segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Música do BioTerra : Swans - Fool

Right in front of meA couple makes what could melt the snowMaking fun of meA single look never cut me soAnd I knowTo save the conversationI knowA deeper contemplationIs all I need to make believeEveryone would love me if I could fool the worldWalk away from meI see the change in the atmosphereWhat a way to beTo turn the pageJust to make it clearAnd I knowTo change the conversationI knowA deeper contemplationIs all I need to make believeEveryone would love me if I could fool the world
To fearOr to disappearWhat a waste of timeWhat a troubled mindA fortune find for another dayAs your passing byYou look behindTo see what I would sayAnd I knowTo change the conversationI knowA deeper contemplationIs all I need to make believeEveryone would love meSo I goAnd change the conversationI knowA deep conversationIs all I need to make believeEveryone would love meIf I could foolThe world
I can't survive another day in the liveWithout a day in the sunBefore you touch meHere's a word of adviceIf I were you I wouldCome get itSo won't you tell mewhy it is
That ever corner of my head is a homeBut every fool is the sameIt would be tragic if you left me aloneBut left me no one to blameWell don't it make you wonder what got us hereThe covers that were under could disappearPromises keep us in chains my dear(If I could fool the world then no one would know where I've been)What am I feeling(If I could fool the world then no one)

Deu-me agora uma saudade de Cabo-Verde

Deu-me agora uma saudade de Cabo-Verde. Canárias, Marrocos e Guiné-Bissau. Quem vai a África fica DEFINITIVAMENTE marcado: é o colorido, o calor, o Sol que é diferente, o mar, as gentes. Apaixonamo-nos para a vida. Depois à noite, além de quente, é um estrelário faíscante. E muitos afectos.

Não sei bem o que fazer
Nem sei como te dizer
Cada vez que me chegas me sinto mais longe de ti
Teu pudor foi transmitido
E será neutralizado
Teu pudor foi transmitido

Não importa o quanto faça
Pouco importa a cor do ouro
Na corrida ao teu afeto
A medalha sempre é bronze
Sou órfã da tua ternura

Muito me salta à vista
Quando chegas reta e firme
Que pouco posso fazer para te fazer mudar?
Teu pudor foi transmitido
E será neutralizado
Teu pudor foi transmitido

Se soubesses abraçar
De vez em quando beijar
E aos recantos imperfeitos
Com menos rigor apontar
Quem seria eu?
Sou órfã da tua ternura

Quando estamos tu e eu
E ao meu lado adormeces
Um oceano nos separa
Mas tu não sabes de nada
A canção que se repete
A tristeza que me cala

O amor foi recebido
Apesar do que tu calas
O amor foi recebido
Apesar do que tu calas

Dahr Jamail - The End of Ice (livro, resenhas e entrevistas)


Acclaimed on its hardcover publication, a global journey that reminds us “of how magical the planet we’re about to lose really is” (Bill McKibben)

“Assiduously researched, profoundly affecting, and filled with vivid evocations of the natural world. Jamail’s deep love of nature blazes through his crisp, elegant prose.”
—Kirkus Reviews

Finalist, 2020 PEN/E.O. Wilson Literary Science Writing Award

After nearly a decade overseas as a war reporter, the acclaimed journalist Dahr Jamail returned to America to renew his passion for mountaineering, only to find that the slopes he had once climbed have been irrevocably changed by climate disruption. In response, Jamail embarks on a journey to the geographical front lines of this crisis—from Alaska to Australia’s Great Barrier Reef, via the Amazon rainforest—in order to discover the consequences to nature and to humans of the loss of ice.

In The End of Ice, we follow Jamail as he scales Alaska’s Denali, the highest peak in North America, dives in the warm crystal waters of the Coral Sea only to find bleached coral reefs, and explores the tundra of St. Paul Island where he meets the last subsistence seal hunters of the Bering Sea and witnesses its collapsing food web.

Accompanied along the way by climate scientists and people whose families for centuries have fished, farmed, and lived in the areas he visits, Jamail begins to accept the fact that Earth, most likely, is in a hospice situation. Ironically, this allows him to renew his passion for the planet’s wild places, cherishing Earth in a way he has never been able to before.

The End of Ice offers an essential firsthand chronicle of the catastrophic reality of our situation and the incalculable necessity of relishing this vulnerable, fragile planet while we still can.

MovRioDouro acusa: efluentes vinícolas não tratados poluem gravemente



Em 2021, foram despejadas para o Douro 60 a 180 “piscinas olímpicas” de efluentes vinícolas não tratados o MovRioDouro apela a compromisso político no combate aos efluentes vinícolas não tratados e recorda estudo da UTAD que alerta para os problemas da poluição provocados pela indústria vitivinícola

De acordo com estudo, em termos de carga orgânica, os efluentes provenientes das adegas são 10 a 100 vezes mais poluentes que os efluentes urbanos.

Movimento estima que, só em 2021, foram produzidos entre 1,5 a 4,5 milhões de hectolitros de efluentes (o equivalente a 60 a 180 piscinas olímpicas)

O MovRioDouro, movimento de cidadania em defesa dos rios da Bacia Hidrográfica do Douro, quer um compromisso político no combate aos efluentes vinícolas não tratados. Um estudo, elaborado por um investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e divulgado agora pelo movimento, dos problemas de eutrofização causados pela indústria do vinho nos rios da bacia hidrográfica.

No final de 2021, arrancaram as comemorações dos 20 anos da classificação do Douro Património Mundial da UNESCO, uma região rica do ponto de vista cultural, económico, social e, também, gastronómico.

Segundo o Instituto da Vinha e do Vinho para 2021/2022 estima-se que a produção de vinho na Região do Douro alcance os 1,5 milhões de hectolitros de vinho. A região do Douro e Porto terá sido a que registou o maior acréscimo da produção de vinho – um crescimento de 20%.

Um estudo levado a cabo por António Pirra, investigador da UTAD, e divulgado agora pelo MovRioDouro, dá a conhecer alguns dos impactos que esta indústria tem no Douro e seus afluentes. De acordo com o estudo “As adegas e o ambiente: Gestão e tratamento da água na Região Demarcada do Douro”, os efluentes vinícolas são altamente poluentes (cerca de 10 a 100 vezes mais poluentes que os efluentes urbanos, em termos de carga orgânica). No Douro, uma adega produz, em média, cerca de um a três litros de efluentes por cada litro de vinho produzido. Significa, portanto, que, no ano passado, foram produzidos entre 1,5 a 4,5 milhões de hectolitros de efluentes provenientes desta indústria.

Adaptação Profunda: "Living in the Time of Dying" (documentário)


Living in The Time of Dying é um olhar inabalável sobre o que significa viver em meio à catástrofe climática e encontrar propósito e significado dentro dela. Reconhecendo a magnitude da crise climática que estamos enfrentando, o cineasta independente Michael Shaw vende sua casa para viajar pelo mundo em busca de respostas. Muito em breve começamos a ver quão profunda a situação vai junto com os sistemas e formas de pensar que nos trouxeram aqui.

Em destaque neste documentário estão o professor de sustentabilidade e fundador do movimento Deep Adaptation Jem Bendell, jornalista premiado e autor de "The End of Ice", Dahr Jamail, professor de Dharma e autor de "Facing Extinction", Catherine Ingram e Stan Rushworth, um nativo americano Ancião, professor e autor que traz um ponto de vista especialmente esclarecedor para essas questões.

Embora fique claro que a mudança climática catastrófica agora é inevitável, também abre um novo conjunto de perguntas: como exatamente chegamos a esse ponto? Que novas escolhas podemos fazer agora sobre como viver nossas vidas e quais ações fazem sentido neste momento. As pessoas entrevistadas no documentário, todos porta-vozes altamente conceituados e conhecidos sobre o assunto, argumentam que é tarde demais para parar o que está por vir, mas de forma alguma é tarde demais para recuperar um relacionamento renovado e vivificante com nós mesmos e nosso mundo.

Página Oficial
Living in The Time of Dying

Entrevista
Dahr Jamail: The End of Ice—Bearing Witness and Finding Meaning in the Path of Climate Disruption

Jem Bendell - When we awaken to the ongoing environmental disaster we are living within, where should we turn for ideas and support? 

Ted Talks
Courage and acceptance in troubled times | Catherine Ingram

Documentário a rever
Before The Flood (A Inundação da Terra)

The Oligarch that Took Over Britain

Lídia Jorge: “É preciso estar com quem vive de migalhas”


Em entrevista no podcast “A Beleza das Pequenas Coisas“, a escritora Lídia Jorge, também membro do Conselho de Estado, comenta as crescentes notícias sobre a crise e a pobreza.
Ouça o episódio completo: aqui

Página Oficial

Biografia

Mudança climática causa desaparecimento global de insetos


O mundo está enfrentando um devastador colapso oculto de espécies de insetos devido a uma dupla ameaça: mudança climática e perda de habitat.

O Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Meio Ambiente da University College London realizou uma das maiores avaliações do declínio de insetos em todo o mundo, com três quartos de milhão de amostras de cerca de 6.000 locais.

Em nosso novo estudo, publicado na Nature , descobrimos que as terras agrícolas estressadas pelo clima têm, em média, apenas metade dos insetos e 25% menos espécies do que as áreas de habitat natural.

O declínio de insetos é maior em áreas agrícolas de alta intensidade de países tropicais, onde os efeitos combinados das mudanças climáticas e da perda de habitat são mais profundos.

Acredita-se que a maioria das 5,5 milhões de espécies do mundo viva nessas regiões, o que significa que as áreas mais ricas em insetos do planeta podem estar entrando em colapso sem que percebamos.

Reduzir a intensidade da agricultura usando menos produtos químicos, ter uma maior diversidade de culturas e preservar alguns habitats naturais pode mitigar os efeitos negativos da perda de habitat e das mudanças climáticas sobre os insetos.

Considerar as escolhas que fazemos como consumidores – como comprar café ou cacau cultivado à sombra – também pode ajudar a proteger insetos e outras criaturas nas regiões mais vulneráveis ​​ao clima do mundo.

O valor dos insetos

Os insetos são fundamentais para o futuro do nosso planeta. Eles ajudam a manter as pragas sob controle e decompõem a matéria morta para liberar nutrientes no solo. Os insetos voadores também são os principais polinizadores de muitas das principais culturas alimentares, incluindo frutas, especiarias e, o mais importante para os amantes de chocolate, o cacau.

Portanto, o número crescente de relatórios sugerindo que o número de insetos está diminuindo drasticamente é uma preocupação urgente. Essa perda de biodiversidade pode comprometer suas funções ecológicas vitais, ameaçando os meios de subsistência das pessoas e a segurança alimentar ao longo do caminho. No entanto, em grandes partes do mundo existem lacunas em nossa compreensão da verdadeira escala e natureza do declínio desse grupo.

A maior parte do que sabemos vem de dados coletados nas regiões mais temperadas do planeta, especialmente na Europa e na América do Norte. Por exemplo, perdas generalizadas de polinizadores foram identificadas na Grã-Bretanha. O número de borboletas diminuiu em 30-50% (em toda a Europa) e uma redução de 76% na biomassa de insetos voadores foi registada na Alemanha.

As informações sobre o número de espécies de insetos e sua abundância nos trópicos (as regiões de ambos os lados do equador, incluindo a floresta amazônica, todo o Brasil e grande parte da África, Índia e Sudeste Asiático) são muito mais escassas. No entanto, acredita-se que a maioria das 5,5 milhões de espécies de insetos do mundo viva nessas regiões tropicais , o que significa que as áreas mais ricas em insetos do planeta podem estar passando por um colapso calamitoso sem que percebamos.

Dos 29 grupos de insetos, os principais são borboletas e mariposas; os besouros; abelhas, vespas e formigas; e as moscas. Acredita-se que cada um desses grupos contenha mais de um milhão de espécies. Não só é quase impossível controlar um número tão grande, mas até 80% dos insetos podem ainda não ter sido descobertos. Destes, muitos são espécies tropicais.

Os insetos enfrentam uma ameaça sem precedentes das mudanças climáticas e da perda de habitat. Tentamos entender como a biodiversidade desse grupo é afetada nas áreas que vivenciam esses dois desafios com mais intensidade. Sabemos que eles não estão agindo isoladamente: a perda de habitat pode aumentar os efeitos das mudanças climáticas ao limitar a sombra disponível, por exemplo, levando a temperaturas ainda mais quentes nessas áreas vulneráveis.

Pela primeira vez, conseguimos incluir essas importantes interações em nossa modelagem da biodiversidade global. Nossas descobertas, publicadas esta semana na Nature , revelam que o declínio de insetos é maior em áreas agrícolas de países tropicais, onde os efeitos combinados das mudanças climáticas e da perda de habitat são sentidos mais intensamente.

Comparamos áreas com terras agrícolas de alta intensidade onde ocorreram altos níveis de aquecimento com áreas próximas de habitat natural pouco afetadas pelas mudanças climáticas. As áreas de cultivo têm, em média, apenas metade do número de insetos e mais de 25% menos espécies.

Nossa análise também mostra que terras agrícolas em áreas de estresse climático, onde a maior parte do habitat natural próximo foi removido, perderam 63% de seus insetos, em média, em comparação com 7% para terras agrícolas, onde o habitat natural próximo foi amplamente preservado.

Entre as áreas que nosso estudo destaca como especialmente ameaçadas estão a Indonésia e o Brasil, onde muitas culturas dependem de insetos para polinização e outros serviços ecossistêmicos vitais. Isso tem sérias implicações para os agricultores locais e a cadeia alimentar mais ampla nessas áreas climáticas e economicamente vulneráveis.

As prisões de tortura da Rússia


Em 2021, um prisioneiro foi libertado do infame hospital prisional de Saratov, na Rússia. Escondido no prisioneiro havia um disco rígido cheio de vídeos de câmeras corporais que ele havia copiado secretamente. Esses vídeos mostraram o que parece ser uma das piores torturas já vistas nas prisões russas.

BBC Eye investiga a história por trás deste acontecimento criminoso.

Documentário: Ex-inmates reveal details of Russia prison rape scandal 

Ex-detidos falaram com a BBC sobre serem sistematicamente estuprados e torturados em prisões russas.

Imagens vazadas de tal abuso foram divulgadas por uma fonte no ano passado, e agora as vítimas disseram à BBC por que isso acontece e como estão lutando por justiça.

Ler mais:
O escândalo de torturas e estupros revelado por ex-prisioneiros na Rússia
O horror das prisões russas

domingo, 30 de outubro de 2022

A Rússia vai perder a batalha energética


A grande vítima de toda a crise energética que vivemos será mesmo... a Rússia. É o que salienta o diretor executivo da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, em entrevista à Euronews, na qual explica porque é que Moscovo deu o passo errado.

"A Rússia vai sair a perder desta batalha energética pela seguinte razão: antes da invasão, cerca de 75% do total de exportações de gás russo vinha para a Europa, assim como 55% das exportações de petróleo. A Europa era, de longe, o maior mercado, o maior cliente da Rússia. E a Rússia perdeu-o para sempre. E não é possível construir gasodutos rapidamente para enviar gás para a China ou Índia. No cenário mais otimista, são necessários dez anos para construir gasodutos desses", explica.

No entanto, para Fatih Birol, as previsões de que este inverno será o mais duro não estão corretas.

"Vamos chegar até fevereiro ou março sem grandes problemas porque conseguimos armazenar muito gás natural, graças às políticas europeias. Vamos usá-lo durante este inverno. Mas a questão é que o inverno seguinte pode ser ainda mais duro do que este. Quando chegarmos a fevereiro ou março, já teremos utilizado uma grande parte do gás que guardámos. Como é que vamos conseguir armazenar novamente, encher novamente as reservas? Essa é a grande questão, porque as condições do mercado não serão fáceis", considera.

Falando sobre a economia russa, Georgieva projetou contrações em 2022 e 2023, juntamente com implicações prejudiciais de médio e longo prazo.

"Um, [a Rússia] está perdendo o acesso à tecnologia que teria ajudado o país a modernizar e diversificar sua economia. Segundo, está perdendo pessoas. A saída de russos, especialmente russos altamente qualificados, por causa da guerra está prejudicando a Rússia, " ela disse.

"E terceiro, está perdendo seu papel na economia global."

Campanha Global Witness - Stop Russian oil

Samuel Beckett- À Espera de Godot - En attendant Godot - Waiting for Godot

Filme completo de Michael Lindsay-Hogg (2001, legendado, em Português) aqui

Norte Global, Sul Global, Oriente, Ocidente- tudo belo e diverso e com contributos lindos. Só o ódio mina esta riqueza da ecologia humana. Não há tempo a perder. É relembrando todos e todos os dias  com obras certas.

À Espera de Godot – um título que se tornou proverbial em todo o mundo. Talvez nenhuma outra peça do séc. XX tenha conhecido um alcance tão expressivo, tão global.

“O apelo que ouvimos se dirige antes a toda a humanidade. Mas neste lugar, neste momento, a humanidade somos nós, queiramos ou não. Aproveitemos enquanto é tempo. Representar dignamente, uma única vez que seja, a espécie a que estamos desgraçadamente atados pelo destino cruel.”
 


“Let us do something, while we have the chance! It is not every day that we are needed. Not indeed that we personally are needed. Others would meet the case equally well, if not better. To all mankind they were addressed, those cries for help still ringing in our ears! But at this place, at this moment of time, all mankind is us, whether we like it or not. Let us make the most of it, before it is too late! Let us represent worthily for one the foul brood to which a cruel fate consigned us! What do you say? It is true that when with folded arms we weigh the pros and cons we are no less a credit to our species. The tiger bounds to the help of his congeners without the least reflexion, or else he slinks away into the depths of the thickets. But that is not the question. What are we doing here, that is the question. And we are blessed in this, that we happen to know the answer. Yes, in the immense confusion one thing alone is clear. We are waiting for Godot to come"


Embora já conhecido de alguns círculos pela sua produção literária, como autor de poemas e romances, o nome de Beckett projetou-se internacionalmente com a estreia da sua primeira peça "À Espera de Godot", que causou celeuma em Paris, em 1952. É legítimo afirmar que, na noite em que estreou esta “tragicomédia em dois atos”, Samuel Beckett alterou por completo não apenas a literatura dramática, mas a própria condição teatral. Numa estrada, junto a uma árvore, duas criaturas sem eira nem beira, saídas de um vaudeville ou do cinema mudo, entretêm-se com jogos e picardias, rindo e chorando, discutindo tudo: um par de botas, os Evangelhos, o suicídio… Aguardam por alguém que não chega, que nunca chega: Godot, personagem-mistério que Beckett sempre se recusou a identificar com Deus, porque, mais do que aquilo que esperamos, lhe interessava realçar o que acontece enquanto esperamos. Na época, os críticos especulavam que o nome Godot seria uma corruptela de God (Deus).



Biografia
Fundação 

Documentário:The Letter - A Carta (Laudato Si)



O documentário “A Carta” (The Letter), conta a “história da carta encíclica Laudato Si’ e detalha a emergência ecológica.

“O Papa Francisco é a estrela do filme. Ele generosamente passou um tempo connosco durante a produção, partilhando sua profunda sabedoria”, adianta.

Outras vozes também são apresentadas, representando as periferias da crise ecológica, como “uma ativista adolescente da Índia, um líder indígena da Amazónia, um refugiado climático do Senegal e cientistas do Havaii”.

“As histórias proféticas de Ridhima, Cacique Dadá, Arouna e Robin e Greg – heróis da vida real dentro e fora do filme – e seu diálogo pessoal com o Papa, em particular, foi inestimável”, indica.

Intitulada a “maior iniciativa” do movimento Laudato Si’ “até agora”, o filme “A Carta” “é fruto de alguns anos de trabalho em parceria com a produtora Off the Fence (vencedora do Oscar por "Meu Professor Polvo") e o Vaticano”.

O comunicado salienta que o “filme explica de maneira impactante, o grito da terra e o grito dos pobres” e a realidade das “secas, inundações, incêndios florestais, furacões, desflorestação, tudo só piora”.

A Universidade Católica Portuguesa também se associa ao lançamento deste documentário, na conclusão da iniciativa ecuménica do ‘Tempo da Criação’, através da sua divulgação, e o seu vice-reitor, o padre José Manuel Pereira de Almeida, deseja que “seja uma bela ocasião de diálogo para todos”.

O Movimento Laudato Si’, iniciativa católica global pelo clima, informa que a partir das 18h30 (menos uma hora em Lisboa) desta terça-feira pode-se assistir ao filme completo, em inglês com legendas automáticas do Youtube.

A organização do movimento mundial trabalha agora com os “líderes e membros do movimento para que o filme seja exibido no maior número possível de paróquias e comunidades em todos os continentes” bem como na angariação de fundos para realizar as exibições.

Música do BioTerra: Apoptygma Berzerk - Until The End Of The World


I'll wait for you until the end of the world

All the weights that keep me down
Seem heavier than before
Fate hits me in my face
Though you feel nothing

Only time will heal you say
Your word's my therapy
But half of me is gone
My dearest treasure torn away

[Chorus]
I'll stick with you until the end of the world
I cry out loud but you hear nothing
I'll wait for you until the end of the world
My dearest treasure torn away

All the weights that keep me down
Seem heavier than before
Fate hits me in my face
Though you feel nothing

Only time will heal you say
Your word's my therapy
But half of me is gone
My dearest treasure torn away

(I'll wait for you until the end of the world)

I'll stick with you until the end of the world
I cry out loud but you hear nothing
I'll wait for you until the end of the world
Half of me is gone, my dearest treasure torn away
I'll stick with you until the end of the world
I cry out loud but you hear nothing
I'll wait for you until the end of the world
My dearest treasure torn away

Denúncia - Ecoparolices, eucaliptal e dinheiro público esbanjado


𝐃𝐞𝐢𝐱𝐞𝐦-𝐦𝐞 𝐟𝐮𝐠𝐢𝐫 𝐝𝐞𝐬𝐭𝐚 𝐅𝐔𝐆𝐀𝐒!
Sou há muito assinante do PÚBLICO e tenho por hábito lê-lo logo que é publicado, normalmente pouco depois da meia-noite; as notícias e artigos de opinião que trás são importantes para a formação da minha própria opinião.

No entanto, nunca abro o suplemento FUGAS pela falta de qualidade habitual dos seus conteúdos, pelo favoritismo de muitos, e pelo desinteresse geral da publicação.

Mas ontem chamou-me a atenção a capa, pela caricata fotografia que reproduzida que, comecei por pensar, não era realidade, mas sim uma fotomontagem, uma brincadeira de um qualquer gozão. 

Mas, infelizmente, não era: era mesmo a”.. “𝘊𝘰𝘳𝘰𝘢" 𝘮𝘶𝘭𝘵𝘪𝘤𝘰𝘭𝘰𝘳 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘯𝘷𝘰𝘭𝘷𝘦 𝘶𝘮𝘢 𝘱𝘰𝘯𝘵𝘦 𝘥𝘦 𝘱𝘦𝘥𝘳𝘢...” em Proença-a-Nova; e logo fiz um comentário no Facebook.

Hoje, perante a foto integral ainda fiquei mais escandalizado: como é possível fazer-se isto, e como é possível o PÚBLICO promover isto, mesmo sabendo que “𝘈 𝘍𝘶𝘨𝘢𝘴 𝘷𝘪𝘢𝘫𝘰𝘶 𝘢 𝘤𝘰𝘯𝘷𝘪𝘵𝘦 𝘥𝘰 𝘔𝘶𝘯𝘪𝘤í𝘱𝘪𝘰 𝘥𝘦 𝘗𝘳𝘰𝘦𝘯ç𝘢-𝘢-𝘕𝘰𝘷𝘢” (o tal favoritismo de que acima falo)!

É urgente a Direção Geral do Património Cultural ordenar a demolição deste atentado, mesmo não estando numa ponte classificada como monumento, porque se estivesse classificada o seu fautor teria como prémio uma “... pena de prisão até cinco anos ou [com] pena de multa até 600 dias”, nos termos do art.º 213 do Código Penal.

Mas não foi só esta foto que me escandalizou neste artigo da FUGAS, que naturalmente depois li, contra os meus hábitos: “𝐒ã𝐨 𝐦𝐨𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐞 𝐬𝐮𝐜𝐞𝐝𝐞𝐦 𝐚 𝐦𝐨𝐧𝐭𝐞𝐬, 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞 𝐟𝐨𝐫𝐫𝐚𝐝𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐟𝐥𝐨𝐫𝐞𝐬𝐭𝐚”. Onde, em Proença-a-Nova não há um hectare de floresta, apenas matas industriais de eucaliptos que, como escreve a FUGAS, e aqui está bem, “...𝙨𝙚 𝙧𝙚𝙜𝙚𝙣𝙚𝙧𝙖 𝙖𝙤 𝙧𝙞𝙩𝙢𝙤 𝙙𝙤𝙨 𝙞𝙣𝙘ê𝙣𝙙𝙞𝙤𝙨...”

𝐃𝐞𝐢𝐱𝐞𝐦-𝐦𝐞 𝐟𝐮𝐠𝐢𝐫 𝐝𝐞𝐬𝐭𝐚 𝐅𝐔𝐆𝐀𝐒!
19/10/2022
Nuno Gomes Oliveira

A charada do acordo de Minsk


Tratado de Minsk
O acordo foi assinado pelo embaixador russo, mas não há qualquer referência à Rússia como uma parte do acordo, o que tem levado Moscovo a declarar que é um mediador e que não tem responsabilidade pela sua execução. Outro dado essencial, o acordo não refere uma única vez a soberania da Ucrânia. Saiba mais sobre os Acordos de Minsk aqui

Transparência

Following the invasion of Ukraine, there has been global outrage at Russia’s blatant disregard for international law, human rights, and the principle of state sovereignty.

In an attempt to deter Putin from escalating military action in Ukraine, the EU and its allies have come together to decide on sanctions that directly target Russian oligarchs, freezing their assets – often the fruit of corruption and money laundering – and impeding them from conducting financial transactions in the European Union, the UK, and the United States.

Ukraine meanwhile has, in the past few years, made significant progress in the fight against corruption, being the second country in the world to open its beneficial ownership register, also establishing an open company register, and an open contracting system ProZorro that has become a model globally.

The people of Ukraine are now fighting to ensure that this democratic progress is not reversed. In the words of EU Commission President Ursula von der Leyen, this is a clash between democracies and autocracies.

Liberdade de Expressão

Human Rights Watch (HRW) Monday published a catalog of citizen actions that have triggered criminal charges and administrative penalties in Russia since the start of the war in Ukraine.

Russia has repeatedly cracked down on free speech rights; in the first few weeks following the start of the war in Ukraine, Russian authorities arrested over 5,000 anti-war protesters. The arrests were piled on top of newly passed censorship laws, which criminalize public dissemination of “deliberately misleading information” and “discrediting the use of Russian Federation Armed Forces.”

Free speech activists, in conjunction with HRW, have tracked the progression of Russia’s efforts to suppress speech in response to the war in Ukraine. As a result of Russia’s new censorship laws, authorities have launched at least 70 criminal cases. The censorship laws have also prompted hundreds of administrative cases.

In the midst of this crackdown, HRW compiled a list of examples of “legitimate, peaceful speech or actions” that have resulted in charges or penalties. The examples detail charges brought against Russian individuals including the date, location, name of the individual, penalty, and circumstances surrounding the charges.

Among the examples are wearing a blue and yellow, replacing price tags in supermarkets with anti-war leaflets, commenting on the war on social media, criticizing the war in private, displaying the word “self-censorship” in public, displaying the phrases “no war” or “for peace” in public, displaying a blank poster in public, public speeches regarding the war, and taking down “Z” pro-war banners.

Meio ambiente da Ucrânia é outra vítima da guerra; danos poderão ser sentidos por décadas

As florestas de pinheiros ao redor de Irpin, na Ucrânia, são o lugar feliz de Oleh Bondarenko. Ele as descobriu quando ainda era criança, quando sua mãe o mandou um acampamento de verão na área, e ele tem voltado para visitar o local desde então.

“É um lugar cheio de memórias. Vorzel, Irpin, Bucha, as florestas, o ar fresco. Para mim, este é um lugar de descanso”, contou à CNN o cientista ambiental de 64 anos durante uma viagem recente a Irpin.

O caminho de uma hora de distância de Kiev – uma viagem que ele fez muitas vezes ao longo das décadas – foi cheio de angústia para Bondarenko, que se preocupava com o que encontraria em Irpin. “Esta é a primeira vez que volto desde que nossos irmãos ‘visitaram’ Irpin”, disse ele, referindo-se às tropas russas.

Esta área esteve sob controle russo por várias semanas em março; tornou-se posteriormente conhecida em todo o mundo como o local de algumas das piores atrocidades cometidas pela Rússia nesta guerra. Pelo menos 1.200 corpos de civis foram descobertos na região desde que as tropas russas se retiraram de lá, segundo a polícia da região de Kiev. Pelo menos 290 deles foram encontrados em Irpin, segundo o prefeito da cidade.

sábado, 29 de outubro de 2022

Bolsonaro responde a repórter da RTP: "Não falo nem espanhol, nem portunhol"


Ambiente muito tenso no Brasil, a poucas horas das eleições que vão decidir o próximo presidente do país. A noite passada, a seguir ao ultimo debate entre os dois candidatos, Jair Bolsonaro exigiu ser tratado por "Presidente", foi agressivo com todos os repórteres, incluindo o correspondente da RTP no Brasil, Pedro Sá Guerra. O jornalista da RTP pediu um comentário à preocupação de líderes internacionais em relação ao resultado das eleições. Bolsonaro disse não ter percebido a questão: "Não falo espanhol nem portunhol" [video]. Apesar de não ter percebido a questão, Bolsonaro respondeu de seguida que teve reuniões com Biden, esteve com Putin e em conversas “com o mundo árabe”.

Na mesma coletiva, Bolsonaro também abandonou a entrevista após ser questionado por um repórter da Folha de S. Paulo do porquê continuava mentindo em relação à ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Complexo do Alemão. O presidente tinha associado o ato de campanha do petista na comunidade a um suposto envolvimento dele com traficantes. A visita foi organizada por líderes comunitários, como lembrou o repórter. "Você tem moral para me chamar de mentiroso?", perguntou Bolsonaro ao jornalista, e então deixou a entrevista. [video]

De acordo com a organização da TV Globo, cada um dos candidatos teria 10 minutos para responder as perguntas dos jornalistas. Bolsonaro, no entanto, falou por mais de 20 minutos porque disse que estava lá "como presidente, não como candidato". Ele também se irritou ao ser chamado de "candidato" e não de "presidente". "Se eu sou candidato eu vou embora. Sou presidente da República", afirmou. 

Onde Estão os Pobres?


Por António Guerreiro

A pobreza é histórica e socialmente relativa, os critérios para a sua definição mudam consoante a época e a sociedade.

Ao mesmo tempo que eram divulgados alguns números sobre o aumento da pobreza em Portugal e se publicavam reportagens que amplificam demagogicamente a situação, o Governo depositava 125 euros na conta bancária de uma grande parte dos cidadãos. Esse dinheiro vai alimentar o fluxo económico e volta a reentrar parcialmente nos cofres do Estado. Mas o que importa é cultivar a imagem de um Estado benfeitor.

Muito embora o universo dos beneficiários inclua a maior parte da população e não se limite aos que têm rendimentos muito reduzidos ou se situam abaixo do limiar de pobreza, esta “dádiva”, no contexto em que é feita, arrisca-se a parecer uma manobra de assistência ou um suplemento de generosidade do sistema de protecção social.

Evidentemente, a operação é económica, bastante alargada, e tem objectivos políticos, mas na sua forma e graças à coincidência com a divulgação de dados alarmantes, acaba por se confundir demasiado com a assistência à pobreza. E ser assistido é, como sabemos desde que em 1907 Georg Simmel publicou o seu célebre estudo sobre os pobres, com o qual impulsionou uma “sociologia da pobreza”, o critério essencial para que uma pessoa seja representada pelos outros como pobre.

Onde está afinal esta enorme massa de população pobre se nós não a vemos ou a vemos muito pouco? Não a vemos porque na nossa sociedade (democrática e rica ou com aspirações a tal) é o modelo da riqueza que se tornou conspícuo ou até exuberante, enquanto os pobres foram relegados para a condição da invisibilidade. De outro modo, constituiriam um grande incómodo que justifica, aliás, o assistencialismo: este acaba por ser uma forma de assistência não apenas aos assistidos, mas aos sujeitos da assistência. É preciso apresentar ainda uma outra razão para esta invisibilidade: em países como Portugal há uma pobreza integrada socialmente.

Muitas pessoas com quem nos cruzamos diariamente, que nos prestam serviços e que nos atendem nas lojas, nos supermercados, nos cafés e restaurantes, fazem parte deste estrato social; nos países da Europa do Norte, pelo contrário (embora com alguns desvios que se têm acentuado nos últimos anos), a classe média é a regra geral e a pobreza é quase sempre marginal, os pobres vivem na condição de “restos”, de inadaptados, não formam um conjunto social.

Outra coisa que Simmel nos ensinou é que a pobreza é sempre relativa e, por isso, devemos interrogar a própria noção de pobreza, tal como ela é definida e quantificada pelas estatísticas. Basta mudar um pouco o limiar de pobreza oficial e imediatamente se altera a proporção dos pobres em relação à totalidade do universo populacional.

A pobreza é histórica e socialmente relativa, os critérios para a sua definição mudam consoante a época e a sociedade: um pobre em Inglaterra na época da revolução industrial não é o mesmo que um pobre na Inglaterra de hoje, tal como um pobre na Suíça não se assemelha a um pobre em Portugal. Mas esta definição relativa de pobreza aplica-se também às categorias profissionais. Um exemplo, que tem actualmente uma extrema evidência, demonstrativa desta realidade: a classe dos jornalistas tem os seus pobres, que são a maioria, e os seus ricos, uma minoria.

A pobreza, em sociedades como a nossa, é apenas bem visível quando ostentada pelos “outros”, os que não são como nós, os imigrantes ou os que são etnicamente identificados. Mas, para além de genericamente invisível, é também muda ou, pelo menos, muito pouco eloquente. Não se vê e pouco fala. Há quem fale por ela, muitas vezes instrumentalizando-a, mas é muito raro apreendê-la com voz própria e sem mediações. Uma excepção a esta regra é um livro-reportagem, um fabuloso livro de um notável escritor dos Estados Unidos, William T. Vollmann, intitulado Poor People (2007).

Vollmann percorreu entre 1994 e 2006 vastas zonas do mundo onde prolifera a pobreza e perguntou aos pobres porque é que são pobres. E as respostas que recebeu são as mais variadas: o destino, dizem uns, a preguiça, confessam outros, o infortúnio e as decisões políticas, avançam outros. Enfim, as respostas são muito diferentes e há até uma mulher indiana que lhe respondeu que a sua pobreza era ditada pelas leis da encarnação; e há um sem-abrigo, algures no México, que diz que não se considera pobre porque arranja dinheiro diariamente para se embebedar.

Relatórios 
Índice Multidimensional de Pobreza (ONU-2002)
UNICEF- Análise do impacto da Guerra Rússia-Ucrânia e a desaceleração económica na pobreza infantil na Europa Oriental e na Ásia Central

Política Nacional

Ataque de Zambelli desarma bolsonarismo na reta final da campanha


O episódio em que a deputada Carla Zambelli (PL) persegue um homem desarmado pela rua em São Paulo e invade um bar com uma pistola, na véspera da eleição, foi mais um tiro no pé da campanha bolsonarista. Assim como o atentado do ex-deputado Roberto Jefferson contra policiais no Rio, seis dias antes, expôs a truculência perigosa dos apoiadores do presidente e desarmou o discurso armamentista que baseou todo o governo Bolsonaro.

Bolsonaro tentou desesperadamente nos últimos dias reverter a desvantagem nas pesquisas trazendo o debate para o campo económico. A fake news de que Lula acabaria com os MEIs dava um alento de que o capitão poderia virar o jogo. Zambelli, uma das mais radicais apoiadoras do presidente, recolocou a discussão no campo original do bolsonarismo, para frustração do seu líder. A internet virou de novo vitrine para veiculação de tiroteios e ataques dos aliados do presidente.

O presidente tentou na campanha encarnar a imagem de defensor da ordem e da família, de apoiador das polícias e de um líder preocupado em melhorar as condições de vida daqueles que querem trabalhar com segurança. A imagem que ficou para os eleitores na véspera da abertura da urnas foi de bolsonaristas perigosos jogando granadas e metralhando policiais, de uma aliada perseguindo um negro desarmado com seu revólver e se recusando a cumprir decisão judicial que proibia o porte de armas durante o pleito – exatamente para garantir que o processo ocorre dentro da ordem e da lei.

Esses dois ataques não serão suficientes para mudar a opinião da população, que já parecia consolidada no primeiro turno. Mas dão o pano de fundo e calibram o humor da sociedade para uma eleição que vai determinar se o País seguirá na trilha da democracia ou se vai se afundar ainda mais na barbárie (a expressão foi cunhada espertamente por Lula, e parece que ele vai se beneficiar dela para garantir a vitória). Se o petista garantir a maioria nas urnas, restará a ele o trabalho de pacificar o País e desarmar os espíritos. Desarmar os radicais e bandidos, eliminando arsenais a serviço do crime, será tarefa das polícias, que, espera-se, agirão com mais rigor daqui para a frente.

O ex-deputado Roberto Jefferson


A Festa de Babette [1987]

O tema central do pietismo é a experiência do crente com Deus, sua condição de pecador e o caminho para sua salvação. Sublinhava-se a necessidade da conversão individual e do nascer de uma nova conduta no crente, desapegada do mundo material e firmada no apoio mútuo da comunidade reunida em culto ao redor do estudo da Bíblia.

Ao enfatizar a dimensão experiencial e a prática da fé, os pietistas, por um lado, desenvolveram uma moralidade ascética por vezes áspera, especialmente no que tange à alimentação, vestimenta e lazer; por outro lado, enfatizaram um sentimento de responsabilidade para com o mundo, do qual desdobraram-se atividades de missão e caridade. Além disso, dada a ênfase no contato direto da pessoa com Deus, as diferenciações entre clero e laicato foram amainadas e o sentimento de pertença eclesiástica arrefecido nas experiências de pequenos grupos ecclesiola in ecclesiae, os "collegia pietatis".

Defendia uma experiência vitalista da fé, pela demonstração e comprovação desta numa piedade prática, através da rejeição do espírito mundano e pela participação ativa dos leigos em reuniões ou conventículos de «cristãos conversos».

Semelhante à tese de Max Weber que correlaciona o protestantismo a uma instituição secular, no caso o espírito do capitalismo, o sociólogo Robert K. Merton correlaciona o pietismo e o puritanismo ao surgimento das ciências naturais.


Em 1871, numa noite de tempestade, Babette chega a um vilarejo na Dinamarca, fugindo da França durante a repressão à Comuna de Paris. Ela se emprega como faxineira e cozinheira na casa de duas solteironas, filhas de um rigoroso pastor. Ali ela vive por catorze anos, até que um dia fica sabendo que havia ganho uma fortuna na lotaria e, ao invés de voltar à França, ela pede permissão para preparar um jantar em comemoração do centésimo aniversário do pastor. A princípio, os convidados ficam assustados, temendo ferir alguma lei divina ao aceitar um jantar francês, mas acabam comparecendo e se deliciam com a festa de Babette.

As irmãs Martine (Birgitte Federspiel) e Philippa (Bodil Kjer), idosas e pias, vivem numa pequena aldeia na remota costa oeste da Jutlândia, na Dinamarca do século XIX. O seu pai foi um pastor que fundou uma pequena assembleia piestistica. Depois do pai morrer e da austera assembleia deixar de atrair novos convertidos, as irmãs envelhecidas presidem agora uma cada vez mais pequena congregação de idosos crentes.

A história recua 49 anos, mostrando as irmãs durante a sua juventude. As belas raparigas têm muitos pretendentes, mas o seu pai rejeita-os a todos e ridiculariza o casamento. Cada uma das irmãs é cortejada por um apaixonado pretendente de visita à Jutlândia - Martina por um jovem encantador oficial de cavalaria sueco, Lorens Löwenhielm, e Philippa por um famoso barítono, Achille Papin, da Ópera de Paris, numa pausa que fez no silêncio da costa dinamarquesa. Ambas as irmãs decidem permanecer com o pai e rejeitar a possibilidade de viver noutro sítio que não a Jutlândia.

Trinta e cinco anos mais tarde aparece à sua porta Babette Hersant (Stéphane Audran) com uma carta de Papin, onde este explica que ela é uma refugiada de um golpe contra-revolucionário em Paris, e recomendado que a aceitem como criada. As irmãs não podem contratar Babette, mas esta se oferece para trabalhar de graça. Babette trabalha como cozinheira na sua casa durante catorze anos, servindo uma versão melhorada das refeições simples típicas da natureza abstinente da congregação, vindo lentamente a ganhar o seu respeito. A única ligação que a mantém com sua vida anterior é um bilhete de lotaria que um amigo seu em Paris lhe compra todos os anos. Um dia Babette ganha 10 000 francos com este bilhete de lotaria e em vez de usar o dinheiro para voltar a Paris e retomar o seu anterior estilo de vida, decide gastar o dinheiro na preparação de um jantar para as duas irmãs e à pequena congregação, aproveitando a celebração do centésimo aniversário do pastor que a fundou. Mais do que um banquete, a refeição é uma manifestação de apreço da parte de Babette e um ato de auto-sacrifício. Babette não revela a ninguém que gasta todo o prémio da lotaria naquela refeição.

Receitas da Festa de Babette [em Inglês]

Júlia Pinheiro arrasada por Luís Osório por promover na SIC Gustavo Santos e suas teorias da conspiração

Júlia Pinheiro convidou o “negacionista” Gustavo Santos para estar presente no programa da SIC. Luís Osório lamentou a atitude da apresentadora e acusou-a de estar a ser cúmplice de um pensamento que provocou a morte de muitas pessoas durante a pandemia da Covid-19.

Para não dar palco, Gustavo Santos esteve no canal de Miguel Macedo (assumidamente do partido Chega), numa entrevista propagandística e panfletária. Registou 3.932 visualizações, desde 26.10.2022. Preocupante!

“Júlia Pinheiro e Gustavo Santos, uma dupla que se completou“, começou por escrever Luís Osório no 

“Gustavo tem combatido a pandemia. Não com informações que permitam às pessoas salvarem-se de um vírus que matou milhões em pouco mais de dois anos. Mas com informações que vão ao encontro de teorias conspirativas e de verdades alternativas. Verdades que ele grita serem verdadeiras”, explicou.

“Diz que a pandemia é a maior fraude da história. Diz que as vacinas são para controlar melhor a população. Diz que a ciência não vale mais do que a razão de cada um. Diz que forjou testes COVID para poder participar em eventos ou comer em restaurantes. Com a mesma convicção, afirmou em 2015 que as doze pessoas que foram assassinadas por terroristas no ataque ao Charlie Hebdo se tinham posto a jeito porque a liberdade de expressão não é libertinagem”, recordou.

“Gustavo Santos esteve na semana passada no programa de Júlia Pinheiro, na SIC. Assistiram à entrevista em direto mais de 300 mil pessoas. É este o ponto que me interessa. Por mais que Júlia Pinheiro tente contextualizar as polémicas opiniões do seu convidado é lamentável que tenha aberto a porta do programa a um homem capaz de defender o que defende. A opinião é livre e o Gustavo, na conversa televisiva, assumiu que respeita a opinião de Júlia, mas que esperava que Júlia respeitasse a sua. A apresentadora não disse que não a respeitava, apenas que não concordava. E tudo ficou legitimado a seguir“, lamentou.

“Legitimado e na paz do senhor. Mas não, não pode ser. Júlia Pinheiro tem estatuto para fazer quase o que lhe apetece. Estatuto para levar as pessoas que quer no momento em que as quer. E se o levou foi por o desejar. Mas ao abrir a possibilidade de Gustavo falar para quase meio milhão de pessoas, torna-se cúmplice de um pensamento que, no limite, foi responsável pela morte ou internamento de homens e mulheres concretos“, acusou.

“Júlia Pinheiro não pode queixar-se das fake news, dos negacionistas, dos populismos, da ascensão dos movimentos que desejam o fim da democracia e, ao mesmo tempo, tornar o seu programa num lugar onde a coberto da liberdade de expressão tudo é permitido. Não dá. Simplesmente, não dá“, rematou.

Nacionalismo rima com multilateralismo?

No que levamos de século XXI, o Nobel da Paz foi atribuído a organismos das Nações Unidos por cinco vezes, uma tendência que relembra importância da solidariedade global. Diana Soller e Madalena Mayer Resende estiveram na TSF a analisar o Nobel da Paz, o multilateralismo, o nacionalismo e a condenação do partido Aurora Dourada na Grécia no programa Mapa Mundo, uma parceria com o Instituto Português de Relações Internacionais.


"O multilateralismo está hoje num estado lamentável", a afirmação é de Madalena Mayer Resende para quem o prémio Nobel da Paz serve para lançar o alerta sobre as dificuldades que as organizações multilaterais têm sentido para desenvolver o seu trabalho. Para a investigadora Diana Soller, o prémio Nobel veio lembrar que é lamentável que, apesar de todo o desenvolvimento tecnológico, a fome ainda seja um problema no mundo.

Na abertura da 75ª Assembleia Geral da ONU, o secretário-geral, António Guterres, referia-se à Covid-19 como o quinto cavaleiro de um possível apocalipse global. Para Madalena Mayer Resende, as Nações Unidas vão sobreviver ao crescimento das tensões sino-americanas, "a questão é em que estado?", acrescenta a investigadora.

Diana Soller garante que o futuro do sistema internacional passa pela conciliação entre multilateralismo e aquilo que a investigadora define como "nacionalismo benigno", que conclui a investigadora, "tire espaço aos partidos violentos e não democráticos".

"No momento em que a Globalização perde face ao regionalismo, a Europa não está mal posicionada para liderar um polo de multilateralismo regional", assegura Madalena Mayer Resende advertindo no entanto que, "caso a China se mantiver como única alternativa e rival ao mundo ocidental, então a Europa vai sofrer nesse processo

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Mundial de Futebol no Qatar- A situação dos trabalhadores migrantes


A sede da próxima Copa do Mundo de 2022 pelo Qatar atraiu milhares de trabalhadores migrantes para construir estádios e outras infraestruturas. Esses estrangeiros deixaram tudo para trás em busca de uma vida melhor. Mas, uma vez no Qatar, eles muitas vezes sofreram exploração: salários não pagos, passaportes confiscados e condições extremas de trabalho que levaram a vários milhares de mortes, segundo várias ONGs. Alguns trabalhadores migrantes concordaram em falar com nossos repórteres Chloé Domat e Rammohan Pateriya para esta reportagem especial completa. Eles explicam como o sonho do Qatar se transformou em pesadelo, mesmo que Doha também ofereça algumas oportunidades de mobilidade social ascendente.

Amnistia Internacional
Qatar: Promessas e compensações por cumprir com o Mundial à porta

Assinar e divulgar a Petição: É tempo da FIFA e do Qatar compensarem os trabalhadores migrantes!

Hoje, dia dos Sex Pistols e de Roger Waters e o papel da música de intervenção




Sex Pistols - "Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols" é o único álbum de estúdio dos Sex Pistols, lançado neste dia (28 de outubro) em 1977.


O insuspeito nosso Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva fez um trabalho científico sobre a cena punk em Portugal "Estigma, experimentação e risco: A questão do álcool e das drogas na cena punk"

Os Cure, banda britânica, que enchem estádios, são anti-monárquicos enquanto o "selvagem" Mick Jagger aceitou o título monárquico. Houve polémica antes da decisão.

Jimmy Savile, o maior pedófilo inglês, foi condecorado Cavaleiro da Coroa Britânica pela raínha de Inglaterra.

Pink Floyd e a canção "Another Brick in The Wall- "Hey! Teacher! Leave them kids alone!"...e por aí fora. 

O que dizer da posição de Roger Waters? Dividiu a opinião mundial acerca do conflito Rússia-Ucânia.

Por cá temos a Amália, Zeca Afonso, António Variações que marcam e marcarão gerações.

Desobediência Civil, que muitos cantantoures promovem nas suas letras, inspiram até acções e documentários sobre o meio ambiente [ex: Documentário - Disobedience]

Biografias
Sex Pistols
Sex Pistols (youtube)
Roger Waters
Roger Waters

Página Oficial
Sex Pistols
Roger Waters

Vladimir Putin prevê o fim do domínio ocidental

Vladimir Putin acredita que domínio do Ocidente está a chegar ao fim. Com a guerra da Ucrânia sempre em eco, o líder do Kremlin traçou a sua visão do mundo, numa conferência de analistas políticos internacionais, onde se discutiu o papel da Rússia no mundo. O ódio em relação ao Ocidente e loas à Grande Rússia tal como já previ aqui nesta postagem.


Putin, acusou o Ocidente de jogar sujo e que está "a tentar desesperadamente" "governar o mundo". [aqui em video

O conselheiro presidencial da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, descreveu o discurso de Putin como sendo freudiano, pois acusa os outros de tudo o que faz; prevendo que: "quem semeia ventos, colhe tempestades". E a tempestade está a chegar". Os Estados Unidos, por seu lado, colocam a ameaça russa em perspetiva, comparando-a com o desafio que a China representa. 

Lloyd Austin reconheceu a preocupação sobre uma possível "escalada" das tensões com a Rússia. Declarando ainda que a resposta comunidade internacional seria significativa em caso de ataque nuclear.

Douglas London considera Putin previsível e consistente  na política e passar a mensagem da Grande Rússia para o Ocidente.

Discurso completo aqui

Análise da CNN
Um jogo "perigoso, sangrento e sujo" que coloca o mundo perante a "década mais perigosa” desde o fim da Segunda Guerra Mundial: Vladimir Putin teceu esta quinta-feira duras críticas ao Ocidente e aos seus líderes e ex-líderes - nem Liz Truss foi esquecida num longo discurso em que o presidente russo defendeu também a doutrina militar e os valores do seu país. “O mundo unipolar é coisa do passado. Estamos numa fronteira histórica. À frente está a década mais perigosa, imprevisível e, ao mesmo tempo, importante desde o fim da Segunda Guerra Mundial”, afirmou no Valdai Discussion Club em Moscovo.

Sobre Clube Valdai aqui
Site oficial - Valdai Discussion Club

Herman Daly, who brought economy and ecology together, dies at 84


American economist Herman Daly, who received the 1996 Right Livelihood Award for his groundbreaking synthesis of the relationship between economy, ecology and ethics, has died. He passed away on October 28, 2022, at the age of 84.

“Herman Daly redefined economics, forging a way forward that does not include the destruction of our environment for economic gain,” said Ole von Uexkull, Executive Director of Right Livelihood. “He sought to demote the notion of growth as the most important economic driver and replace it with a model that respects the limits of our natural resources. It is now our imperative to implement his contributions and ensure sustainable life on our planet.”

Daly made a masterly synthesis of the application of classical concepts of capital and income to resources and the environment, the laws of thermodynamics, and the insights of ecology. With the latter, he incorporated the concepts of flows of materials and energy through economic systems.

This synthesis has resulted in a leap in understanding why dominating economic systems are destroying the environment. Daly’s insights have deeply influenced the debate about what should be done about this question.

“What happens, according to ecological economics, is that the economy grows mainly by transforming its environment (natural capital) into itself (manmade capital). This process of transformation takes place within a total environment that is finite, non-growing, and materially closed,” Daly said in his Right Livelihood Award acceptance speech.

“But if manmade and natural capital are complements rather than substitutes, as ecological economics claims, then expansion of the economic subsystem would be much more stringently limited by that complementarity. There would be no point in transforming natural capital into manmade capital beyond the capacity of remaining natural capital to complement and sustain it.”

In 1989, Daly was one of the key figures in the founding of the International Society for Ecological Economics (ISEE). ISEE is a leading forum linking economists and ecologists, as well as academics and activists. Daly was active within the network of Right Livelihood Laureates and was seen and heard in lectures, podcasts, and articles until very recently. Up to his death, Daly was also a professor emeritus at the University of Maryland School of Public Policy.

He received the Right Livelihood Award for “defining a path of ecological economics that integrates the key elements of ethics, quality of life, environment and community.”

Daly’s work is among the most frequently cited sources in all of the scholarly literature about sustainable development, as evidenced by the October, 2011 publication of References, authors, journals and scientific disciplines underlying the sustainable development literature.


P.S. Pls read an excellent festschrift edited by Joshua Farley, a sweeping biography by Peter Victor