoletas, em linha com o Regulamento do Restauro da Natureza e o objetivo do Pacto Ecológico Europeu de libertar 25 mil km de rios;
Repensar a estratégia nacional para a gestão da água apostando em soluções baseadas na natureza, enquanto alternativas mais sustentáveis e de baixo custo, como o restauro de zonas húmidas, proteção de aquíferos e o uso de tecnologias de armazenamento alternativas, como reservatórios naturais ou infiltração de água no solo, em detrimento da construção de novas grandes barragens e transvases;
Aumentar em pelo menos 50% o financiamento disponível (quer em Orçamento de Estado, quer no Fundo Ambiental quer no Fundo Azul) para ações de conservação da natureza, que deverá ser plurianual, de forma a garantir o cumprimento dos compromissos internacionais assumidos, nomeadamente o Global Biodiversity Framework da Convenção da Diversidade Biológica;
Reforçar a proteção do lobo ibérico ao nível nacional e estimular ativamente a adoção de medidas que promovam a coexistência harmónica, tendo em consideração que a proteção desta espécie será severamente reduzida ao nível europeu;
Criar legislação para a conservação das árvores junto das estradas nacionais e municipais, obrigando as entidades gestoras a fundamentarem publicamente as decisões sobre abates.
Clima e energia:
Garantir a implementação imediata do disposto na Lei de Bases do Clima, atendendo a que o seu calendário de implementação se encontra manifestamente atrasado;
Concretizar a revisão do Roteiro Nacional de Baixo Carbono e a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas, previstos para 2025, garantindo a participação efetiva das ONGAs e tendo como ponto de partida uma avaliação completa dos resultados das estratégias anteriormente em vigor;
Garantir a efetiva implementação do Plano Nacional de Energia e Clima 2030, tendo em consideração a necessidade de compatibilizar as suas ambições com outros objetivos ambientais, como a proteção da biodiversidade, e com a racionalidade económica;
Promover a transição para uma economia de baixo carbono, incluindo a eliminação de todos os subsídios e apoios públicos aos combustíveis fósseis;
Promover a eficiência energética, nomeadamente garantindo recursos para a implementação da Estratégia de Longo-Prazo para a Renovação dos Edifícios e da Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2023-2050, e apostar prioritariamente na descentralização e democratização da produção renovável, nomeadamente através do autoconsumo e das comunidades de energia;
Concretizar o processo de seleção de áreas de aceleração de energias renováveis, através de uma Avaliação Ambiental Estratégica, e definir mecanismos para encorajar a localização de projetos de energias renováveis em áreas de menor sensibilidade ambiental (por exemplo, limitar a aplicação do princípio do “interesse público prevalecente” dos projetos de energias renováveis, previsto na REDIII, a estas áreas de aceleração);
Incorporar critérios ecológicos e sociais (critérios não-preço) nos futuros leilões de renováveis (incluindo os leilões para a energia eólica offshore), bem como realizar um planeamento cuidadoso da instalação das infraestruturas de produção e de rede e uma monitorização rigorosa e contínua dos impactos ambientais e sociais dos mesmos;
Maior integração dos aspetos da transição justa, nomeadamente com a elaboração participada do Plano Social Climático de Portugal;
Garantir recursos para apoiar o desenvolvimento e implementação dos planos municipais e regionais de ação climática.
Agricultura e alimentação:
Criar o Plano Nacional de Alimentação Sustentável, que defina de forma participada e transparente os princípios para a alimentação sustentável e os integre de forma sistémica nas políticas de produção, consumo e combate ao desperdício e perdas de alimentos, bem como nas políticas de saúde;
Elaborar a Estratégia Nacional de Promoção do Consumo de Proteínas Vegetais, conforme disposto no PNEC 2030;
Investir na agricultura de baixo impacto, que realiza práticas sustentáveis de uso do solo e da água, com reduzida emissão de gases de efeito de estufa e que beneficia a biodiversidade e que reduz o desperdício agro-alimentar, através de práticas agro-ecológicas;
Promover o uso eficiente e contido da água na agricultura, diversificação e complementaridade entre origens de água nos diversos sistemas de abastecimento, e a regulação do uso de água em todos os sistemas, respeitando sempre os ecossistemas; Promover instrumentos que permitam acabar com a subsidiação pública da água na agricultura de forma a que os agricultores paguem o real custo da água.
Inserir critérios ambientais obrigatórios para as compras públicas de alimentação escolar, garantindo uma alimentação saudável e sustentável nas cantinas, privilegiando cadeias de abastecimento mais sustentáveis e dando escala à implementação da Estratégia Nacional para as Compras Públicas Ecológicas;
Oceanos e Pescas:
Garantir financiamento estrutural que permita o adequado funcionamento dos comités de cogestão das pescarias e a realização de todas as suas funções, de maneira contínua e que dê resposta às singularidades deste modelo de gestão;
Desenvolver de maneira colaborativa e implementar o Plano de Ação Nacional para a Gestão e Conservação de Tubarões e Raias, bem como o Plano de Ação para a Mitigação dos Impactos da Pesca sobre Cetáceos, Aves e Tartarugas;
Criar o Fórum de Carbono Azul em Portugal;
Apoiar a transição para práticas pesqueiras de baixo impacto, direcionando fundos públicos para avaliações que comprovem os impactos das pescarias e eliminando gradualmente os subsídios prejudiciais aos recursos pesqueiros;
Assegurar a implementação eficaz da Diretiva-Quadro da Estratégia Marinha por meio de planos de monitorização assentes na ciência, com financiamento adequado;
Garantir a implementação correta da Política Comum de Pescas, com destaque para o novo Regulamento de Controlo e o Plano de Ação Marinha.
Assegurar a ratificação do Tratado de Alto Mar, para proteção da biodiversidade em áreas para além da jurisdição nacional.
Para além das prioridades temáticas mencionadas, é fundamental assegurar mais espaços formais de participação da sociedade civil no desenvolvimento das políticas públicas, abrangendo todas as suas fases, desde a concepção inicial até a implementação e monitorização. As consultas públicas podem ser agilizadas através da criação de uma plataforma única (semelhante à utilizada pela Comissão Europeia), seguindo enquanto padrão mínimo o disposto na legislação de Avaliação de Impacte Ambiental e garantindo o cumprimento da Convenção de Aarhus sobre o direito à participação. É essencial também salvaguardar e apoiar a ação das organizações da sociedade civil, pela sua importância democrática e papel na defesa da natureza e do bem-estar das pessoas, incluindo através da garantia da continuidade de instrumentos de financiamento centrais, como o programa LIFE.
A C7 considera que estas medidas representam o mínimo necessário para que Portugal possa enfrentar os desafios ambientais globais, cumprir os compromissos internacionais assumidos, e garantir a manutenção dos ecossistemas e a construção de uma sociedade resiliente.
A Coligação C7 é composta pelas seguintes organizações:
FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade
GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
LPN – Liga para a Protecção da Natureza
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
O essencial da propaganda fascista utiliza, desde há décadas, a técnica de cavalgar o descontentamento popular face às más condições de vida e à falta de Saúde, Habitação e Justiça com que o povo diariamente se confronta. Simultaneamente, procura criar inimigos, apresentados pública e repetidamente como os únicos culpados por todos esses males, procurando assim arregimentar e unir as suas próprias tropas. Assim foi no Terceiro Reich, como o foi na ditadura fascista, e como está a ser, presentemente, na propaganda dos partidos e movimentos de extrema-direita, como o Chega, o Ergue-te, o Habeas Corpus, o 1143 e outros quejandos.
Deste modo, se os salários são baixos e as pensões ainda mais, se a Saúde não funciona, se não há Habitação nem Justiça acessíveis e condignas, isso deve-se, segundo essa narrativa, a uma corja de outros que não os chamados “portugueses de bem”, ou seja, os imigrantes, os pretos e indostânicos, os muçulmanos, os homossexuais e os ciganos. Estes, segundo essa mesma narrativa, mil vezes repetida, não trabalham porque não querem, vivem de expedientes e de actividades ilícitas, são subsidiodependentes, têm assistência médica gratuita e, no fundo, vivem “à grande”, sempre à custa dos que trabalham, descontam uma vida inteira e tudo têm de pagar do seu bolso.
Este discurso assenta sempre, e igualmente, no apelo indirecto – ou mesmo directo – ao ódio e aos sentimentos mais rasteiros, bem como no incitamento à violência contra essas minorias, generalizando, normalizando e banalizando cada vez mais tais atitudes. E conseguem fazê-lo, em grande medida, por responsabilidade – há que reconhecê-lo – dos partidos, organizações e pessoas que se reclamam de esquerda, anti-racistas e anti-xenófobas, os quais, na convicção de que, assim agindo, conseguirão manter ou conquistar votos, se calam perante a vaga da demagogia e da mentira, furtando-se a demonstrar a falsidade dos argumentos apresentados pela extrema-direita.
As comunidades ciganas são hoje – e, aliás, têm-no sido ao longo da História – vítimas particularmente marcadas deste tipo de actuação política e social. Contudo, a situação tem-se agravado de forma muito clara nos tempos mais recentes. Há, assim, autarquias que negam ou retiram apoios – quaisquer que sejam – a essas comunidades ciganas ou a algumas das suas associações apenas porque um elemento do Chega tratou de desencadear esse mesmo tipo de ataque demagógico e insultuoso. E este é, aliás, sempre amplificado, quer por uma poderosa máquina de exploração das redes sociais, aprendida e treinada com o partido fascista espanhol VOX, quer por uma comunicação social onde desapareceu qualquer vestígio de espírito crítico, campeando, em seu lugar, o culto do sensacionalismo e de tudo o que dá audiências.
Hoje em dia muitos pais e mães ciganos vêem-se já obrigados a proteger os filhos do bullying nas escolas e forçados a explicar-lhes por que razão são apelidados de criminosos, de ociosos, de subsidiodependentes ou, até, de chulos. E muitos membros dessas mesmas comunidades receiam sair à rua, ou simplesmente ir ao supermercado ou ao café, evitando exercer a sua mais que fundamental liberdade de circulação, apenas para não terem de suportar insultos, dichotes injuriosos, ameaças e, por vezes, até a própria violência.
Ora, tudo isto representa o mais absoluto desprezo pela dignidade do ser humano e a mais completa violação – ainda que, frequentemente, tolerada, se não mesmo aceite e incentivada – dos mais elementares princípios de uma sociedade verdadeiramente livre e democrática. E torna-se, por isso, tanto mais importante quanto urgente desmontar as mais frequentes e odiosas falsidades sobre as comunidades ciganas, incessantemente propagadas pela extrema-direita.
Primeira mentira:
Os ciganos recebem mensalmente largas centenas, senão mesmo milhares, de euros de RSI – Rendimento Social de Inserção, pago pelo Estado e, por isso, não trabalham nem querem trabalhar, preferindo viver à custa dos outros, os tais “portugueses de bem”.
Ora, a totalidade do valor pago pela Segurança Social a título de RSI corresponde, segundo dados da Pordata, a menos de 1% do total das despesas da Segurança Social. E, segundo essa mesma fonte, somente 3,8% dos beneficiários deste apoio são de etnia cigana, não existindo, para estes, qualquer tratamento diferente ou mais favorável do que para os restantes beneficiários.
Mais! O valor pago a título de RSI corresponde apenas à diferença entre o montante total das prestações aplicáveis e o valor equivalente e 80% dos salários ou a 100% de todos os outros rendimentos recebidos por cada agregado familiar, sendo que, em 2025, o RSI é de 242,23€ mensais por titular, 169,56€ por cada um dos restantes adultos do agregado e 121,12€ por cada criança ou jovem menor de 18 anos.
Significa isto que, por exemplo, numa família com 3 adultos e 2 crianças, o valor total do RSI abstractamente atribuível será de:
Titular: 242,23€
Segundo adulto: 169,56€
Terceiro adulto: 169,56€
Criança 1: 121,12€
Criança 2: 121,12€
Total do RSI: 242,23€ + 169,56€ + 169,56€ + 121,12€ + 121,12€ = 823,59€
Mas se um dos membros receber o salário mínimo nacional (870€), então há que deduzir 80% desse salário:
80% de 870€ = 696€
RSI a receber: 823,59€ – 696€ = 127,59€
Noutra hipótese, se uma das cinco pessoas do agregado tiver uma pensão de 350,00€, o RSI para as mesmas cinco pessoas será de:
823,59€ – 350,00€ = 473,59€. Ou seja: 94,72€ mensais por cabeça.
Tudo isto para além de que, mesmo no conjunto dos beneficiários do RSI, este montante é insuficiente para garantir um nível de vida minimamente digno, o que prova que não se trata de “viver à grande”, mas antes de um apoio mínimo de sobrevivência.
Onde fica, afinal, o tão propalado pretenso recebimento, pelas famílias ciganas, dos alegados milhares de euros por mês em subsídios sociais, como o RSI? Aliás, esta mentira tem sido alimentada de forma particularmente insidiosa nas redes sociais, onde, há alguns anos, circulou amplamente a imagem de um alegado cheque passado pela Segurança Social, em nome de um cidadão cigano, com um valor de milhares de euros, apresentado como prova irrefutável de que os ciganos receberiam fortunas em RSI. A fraude era evidente para quem conhece os montantes do RSI, mas a mentira foi partilhada milhares de vezes, reforçando preconceitos e alimentando o discurso do ódio. Mais recentemente, essa mesma imagem foi reciclada, trocando-se o nome por um de origem indiana ou nepalesa, para agora atacar os imigrantes com a mesma narrativa falsa. E, quando alguns utilizadores das redes sociais decidiram, em tom de denúncia, colocar no cheque o nome de André Ventura, líder do Chega, para expor o absurdo da manipulação, as partilhas foram residuais. O que revela não só a facilidade com que estas campanhas de desinformação são adaptadas, mas também a predisposição de muitos para acreditar em mentiras que confirmem os seus preconceitos, ignorando, quando lhes convém, a evidência da falsidade.
Além disso, segundo o Inquérito às Condições, Origens e Trajectórias da População Residente em Portugal (ICOT), publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 24 de junho de 2024, 51% das pessoas ciganas afirmaram ter sentido discriminação, designadamente no acesso e na manutenção do emprego. Por isso, o seu principal objectivo é, precisamente, conseguir trabalho e não, de todo, viver de subsídios.
Segunda mentira:
Quase todos os ciganos são pessoas ricas e abastadas, vivendo muito melhor do que a maioria dos portugueses.
Ora segundo o próprio Conselho da Europa e os dados da ADFUE – Agenda Europeia dos Direitos Fundamentais, 96% da população cigana residente em Portugal vive abaixo do limiar mínimo de pobreza. E, de acordo com o Estudo Nacional sobre as Comunidades Ciganas, elaborado pelo Observatório das Comunidades Ciganas do ISCTE, 27% ainda habitam em barracas, especialmente no Algarve, e 48% dos inquiridos indicaram já ter passado ou estarem a passar fome. Além disso, as comunidades ciganas em Portugal apresentam a mais elevada taxa de doenças crónicas e a mais baixa esperança de vida de toda a União Europeia – inferior a 60 anos.
Terceira mentira:
Os ciganos são uns malandros que vieram de fora do país para cá viver à nossa custa, não pagam impostos e usufruem de assistência médica e até de habitação gratuitas, que, porém, os portugueses têm de pagar do seu bolso.
Segundo o mesmo relatório ICOT, publicado pelo INE, 88,1% das pessoas identificadas como ciganas não têm qualquer “background migratório”, ou seja, são não apenas nascidas em Portugal, como também o são os seus pais e avós, numa percentagem que, aliás, supera a da população total: 95,3% dos ciganos nasceram em Portugal e 96,7% têm ascendência portuguesa, valores superiores aos da generalidade da população residente, que são, respectivamente, de 87,5% e 95,8%.
Para além disto, uma percentagem elevadíssima da população cigana (72,6%) integra os 20% da população com rendimentos mais baixos, pelo que necessita de apoios sociais. E importa sublinhar que não existe, de todo, qualquer regime diferenciado ou mais favorável para a população cigana, quer no acesso ao SNS, quer no pagamento de impostos.
Quarta Mentira:
Os ciganos têm património, nível e condições de vida bem superiores aos da generalidade dos restantes cidadãos.
O mesmo relatório ICOT demonstra a completa falsidade desta pseudo-verdade, sistematicamente propagada por André Ventura. A população cigana apresenta valores muito abaixo da média nacional – isto é, de toda a população portuguesa – em vários dos mais relevantes indicadores da qualidade e das condições de vida, a saber:
Propriedade de bens: 30,6%, contra 70,8% da população total;
Conforto térmico da habitação: 46,8%, contra 72,3% do total;
Acesso à internet: 70%, contra 91,8%;
Posse de automóvel: 55,1%, contra 75,6%.
Esta é a realidade, nua e crua, que resulta dos números oficialmente apurados e publicados, e que demonstra que André Ventura e Companhia mentem despudoradamente para acicatar ânimos, alimentar ódios, virar cidadãos contra cidadãos e procurar convencer, através de mentiras mil vezes repetidas como estas, uma parte da população a dar-lhes o seu apoio e o seu voto, na infantil, mas muito perigosa, ilusão de que será perseguindo, agredindo, esmagando e expulsando os tais “inimigos” que todos os problemas do Povo, afinal, se resolverão…
É frequente ouvir-se, nas conversas de café e nas redes sociais, a velha frase feita de que “os ciganos têm um Mercedes à porta da barraca”. Este estereótipo, para além de redutor e injusto, ignora a realidade social concreta destas comunidades. Aliás, uma viatura, que é muitas vezes usada para trabalho ambulante, é apresentada como símbolo de riqueza, quando, na verdade, esconde uma vida marcada pela precariedade habitacional, pela exclusão social e por rendimentos muito abaixo do limiar da pobreza. Tal como noutras comunidades desfavorecidas, como os moradores de bairros sociais, também se dizia que certos bens de valor eram fruto do tráfico de droga ou de outras actividades ilícitas. E, de facto, por vezes isso pode corresponder à verdade. Mas a existência de casos pontuais não autoriza, em caso algum, a generalização abusiva e preconceituosa de que todos vivem do crime ou de expedientes ilícitos.
Importa deixar claro que comportamentos ilícitos, práticas abusivas ou aproveitamento indevido de apoios sociais não são exclusivos de nenhum grupo social ou comunidade étnica. Existirão, naturalmente, casos pontuais em diversos sectores da sociedade portuguesa, incluindo na comunidade cigana, tal como em muitas outras comunidades e classes sociais. Os abusos, quando existem, não podem nem devem ser ignorados – mas é fundamental denunciar, com igual firmeza, a manipulação que transforma situações individuais em arma de estigmatização, perseguição e diabolização de uma comunidade inteira. Este é o verdadeiro abuso que urge combater!
É que todas estas mentiras só servem para esconder as verdadeiras causas dos problemas sociais em Portugal, como as desigualdades estruturais, a precariedade laboral, os baixos salários, as pensões de miséria, a especulação imobiliária e a falta de habitação condigna, entre outros, desviando, assim, o foco do debate para um bode expiatório conveniente.
Compete, pois, agora aos democratas e, em particular, àqueles que se apresentam como defensores do povo, travar um combate sem tréguas contra a mentira e contra o discurso do ódio, de que, ao longo da História, sempre foram feitas as mais venenosas serpentes da Política.
A grande questão, hoje como sempre, é simples e incontornável: quem escolhe estar à altura dessa responsabilidade – política, cívica e ética – e quem, pelo contrário, prefere virar a cara e deixar o terreno livre aos mensageiros do medo, da mentira e do ódio?
Citou James Baldwin, dizendo : "Ignorance allied with power is the most ferocious enemy justice can have."
Que estas palavras ressoem em todas as nações, em todas as ruas, em todos os lares, em todo o mundo! Não podemos sucumbir ao autoritarismo, ódio, segregação racial e fascismo! ... Obrigado, Bruce!
Mas porque é que a atuação de Portugal no estrangeiro é pessoal e está relacionada com o voto individual nas legislativas?
Há três razões fundamentais pelas quais a política externa deve importar no momento de votar, e cada uma delas ajuda a perceber como esta área governativa, tantas vezes invisível no debate público, tem impacto direto na nossa vida coletiva.
1. Porque define o que Portugal defende ou tolera em teu nome
Quando um país apresenta uma resolução ou decide como votar; quando silencia ou denuncia violações dos direitos humanos; e quando investe ou reduz as suas relações com países antidemocráticos, está essencialmente a falar em teu nome no palco mundial.
A diplomacia tem ao seu dispor várias ferramentas para comunicar os valores e as prioridades que o país define, e esse enquadramento diz mais sobre nós, como indivíduos e como país, do que imaginamos. Se nem tudo na política externa se altera consoante um governo mais à esquerda ou mais à direita, existem exemplos concretos do tipo de atuação externa que pode variar consoante os ciclos eleitorais: Há dois anos, Portugal associou-se à Comissão Europeia numa ação contra a Hungria por alegada violação dos valores fundamentais da União Europeia. Outras questões que podem oscilar incluem o Estado de Direito, as fronteiras e as migrações, o comércio e o investimento em defesa.
2. Porque molda o mundo em que vais viver — e deixar às próximas gerações
São exemplos disto as alterações climáticas, as sanções, a resposta às guerras, os fluxos migratórios, as novas pandemias — todos estes desafios resultam e são afetados pelas decisões externas do país, em estrita colaboração ou retaliação face a outros movimentos internacionais.
Ora, os partidos políticos não atribuem o mesmo valor e prioridade nem aos pilares da política externa em si, nem às soluções que se propõem apresentar. A falta de ambição ou de coerência na ação externa hoje pode significar instabilidade e insegurança amanhã.
3. Porque tens o direito e o dever de influenciar a nossa posição internacional
A política externa é política, e a política é feita de escolhas. Isto não acontece num vácuo — o comportamento dos Estados além fronteiras é, regra geral, uma extensão dos interesses, dos valores e, muitas vezes, das dinâmicas e prioridades eleitorais domésticas. A política externa é moldada por quem está no poder e por como esse poder interpreta o mundo e o papel que o país deve ter nele.
A política externa não é só para diplomatas. É feita por quem elegemos. Logo, é tua também.
Nunca houve um presidente dos EUA como Donald Trump — e agora está de volta, desta vez com um plano detalhado para a sua segunda vinda.
Quase quatro anos depois de ter sido rejeitado pelos eleitores e acusado de encorajar o povo norte-americano a agredir a sua própria democracia com o ataque ao Capitólio dos EUA, o criminoso agora condenado quer reconstruir o país à sua própria imagem.
Antes das eleições nos EUA, em novembro, o repórter do Four Corners, Mark Willacy, viaja para Washington para a primeira parte de uma série especial de duas partes.
Reúne-se com fontes internas da Casa Branca que testemunharam o caos do primeiro mandato de Trump — algumas que continuam a apoiar a sua visão, e outras que Trump considera agora "traidores".
Trump quer remodelar os pilares da democracia americana e dar-se mais poder. Willacy conhece o “Projecto 2025”, o projeto para um segundo mandato de Trump e o exército de recrutas prontos para executar as suas ordens.
Entretanto, especialistas em estratégia, segurança e defesa alertam para o impacto que outra presidência de Trump poderá ter nas instituições dos Estados Unidos, na sua democracia e no resto do mundo.
De Niro recebe a Palma de Ouro Honorária na abertura de Cannes. Durante o seu discurso, o ator elogiou o espírito do evento, aberto à arte, a uma “arte que procura a verdade, uma arte que abraça a inclusão”. “E é por isso”, continuou, “a arte é uma ameaça, nós somos uma ameaça para os autocratas e fascistas de todo o mundo”. A partir daí, começou a falar com Donald Trump ("o presidente filisteu americano") para desfazer os seus cortes na ajuda cultural e atacar o seu plano tarifário. “A originalidade na arte não tem preço, mas parece que pode ser tributada.” E pediu que as pessoas se organizassem em apoio da democracia, “sem violência, mas com paixão e determinação”.
“Uma mistura de estupidez e maldade… O establishment liberal é o principal responsável pelo genocídio dos palestinianos.”
Neste episódio Yanis Varoufakis faz uma crítica feroz ao liberalismo ocidental e conta-nos porque sente que o sistema global está em crise.
Este episódio explora a fachada da superioridade moral ocidental, o papel do império no passado e no presente, como a hipocrisia liberal deu origem ao fascismo, a crise climática, Gaza e porque é que Varoufakis deposita a sua esperança no Sul Global.
Ben Cohen, the co-founder of Ben & Jerry's, was arrested during a protest in the US Senate over military aid to Israel and humanitarian conditions in Gaza.
Protesters disrupted the hearing on Wednesday while Health and Human Services Secretary Robert F Kennedy Jr was testifying.
Mr Cohen was charged with a misdemeanour offence, while another six demonstrators were also arrested and face a number of more serious charges, US Capitol Police told BBC News.
A video shared on social media showed Mr Cohen being escorted from the building by police with his hands tied behind his back.
"Congress kills poor kids in Gaza by buying bombs, and pays for it by kicking kids off Medicaid in the US," he said in a video after someone asked why he was "getting arrested".
A police spokesperson said that Mr Cohen was charged with crowding, obstructing or incommoding - a misdemeanour offence often used in civil disobedience cases in the US capital.
Six other demonstrators were also arrested at the hearing and face charges including assaulting a police officer and/or resisting arrest.
Ben & Jerry's has long been known for taking a public stance on social and political issues since it was founded in 1978 by Mr Cohen and Jerry Greenfield.
It has often backed campaigns on issues like LGBTQ+ rights and climate change.
Ben & Jerry's was bought by the multinational consumers goods giant Unilever in 2000.
The merger agreement between the two companies created an independent board tasked with protecting Ben & Jerry's values and mission.
But Unilever and Ben & Jerry's have been at loggerheads for a while. Their relationship soured in 2021 when Ben & Jerry's announced it was halting sales in the West Bank.
In response to a request for comment, a spokesperson for Unilever told BBC News: "Ben Cohen takes stances as an activist citizen on issues he finds personally important.
"These actions are on his own as an individual and not on behalf of Ben & Jerry's or Unilever."
A União Europeia está, silenciosamente, a avançar com o “euro digital” — uma moeda centralizada que poderá em breve substituir o dinheiro físico. Mas há um problema. Aliás, vários.
Imagine um mundo onde o Governo pode monitorizar cada cêntimo que gasta, limitar o montante que pode ter na sua conta e até congelar o seu saldo — instantaneamente e sem qualquer explicação.
É exatamente isso que o euro digital tornaria possível. E está mais perto do que pensa.
Veja o que isto pode significar para si:
Vigilância em tempo real de todas as suas compras.
Limites ao acesso ao seu próprio dinheiro.
Restrições sobre como e onde pode gastar o seu dinheiro.
Congelamento de contas ou levantamentos sem aviso nem consentimento.
O fim do dinheiro físico, eliminando a sua privacidade e independência financeira.
Os responsáveis da UE já nos mostraram as suas intenções. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou abertamente planos para pressionar os bancos a cederem as suas poupanças privadas para financiar projectos públicos. O radical Bruno Le Maire falou sobre aceder de imediato às poupanças dos cidadãos europeus. Com o euro digital, já não estariam apenas a falar — estariam a agir.
Pensa que isto é exagero? Veja o caso da Irlanda, onde Enoch Burke, um professor que se manteve firme nas suas convicções pessoais, viu o Governo esvaziar-lhe a conta bancária. Agora imagine esse poder aplicado em toda a Europa — sem sequer ser necessário um mandado judicial, porque quem controla o sistema são eles.
Não se iluda — isto não tem nada a ver com inovação ou conveniência. Trata-se de controlo. E está a acontecer agora.
Mas há uma boa notícia: eles não podem lançar o euro digital sem a aprovação do seu governo nacional e dos deputados eleitos ao Parlamento Europeu.
Neste momento, tem a oportunidade de dizer NÃO.
Junte-se a milhares de cidadãos preocupados que estão a erguer-se em defesa da privacidade e da liberdade financeira.
Assine esta petição hoje mesmo e exija que os nossos líderes rejeitem o euro digital e protejam os nossos direitos fundamentais.
Porquê? Ao responder à recente crise em Israel e na Palestina, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, violou o quadro jurídico da União Europeia e desrespeitou a decência moral básica. Ao mesmo tempo que condenou os ataques a civis em Israel, apoiou o isolamento da população civil em Gaza em termos do acesso a água, alimentos e eletricidade e o bombardeamento da população de Gaza sob o pretexto da "defesa". Esta ação unilateral desrespeita o direito internacional e o mandato democrático dos Estados-Membros da UE.
A realidade no terreno - Em Abril de 2025, a catástrofe humanitária em Gaza atingiu proporções catastróficas.
Por Peiman Salehi
Introdução
Em Maio de 2025, a catástrofe humanitária em Gaza atingiu um nível sem precedentes. Mais de 50.000 palestinianos foram mortos desde outubro de 2023, a grande maioria deles civis, incluindo milhares de crianças. No entanto, as potências ocidentais — particularmente os Estados Unidos e os seus aliados — continuam a defender a chamada “ordem internacional baseada em regras”. Esta frase, frequentemente invocada para justificar sanções, intervenções e pressões diplomáticas noutros locais, soa vazia quando aplicada à difícil situação do povo palestiniano, que dura há décadas. A ocupação contínua, as políticas de apartheid e os repetidos crimes de guerra cometidos por Israel — apoiados incondicionalmente pelo Ocidente — expõem uma profunda hipocrisia no cerne desta ordem dita global.
Apesar de mais de 100 resoluções da ONU condenarem os colonatos israelitas, a deslocação forçada e os ataques indiscriminados contra civis, continua ausente uma responsabilização significativa. Israel não enfrenta sanções, embargo de armas ou isolamento internacional. Em vez disso, continua a receber milhares de milhões de dólares em ajuda militar, acordos comerciais preferenciais e cobertura política das potências ocidentais. Gaza, entretanto, continua cercada. Os hospitais são bombardeados, os comboios de ajuda são bloqueados e as necessidades básicas como água, combustível e electricidade são deliberadamente retidas. Esta não é uma resposta de segurança — é uma punição coletiva em grande escala.
Aplicação Selectiva do Direito Internacional
A abordagem do Ocidente ao direito internacional é tudo menos consistente. Quando a Rússia anexou a Crimeia ou quando países como o Irão e a Venezuela foram acusados de violações de direitos, seguiram-se sanções rápidas e condenação global. No entanto, quando Israel viola abertamente as Convenções de Genebra, ataca as infraestruturas civis e desafia o Tribunal Internacional de Justiça, é recompensado com acordos de normalização, investimentos em tecnologia e parcerias de defesa. Este flagrante duplo critério destruiu a credibilidade de qualquer narrativa “baseada em regras”. É claro que as “regras” se aplicam apenas aos adversários do Ocidente — não aos seus aliados.
A armamentização da narrativa
Igualmente preocupante é o papel dos media ocidentais em moldar a perceção pública. A resistência palestiniana é rotulada como “terrorismo”, enquanto a agressão israelita é enquadrada como “autodefesa”. Termos como “confrontos” são utilizados para obscurecer a realidade dos ataques militares unilaterais. A desumanização dos palestinianos e a eliminação do seu sofrimento são componentes essenciais para manter esta ilusão de superioridade moral. O jornalismo que desafia esta narrativa é frequentemente silenciado, censurado ou descartado como tendencioso.
Conclusão
A Palestina já não é apenas uma crise humanitária — é um espelho que reflecte a falência moral do sistema global. A ordem mundial baseada em regras, promovida pelo Ocidente, entrou em colapso sob o peso das suas próprias contradições. Quando o direito internacional é aplicado seletivamente, quando algumas vidas são consideradas dispensáveis e quando a justiça é sacrificada por interesses geopolíticos, o que resta não é a ordem, mas a dominação. A justiça para a Palestina já não é uma preferência política; é um imperativo moral global. Até que o mundo enfrente esta hipocrisia, a paz permanecerá fora de alcance — não apenas para os palestinianos, mas para a humanidade como um todo.
Heróis vivos toldam o sentido crítico, mortos perdem humanidade. Mas são arquétipos das virtudes que gostaríamos de ter e não temos, caso contrário não precisaríamos deles. Musk e Mujica representam, de forma caricatural, um confronto de valores.
Musk é símbolo máximo da virtude capitalista: empreendedor, egoísta, impiedoso e exibicionista. O seu dinheiro transforma-se em poder para mudar o mundo a seu favor. Mujica escolheu a pobreza como mensagem política. Não para defender uma sociedade de pobres, mas para transmitir uma mensagem radical contra o capitalismo, prescindindo do desnecessário. Um despojamento ecológico.
Para admirar Mujica não é preciso ser ou desejar ser pobre. Nem sequer achar que os políticos o deviam ser. A admiração é por aquilo que não nos deve ser exigido. Como modelo, não representa o que somos ou queremos ser, mas o que gostaríamos de ser se tivéssemos as qualidades que sabemos faltar-nos. Um horizonte que nos transmite valores a seguir, não a vida a imitar.
Os verdadeiros cristãos, que não têm de ser pobres ou morrer pela humanidade, percebem. A vida dos “santos” é a preto e branco, a nossa não. Precisamos de ambição e cooperação. Eles sublinham o que temos em falta. Mujica e Musk não são modelos de sociedade, são modelos morais de liberdade. E tenho muitíssimo mais inveja da liberdade conquistada pelo despojamento do que da lamentável solidão e do risível exibicionismo de Musk.
Porque gostava de ser pobre? Odiaria. Porque admiro a pobreza? Nada tem de admirável. O despojamento sim. É preciso ser extraordinário para não precisar de mais do que o necessário. E a grande diferença entre os dois é que a liberdade de Mujica não se conquista às custas da liberdade de ninguém. A redução da política à tecnocracia destruiu a sua função inspiradora e profética, sem a qual se limita a gerir o que existe. Libertários, ultraconservadores e autoritários trataram dos seus santos e demónios. A esquerda deixou de perceber a importância simbólica de figuras como Mujica.
O Antropoceno Merda é uma visão antropológica simulada dos hábitos de consumo da humanidade, lançando um olhar satírico (mas brutalmente honesto) sobre como tudo se está a tornar uma merda e porque é que o impulso por mais pode destruir-nos a todos.
Já deve ter notado que muitas coisas parecem uma droga agora. Este filme não é sobre todas as coisas más — isso seria um filme demasiado longo. Mas trata-se do consumo, que é tanto uma causa como um sintoma da chatice.
Por uma série de razões, praticamente toda a gente está a produzir e a comprar demasiadas coisas, algo que fomos evolutivamente programados para querer. O que antes era uma vantagem (mais! = melhor!) está agora a contribuir para a destruição do planeta.
O Antropoceno é uma viagem desde as origens celulares da nossa falta de controlo dos impulsos até às formas como os nossos sistemas nervosos centrais foram pirateados em nome do capital. É também sobre como podemos começar a salvar-nos de nós mesmos.
David Byars é um premiado documentarista cujo trabalho abrange desde a apátrida na República Dominicana até às Terras Públicas dos Estados Unidos.
Alex Wagner conversa com Sandor Lederer, diretor e fundador do organismo anticorrupção húngaro K-Monitor, sobre a dimensão da corrupção na Hungria e como os cidadãos se tornaram insensíveis a ela. Governar através de um escândalo, sugere, pode ser estratégico: sobrecarregar o público até que a indignação desapareça, uma tática que também vê em prática nos EUA sob a administração do presidente Trump.
Durante a conversa, Lederer traça também paralelos perturbadores entre a tendência autoritária da Hungria e a situação actual nos EUA, onde o nepotismo da era Trump e a consolidação do poder da elite se assemelham ao modelo cleptocrático da Hungria. Para Lederer, é “ainda mais assustador” ver estes padrões a consolidarem-se num país que era anteriormente considerado o detentor das salvaguardas democráticas mais fortes do mundo.