quinta-feira, 29 de maio de 2025

Europa em crise de relevância


Expresso
A evolução para um sistema multipolar assimétrico tem sido marcada pelo aparecimento de inúmeros centros de poder. Para a Europa, está a tornar-se cada vez mais difícil posicionar-se como um protagonista de primeira linha, em grande parte devido às suas normas restritivas de tomada de decisão, mas não só.

No início do século XX, o geógrafo britânico Halford Mackinder conjeturava que o vasto interior da Eurásia continha a chave definitiva para a geopolítica global. A “Teoria da Terra Central” lembrava como o controlo daquela região crucial moldou a dinâmica do poder mundial durante séculos. 

O surgimento do Ocidente moderno apontou a agulha para os territórios ocidentais, que tiveram uma liderança de cerca de 200 anos. Nas últimas duas décadas, porém, a perda de influência europeia tem sido gradual, e, com o regresso de Donald Trump à Casa Branca, esse enfraquecimento da autoridade tornou-se ainda mais evidente: os países europeus têm sido deixados de fora de quaisquer negociações sobre a Ucrânia, a primeira viagem do Presidente dos EUA ao estrangeiro foi ao Médio Oriente, e há algum tempo que a figura do mediador se deslocou para protagonistas mais inesperados — a Turquia, o Catar e a Arábia Saudita.

Minha reflexão
O problema não é a dificuldade na tomada de decisão mas sim as decisões que vêm sendo tomadas, nomeadamente face à Rússia, à China e a Israel. E também a posição subalterna face à política externa Norte-americana e do Reino Unido. A UE devia estar pelo menos como observador nos BRICS. Devia ter uma posição menos "neocolonial" face a África e à dita Maioria Global (a estória do Jardim e da Selva do Borrell foi imensamente destrutiva). Devia ser o maior promotor da paz e não da guerra; a dualidade de critérios em relação à Ucrânia e à Palestina só a diminuem como entidade credível. E devia funcionar como uma entidade coesa e não a França e a Alemanha a fazerem como querem e a posicionarem-se sempre como um duo, em desrespeito dos seus parceiros na UE. Enfim! O comentário geopolítico do Expresso continua a atirar só lado.

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