terça-feira, 21 de maio de 2024

Raposa- vermelha, no limiar da urbe


No limiar da urbe
Raposa Vermelha (Vulpes vulpes)
As raposas são dos animais mais adaptáveis e plásticos dos nossos habitats, capazes de subsistir desde o alto das serras do norte e centro, às planícies do Alentejo, alimentando-se de bagas, insectos, roedores e não desperdiçando um galinheiro mal guardado. Pelas características que descrevi antes, não é de admirar que também consigam ocupar meios humanizados. Normalmente associadas a meios mais rurais, são já conhecidas populações semiurbanas, em cidades como Londres ou Berlim é relativamente comum observar raposas a deambular entre avenidas movimentadas, grandes jardins e parques, ou zonas de moradias. Neste meio aparentemente hostil, as oportunidades de alimentação são até vastas, ratazanas e pombos bem gordos, o nosso lixo e um ou outro fruto de um quintal. Maia também já tem direito às suas raposas citadinas, entre o ecocaminho e Parque do Avioso habita uma população deste simpático carnívoro. São vários os relatos de pessoas que se deleitam a observar estes animais numa caminhada pelo Parque de Avioso ou simplesmente estando nas suas varandas, normalmente já de noite, e vendo-as apressadas em busca do seu sustento diário. É animador, de várias perspetivas, que pelo menos alguns animais consigam subsistir nas nossas cidades, para nos recordar que a nossa vida não está toda em ecrãs, cimento e taxas, e que a natureza por vezes encontra os caminhos menos prováveis

Música do BioTerra: Death In Rome - Love Me Forever (Motörhead - Cover)


in Memoriam Lemmy Kilmister, 1945 -2015

Love me forever, or not at all
End of our tether, backs to the wall
Give me your hand, don't you ever ask why
Promise me nothing, live 'til we die

Everything changes, it all stays the same
Everyone guilty, no one to blame
Every way out, brings you back to the start
Everyone dies to break somebody's heart

We are the system, we are the law
We are corruption, worm in the core
One of another, laugh 'til you cry
Faith unto death or a knife in the eye

Everything changes, it all stays the same
Everyone guilty, no one to blame
Every way out, takes you back to the start
Everyone dies to break somebody's heart
Oh, my lost love, come on back to me

Love me or leave me, tell me no lies
Ask me no questions, send me no spies
You know love's a thief, steal your heart in the night
Slip through your fingers, you best hold on tight

Everything changes, it all stays the same
Everyone guilty, no one to blame
Every way out, brings you back to the start
Everyone dies to break somebody's heart
Oh, my lost love, come on back to me

Escrito na pedra - Martha Gelhorn


segunda-feira, 20 de maio de 2024

O verdadeiro custo da reprodução no reino animal

Verdilhão (Chloris chloris)

Um novo estudo publicado na revista Science e liderado por biólogos da Universidade Monash revela que o custo energético da reprodução é muito maior do que se pensava anteriormente.

A investigação, liderada por Samuel C Ginther, da Escola de Ciências Biológicas, desafia os pressupostos há muito defendidos sobre a dinâmica energética da reprodução e as suas implicações para a evolução da história de vida.

O estudo concluiu que a energia investida pelos progenitores na reprodução inclui não só a contida nos próprios descendentes (custos diretos), mas também a energia gasta para os produzir e transportar (custos indiretos). Na maioria das espécies, os custos indiretos, como a carga metabólica da gravidez, excedem os custos diretos.

A equipa de investigação analisou dados de 81 metazoários, desde rotíferos a seres humanos, para estimar os custos energéticos totais da reprodução e dos seus componentes. Esta abordagem global fornece um novo quadro para a compreensão da dinâmica energética da reprodução numa vasta gama de animais.

Embora os cientistas tenham compreendido os custos energéticos diretos associados à descendência (como a energia utilizada para a criar e alimentar), os custos indiretos – a carga metabólica da gravidez e dos cuidados parentais – têm sido largamente ignorados. Esta nova investigação revela que estes custos indiretos podem ser imensos.

Por exemplo, nos mamíferos, apenas cerca de 10% da energia utilizada na reprodução é canalizada para os próprios descendentes. No entanto, 90% é gasta no processo de gestação, que exige muito metabolismo. Os seres humanos, com as suas gravidezes prolongadas, têm alguns dos custos indiretos mais elevados, atingindo cerca de 96%.

Descobertas importantes para perceber como é que os animais evoluem e se adaptam aos seus ambientes

“Os resultados foram surpreendentes”, afirmo Ginther, revelando que descobriram que, para muitos animais, a energia gasta simplesmente no transporte e nos cuidados com a prole antes do nascimento “ultrapassa de longe a energia investida na própria prole”.

“Estas descobertas têm implicações significativas para a compreensão da forma como os animais evoluem e se adaptam aos seus ambientes. Também levantam preocupações sobre o potencial impacto das alterações climáticas no sucesso reprodutivo das espécies, uma vez que o estudo concluiu que os custos indiretos são particularmente sensíveis às flutuações de temperatura”, acrescenta.

O estudo concluiu que os mamíferos despendem mais energia na reprodução do que os ectotérmicos (anfíbios, répteis, peixes, etc.), representando os custos indirectos cerca de 90% do total das suas despesas de energia reprodutiva, enquanto os ectotérmicos que vivem têm custos indirectos mais elevados do que as espécies que põem ovos.

“O estudo altera fundamentalmente a nossa compreensão da dinâmica energética da reprodução e do seu profundo impacto nos fluxos de energia de um organismo”, afirma o coautor do estudo, o Professor Dustin Marshall, também da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Monash.

“O estudo também destaca a sensibilidade dos custos da energia reprodutiva ao aquecimento global, particularmente nos ectotérmicos”, adianta.

Dustin Marshall explica ainda que “as temperaturas mais quentes podem aumentar as taxas metabólicas, aumentando potencialmente os custos indiretos da reprodução”.

“Isso pode levar a descendentes menores e ter implicações para a reposição da população num mundo em aquecimento”, conclui.

Coreógrafo Dimitris Papaioannou


Saber mais:
Dimitris Papaioannou é um ateniense nascido em 1964 que emergiu da cena artística underground grega como uma figura definidora. Começando como criador de banda desenhada, tornou-se diretor, coreógrafo, performer e designer de cenários, figurinos e iluminação. Wikipedia (inglês)

Página Pessoal
Dimitris Papaioannou

O governo francês pretende impor um acordo a Nouméa para beneficiar dos seus recursos de níquel e fabricar mais carros elétricos

Nova Caledónia: um acordo “ colonialista” sobe tensões com combustíveis de níquel

O governo francês espera impor um acordo a Nouméa para beneficiar dos seus recursos de níquel e fabricar mais carros eléctricos. Uma atitude vivida pelos separatistas como uma “ recolonização ” do seu território.

A questão tem sido eclipsada nos debates desde o início dos confrontos na Nova Caledónia . Contudo, é uma questão crucial: quem pode beneficiar dos recursos minerais deste arquipélago do Pacífico ? Só o território abriga de 20 a 30 % dos recursos mundiais de níquel , elemento essencial para a fabricação de baterias para carros elétricos . Em outras palavras, os porões da Nova Caledónia atraem o desejo, especialmente da França.

Em Novembro de 2023, em visita ao arquipélago, o Ministro da Economia Bruno Le Maire apresentou pela primeira vez um “ pacto do níquel ” . Seu objetivo: tirar da falência as três metalúrgicas do território, especializadas no processamento de níquel. Na verdade, embora a Nova Caledónia seja rica em minerais, o sector está em crise. Custo exorbitante da energia, queda dos preços dos metais, queda nas vendas, concorrência com as minas indonésias... O sector encontra-se em grandes dificuldades , embora seja a principal fonte de rendimento do território e empregue 20 a 25 % dos seus habitantes.

Com o seu “ pacto do níquel ” , Bruno Le Maire propôs ajudar as fábricas, subsidiando os preços da energia no valor de 200 milhões de euros, e desenvolver a capacidade de produção de electricidade na região. Em troca, as comunidades locais tiveram de se comprometer a facilitar o acesso aos recursos e as fábricas tiveram de ser operadas por industriais para serem “ rentáveis ” .
“ Um pacto colonial ”

Primeiro problema desta proposta: é uma interferência que corre mal. Como parte do Acordo de Nouméa em 1998 , a responsabilidade pela gestão do níquel foi recuperada pela Nova Caledónia, para que beneficiasse o desenvolvimento do país. Vinte e seis anos depois, o projecto de Bruno Le Maire é, portanto, percebido pelos separatistas como “ um pacto colonial para recuperar o controlo das matérias-primas da Nova Caledónia ” , escreve Ronald Frère, amigo próximo do presidente da União Caledónia (independência). , citado pelo jornal Le Monde .

“ O pacto mostra claramente a cor: a França precisa do níquel da Caledónia para produzir baterias para carros elétricos vendidos na França continental ”, análise para Reporterre por Christine Demmer, antropóloga do CNRS . Estamos a afastar-nos completamente do modelo de receitas mineiras que beneficiam a Nova Caledónia para o seu próprio desenvolvimento. » Segundo a pesquisadora, o pacto é, portanto, uma forma de “ recolonização ” do território.
Uma fábrica de produção de níquel em Nouméa. 

“ Não há retirada de soberania, nenhuma ! Temos que parar de falar besteiras, porque depois os ativistas no terreno dizem: “O Estado quer roubar o nosso níquel”. É lunar ” , responde no Le Monde Sonia Backès, líder dos legalistas (aqueles que não querem a independência da Nova Caledónia) e ex-secretária de Estado no governo de Élisabeth Borne. No entanto, o deputado caledónio não-independente Nicolas Metzdorf (Renascença) apresentou uma proposta de lei orgânica destinada a restaurar temporariamente a jurisdição sobre o níquel ao Estado francês.

Outra dificuldade deste pacto: o Ministro da Economia pede explicitamente à Nova Caledónia que autorize mais exportações de minerais brutos. Os habitantes do arquipélago, por seu lado, acreditam que o processamento do níquel deve ser feito no local para manter o valor acrescentado - embora a extracção mineira seja também uma actividade muito poluente . A cereja do bolo é que mesmo os legalistas rejeitam a contribuição de 66,7 milhões de euros solicitada pelo Estado à Nova Caledónia, que consideram demasiado elevada tendo em conta a dívida do território.

Problema de método
Chegando ao Pacífico, Bruno Le Maire imaginou que o acordo seria assinado nos dias seguintes. O ministro, que afirma que as comunidades foram consultadas a montante, apelou aos eleitos para validarem o texto tal como está. Mas nada saiu como planejado. Os parlamentares do Congresso da Caledónia recusaram-se repetidamente a autorizar Louis Mapou, o presidente do governo local, a assinar o acordo com o estado. As discussões estão, portanto, paralisadas desde abril.

Esta rejeição por parte da população não surpreende a antropóloga Christine Demmer: “ O método do governo é muito incomum. Desde a assinatura dos acordos de Matignon em 1988, é geralmente a procura de consenso que prevalece, e não uma decisão unilateral do Estado, e muito menos tomada de Paris. »

Encontros Improváveis: João Soares e Cecília Meireles

Lua. 19 de maio, cerca das 21.30
Lua Adversa

"Tenho fases, como a lua,
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...).
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu..."

Cecília Meireles, in 'Vaga Música'

domingo, 19 de maio de 2024

Ode à Ecologia

Minha Foto: "Aquarela"
"Ó Terra mãe, de beleza infinita,
Teu corpo verdejante, oásis de vida,
Das profundezas aos picos altivos,
Guardas segredos, seres furtivos.
Oceano vasto, mar azul-celeste,
Berço das ondas, força inconteste,
Reinos submersos, mistério profundo,
No teu abraço, sustentas o mundo.
Florestas densas, pulmões do planeta,
Rios que correm, veias de água inquieta,
Cada folha, cada flor desabrochada,
É um hino à vida, uma ode encantada.
Animais livres, em harmonia dançam,
Ciclos naturais, eternos, se balançam,
O canto dos pássaros, sinfonia divina,
Ecos de um mundo, em paz, se alinha.
Céus estrelados, vastidão serena,
Mistérios do cosmos, beleza plena,
Constelações cintilam, luzes guiam,
Na noite escura, sonhos se criam.
Homem, filho ingrato, desperta e vê,
A terra chora, teu descaso, por quê?
Destróis o que te dá sustento e guarida,
Mas ainda há tempo, busca a saída.
Protege a fauna, flora e águas claras,
Repensa, reduz, reutiliza, repara, recicla
Com sabedoria, age com cuidado,
E a Terra renasce, num abraço renovado.
Que a Ecologia seja teu norte e guia,
Em cada acto, em cada novo dia,
Respeita a Terra, teu único lar,
E a natureza sempre há de te amar."
João Soares, 18.05.2024
Foto: Aguarela

Há injustiça ambiental. África é o continente que menos contribui para o aquecimento global

Ainda há negacionistas climáticos? Criticam os ecoansiosos? Os dados estão à vista. 

Abraço

Racismo e incitamento ao ódio é crime! Está na nossa constituição e em muitos países. Retirei este poster do Ministério Federal Brasileiro, onde há povos originários, há mestiçagens, há multiculturalismo

Abraço
Abraço os leprosos, os inocentes, os rebeldes
Abraço os heterossexuais 
Abraço os  LGBTQIA+
Abraço os filósofos, biólogos, os hactivistas e activistas
Abraço os defensores da liberdade de expressão
Abraço os excluídos, incluídos, os bem formados
Abraço os imigrantes e emigrantes
Somos todos Homo sapiens. As mesmas lágrimas, o mesmo suor e cor do sangue

Geneticamente não há raças. Somos todos Homo sapiens.

Quanto à liberdade de expressão, esta não pode servir de desculpa para encobrir racismo e xenofobia, e Aguiar branco, Presidente da Assembleia da República tem a responsabilidade de compreender isso. Não podemos permitir que o discurso de ódio seja facilitado e estimulado na casa da Democracia, a pretexto de respeitar a liberdade de expressão, que é uma das grandes conquistas de Abril. Abril é liberdade, mas é também igualdade e justiça social, e facilitar quem promove os valores contrários, o ódio, o ressentimento, o desrespeito na diferença, é ignorar o essencial. Nós não temos dúvidas: vamos dar combate diário a este discurso, combate diário para construir uma sociedade mais unida e coesa. Enquanto houver quem promova o ódio e o ressentimento, o BioTerra não descansará.


O que autoriza Aguiar Branco a defender André Ventura, um reincidente criminoso racista? É a escala de valores morais e éticos que coloca a dignidade humana em disputa com o bem jurídico da liberdade de expressão. Ora, nenhuma liberdade de expressão está acima da dignidade humana. A primeira função das instituições da república é precisamente a defesa da dignidade humana. Em democracia quem não souber incarnar essa responsabilidade com o compromisso de defender de forma intransigente a inviolabilidade da dignidade humana, não merece o cargo que o ocupa. Aguiar Branco deve demitir-se da presidência da AR e o criminoso racista, André Ventura, deve ser julgado e responsabilizado pelos seus crimes.


Duas coisas devem ser completamente evitadas

Meghan Spielman - Dynamic Hand Woven Textiles

Duas coisas devem ser completamente evitadas durante o treino de ocultismo. Nunca devemos prejudicar ninguém através de atos, pensamentos ou palavras intencionalmente ou não. Em segundo lugar, o sentimento de ódio deve desaparecer em nós, caso contrário ele reaparece como um sentimento de medo; pois o medo é suprimido pelo ódio. Devemos transformar o ódio num sentimento de amor, o amor pela sabedoria.

Fonte: Rudolf Steiner – GA 266 – Lições esotéricas 1: Número 44 – Kassel, 26 de fevereiro de 1909

Well said, Pussy Riot


sábado, 18 de maio de 2024

Thich Nhat Hanh - A Poem on Peace and Compassion


"Let us be at peace with our bodies and our minds.
Let us return to ourselves and become wholly ourselves.
Let us be aware of the source of being,
common to us all and to all living things.

Evoking the presence of the Great Compassion,
let us fill our hearts with our own compassion- towards ourselves and
towards all living beings.

Let us pray that we ourselves cease to be
the cause of suffering to each other.

With humility, with awareness of the existence of life, and of the suffering that are going on around us,
let us practice the establishment of peace in our hearts and on earth."

Thich Nhat Hanh

Como surge a chuva ácida?


A chuva ácida  é consequência da poluição atmosférica. A queima de combustíveis fósseis –principalmente por motores movidos a diesel e centrais térmicas– liberta muito dióxido de azoto, NO2, para a atmosfera. Algumas atividades industriais – principalmente produção de aço, de alumínio, baterias, borracha e fertilizantes– libertam uma quantidade absurda de dióxido de enxofre, SO2, para a atmosfera.

Já em forma de gases, esses elementos formam moléculas polares com alta solubilidade em água. Assim, reagem rapidamente com a água em vapor na atmosfera e formam dois ácidos corrosivos e tóxicos: o ácido sulfúrico, H2SO4, e o ácido nítrico, HNO3.
SO3 + H2O → H2SO4
NO2 + H2O → HNO3

Essas substâncias voltam para a terra em forma de chuva ácida com desastrosas consequências ambientais:
– alteram o PH do solo, geralmente abaixo do valor 5,6 e essa acidificação mata a microbiota;
– alteram o PH de córregos, rios, lagos e mananciais, acidificando a água, desequilibrando o ambiente e causando a morte de peixes e outros seres aquáticos;
– causam patologias em vegetais e animais;
– destroem extensas áreas florestais e lavouras;
– danos à saúde humano, com agravamento de problemas respiratórios e oculares;
– corroem metais, pedras, rochas calcárias, madeira (ação desidratante);
– desgastam construções.

A chuva ácida é um dentro de tantos outros problemas causados pela emissão excessiva e descontrolada de gases do efeito estufa, como o aquecimento global, as secas prolongadas, as enchentes violentas cada vez mais frequentes e tantos eventos climáticos extremos.

Saiba mais:
Chuva ácida - Prepara ENEM
Aulão ENEM 2020 - Professor Paulo Jubilut

Fragmentação florestal na Amazónia emite um terço do carbono produzido pelo desmatamento, diz estudo


Pesquisa publicada na revista científica Science mostra que a divisão da floresta amazônica em pedaços é tão nociva para o aquecimento global quanto o próprio desmatamento.

Segundo os pesquisadores, 1/3 dos gases de efeito estufa lançados na atmosfera entre 2001 e 2015 foram dessas áreas fragmentadas de floresta devido ao "efeito de borda".

As "bordas dos fragmentos" são mais secas e quentes que a floresta, recebem mais luz que as matas fechadas e muitas espécies não conseguem sobreviver ali. Também ficam em contato com áreas queimadas, novas pastagens ou plantações. A decomposição de espécies que morrem nas bordas dos fragmentos de floresta lançam o carbono que estava armazenado em sua massa na atmosfera.

Recado de um dos pesquisadores do estudo em entrevista à Folha:
"Os problemas abordados no estudo não são questões partidárias, mas desafios da nação necessários para a melhor gestão de nosso território e recursos naturais. Precisamos favorecer o desenvolvimento do país de forma sustentável e conduzir o restabelecimento de nosso papel central no combate às mudanças climáticas globais" - Luiz Aragão, INPE.

sexta-feira, 17 de maio de 2024

25 de Novembro: uma “contrarrevolução democrática”


A 25 de novembro de 1975 um novo golpe de Estado à direita, liderado militarmente por Ramalho Eanes, conduzido civilmente pelo Partido Socialista – com o apoio da direita tradicional, da Igreja Católica, da NATO e do “Grupo dos Nove”, uma ala social-reformista do MFA –, prende mais de 100 oficiais revolucionários e passa à reserva os soldados das unidades onde a dualidade de poderes tinha ganhado expressão embrionária. O golpe de Estado restaurou a “disciplina” nas forças armadas, acabou com a “sovietização” – na expressão do próprio Soares – nos quarteis, e assegurou a estabilização das instituições, restituindo assim a centralidade do Estado português na forma política de um sufrágio universal, Parlamento eleito , a nova Constituição, que sagraria a fórmula dos direitos, liberdades e garantias e um assim-chamado Estado de Direito.

O fim da revolução dá-se por uma fórmula inovadora, que será depois aplicada na América Latina, nos anos de 1980. Mário Soares lidera esta “contrarrevolução democrática” a 25 de novembro de 1975, quase sem mortos e com amplas cedências sociais (o Estado social e direito ao emprego seguro). É de facto um “empate técnico” – os trabalhadores organizados são por fim derrotados politicamente, mas a burguesia é socialmente obrigada a amplas concessões, ao estilo de França e Inglaterra no segundo pós-guerra (1947); o PCP por sua vez aceitou não resistir (ou terá mesmo pré-negociado?, ainda está por investigar a fundo) ao 25 de novembro, assumindo publicamente – o que demonstrei na minha investigação–, pela mão do seu líder de então, Álvaro Cunhal, que a esquerda militar se tinha tornado um fardo para o PCP porque a sua atuação punha em causa o equilíbrio de forças com os Nove e os acordos de “coexistência pacífica” entre os EUA e a Europa Ocidental e a URSS e o Leste Europeu (Acordo de Ialta e Potsdam). A revolução acabou não por um putsch fascista, como no Chile do General Pinochet, mas num golpe civil-militar de novo tipo, com escassa violência e com diminuta resistência. O chamado poder popular – a dualidade de poderes em acto, a democracia participativa – não tinha coordenação geral de nenhum tipo, nada semelhante a um partido bolchevique existia em Portugal, nem a revolução teve efeitos nos países centrais da Europa – Alemanha, RU e França – apenas na Espanha e Grécia.

Esta ambivalência faz com o 25 de Novembro nunca tenha tido celebrações oficiais em Portugal. É um golpe que então sequer recebe este nome por quem o apoia (fala-se de golpe dos paraquedistas, quando estes foram provocados a sair, para justificar o golpe de direita); foi visto pelas elites dirigentes como uma “necessidade” de “normalização” para pôr fim à “sovietização das forças armadas” e demais esferas da vida. Uma “necessidade” – até à queda do muro, quando o PCP mudará sua posição – também assim percebida pelo PCP, que viu tal golpe como um meio eficaz para controlar a esquerda militar, fora parcialmente do seu alcance. Na minha opinião o PCP agiu a la Barcelona em 1937.

O PS oferecia uma terceira via – “escandinava”, dizia-se – contra uma URSS estalinista ditatorial e o imperialismo hegemónico norteamericano. Essa narrativa falhou em duas dimensões. O PCP nunca quis fazer uma revolução em Portugal (queria Angola), e a “Europa connosco” nunca teve lugar. Portugal é já um dos países mais pobres da Europa Ocidental – depois de poucos anos de alívio na sequência da revolução social –, Soares vai, no fim da vida, coerente, erguer-se contra o ordo-neoliberalismo alemão, alguns militares que fizeram o 25 de Novembro, olhando os vis efeitos das políticas austeritárias a partir de Cavaco Silva, questionaram-se, entretanto, se teria valido a pena. 

As celebrações dos 50 anos da Revolução dos Cravos – sem surpresa, diga-se – são pouco unânimes. Deputados, quadros e votos dos partidos da direita tradicional e democrata-cristão (o PSD e o CDS em reedição da “Aliança Democrática”), migraram para o novo Partido Chega, com elementos de neofascismo, fazendo desparecer o CDS e tornando difícil a uma ala mais liberal do PSD, de onde sai o seu principal dirigente, sobreviver à deriva neofascistizante nas suas próprias fileiras – as velhas e novas direitas altercam-se e amalgamam-se entre si numa plêiade ultraliberal e hiperconservadora que abarca sectores neofundamentalistas cristãos, inclusivamente fatimistas. A nova vontade de se celebrar o 25 de Novembro emerge daqui. A nova extrema-direita plasmada no anti-comunismo da IL e no neofacismo do Chega, normalizado pelos media como “liberais” ou “direita radical”/“extrema-direita” apresentam-se às regras do jogo. Querem celebrar o 25 de Novembro pelo que foi, isto é, um golpe de Estado contra a democracia no trabalho, contra a dualidade do poder popular, enfim, o início do fim da revolução. O princípio da reconstrução do aparelho de Estado capitalista para uma nova reconversão produtiva (e política): de uma burguesia dependente do trabalho forçado – e das colónias africanas – até 1974 para uma burguesia de hegemonia limitada ou um protectorado de facto, dos investimentos, máquinas e capitais alemães, franceses e ingleses (e norteamericanos, espanhóis, chineses, ou outros).

A “contrarrevolução democrática”, conceito político central para apreender o que realmente se passou em Portugal, mostra cada vez menos democracia, e cada vez mais contrarrevolução. Não à tôa, como disse o Padre Martins Junior de modo acutilante, temos 50 neofascistas no hemiciclo depois de 50 anos da Revolução de Abril. A palavra de ordem não poderia ser mais atual: 25 de Abril sempre, fascismo nunca mais.

Margaret Mead - O fémur curado


Anos atrás, uma estudante perguntou à antropóloga Margaret Mead o que ela considerava ser o primeiro sinal de civilização numa cultura. O aluno esperava que Mead falasse sobre anzóis, potes de barro ou pedras de amolar.
Mas não. Mead disse que o primeiro sinal de civilização numa cultura antiga foi um fémur que foi quebrado e depois curado. Mead explicou que no reino animal, se você quebrar a perna, você morre. Você não pode fugir do perigo, ir ao rio para beber ou caçar para comer. Você é carne para feras rondantes. Nenhum animal sobrevive a uma perna quebrada por tempo suficiente para que o osso cicatrize.
Um fémur partido que cicatrizou é evidência de que alguém reservou um tempo para ficar com aquele que caiu, tratou o ferimento, carregou a pessoa para um local seguro e cuidou dela durante a recuperação. Ajudar alguém em dificuldades é onde a civilização começa, disse Mead."
Damos o nosso melhor quando servimos aos outros. Seja civilizado.

Fonte: Forbes

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Livro da semana - Os Engenheiros do Caos


Um livro de Giuliano da Empoli, consultor político de origem italiana e suíça. Licenciado de direito com Mestrado em Ciências Políticas, foi na política italiana que se instalou, teve cargos como conselheiro principal do primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, tendo sido também conselheiro sénior do vice-primeiro-ministro e ministro da Cultura de Itália Francesco Rutelli, entre outros.

A ascensão dos populismos, na Europa e não só, ganhou a forma de uma dança desenfreada que inverte as regras estabelecidas e as transforma no seu contrário. Aos olhos dos eleitores, os defeitos dos líderes populistas são vistos como qualidades, a inexperiência deles é a prova de que não pertencem ao círculo corrupto das elites e a sua incompetência é garantia de autenticidade. Já as fake news que lhes pontuam a propaganda são a marca da sua liberdade de espírito.

No mundo de Donald Trump, de Boris Johnson, de Jair Bolsonaro ou de Matteo Salvini cada dia tem a sua gafe, a sua polémica, o seu brilharete. Ao contrário do que se possa pensar, por detrás das aparências de carnaval populista está o trabalho árduo de ideólogos, cientistas e especialistas em big data, sem os quais os líderes populistas dificilmente teriam chegado ao poder.

O livro explica muito bem o perigo da ‘internet’ e como um partido consegue reunir milhares de apoiantes utilizando apenas Fake news, mas não só, por exemplo, o Movimento 5 Estrelas não possui ideologia, ou seja, utiliza empresas consultoras para perceber qual é a opinião da maior parte do eleitorado e assim aglomerar mais apoiantes, apenas lhes interessa saber o que as pessoas querem. Estas ações têm sempre um "engenheiro" por de trás, um homem que apenas tem uma função, colocar o seu cliente no poder e até isso acontecer vale tudo!

Estes são os engenheiros do caos, cujo retrato Giuliano da Empoli pinta. Uma investigação que mostra uma galeria de personagens, muitas delas desconhecidas do público em geral, que estão a mudar as regras do jogo político. Com consequências sociais inegáveis.

Música do BioTerra: Robin Guthrie - Slightly Out Of Focus

Encontros Improváveis: João Soares e George Orwell

Amsterdam 2014 - Street Photography - Multiculturalismo

"Os sentimentos elevados vencem sempre no final; os líderes que oferecem sangue, trabalho, lágrimas e suor conseguem sempre mais dos seus seguidores do que aqueles que oferecem segurança e diversão. Quando se chega a vias de facto, os seres humanos são heróicos." - George Orwell

Música do BioTerra: Death In Rome - Wide Open (The Chemical Brothers - Cover)


Botoh dança - O butô ou ainda Ankoku Butô (''Dança das Trevas'') é uma dança que surgiu no Japão pós-guerra e ganhou o mundo na década de 1970. Criada por Tatsumi Hijikata na década de 1950 o butô é também inspirado nos movimentos de vanguarda, expressionismo, surrealismo, construtivismo, entre outros.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Documentário: Butão- a ditadura da felicidade


Um pequeno reino isolado do mundo, aninhado no sopé do Himalaia, o Butão é conhecido pelo seu conceito de felicidade e pela sua natureza sumptuosa. No Butão, não falamos de PIB, mas sim de FIB (Felicidade Nacional Bruta)! Um conceito surpreendente consagrado na constituição que enfatiza a conservação das tradições culturais, a agricultura biológica e o orgulho de ser habitante do país.

Petição: Mudar o nome do novo aeroporto para Salgueiro Maia


Exmos. Senhores e Senhoras Deputados da Assembleia da República,

Com a construção do novo aeroporto em Alcochete, surge uma oportunidade única de prestar uma justa homenagem a um dos principais heróis do 25 de Abril, o capitão Fernando Salgueiro Maia.

Embora Luís de Camões seja uma figura incontornável da nossa História, parece-nos uma escolha demasiado conservadora e sem o impacto desejado nas gerações mais recentes de portugueses.

Camões tem o seu lugar assegurado na nossa História, celebrado nomeadamente a 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. A sua contribuição é inegável e amplamente reconhecida.

No entanto, acreditamos que Salgueiro Maia merece uma representação igualmente marcante. Que melhor forma de trazer o nome de Salgueiro Maia para o mundo do que nomear o novo aeroporto em sua honra? Esta seria uma forma significativa de reconhecer o seu papel crucial na conquista da liberdade e da democracia em Portugal.

Solicitamos, assim, a Vossas Excelências que considerem designar o novo aeroporto em Alcochete como Aeroporto Capitão Salgueiro Maia, em tributo a um dos maiores defensores da nossa liberdade.

Com os melhores cumprimentos,

Rinoceronte branco do Quénia extinto


Imagine viver 55 milhões de anos, passando por várias eras glaciais, terramotos, eventos de extinção, impactos de meteoritos e asteroides. Então o homem se torna uma forma de vida bípede, aqui sozinho por cerca de 220.000 anos como humanos, e é cúmplice da extinção deste magnífico e longevo rinoceronte branco. O rinoceronte branco do norte está oficialmente extinto do planeta Terra.

Cerambyx scopolii


terça-feira, 14 de maio de 2024

Cientistas descobrem a chave para a criação de plantas “devoradoras de carbono” com grande apetite

As cianobactérias apresentam diversos formatos e podem realizar fotossíntese


A descoberta do funcionamento de uma enzima crítica “escondida na planta da natureza” lança uma nova luz sobre a forma como as células controlam os processos-chave na fixação do carbono, um processo fundamental para a vida na Terra.

A descoberta, feita por cientistas da Universidade Nacional Australiana (ANU) e da Universidade de Newcastle (UoN), poderá ajudar a conceber culturas resistentes ao clima, capazes de sugar o dióxido de carbono da atmosfera de forma mais eficiente, ajudando a produzir mais alimentos no processo.

A investigação, publicada na revista Science Advances, demonstra uma função anteriormente desconhecida de uma enzima chamada anidrase carboxissomal carbónica (CsoSCA), que se encontra nas cianobactérias – também chamadas algas azuis-verdes – para maximizar a capacidade dos microrganismos de extrair dióxido de carbono da atmosfera.

As cianobactérias são vulgarmente conhecidas pelas suas florescências tóxicas em lagos e rios. Mas estes pequenos insetos azul-esverdeados estão espalhados por todo o mundo, vivendo também nos oceanos.

Embora possam constituir um perigo para o ambiente, os investigadores descrevem-nas como “pequenos super-heróis do carbono”. Através do processo de fotossíntese, desempenham um papel importante na captura de cerca de 12% do dióxido de carbono do mundo todos os anos.

O primeiro autor e investigador de doutoramento Sacha Pulsford, da ANU, descreve a eficiência notável destes microrganismos na captura de carbono.

“Ao contrário das plantas, as cianobactérias têm um sistema chamado mecanismo de concentração de dióxido de carbono (CCM), que lhes permite fixar o carbono da atmosfera e transformá-lo em açúcares a um ritmo significativamente mais rápido do que as plantas normais e as espécies cultivadas”, diz Pulsford.

No centro do CCM estão grandes compartimentos proteicos chamados carboxissomas. Estas estruturas são responsáveis pelo sequestro de dióxido de carbono, abrigando a CsoSCA e outra enzima chamada Rubisco.

As enzimas CsoSCA e Rubisco trabalham em uníssono, demonstrando a natureza altamente eficiente da CCM. A CsoSCA trabalha para criar uma elevada concentração local de dióxido de carbono no interior do carboxissoma, que a Rubisco pode depois engolir e transformar em açúcares para a célula comer.

O autor principal, Ben Long, da UoN, afirmou: “Até agora, os cientistas não tinham a certeza de como a enzima CsoSCA é controlada. O nosso estudo centrou-se em desvendar este mistério, particularmente num grupo importante de cianobactérias que se encontram em todo o mundo. O que encontrámos foi completamente inesperado”.

“A enzima CsoSCA dança ao som de uma outra molécula chamada RuBP, que a ativa como um interrutor”, acrescentou.

“Pense na fotossíntese como se estivesse a fazer uma sanduíche. O dióxido de carbono do ar é o recheio, mas uma célula fotossintética precisa de fornecer o pão. Essa é a RuBP”, revela, sublinhando que, “tal como é necessário pão para fazer uma sandes, a taxa de transformação do dióxido de carbono em açúcar depende da rapidez com que a RuBP é fornecida”.

O autor explica ainda que “a rapidez com que a enzima CsoSCA fornece dióxido de carbono à Rubisco depende da quantidade de RuBP presente. Quando há suficiente, a enzima é ativada. Mas se a célula ficar sem RuBP, a enzima desliga-se, tornando o sistema altamente sintonizado e eficiente”.

“Surpreendentemente, a enzima CsoSCA tem estado sempre incorporada no projeto da natureza, à espera de ser descoberta”, acrescenta.

Os cientistas afirmam que a engenharia de culturas mais eficientes na captura e utilização de dióxido de carbono daria um enorme impulso à indústria agrícola, melhorando consideravelmente o rendimento das culturas e reduzindo a procura de fertilizantes azotados e de sistemas de irrigação.

Asseguraria também que os sistemas alimentares mundiais fossem mais resistentes às alterações climáticas.

Pulsford afirmou: “Compreender como funciona a CCM não só enriquece o nosso conhecimento dos processos naturais fundamentais para a biogeoquímica da Terra, como também nos pode orientar na criação de soluções sustentáveis para alguns dos maiores desafios ambientais que o mundo enfrenta”.

Musica do BioTerrra: Bambie Thug covers Zombie by The Cranberries

Música do BioTerra: Death In Rome - Marian (The Sisters Of Mercy - Cover)


In a sea of faces, in a sea of doubtIn this cruel place your voice above the maelstromIn the wake of this ship of fools I'm falling further downIf you can see me, Marian, reach out and take me home
I hear you calling MarianAcross the water, across the waveI hear you calling MarianCan you hear me calling you toSave me, save me, save me from the grave
MarianMarian, there's a weight above meAnd the pressure is all too strongTo breathe deepBreathe long and hardTo take the water down and go to sleepTo sink still furtherBeneath the fatal waveMarian I think I'm drowningThis sea is killing me
I hear you calling MarianAcross the water, across the waveI hear you calling MarianCan you hear me calling you toSave me, save me, save me from the grave
Was ich kann und was ich könnteWeiß ich gar nicht mehrGib mir wieder etwas schönesZieh mich aus dem MeerIch höre dich rufen MarianKannst du mich schreien hörenIch bin hier alleinIch höre dich rufen MarianOhne deine Hilfe, verliere ich mich in diesem Ort
I hear you calling MarianAcross the water, across the waveI hear you calling MarianCan you hear me calling you toSave me, save me, save me from the grave
Marian

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Armeria gaditana


Armeria gaditana no jardim botânico Dunas del Odiel, já no final do período de floração e com as pétalas secas. 
Esta espécie ocorria no litoral algarvio mas é possível que se encontre extinta, ou que desapareça nos próximos anos. O site Flora-on refere apenas uma localização conhecida com um indivíduo adulto. Actualmente para a vermos temos de ir a Doñana ou ao litoral de Cádis. 
Afinal, para que serve o Parque Natural da Ria Formosa, se permite que uma espécie emblemática da costa algarvia chegue à beira da extinção, e se não se conhecem quaisquer planos de recuperação ou reintrodução? Qual é a função de um Parque Natural? Conservar património biológico e cultural ou ser convertido num parque temático para turistas, recheado de passadiços e concessões, campos de golfe e urbanizações?

Elogio aos cavalos


Os cavalos são seres puros e sensíveis que me ensinam tudo sobre linguagem corporal, consciência e compaixão; ser um com tudo o que existe.

Horses are pure and sensitive beings who teach me everything about body language, awareness and compassion; to be one with everything there is.

Poema - Dakini

Foto: Yevgeniy Repiashenko

Dakini
"Entre o sussurro dos passos e o eco da música,
dança a bailarina na sua própria sinfonia,
entrelaçando sonhos com cada movimento,
escrevendo poesia no ar com a sua graça divina.

Os seus pés pintam versos sobre o chão,
enquanto o seu corpo se torna um poema em movimento,
expressando emoções que as palavras não podem capturar,
transformando o espaço num universo de encanto.

A cada giro e cada salto, conta histórias sem falar,
com a elegância de um verso e a paixão de uma estrofe,
a bailarina tece uma tela de emoções e melodias,
onde a arte e a poesia se fundem numa só harmonia.

Em cada arabesco, em cada voo, em cada queda,
revela-se a essência da vida na sua dança,
e em cada movimento, em cada gesto, em cada olhar,
descobre-se a poesia que habita na alma da bailarina."

João Soares, 11.05.2024

domingo, 12 de maio de 2024

Música do BioTerra: Death In Rome - Na Zare (Alyans - Cover) - Альянс - На заре


RIP Oleg Parastaev

Sobras têm valor



Onde coloco as saquetas de chá e de café usadas?

Opção 1 – No lixo comum
Opção 2 – No contentor amarelo das embalagens
Opção 3 – No contentor castanho das sobras alimentares

Se respondeu a opção 3 está correto! Mas apenas as saquetas de papel com as borras de chá ou café, pois são biodegradáveis. Só assim as suas sobras têm valor.
Em resumo: no contentor castanho deve colocar apenas sobras alimentares e alimentos impróprios para consumo. Evite sacos e resíduos de plástico e despeje as sobras diretamente no contentor mais próximo da sua casa.

✅ O que Colocar:
🥖 Sobras de pão, bolos, bolachas
🥑 Legumes, frutas
🐟 Carne, peixe (confecionados ou não)
🥚 Cascas de ovos, borras de café, saquetas de chá
🤧 Guardanapos e toalhas de papel

🍎 Separe corretamente! Reduza o desperdício, economize recursos e participe!

Elefantes cumprimentam-se uns aos outros combinando vocalizações e gestos


Os elefantes africanos (Loxodonta africana) podem mudar a forma como se cumprimentam uns aos outros, dependendo se o outro está a olhar para eles ou não, segundo um estudo de nove elefantes publicado na revista Communications Biology.

O estudo conclui também que os elefantes utilizam diferentes combinações de gestos, como o abanar das orelhas, e vocalizações, como as trombetas, nas suas saudações, o que pode promover o reconhecimento individual e a criação de laços sociais.

Investigações anteriores referiram que os elefantes participam frequentemente em rituais de saudação que envolvem vocalizações e ações físicas. No entanto, não é claro se estas ações físicas são gestos deliberados usados para comunicação e como os gestos e as vocalizações são combinados durante as saudações.

Vesta Eleuteri, Angela Stoeger e colegas estudaram as vocalizações e ações físicas utilizadas durante as saudações dos elefantes, observando elefantes africanos da savana semi-cativos que vivem na Reserva de Jafuta, no Zimbabué, entre novembro e dezembro de 2021. Observaram 89 eventos de saudação que consistiam em 1.282 comportamentos de saudação, dos quais 1.014 eram ações físicas e 268 eram vocalizações.

Os autores descobriram que os elefantes se cumprimentavam com combinações específicas de vocalizações e gestos, tais como roncos com batimento de orelhas ou espalhamento de orelhas, para além de outros movimentos físicos aparentemente menos deliberados, tais como levantar a cauda e abanar a cabeça.

A combinação de roncos e tapas nas orelhas foi a forma mais comum de saudação, embora tenha sido mais frequentemente utilizada entre fêmeas do que entre machos. Observaram também que a urina, a defecação e as secreções de uma glândula sudorípara exclusiva dos elefantes – conhecida como glândula temporal – estavam presentes em 71% dos cumprimentos, sugerindo que o cheiro pode desempenhar um papel importante durante o cumprimento.

Os autores também observaram que os métodos de comunicação utilizados pelos elefantes durante as saudações variavam consoante o sujeito da saudação estivesse a olhar para eles.

Os animais eram mais propensos a usar gestos visuais – tais como abrir as orelhas, alcançar a tromba ou balançar a tromba – quando estavam a ser observados, mas eram mais propensos a usar gestos que produziam um som – tais como bater com as orelhas no pescoço – ou a tocar o destinatário da saudação com a tromba quando não estavam a ser observados.

Em conjunto, os resultados sugerem que os elefantes se cumprimentam uns aos outros combinando vocalizações e gestos e que podem alterar deliberadamente os seus métodos de comunicação consoante tenham ou não a atenção visual do indivíduo que estão a cumprimentar.

Investigações anteriores relataram que os chimpanzés e outros macacos também combinam vocalizações e gestos e alteram os seus métodos de comunicação em resposta ao facto de estarem a ser observados. Os autores propõem que estes métodos de comunicação podem ter evoluído de forma independente nestas espécies distantemente relacionadas para mediar as interações sociais.

sábado, 11 de maio de 2024

Amsterdam 2014 - Sem arboricídio


Amsterdam 2014. Observem as árvores: sem podas assassinas como nas nossas cidades (arboricídio)

Jornalista José Vegar - Pobreza cultural e ideológica da extrema-direita nacional


É extremamente curioso ver o desacerto estratégico, que revela de imediato a actual pobreza cultural e ideológica, da extrema-direita nacional ao atacar emigrantes magrebinos no Porto.
Como qualquer cidadão minimamente informado sabe, os argelinos e marroquinos, embora tendo agência pessoal, isto é, vontade e capacidade de decisão, não são o alvo da extrema-direita, mas apenas a peça executora e controlada de um contexto global económico e social.
Por outras palavras, os alvos da extrema-direita nacional, se esta estrategicamente os escolhesse, e os decidisse combater, nos únicos formatos admissíveis, que são os fixados na Lei e na Constituição, e nunca pela acção directa violenta, são o coordenador da rede emigratória, o proprietário do imóvel, no caso onde os magrebinos foram atacados em casa, e o empregador.
Sendo estes os alvos, a extrema-direita nacional enfrenta um enorme problema, e talvez o exercício de violência sobre os emigrantes magrebinos não seja sinal de um desacerto estratégico, mas antes de uma impotência e de um desespero na acção, o que é ainda mais grave para os seus ideólogos e militantes.
Na verdade, os alvos que elenco são inacessíveis para a extrema-direita nacional, cada um pela sua razão.
O coordenador da rede internacional migratória é-lhe desconhecido, sendo apenas um dos milhares de operadores que dão materialidade e execução aquilo que hoje se chama “a economia do biscate” (gig economy) que assenta, essencialmente no fornecimento de mão de obra barata, maioritariamente não ocidental, aos mercados dos países desenvolvidos.
Ou seja, em Portugal fornece a mão de obra à hotelaria, distribuição, construção, agricultura, pequeno comércio e bem-estar físico, noutros países desenvolvidos a outros nichos do mercado, como é o caso da carne nos EUA e na Alemanha.
O proprietário do imóvel e o empregador, na esmagadora maioria dos casos sócios de pme´s, são intocáveis para a extrema-direita, porque, teoricamente, mas não na realidade nacional, são a sua base de apoio sociológica.
Por último, e mais uma vez basta ler a abundante literatura científica disponível, não é o emigrante magrebino, como não é o emigrante brasileiro, paquistanês, africano ou nepalês, que estão no terreno a roubar o trabalho ao cidadão nacional.
O emigrante ocupa o posto de trabalho porque aceita trabalhar com remuneração e direitos extremamente inferiores aos dos cidadãos nacionais, e caso essa força de trabalho não estivesse disponível, os postos de trabalho seriam extintos, ou substituídos pela tecnologia e pela deslocação da operação, sendo este o caso gravíssimo da manufactura nos EUA, que em muito explica a delirante, mas abundante, base de apoio de Trump.
Sendo este o contexto, os actos violentos no Porto não são mais do que, no ângulo político, tontices imaturas, e, no ângulo legal, crimes.
Ou seja, a extrema-direita nacional está totalmente encurralada.
Vasculhando o seu património cultural e ideológico, poderia apoiar-se no tradicionalismo moral, no nacionalismo, no patriotismo, na ordem e segurança, e no racismo.
Mas não o pode fazer por duas razões, uma de ordem cultural, outra de ordem posicional.
No caso do tradicionalismo moral, assenta na família monogâmica heterossexual católica perpétua, não tem qualquer base demográfica de suporte, especialmente em meio urbano, porque esta é uma das áreas onde os cidadãos nacionais mais abandonaram os valores tradicionais católicos.
No caso do nacionalismo, a pertença nacional à União Europeia, por um lado, a dependência de várias cadeias mercantis globais, e a ausência de um inimigo directo, tornam a causa impopular para a população.
O patriotismo é também uma causa de complexa criação de exaltação nos cidadãos, tanto porque é imaterial, como porque é impraticável, no caso da obtenção de capital e de mão de obra, e também dado que, infelizmente, a sua manifestação activa banalizou-se, seja nos cantos dos estádios, seja nas reivindicações profissionais.
Hoje, de novo infelizmente, canta-se o hino por qualquer razão menor.
Resta então à extrema-direita o racismo, que mais uma vez não tem massa demográfica de apoio, e todo o universo da Ordem e da Segurança.
Infelizmente para a extrema-direita nacional, o Chega, com visão estratégica, ocupou todas as dimensões da ordem e da segurança, da corrupção dos políticos ao menosprezo cultural pelas forças de segurança.
Seguindo os extremos políticos e sociais desde 1989, os de esquerda e direita, dos de ideário apenas político aos de agenda ecológica, não vejo nenhuma entidade mais encurralada que a extrema-direita nacional.
A extrema-esquerda tem uma causa poderosa, a da luta contra o capital global e contra os efeitos da sua implacabilidade, e os movimentos de agenda social, dos ecológicos aos de defesa dos direitos das minorias, um apoio demográfico em crescendo.
A extrema-direita nacional continua como começou em democracia, por volta de 1986.
Nunca soube criar uma agenda política que a fizesse respeitada e apoiada, caindo sempre na tentação de se transformar em grupo de violência que mata, magoa e fere.
É uma pena, porque, ao contrário do que muitos defendem em Portugal, continuo a ter a crença que todas as culturas, formas e formações políticas e sociais extremas têm lugar em democracia e contribuem, mesmo que não o queiram e desprezem a democracia, para tornar melhor uma sociedade democrática.
É que discutir uma ideia faz-nos sempre ganhar mais conhecimento.