quarta-feira, 31 de maio de 2006
terça-feira, 30 de maio de 2006
Comunicação e Meio Ambiente
Fonte: Jornalismo Ambiental
Comunicação e Meio Ambiente: o jornalismo como forma de conhecimento na precaução a danos ambientais
Leia este trabalho na íntegra, em pdf
Comunicação e Meio Ambiente: o jornalismo como forma de conhecimento na precaução a danos ambientais
Leia este trabalho na íntegra, em pdf
Por Michele Cardoso Pereira
Partindo de uma análise crítica, fundamentada em Adelmo Genro Filho, sobre a teoria do jornalismo, buscou-se no estudo e na pesquisa interdisciplinar enfatizar a potencialidade da profissão em informar a população com vistas à formação do conhecimento para a precaução aos danos ambientais.Partindo de uma análise crítica, fundamentada em Adelmo Genro Filho, sobre a teoria do jornalismo, buscou-se no estudo e na pesquisa interdisciplinar enfatizar a potencialidade da profissão em informar a população com vistas à formação do conhecimento para a precaução aos danos ambientais.
Objetivou-se, portanto, relacionar os conceitos tanto de comunicação como de meio ambiente, corroborando a potencialidade jornalística na difusão de informações de cunho ambiental e conteúdo informativo para a formação social do conhecimento, com vistas a impelir ao jornalismo sua responsabilidade diante da sociedade em geral.
Não se procurou colocar a responsabilidade por danos ambientais na imprensa, mas sim a sua possibilidade de precaver estes danos por meio do poder de divulgação sobre os riscos que a sociedade está exposta.
Enquanto a teoria vem buscar a confirmação desse potencial, que é também um dever ético e legal jornalístico, o estudo de caso exemplifica justamente o contrário: as matérias jornalísticas referentes à região carbonífera de Santa Catarina, com ou sem temáticas ambientais de fundo, desconsideram o princípio de precaução e apresentam-se desconexas e direta ou indiretamente relacionadas aos interesses econômicos e políticos. Percebe-se, assim, o apego jornalístico aos fatos consumados e à concepção fragmentadora do conhecimento, bem como a fluidez com que percorrem a redação notícias de interesse econômico, que favorecem uma minoria, sem maiores preocupações com o que é importante à sociedade em geral a longo prazo.
Em se tratando de comunicação e meio ambiente temos como base a interdisciplinaridade e por esta orientação segue esta Monografia. O método utilizado foi pesquisa bibliográfica de caráter indutivo.
No que se refere à comunicação, são apresentadas as escolas teóricas que justificam a prática superficial do jornalismo relacionada aos interesses capitalistas, buscando-se como alternativa a prática revolucionária da profissão, entendida aqui como tudo o que o jornalismo deveria ser, mas não é. A fundamentação deu-se na concepção de Adelmo Genro Filho sobre a potencialidade do jornalismo como mediador do conhecimento, em crítica ao pragmatismo da funcionalista Escola de Chicago e ao pessimismo da Escola de Frankfurt. Buscou-se, ainda, nos escritos de Paulo Freire e José Marques de Melo a conexão entre educação e comunicação.
Quanto ao meio ambiente, soma-se a crítica do conhecimento fragmentado à precaução aos danos ambientais num contexto de sociedade de risco, com vistas a encontrar no jornalismo uma possibilidade de auxiliar neste quadro. As referências consultadas deram-se no campo das Ciências Sociais, para definição do tema Meio Ambiente, com base teórica em Enrique Leff e na amplitude, interdisciplinaridade e complexidade da questão ambiental referenciada pelo autor. No Direito Ambiental, para a conceituação de democracia e cidadania ambiental, bem como do princípio de precaução na sociedade de risco foram consultadas as obras de José Rubens Morato Leite, prof. Dr. da UFSC, com amplo desenvolvimento científico na área, estudioso da teoria da “Sociedade de Risco”, formulada pelo sociólogo alemão Ulrich Beck.
Ocorre neste trabalho a defesa pela prática responsável do jornalismo, considerando o mesmo como instrumento de democracia e de incentivo ao exercício da cidadania na defesa por um meio ambiente saudável, bem como a referência à profissão do seu dever de informar para a proteção da vida em todas as suas formas, propondo-se a interdisciplinaridade como método de abordagem jornalística para a formação do conhecimento na população. Todos estes conceitos encontram-se ilustrados e relacionados na cobertura jornalística da Região Carbonífera Catarinense desde a década de 1970, utilizada como estudo de caso.
O estudo de caso, ilustrativo da prática profissional, dispõe de matérias selecionadas de jornais estaduais que abordaram o tema carvão nas décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000. As matérias foram pesquisadas através de uma relação cronológica de acontecimentos da indústria carbonífera, que delimitaram os períodos para a pesquisa e os temas a serem abordados. Inicialmente trinta e seis matérias foram selecionadas. Destas, apenas vinte estão citadas no trabalho por terem sido consideradas ideais para explicitarem a realidade local conforme os critérios jornalísticos explanados na revisão bibliográfica.
Com a reunião entre a teoria pesquisada e a ilustração da prática profissional, percebeu-se que o Jornalismo, apesar de se apresentar em sua maioria relacionado aos interesses capitalistas e mantenedores dos veículos de informação, com conteúdo noticioso superficial e tendencioso, possui potencial formador de conhecimento e dever democrático na difusão de informações para o exercício da cidadania. Não há escola teórica, por mais pessimista ou pragmática que seja, nem prática, por menos independente e responsável, que possa destituir este potencial da profissão.
Mesmo que a maioria das abordagens jornalísticas sobre o meio ambiente dê-se no âmbito econômico há possibilidade de se fazer um jornalismo responsável através da inter-relação entre situações ambientais, sociais, comerciais, etc., por meio da transmissão de conhecimento referenciado à realidade. É por este caminho que se faz possível estabelecer relação com os receptores das mensagens, produzindo conhecimento para que este seja reproduzido através da disseminação de informações que incitem ações de cidadania entre a população.
É o jornalismo capacitado e interdisciplinar que pode se fazer entendido pela sociedade, por tratar da mesma como um todo. O jornalismo ambiental, compreendendo que o mesmo se ocupa da vida e de tudo que a ela está relacionado, só é válido se for feito com responsabilidade, através do cumprimento dos deveres da profissão, contidos tanto em seu código de ética, quando na constituição brasileira e nos tratados e relatórios internacionais.
O jornalismo, da forma como vem sendo feito, e da maneira como sugere a Indústria Cultural, não pode exercer seu dever democrático, pois tem sua autonomia e sua servidão absolutamente condicionadas aos interesses onipotentes. No entanto, as formas revolucionárias do fazer jornalístico, que ensejam o cumprimento dos próprios deveres da profissão, têm alto potencial de auxiliar na construção de uma nova racionalidade humana, ambiental e global.
Se não se faz por si só culpado, este jornalismo irresponsável e demasiado superficial, ao omitir-se de seus deveres democráticos, torna-se cúmplice dos efeitos maléficos que vemos na sociedade de hoje: o consumo pelo estímulo à insatisfação, a falta de informação quanto aos riscos a que estamos expostos, a carência da participação nas decisões políticas, a degradação ambiental pela não informação para a precaução, etc.
Nos rios da região sul, altamente ácidos pela mineração, não há condições de vida para manter a biodiversidade do local originalmente integrante da Mata Atlântica, o abastecimento de água para a população está em risco, a produção agrícola e pesqueira é decadente e a saúde humana debilitada. Trata-se de um pequeno câncer ao planeta, como muitos outros espalhados.
A doença da Terra se dá pelo não funcionamento de alguns dos seus sistemas ou ainda da reprodução sem limites de suas partes. O seu equilíbrio está em jogo, assim como a vida na forma que conhecemos. Se uma parte não cumprir com a sua tarefa, o todo está fadado à morte. Que a irresponsabilidade organizada , conforme elucida o sociólogo alemão Ulrich Beck na teoria da Sociedade de Risco, não atinja por total o jornalismo, e que restem os chamados utópicos, idealistas e advogados da profissão para, quando do colapso, explicar às futuras gerações sobre a negligência à vida que preponderou em nossos tempos. Torço, sinceramente, para que não cheguemos a tal ponto e acredito que não precisemos chegar. E é para lembrar a responsabilidade jornalística na precaução a este quadro que está concluído este trabalho.
Monografia (Graduação). Orientadora: Prof. (Msc.) Rosane Porto. Universidade do Sul de Santa Catarina, Curso de Comunicação Social – Jornalismo, 2006
segunda-feira, 29 de maio de 2006
Dossiê Biodiversidade
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domingo, 28 de maio de 2006
Countdown 2010: Save Biodiversity | Salve a Biodiversidade
A Presidente da IUCN - The World Conservation Union, Yolanda Kakabadse, apresentou na Irlanda, a iniciativa Pan-Europeia, denominada Countdown 2010, para ajudar a parar a tendência global de perda de espécies e de ecossistemas. Tal como a Presidente referiu, a União Europeia tem 6 anos para fazer a diferença e a Countdown 2010 propõe-se a garantir que a pressão pública vai acompanhar o processo para o cumprimento das metas até 2010. Esta iniciativa reúne diversas instituições europeias e a Presidência da União Europeia irlandesa/Comissão Europeia com a IUCN, e tem por objectivo captar a atenção pública e catalizar acções para levar a cabo os numerosos compromissos estabelecidos pelos chefes de Estado europeus para inverter a tendência de Biodiversidade no continente até ao ano 2010.(Fonte: Portal Florestal)
Saiba aqui- disponível apenas em inglês-tudo sobre a Countdown 2010
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sábado, 27 de maio de 2006
Arte-poema (Edward Gorey+ Fernando Pessoa): Saudação a Walt Whtman
Biografia e obra de Edward Gorey
Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho!
O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim!
Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo, deixa-me ir...
É comigo, com Deus, com o sentido-eu da palavra Infinito...
Prá frente!
Meto esporas!
Álvaro de Campos
sexta-feira, 26 de maio de 2006
Carta Aberta à Biologia Sintética
ETC Group, 23 de Maio de 2006
Alarme sobre biologia sintética: coalizão global pede debate público Uma coalizão de trinta e oito organizações internacionais, a que pertencem cientistas, ambientalistas, sindicalistas, peritos em armas biológicas e defensores da justiça social, alerta para a urgência de um debate público sobre a biologia sintética, uma área de investigação em rápida expansão que abrange a criação de novas formas de vida artificiais, bem como a regulação e supervisão deste novo tipo de biologia. No fim-de-semana de 20 a 22 de Maio, um grupo de biólogos reuniu-se em Berkeley, Califórnia, no intuito de elaborar um código de conduta voluntário para auto-regular o seu trabalho. As organizações que assinaram a Carta Aberta pedem aos biólogos que abandonem as propostas de auto-regulamentação e que se envolvam num processo global de discussão pública sobre as consequências do seu trabalho (vide Carta Aberta que segue). Os investigadores presentes na reunião de Berkeley reconhecem os perigos da biologia sintética que poderão advir por parte de malfeitores, mas descuram ingenuamente da possibilidade ou probabilidade de que os membros da própria comunidade científica não possam ser capazes de controlar ou prever o comportamento dos organismos criados pela biologia sintética, bem como as consequências sociais- disse Jim Thomas do ETC Group. Cientistas que criam novas formas de vida estão actuando como se fossem juízes e membros de um júri- explica a Dra. Sue Mayer, Directora do GeneWatch UK- As possíveis implicações sociais, ambientais e do âmbito das armas biológicas são demasiadamente graves para se deixar nas mãos de bem-intencionados cientistas que, no entanto, defendem os próprios interesses. É urgente iniciar um debate público, bem como formas de regulamentação e supervisão. Nos últimos anos, os biólogos sintéticos, ao reescrever o código genético do DNA, demonstraram serem capazes de criarem novos vírus e estão presentemente a desenvolver formas de vida artificias. Em Outubro pretérito, cientistas do Center for Disease Control dos EUA recriaram o vírus da Gripe Espanhola de 1918 que matou 50 a 100 milhões de pessoas [1]. No passado mês investigadores da University of Wisconsin-Madinson criaram uma nova versão da bactéria E. coli [2] Entretanto, Craig Venter, um dos magnatas da investigação sobre o genoma, cuja empresa Celera liderou a corrida para a descodificação do genoma humano, está agora à frente de uma nova companhia, a Genomics Synthetic, que pretende comercializar micróbios artificiais a serem utilizados nos campos da energia, agricultura e redução da mudança do clima. É uma de entre umas 40 empresas de biologia sintética que sintetizam genes e/ou criam ADN artificial. A biotecnologia já despertou um movimento de protesto em todo o mundo, mas a biologia sintética é como engenharia genética aplicada a esteróides- adverte a Doutora Doreen Stabinsky da Greenpeace International.
Experimentar com organismos vivos novos e artificiais que poderão ser libertados no meio ambiente é uma enorme ameaça para a biosegurança dos seres humanos e do planeta-acrescenta Stabinsky. Em Outubro de 2004 um editorial da revista Nature advertiu - Se de facto os biólogos estão prestes a serem capazes de criar novas formas de vida, as possibilidade de abuso ou desastres involuntários são enormes. O editorial sugeriu que poderia existir a necessidade de se organizar uma conferencias to tipo ASILOMAR (referindo-se a uma reunião histórica ocorrida em 1975, onde cientistas discutiram os perigos para a biodiversidade associados à manipulação genética e optaram por uma forma de auto-regulamentação que acabou por evitar políticas governamentais de regulamentação) dedicada à biologia sintética. Seguindo o modelo de ASILOMAR, a Comunidade da Biologia Sintética pretende com esta segunda reunião de Maio de 2006 adoptar um código de auto-regulamentação a fim de cuidar dos perigos que esta nova tecnologia acarreta para a segurança biológica do planeta. De acordo com a Carta Aberta, a consequência da declaração de ASILOMAR foi atrasar a implementação de políticas governamentais adequadas e evitar uma discussão sobre os impactos socioeconómicos mais abrangentes. ASILOMAR veio a revelar-se um passo errado. Synthetic Biology 2.0 é um novo passo errado. Nós cientistas temos que aceitar o facto de a ciência já não poder afirmar desenrolar-se num reino abstracto sem nenhuma ligação com o resto da sociedade - diz Alexi Vlandas da International Engineers and Scientists for Global Responsibility (INES). Os signatários da Carta Aberta apelam aos biólogos que se reuniram em Berkeley que retirem a sua declaração e que entrem num diálogo público mais vasto. Uma nota de imprensa está disponível na página da ETC Group: www.etcgroup.com e www.etcblog.org [Na reunião de Berkeley foi elaborada uma declaração provisória que está a ser discutida na Internet antes de ser oficialmente divulgada]
Para mais informações: EUA: Jim Thomas -- ETC Group, email: jim@etcgroup.org, ph: +1 613 2412267
Pat Mooney -- ETC Group, email: mooney@etcgroup.org , cell: +1 613 2610688
Hope Shand -- ETC Group, email: hope@etcgroup.org ph: +1 919 960-5767
Edward Hammond -- Sunshine Project (biological weapons expert) email: Hammond@sunshineproject.org, cell: +1 510 717 7772
Beth Burrows -- Edmonds Institute: email: beb@igc.org, ph: +1 425-775-5383
Europa: Dr Sue Mayer -- GeneWatch UK, email: sue.mayer@genewatch.org, ph: +44 1298 871898 (office); mobile: + 44 7930 308807
Alexis Vlandas -- International Network of Engineers and Scientists email: alexis.vlandas@materials.ox.ac.uk, ph: +44 7747 036446
Notas: [1] Tumpey, TM et al (2005) Characterization of the Reconstructed 1918 Spanish Influenza Pandemic Virus. Science 310: 77-80.
[2] Posfai, G et al (2006) Emergent Properties of Reduced-Genome Escherichia coli. Published online April 27 2006; 10.1126/science.1126439 (Science Express Reports).
Carta Aberta:
Carta Aberta de movimentos sociais e outras organizações civis ou não-governamentais a propósito da Synthetic Biology 2.0 Conference de 20-22 de Maio de 2006, realizada em Berkeley, Califórnia, referente ao amplo voto da comunidade sobre as resoluções a tomar no contexto da segurança biológica (a implementar a 1 de Janeiro de 2007). Vimos, por este meio, exprimir o nosso profundo receio a respeito do campo da biologia sintética que se encontra em rápida expansão, cujo objectivo é a criação de novas formas de vida artificiais e únicas. Acreditamos que esta tecnologia poderosa está a ser desenvolvida sem uma discussão pública sobre os efeitos socioeconómicos e ambientais, bem como as consequências sobre a saúde, segurança e os direitos humanos. Estamos alarmados pelo facto de biólogos sintéticos se terem reunido em Berkeley com o objectivo de votarem uma declaração de auto-regulamentação sem consultarem ou envolverem grupos sociais mais amplos. Rogamos os signatários que retirem as suas propostas de auto-regulamentação e que entrem num processo de vigilância aberta e participativa a respeito desta nova tecnologia. Asilomar 2.0? Em 1975 um grupo de cientistas reuniu-se em ASILOMAR a fim de discutir os perigos provenientes da engenharia genética. A reunião promoveu uma forma de auto-regulamentação que acabou por evitar uma discussão pública e políticas governamentais de regulamentação. Synthetic Biology 2.0 segue o mesmo caminho de auto-regulamentação. O âmbito das discussões levadas a cabo em Asilomar estava limitado às questões de segurança, excluindo expressamente implicações mais vastas de cariz socioeconómico e ético. A declaração de Asilomar acabou por atrasar o desenvolvimento de uma adequada regulamentação oficial por parte do governo e evitar uma discussão sobre os enormes impactos socioeconómicos. ASILOMAR veio a revelar-se um passo errado e Synthetic Biology 2.0 é agora outro passo errado. Reconhecemos que os biólogos têm uma preocupação muito justificada sobre certos riscos da biologia sintética, mas para limitar esses riscos são necessárias fortes medidas vinculativas que estejam de acordo com o princípio de precaução. Como afirmou recentemente o presidente de mesa no Town Hall Meeting de Bóston, a propósito das propostas feitas - Não acredito que sirvam muito para evitar o abuso desta tecnologia. Concordamos com a afirmação de que as propostas sejam pouco eficientes. Além disso, as preocupações de ordem social, económica, ética, ambiental e jurídica (Direitos Humanos) que a biologia sintética faz surgir vão muito além da dissuasão de terroristas biológicos ou malfeitores. Dever-se-ia igualmente estudar aprofundadamente questões ligadas à propriedade (incluindo a intelectual), ao rumo e controlo da ciência, à tecnologia, processos e produtos resultantes. A sociedade e particularmente movimentos sociais e comunidades marginalizadas têm o direito de serem envolvidas no diálogo sobre a regulamentação da biologia sintética. Devido ao enorme potencial e alcance deste campo novo, as discussões e decisões sobre a tecnologia em questão devem ter lugar de forma acessível a nível local, nacional e global. Na ausência de uma regulamentação eficaz, é compreensível que os cientistas procurem estabelecer as melhores práticas possíveis; no entanto, a solução seria juntarem-se à sociedade a fim de se procurar uma ampla vigilância pública da tecnologia e acções governamentais que assegurem o bem-estar social. Além disso, desde Asilomar, tem-se verificado uma cada vez maior dependência da ciência de interesses comerciais, pelo que é possível que seja a própria industria a declarar que se tem de auto-regulamentar a biologia sintética. Rogamos, pelo exposto, que retirem a sua declaração de auto-regulamentação e que se juntem a nos em busca de um diálogo mais vasto e participativo.(Créditos da tradução: António Dinis, Prof. Un.Viena).
Lista das entidades signatárias da Carta Aberta:
Accion Ecologica (Ecuador) - http://www.accionecologica.org/ - Elizabeth Bravo
California for GE Free Agriculture - http://www.calgefree.org/ - Becky Tarbotton
Centro Ecologico (Brazil) - Maria Jose Guazzelli
Clean Production Action - http://www.cleanproduction.org/ - Beverley Thorpe
Cornerhouse UK - http://www.thecornerhouse.org.uk/ - Nick Hildyard
Corporate Europe Observatory - http://www.corporateeurope.org/ - Nina Holland
Corporate Watch (UK) - http://www.corporatewatch.org/ - Olaf Bayer
EcoNexus - http://www.econexus.info/ - Ricarda Steinbrecher
Ecoropa - Christine Von Weisczacker
Edmonds Institute - http://www.edmonds-institute.org/ - Beth Burrows
Friends of the Earth International - http://www.foe.org/ - Juan Lopez, Lisa Archer (USA), Georgia Miller (Australia)
Foundation on Future Farming (Germany) - http://www.zs-l.de/ - Benedikt Haerlin
Fondation Sciences Citoyennes (France) - http://www.sciencescitoyennes.org/ - Claudia Neubauer
Gaia Foundation - http://www.gaiafoundation.org/ - Teresa Anderson
GeneEthics Network (Australia) - http://www.geneethics.org/ - Bob Phelps
Genewatch (UK) -http://www.genewatch.org/ - Sue Mayer GRAIN - http://www.grain.org/ - Henk Hobbellink
Greenpeace International - http://www.greenpeace.org/ - Doreen Stabinsky
Henry Doubleday Research Association (UK) - http://www.gardenorganic.org.uk/ - Julia Wright Indigenous People's Biodiversity Network - Alejandro Argumedo
International Center for Technology Assessment - http://www.icta.org/ - Jaydee Hanson
International Network of Engineers and Scientists for Global Responsibility - http://www.inesglobal.com/ - Alexis Vlandas
Institute for Social Ecology - http://www.social-ecology.org/ - Brian Tokar
International Center for Bioethics, Culture and Disability - http://www.bioethicsanddisability.org/ - Gregor Wolbring
International Union of Food and Agricultural Workers - http://www.iuf.org/ - Peter Rossman
Lok Sanjh Foundation (Pakistan) - http://www.loksanjh.org/ - Shahid Zia
National Farmers Union (Canada) - http://www.nfu.ca/ - Terry Boehm
Oakland Institute - http://www.oaklandinstitute.org/ - Anuradha Mittal
Polaris Institute - http://www.polarisinstitute.org/ - Tony Clarke
Pakistan Dehqan Assembly - contact via Lok Sanjh - see above.Practical Action - http://www.practicalaction.org/ - Patrick Mulvany
Quechua Ayamara Association for Sustainable Livelihoods, (Peru) - http://www.andes.org.pe/ - andes@andes.org.pe
Research Foundation for Science, Technology and Ecology (India) - http://www.navdanya.org/ - Vandana Shiva
Soil Association - http://www.soilassociation.org/ - Gundula Azeez
Sunshine Project - http://www.sunshine-project.org/ - Edward Hammond
Third World Network - http://www.twnside.org.sg/ - Lim Li Ching
Sim, é possível assegurar que os tigres, as tribos, as árvores e todas as demais formas de vida sejam protegidas e possam continuar sua viagem evolutiva em paz e harmonia, escreve neste artigo, exclusivo para o Terramérica, a activista indiana Vandana Shiva*
*Vandana Shiva é uma activista e líder ecologista de fama mundial. Directora da Research Foundation for Science, Technology and Ecology, um instituto independente dedicado à investigação de temas ecológicos e sociais importantes em estreita colaboração com as comunidades locais. Além disso é a líder do International Forum on Globalization, junto com Ralph Nader y Jeremy Rifkin.
Em 1991, fundou Navdanya, um movimento nacional para proteger a diversidade e a integridade dos recursos vivos, sobretudo das sementes autóctones. É uma das pensadoras mais provocadoras e dinâmicas em matéria de meio ambiente.
Em 1993, ganhou o Prémio Right Livelihood Award, también conhecido como o prémio Nobel da Paz alternativo.
Es autora de numerosos libros, entre eles, Biopiracy: The Plunder of Nature and Knowledge, Monocultures of the Mind, The Violence of the Green Revolution y Staying Alive.
Além disso, é editora adjunta de The Ecologist.
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quinta-feira, 25 de maio de 2006
Uma Introdução ao Pensamento e Prática Anarquista Anti-Civilização
Por uma vida mais simples
Este texto não é para ser "os princípios que definem" um "movimento" anarquista verde, nem mesmo um manifesto anti-civilização; é um olhar sobre ideias e conceitos básicos de membros de coletivos que dividem consigo e outros que se identificam com os anarquistas verdes.
Nós entendemos e celebramos a necessidade de manter nossas visões e estratégias abertas, e discussões sempre são bem vindas.
Nós sentimos que cada aspecto do que pensamos e do que somos precisam ser desafiados e permanecer flexíveis se nós quisermos crescer. Não estamos interessados em desenvolver uma nova ideologia, perpetuar uma visão de mundo única.
Nós também entendemos que nem todos anarquistas verdes são especificamente contra a civilização (mas custamos a entender como alguém pode ser contra todo tipo de dominação sem pensar em suas raízes: a própria civilização). Até aí, entretanto, muito dos que usam o termo "anarquista verde" criticam a civilização e tudo que vem junto com ela (domesticação, patriarquismo, divisão de trabalho, tecnologia, produção, representação, alienação, controle, destruição da vida, etc.). Enquanto alguns gostariam de falar em termos de democracia direta e jardinagem urbana nós achamos que é impossível e indesejável fazer a civilização mais "verde" e/ou fazê-la mais "justa".
Nós sentimos que é importante mover radicalmente em direção a um mundo descentralizado, para desafiar a lógica e a formação de opinião da cultura-da-morte, acabar com toda mediação em nossas vidas, e destruir todas as instituições e manifestações físicas deste pesadelo.
Nós queremos nos tornar não-civilizados. Em termos gerais, essa é a trajetória da anarquia verde no pensamento e na prática. Anarquia vs. Anarquismo Um fator que nós achamos ser importante para começar este texto é a distinção entre "anarquia" e "anarquismo". Alguns poderão entender isso como uma pura questão trivial ou semântica, mas para muitos pós-esquerdistas e anarquistas anti-civilização, esta diferenciação é importante. Enquanto o anarquismo serve como um importante ponto de referência histórica do qual se extrai inspirações e lições, ele tem se tornado muito sistemático, fixo e ideológico - tudo o que a anarquia não é. Admitidamente, a anarquia tem muito pouco a ver com a orientação social/política/filosófica do anarquismo e mais a ver com aqueles que se identificam como anarquistas. Sem dúvida, muitos de nossa “linhagem” anarquista ficariam desapontados por esta tendência em solidificar algo que deveria estar sempre fluindo. Os primeiros que se identificaram como anarquistas (Proudhon, Bakunin, Berkman, Goldman, Malatesta e outros) respondiam a seus contextos específicos com suas próprias motivações e desejos específicos. Muito frequentemente, os anarquistas contemporâneos vêem estas pessoas como representantes e fundadores da anarquia, e criam uma atitude do tipo "o que Bakunin faria" (ou melhor, "pensaria") a respeito da anarquia, o que é trágico e potencialmente perigoso. Hoje, os que se identificam como anarquistas "clássicos" se recusam a aceitar qualquer realização em um território desconhecido dentro do anarquismo (ex.: primitivismo, pós-esquerdismo, etc.) ou tendências que têm estado frequentemente em desacordo com a aproximação com o movimento de massa dos trabalhadores (ex.: Individualismo, Niilismo, etc.). Estes anarquistas rígidos, dogmáticos e extremamente não-criativos foram muito longe em declarar que o anarquismo é uma metodologia social/econômica de organizar as classes trabalhadoras. Isso é obviamente um extremo absurdo, mas tais tendências podem ser vistas nas idéias e projetos de muitos anarco-esquerdistas contemporâneos (anarco-sindicalistas, anarco-comunistas, plataformistas, federacionistas, etc.). O "Anarquismo" como se encontra hoje, é uma ideologia muito esquerdista, a qual nós devemos ir além. Em contraste, a "anarquia" é uma experiência sem forma, fluída e orgânica que abraça visões multifacetadas de libertação tanto pessoal quanto coletiva e sempre aberta. Como anarquistas nós não nos interessamos em formar uma nova estrutura ou conjunto de regras para viver e seguir, por mais "ética" ou "discreta" que pareça ser. Os anarquistas não podem oferecer um outro mundo para as pessoas, mas nós podemos levantar questões e idéias, tentar destruir toda dominação que impede nossas vidas e nossos sonhos e vivermos diretamente conectados com nossos desejos.
O que é o Primitivismo?
Enquanto nem todos os anarquistas verdes se identificam especificamente como "Primitivistas", muitos reconhecem a importância que a crítica primitivista tem tido nas perspectivas anti-civilização. O primitivismo é simplesmente uma análise antropológica, intelectual e experimental das origens da civilização e das circunstâncias que levaram ao pesadelo que nós atualmente vivemos. O primitivismo reconhece que na maior parte da história humana, nós vivíamos em comunidades face-a-face, em harmonia uns com os outros e com o nosso redor, sem hierarquias e instituições para mediar e controlar nossas vidas. Os primitivistas querem aprender através das dinâmicas que ocorreram no passado e em sociedades contemporâneas coletoras-caçadoras/primitivas (aquelas que existiram e ainda existem fora da civilização). Enquanto alguns primitivistas querem um retorno completo e imediato às sociedades coletoras-caçadoras, muitos primitivistas sabem que um conhecimento do que foi bem-sucedido no passado não determina exatamente o que funcionará no futuro. O termo "Futuro Primitivo" criado pelo autor anarco-primitivista John Zerzan faz alusão de que uma síntese de técnicas e idéias primitivas pode ser unida com conceitos e motivações anarquistas contemporâneos situações descentralizadas saudáveis, sustentáveis e igualitárias. Aplicadas não ideologicamente, o anarco-primitivismo pode ser uma importante ferramenta no projeto de des-civilização.
O que é a Civilização?
Os anarquistas verdes tendem a ver a civilização como os aparatos lógicos, institucionais e físicos da domesticação, controle, e dominação. Enquanto diferentes indivíduos e grupos priorizam aspectos distintos da civilização (ex. os primitivistas tipicamente se focam na questão das origens, as feministas primeiramente se focam nas raízes e manifestações do patriarquismo, e os anarquistas insurrecionalistas se focam principalmente na destruição das atuais instituições de controle), muitos anarquistas verdes concordam que ela é a base do problema ou a raiz das opressões, e que precisa ser desmantelada. A ascensão da civilização pode muito bem ser descrita como a mudança dos últimos dez mil anos de uma existência profundamente conectada com a teia da vida, para outra separada e em controle do resto da vida. Antes da civilização existia um amplo tempo livre, uma considerável autonomia e igualdade sexual, uma aproximação não-destrutiva do mundo natural, a ausência de violência, nenhuma instituição mediadora ou formal, e uma saúde vigorosa. A civilização iniciou a guerra, a subjugação da mulher, o crescimento populacional, o trabalho forçado, os conceitos de propriedade, hierarquias, e praticamente todas as doenças conhecidas, isso para citar apenas algumas das suas conseqüências devastadoras. A civilização conta e começa com uma renúncia forçada do instinto da liberdade. Ela não pode ser reformada, portanto é nossa inimiga. Biocentrismo vs. Antropocentrismo Um modo de analisar a extrema discordância entre as visões de mundo das sociedades primitivas e da civilização, é por meio de visões biocêntricas vs. antropocêntricas. O biocentrismo é uma perspectiva que nos coloca e nos conecta com a terra e a complexa teia da vida, enquanto o antropocentrismo, a visão dominante do mundo, da cultura ocidental, coloca o foco na sociedade humana excluindo outras formas de vida. Uma visão biocêntrica não rejeita a sociedade humana, mas a retira do status de superioridade e a coloca em equilíbrio com as outras formas de vida. Ela coloca uma prioridade em uma visão biorregional, profundamente conectada com as plantas, os animais, insetos, clima, condições geográficas, e o espírito do lugar que habitamos. Não há divisão entre nós e o meio ambiente, então não pode haver modernização ou diversidade da vida. Onde a separação e a modernização são as bases da nossa habilidade de dominar e controlar, a interconexão é um pré-requisito para uma profunda educação, atenção e compreensão. A anarquia-verde se esforça para ir além das idéias e visões antropocêntricas para um profundo respeito por toda vida e as dinâmicas dos ecossistemas que nos sustentam.
Uma Crítica à Cultura Simbólica
Um outro aspecto de que como nós vemos e relacionamos com o mundo que pode ser problemático, no sentido de que somos separados de uma interação direta com o mundo, é a nossa mudança em direção à uma quase que exclusiva cultura simbólica. Muitas vezes a resposta a esse questionamento é "Então vocês só querem reclamar?" o que talvez seja a intenção de alguns, mas essa crítica é um olhar para os problemas inerentes com uma forma de comunicação e compreensão que confia primordialmente no pensamento simbólico ao custo (e exclusão) de outros meios sensuais e não mediados. A ênfase no simbólico é um movimento da experiência direta para a experiência mediada, na forma de linguagem, arte, número, tempo etc. A cultura simbólica filtra toda a nossa percepção através de símbolos formais e informais. Está além de simplesmente dar nome as coisas, mas ter uma relação inteira com o mundo que é visto através das lentes da representação. É questionável se os seres humanos são como “peças” do pensamento simbólico, ou se esse pensamento se desenvolveu como uma mudança ou adaptação cultural, mas o modo simbólico de expressão e compreensão é certamente limitado, e sua dependência leva à objetivação, alienação e a uma cegueira da percepção. Muitos anarquistas verdes promovem e praticam a aproximação e a reanimação de métodos dormentes e inutilizados de interação e percepção, como o toque, olfato, e telepatia, bem como desenvolver métodos únicos e pessoais de compreensão e expressão.
A Domesticação da Vida
A domesticação é o processo que a civilização usa para doutrinar e controlar a vida de acordo com a sua lógica. Esses mecanismos aperfeiçoados de subordinação incluem: domesticação, criação, manipulação genética, intimidação, extorsão, aprisionamento, adestramento, coerção, chantagem, escravidão, governo, terrorismo, assassinato - a lista continua, incluindo quase todas as interações sociais civilizadas. Suas ações e efeitos podem ser examinados e sentidos por toda sociedade, reforçada pelas várias instituições, rituais e costumes. É também o processo pelo qual populações humanas antes nômades se mudaram para uma existência sedentária e assentada através da agricultura e criação de animais. Este tipo de domesticação requer uma relação totalitária com a terra, as plantas e os animais sendo domesticados. Ao passo que em um estado selvagem toda vida divide e compete por recursos, a domesticação destrói esse balanço. A paisagem domesticada (ex.: terras pastoris/campos de agricultura, e em um nível menor, horticultura e jardinagem) requer o fim da livre divisão dos recursos que antes existiam; onde antes era "tudo é de todos", agora é "meu". No romance Ismael, o autor Daniel Quinn fala sobre essa transformação dos "largadores" (aqueles que aceitavam o que a Terra oferecia) aos "pegadores" (aqueles que exigiam da Terra o que eles queriam). Essa noção de posse é o que levou a fundação da hierarquia social enquanto a propriedade e o poder emergiam. A domesticação não somente muda a ecologia de uma ordem livre para uma ordem totalitária, como escraviza as espécies que são domesticadas. De modo geral, quanto mais um ambiente é controlado, menos sustentável ele se torna. A própria domesticação humana envolve vários tipos de posses e controles, em comparação com o modo de vida nômade e coletor. Não é de se esperar que muitas alterações feitas de uma vida nômade-coletora para vida domesticada não foram feitas de forma autônoma, mas foram feitas através da lâmina da espada e da mira das armas. Considerando que somente há 2.000 anos atrás a maior parte da população do mundo era composta de coletores-caçadores, agora não chega 0.01%. O caminho da domesticação é uma força colonizadora que tem trazido uma grande quantidade de patologias para as populações dominadas e para os criadores dessa prática. Vários exemplos incluem um declínio na saúde nutricional devido ao uso de dietas não diversificadas, cerca de 40 a 60 tipos de doenças foram integradas nas populações humanas através de animais domesticados (como a influenza, gripe comum, tuberculose e a gripe aviária), o aumento dos excedentes que poderiam ser usados para alimentar a população desequilibrada, o que invariavelmente envolve a propriedade e o fim da divisão incondicional.
As Origens e Dinâmicas do Patriarquismo
Para o início da mudança para a civilização, uns dos primeiros produtos da domesticação é o patriarquismo: a formalização da dominação masculina e o desenvolvimento das instituições que a reforçam. Criando falsas distinções e divisões sexuais entre homens e mulheres, a civilização novamente cria um "outro" que pode ser "coisificado", controlado, dominado, utilizado e transformado em produto. Isso ocorre paralelamente à domesticação de plantas na agricultura e animais para criação, em uma dinâmica geral, e também específica, como é o caso do controle da reprodução. Como em outras regiões de estratificação social, papéis são definidos às mulheres para que assim se estabeleceça uma ordem rígida e previsível que beneficie a hierarquia. As mulheres passam a ser vistas como propriedade, assim como os campos de trigo ou as ovelhas no pasto. A posse e o controle absoluto tanto da terra quanto dos animais, escravos, crianças ou mulheres, é parte da dinâmica estabelecida da civilização. O patriarquismo exige a subjugação feminina e a usurpação da natureza, nos impulsionando a aniquilação total. O patriarquismo define o poder, o controle e o domínio sobre a vida selvagem, a liberdade e a vida. O condicionamento patriarcal domina todas as nossas interações; com nós mesmos, nossa sexualidade, nossa relação uns com os outros e a nossa relação com a natureza. Isso limita severamente o espectro de possíveis experiências. A relação interconectada entre a lógica da civilização e o patriarquismo é inegável; por milhares de anos eles transformaram cada nível da experiência humana, do nível institucional ao pessoal, enquanto devoravam a vida. Para ser contra a civilização devemos ser contra o patriarquismo; e para se questionar o patriarquismo se deve questionar a civilização.
Divisão de Trabalho e Especialização
A desconexão da habilidade de cuidarmos de nós mesmos e prover as nossas necessidades é uma técnica de separação e enfraquecimento perpetuado pela civilização. Nós somos mais úteis ao sistema, e menos úteis a nós mesmos, se estivermos alienados dos nossos desejos e das outras pessoas pela divisão do trabalho e especialização. Não estamos mais aptos a sair pelo mundo e fornecer a nós mesmos e a nossos queridos o alimento e as provisões necessárias para a sobrevivência. Ao invés disso, nós somos empurrados a um sistema de produção e consumo de mercadorias ao qual estamos sempre em débito. Injustiças da influência direta que se dá através do poder efetivo das várias categorias de "experts". O conceito de um especialista inerentemente cria uma dinâmica poderosa que enfraquece as relações igualitárias. Enquanto a Esquerda às vezes possa reconhecer esses conceitos politicamente, eles são vistos como dinâmicas necessárias, para manter ou regular, enquanto os anarquistas verdes tendem a ver a divisão de trabalho e a especialização como problemas fundamentais e irreconciliáveis, decisivos para as relações sociais na civilização.
A Rejeição da Ciência
Muitos anarquistas anti-civilização rejeitam a ciência como um método para compreender o mundo. A ciência não é neutra. É carregada com motivos e conceitos que são surgem, e reforçam a catástrofe da dissociação, enfraquecimento e morte consumível da qual nós chamamos "civilização". A ciência assume o afastamento, que é construído através da própria palavra "observação". "Observar" algo é percebe-lo enquanto uma pessoa é distanciada emocionalmente e fisicamente, para ter um único canal de "informação", vindo do que é observado para essa pessoa, que é definida como não sendo parte do que foi observado.Essa visão mecânica e baseada na morte é uma religião, a religião dominante do nosso tempo. O método científico lida somente com o quantitativo. Ele não admite valores ou emoções, ou por exemplo, o modo como o ar cheira quando começa a chover – quando ela lida com essas coisas, ela lida transformando-as em números, tornando a singularidade do cheiro da chuva em uma preocupação abstrata com a fórmula química para o ozônio, tornando o modo como ele faz você sentir, em uma idéia intelectual de que as emoções são somente uma ilusão vinda do aquecimento dos neurônios. O próprio número em si não é real, mas um estilo de pensamento que foi escolhido. Escolhemos um hábito mental que foca nossa atenção em um mundo fora da realidade, onde nada possui qualidade ou vida própria. Escolhemos transformar a vida na morte. Os cientistas mais cautelosos podem admitir que o que eles estudam não passa de uma simulação limitada do mundo real complexo, mas poucos deles percebem que esse foco limitado é auto-alimentador, que ele construiu sistemas tecnológicos, econômicos e políticos que trabalham juntos, que sugam nossa realidade para eles mesmos. Tão limitado quanto o mundo dos números, o método científico nem ao menos permite todos os números – somente os números que são reproduzíveis, previsíveis, e a mesma coisa para todos os espectadores. Claro que a própria realidade não é reproduzível ou previsível ou a mesma para todos os espectadores. Mas tampouco são mundos de fantasia derivados da realidade. A ciência não pára em nos colocar em um mundo de sonhos – ela vai além, e faz desse mundo de sonhos o nosso pesadelo, onde seus conteúdos são selecionados para a serem previsíveis, controláveis e uniformes. Toda a surpresa , tudo relativo aos nossos sentidos são reprimidos. Por causa da ciência, os estados de consciência que não podem ser seguramente determinados são classificados como insanos, ou, na melhor das hipóteses, “incomuns”, e excluídos. Experiências anormais, idéias anormais, e pessoas anormais são rejeitadas ou destruídas como se fossem componentes defeituosos de uma máquina. A ciência é somente uma manifestação, que está presa a uma ânsia por um controle que nós temos desde que começamos a cultivar terras e cercar animais ao invés de explorarmos o mais imprevisível (mas mais abundante) mundo da realidade, ou “natureza”. E a partir daí, essa ânsia conduziu cada decisão, do que se diz “progresso”, até e incluindo a reestruturação genética da vida.
O Problema da Tecnologia
Todos os anarquistas verdes de alguma forma questionam a tecnologia. Enquanto há aqueles que ainda propõem noções de tecnologias "verdes" ou "apropriadas" e buscam análises racionais para se apegarem por formas de domesticação, muitos rejeitam completamente a tecnologia. A tecnologia é muito mais do que fios, silicone, plásticos e aço. Ela é um sistema complexo que envolve divisão de trabalho, extração de recursos, e a exploração dos outros para benefício daqueles que executaram seu processo. A interface e o resultado da tecnologia sempre é uma realidade alienada, mediada e distorcida. Apesar do que dizem os apologistas pós-modernos e outros tecnófilos, a tecnologia não é neutra. Os valores e objetivos daqueles que produzem e controlam a tecnologia estão sempre embutidos nela. A tecnologia se difere dos instrumentos simples em vários aspectos. Uma ferramenta simples e o uso temporário de um elemento em um nosso meio para uma tarefa específica. Ferramentas simples não envolvem sistemas no qual alienam o usuário do ato. Esta separação é absoluta na tecnologia, criando uma experiência doentia e mediada, o que resulta em várias formas de autoridades. A dominação aumenta toda vez que uma nova tecnologia é criada, necessitando a construção de mais tecnologia para o suporte, abastecimento e reparo de tal tecnologia. Isto tem levado rapidamente ao estabelecimento de um sistema tecnológico complexo que parece ter uma existência independente dos humanos. Dejetos-produtos da sociedade tecnológica estão poluindo tanto nosso ambiente físico quanto nosso ambiente psicológico. Vidas são roubadas a serviço da maquina e do efluente tóxico do combustível tecnológico - ambos estão nos chocando. A tecnologia hoje tem multiplicado a si mesma, com algo semelhante a uma sinistra "sensibilidade". A sociedade tecnológica é uma infecção planetária, impulsionada adiante pelo seu próprio ímpeto, rapidamente ordenando um novo tipo de ambiente desenvolvido para a eficiência mecânica e expansionismo tecnológico. O sistema tecnológico metodicamente destrói, elimina e subordina o mundo natural, construindo um mundo que sirva somente para as maquinas. O ideal que o sistema tecnológico aponta é a mecanização de tudo aquilo que encontra.
Produção e Industrialismo
Um componente-chave da estrutura tecno-capitalista moderna é o Industrialismo, o sistema mecanizado construído no poder centralizado e na exploração de pessoas e da natureza. O industrialismo não pode existir sem genocídio, ecocídio e colonialismo. Para mantê-lo, a coerção, desapropriação de terras, trabalho forçado, destruição cultural, assimilação, devastação ecológica e o mercado são aceitos como necessários ou mesmo benéficos. A padronização da vida pelo industrialismo transforma a vida em objeto e um bem de consumo, encarando toda vida como potenciais recursos. Uma crítica do industrialismo é uma extensão natural da crítica anarquista ao estado pois o industrialismo é inerentemente autoritário. Para manter uma sociedade industrial, deve-se conquistar e colonizar terras para (geralmente) conseguir recursos não-renováveis para abastecer e lubrificar as máquinas. Este colonialismo é racionalizado pelo racismo, sexismo, e o chauvinismo cultural. No processo para adquirir esses recursos, as pessoas devem ser forçadas a sairem de suas terras. E para fazer as pessoas trabalharem nas fábricas que produzem as máquinas, elas devem ser escravizadas, devem tornar-se dependentes e sujeitas ao sistema industrial tóxico e degradante. O industrialismo não pode existir sem uma massiva centralização e especialização. A dominação de classes é uma ferramenta do sistema industrial que nega às pessoas acesso a recursos e conhecimento, transformando-as em impotentes e fáceis de explorar. Além disso, o industrialismo requer que recursos sejam distribuídos ao longo de todo globo para perpetuar sua existência, e este globalismofraquece e destrói a autonomia local e sua auto-suficiência. É uma visão do mundo mecânica, que está atrás do industrialismo. É essa mesma visão de mundo que justifica a escravidão, extermínio e subjugação da mulher. Deveria ser óbvio para todos que o industrialismo não é apenas opressivo com os humanos, mas que é também ecologicamente destrutivo. Além do Esquerdismo Infelizmente, a maior parte dos anarquistas continuam sendo vistos e vendo a si mesmos como parte da esquerda. Esta tendência está mudando, como os anarquistas pós-esquerda e anti-civilização fazem uma distinção clara entre suas perspectivas e a falida orientação socialista e liberal. A esquerda não tem apenas provido a si mesma um monumental fracasso em seus objetivos, mas é obvio pela sua história, pelas suas práticas atuais, e sua estrutura ideológica, que (enquanto apresenta a si mesma como altruísta e promotora de "liberdade") é atualmente a antítese da libertação. A esquerda,fundamentalmente, nunca questionou a tecnologia, a produção, organização, representação, alienação, autoritarismo, moralismo, ou o progresso, e não tem quase nada a dizer sobre ecologia, autonomia, ou individualidade em alguma agenda "progressista", frequentemente usando aproximações coercivas e manipuladoras para criar uma falsa "unidade" ou a criação de partidos políticos. Enquanto os métodos e os exageros de implementação podem ser diferentes, o esforço total é o mesmo, a instituição da visão do mundo coletivizada e monolítica baseada na moral. Contra a Sociedade de Massas A maioria dos anarquistas e "revolucionários" gastam uma parte significante de seu tempo desenvolvendo esquemas e mecanismos para a produção, distribuição, julgamento e a comunicação entre um grande número de pessoas; em outras palavras, o funcionamento de uma sociedade complexa. Mas nem todos anarquistas aceitam a premissa da coordenação e interdependência social, política e econômica global (ou mesmo regional), ou a organização necessária para sua administração. Nós rejeitamos a sociedade de massa por razões práticas e filosóficas. Primeiramente, rejeitamos a representação necessária para o funcionamento de situações fora do domínio da experiência direta (modos de existência completamente descentralizados). Nós não queremos controlar a sociedade ou organizar uma sociedade diferente, nós queremos uma estrutura completamentbe diferente. Queremos um mundo aonde cada grupo seja autônomo e decida com seus próprios meios como viver, com todas as interações baseadas em afinidades, livres e abertas, e não coercitivas. Queremos uma vida na qual de fato vivemos, não uma que sobrevivemos. A brutalidade da sociedade de massas colide não apenas com a autonomia e individualidade, mas também com a Terra. Simplesmente não é sustentável (em termos de recursos, extração, transporte, e sistemas de comunicação necessários para qualquer sistema econômico global) continuar, ou prover planos alternativos para a sociedade de massas. Novamente, a descentralização radical parece ser a chave para a autonomia, promovendo métodos de subsistência sustentáveis e não hierárquicos.
Liberação vs. Organização
Somos seres empenhados para um rompimento profundo e total com a ordem civilizadora, anarquistas desejando liberdade irrestrita. Nós lutamos por liberação, por uma relação descentralizada e sem mediações com o nosso meio e com aqueles que amamos e com quem partilhamos afinidades. Os modelos organizacionais nos oferecem apenas mais da mesma burocracia, controle e alienação que recebemos da organização vigente (civilização). Enquanto talvez ocorra uma boa intenção ocasional, o modelo organizacional vem de uma mentalidade inerentemente desconfiada e paternalista, o que parece contraditório com a anarquia. As verdadeiras relações de afinidade surgem de uma profunda compreensão entre as pessoas, através de relações íntimas baseadas nas necessidades da vida diária, e não relacionamentos baseados em organizações, ideologias ou idéias abstratas. Tipicamente, o modelo organizacional reprime as necessidades e desejos individuais para "o bem do coletivo" padronizando tanto a resistência quanto o ponto de vista. Dos partidos, a plataformas, a federações, parece que à medida em que a escala dos projetos aumenta, o significado e a relevância que têm pelo indivíduo e sua vida diminui. As organizações são meios para estabilizar a criatividade, o controle de dissidência e a redução de "tangentes contra-revolucionárias" (como os quadros de elites ou lideranças determinam). As organizações tipicamente se apóiam no quantitativo, ao invés do qualitativo, e oferece pouco espaço para a ação ou pensamento independente. Informalmente, as associações baseadas em afinidades tendem a minimizar a alienação das decisões e processos, e reduz a mediação entre nossos desejos e nossas ações. Relacionamentos entre grupos de afinidade são mais orgânicos e temporais, ao invés de fixos e rígidos. Revolução vs. Reforma Como anarquistas, somos fundamentalmente contra governos, da mesma forma, contra qualquer espécie de colaboração ou mediação com o estado (ou qualquer instituição de hierarquia e controle). Esta posição determina uma certa continuidade ou direcionamento de estratégia, que historicamente conhecemos como revolução. Este termo, quando mal entendido, diluído e agregado por várias ideologias e agendas, ainda tem significado para os anarquistas e para as atividades práticas não-ideológicas. Por revolução, entendemos como a luta constante para mudar a paisagem social e política de um modo fundamental; para os anarquistas significa seu completo desmantelamento. A palavra "revolução" é dependente da posição da qual é direcionada, bem como a atividade "revolucionária". Novamente, para os anarquistas, isso é atividade que é direcionada para a completa dissolução do poder. A reforma, por outro lado, permite qualquer atividade ou estratégia direcionada ao ajustamento, a alteração, ou seletividade, mantendo os elementos do atual sistema, tipicamente usando os métodos e aparatos dele. As metas e métodos da revolução não podem ser ditadas nem realizadas nos contextos do sistema. Para os anarquistas, a revolução e a reforma invocam métodos e direções incompatíveis, e apesar de certas aproximações anarco-liberais, não existe continuidade. Para os anarquistas anti-civilização, as questões de atividade revolucionária desafiam e trabalham para desmantelar todo o cenário ou paradigma da civilização. A Revolução é também não ou evento singular ou remotoque construímos ou preparamos para as pessoas, pelo contrário, é um estilo de vida ou prática de abordar situações.
Resistindo a Mega Máquina
Os Anarquistas em geral, e em particular anarquistas-verdes, adotam a ação direta em vez de formas mediadas ou simbólicas de resistência. Vários métodos e abordagens, incluindo subversão cultural, sabotagem, insurreição, "violência" política, (embora não sejam limitados somente a esses métodos) têm sido e permanecem como parte do arsenal de ataque anarquista. Uma única tática não pode ser efetiva em alterar significantemente a ordem ou sua trajetória. Mas estes métodos, combinados com transparência e crítica social, são importantes. A subversão do sistema pode ocorrer do sutil ao dramático e pode ser um importante elemento de resistência física. A sabotagem sempre tem sido uma parte vital das atividades anarquistas, tanto na forma de vandalismo espontâneo (público ou noturno), ou através de uma coordenação ilegal e secreta de células autônomas. Recentemente grupos como a Frente de Libertação da Terra (ELF, na sigla em inglês) um grupo ambientalista radical mantido por células autônomas, tendo alvo aqueles que lucram com a destruição da Terra, têm causado milhões de dólares em danos a lojas e escritórios corporativos, bancos, madeireiras, laboratórios de engenharia genética, veículos e casas luxuosas. Estas ações, que frequentemente são incêndios, têm inspirado muitos à ação, e são meios efetivos de não só trazer atenção à degradação ambiental, mas também como detentores de específicos destruidores da Terra. A atividade insurrecionária, ou a proliferação de momentos insurrecionais a qual pode causar uma ruptura na "paz social" da qual a raiva espontânea das pessoas pode ser liberada e possivelmente espalhada em condições revolucionárias. A atividade insurrecionária, ou a proliferação de momentos insurrecionais que podem causar a ruptura da paz social da qual a raiva espontânea das pessoas pode ser liberada e possivelmente propagadas em condições revolucionárias, também têm aumentado. A revolta de Seattle em 1999, Praga em 2000 e Genova em 2001, foram todas (de diferentes maneiras) faíscas de atividades insurrecionais, que, embora limitados em alcance, podem ser vistos como tentativa para mover em direções insurrecionárias e fazer um rompimento qualitativo com o reformismo e todo o sistema escravista. A violência política, incluindo o ataque a indivíduos responsáveis por atividades específicas ou pelas decisões que levam a opressão, também tem sido um foco para os anarquistas historicamente. Enfim, considerando a imensa realidade e toda extensão penetrável do sistema (socialmente, politicamente, tecnologicamente), ataques a redes tecnológicas e na infra-estrutura da mega-máquina são de interesse para anarquistas anti-civilização. Indiferente da aproximação ou intensidade, as ações militantes unidas com uma análise profunda da civilização estão crescendo. A Necessidade de Ser Crítico
À medida que a marcha da aniquilação global avança, a sociedade se torna mais doente, perdemos o controle de nossas vidas e falhamos em criar uma resistência significativa contra a cultura-da-morte. É vital para nós, sermos extremamente críticos com os movimentos "revolucionários" do passado, com esforços atuais e com nossos próprios projetos, não podemos repetir perpetuamente os erros do passado ou sermos cegos para nossas próprias deficiências. O movimento ambientalista radical está repleto de campanhas com um só foco e gestos simbólicos e a cena anarquista está infestada por tendências esquerdistas e liberais. Ambos continuam insistindo em gestos ativistas sem significado, raramente questionando sua (in)eficiência. Frequentemente a culpa e o auto-sacrifício - ao invés de sua liberação e liberdade - guiam esses benevolentes reformadores sociais irrealistas, enquanto eles continuam por um caminho que foi esboçado por falhas diante deles. A Esquerda é uma ferida inflamada na bunda da sociedade, os ambientalistas não têm obtido sucesso na preservação de nem mesmo frações de áreas selvagens, e os anarquistas raramente possuem algo provocativo para dizer, deixemo-os em paz. Enquanto alguns podem discutir contra o criticismo porque ele é “analítico”, qualquer verdadeira perspectiva radical veria a necessidade da análise crítica, em mudar nossas vidas e o mundo que habitamos. Aqueles que desejam acalmar um debate até o “depois da revolução”, contendo toda a discussão em debates vagos e insignificantes, e reprimir a crítica das estratégias, táticas, ou idéias, não estão indo a lugar algum, e só vão nos atrasar. Um ponto essencial de qualquer perspectiva anarquista radical deve ser colocar tudo em questão, obviamente incluindo suas próprias idéias, projetos e ações. Influências e Solidariedade A perspectiva anarquista-verde é diversa e aberta, contudo, contém alguns elementos contínuos e primários. A anarquia-verde tem sido influenciada por anarquistas, primitivistas, luditas, insurrecionalistas, situacionistas, niilistas, ecologistas profundos, biorregionalistas, ecofeministas, várias culturas indígenas, lutas anti-colonialismo, os "ferais", os selvagens e a Terra. Os anarquistas, obviamente, contribuem para o impulso anti-autoritário, que desafia todo o poder num nível fundamental, empenhados por relações verdadeiramente igualitárias e promovendo comunidades de apoio mútuo. Os anarquistas-verdes, entretanto, ampliam as idéias de não-dominação para todas as formas de vida, não apenas humanos, indo assim além das análises anarquistas tradicionais. Dos primitivistas, os narquistas-verdes são instruídos com um olhar crítico e provocativo das origens da civilização, para que entendam que confusão é essa e como chegamos a ela, para ajudar a apontar um mudança de direção. Inspirados nos Luditas, os anarquistas-verdes reacendem uma orientação de ação direta anti-tecnológica-industrial. Os insurrecionalistas introduzem uma perspectiva onde esperam não uma critica positiva e verdadeira, mas identifica espontaneamente as instituições da civilização que atam nossas liberdades e desejos. Os anarquistas anti-civilização devem muito aos Situacionistas, e suas críticas da alienante sociedade da mercadoria, a qual podemos romper nos conectando de forma direta com nossos sonhos e desejos não-mediados. A recusa niilista em aceitar qualquer realidade demonstra o quão profundo é o mal dessa sociedade e oferece aos anarquistas verdes uma estratégia que não necessita oferecer visões da sociedade, mas ao invés disso, focalizar em sua destruição. A Ecologia profunda, apesar de sua tendência misantrópica, instrui a perspectiva anarquista-verde com um entendimento de que o bem-estar e a prosperidade de toda a vida estão ligados ao conhecimento do valor inerente e intríseco do mundo não-humano independente de valor útil. A apreciação da ecologia profunda pela riqueza e a diversidade da vida contribui para a realização que a atual interferência humana com o mundo não-humano é coercivo e excessivo, com uma condição que se agrava rapidamente. O Biorregionalismo nos conduz a uma perspectiva de viver dentro de nossas próprias biorregiões, e nos tornarmos intimamente conectados com a terra, a água, o clima, as plantas, os animais, e outros espécimes da biorregião. O Ecofeminismo tem contribuindo para a compreensão das raízes, dinâmicas, manifestações e realidade do patriarquismo, e seus efeitos na terra, nas mulheres, e na humanidade em geral. Recentemente, a separação destrutiva do homem da Terra (civilização) tem provavelmente sido articulado mais claramente e intensamente por ecofeministas. Os anarquistas anti-civilização têm sido profundamente influenciados por várias culturas indígenas e nativas ao longo da história e por aquelas que ainda existem. Enquanto humildemente aprendemos e incorporamos técnicas sustentáveis de sobrevivência e maneiras saudáveis de interagir com a vida, é importante não igualar ou generalizar povos nativos e suas culturas, respeitar e nos esforçar a entender sua diversidade sem agregar indentidades e características culturais. Solidariedade, apoio, e tentativas de se conectar com nativos e lutas anti-coloniais, que têm sido a linha de frente da luta contra a civilização, são essenciais enquanto nós nos esforçamos para o desmantelamento da máquina-de-morte. Também é importante entender que nós, de certa forma, descendemos de povos nativos que foram violentamente retirados de suas conecções com a terra, e por isso devemos fazer parte das lutas anti-coloniais. Somos inspirados também pelos ferais, aqueles que escaparam da domesticação e se reintegraram com o selvagem. E, claro, com os seres selvagens que tornam possível este lindo organismo azul e verde chamado Terra. É também importante lembrar que, enquanto muitos anarquistas-verdes extraem influencia de fontes similares, anarquia-verde é algo muito pessoal para aqueles se identificam ou se conectam com estas idéias e ações. perspectivas derivam de nossas próprias experiências de vida na cultura-de-morte (civilização), e os próprios desejos fora do processo de domesticação, são ultimamente os mais vividos e importantes no processo de descivilização.
Retorno ao Selvagem e Reconexão
Para a maioria dos anarquistas verde/primitivistas/anti-civilização retorno ao selvagem e reconexão com a terra é um projeto de vida. Isto não é limitado a compreensão intelectual ou praticas de habilidades primitivas, mas, em vez disso, é um profundo entendimento das penetráveis maneiras pelas quais somos domesticados, fraturados, e deslocados de nós mesmos, dos outros e do mundo,o enorme e diário desafio de sermos íntegros novamente. Retorno ao selvagem tem um componente físico, o qual envolve habilitadas resgatadas e desenvolvimento para uma coexistência sustentável, incluindo como obter alimento, abrigo, e nos curar com as plantas, e materiais que existem naturalmente em nossas biorregiões. O retorno ao selvagem também inclui o desmantelamento das manifestações físicas, dos aparatos, e da infra-estrutura da civilização. O retorno ao selvagem tem um componente emocional que envolve nos curar e curar os outros das profundas feridas de 10.000 anos, aprendemos a viver juntos em comunidades não-hierárquicas e não-opressivas, e desconstruir a mentalidade domesticada do atual modelo social. retorno ao natural envolve priorizar as vontades e experiência direta sobre a mediação e alienação, repensando toda dinâmica e o aspecto da nossa realidade, conectando com nossa fúria feral para defender nossas vidas e lutar por uma existência livre, desenvolvendo mais confiança em nossa intuição estando mais conectados com nossos instintos, recuperando o balanço que foi virtualmente destruído depois de milhares de anos de controle patriarcal e domesticação. O retorno ao natural é o processo de se tornar "des-civilizado". PELA RECONEXÃO COM A VIDA!
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