quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Tal como os cães, os cangurus também conseguem comunicar com os humanos


Os animais de estimação são animais que ao serem domesticados, interagem com os seres humanos e passam a ser a sua companhia. No entanto, ao contrário do que se pensava, estes não são os únicos que conseguem comunicar connosco.

Um estudo da Universidade de Roehampton, no Reino Unido, e da Universidade de Sydney, na Austrália, revela que os cangurus e outros animais não domesticados também conseguem comunicar com o Homem.

A investigação indica que dez em onze cangurus, ao serem testados, procuraram comunicar através do olhar com o humano antes de abrir a caixa com comida. Dentro do mesmo grupo, nove trocaram vários olhares entre a caixa e a pessoa antes de agir.

“Através deste estudo conseguimos ver que a comunicação entre animais pode ser aprendida e que o comportamento de olhar para os humanos para ter acesso aos alimentos não está relacionado com a domesticação. Na verdade, os cangurus mostraram um padrão de comportamento muito semelhante ao que já vimos em cães, cavalos e até cabras quando submetidos ao mesmo teste”, explica Alan G. McElligott, autor do estudo, na Science.

O cientista afirma que esta descoberta demonstra que a comunicação intencional por parte dos animais, para com os humanos, foi totalmente subestimada. “Os cangurus são os primeiros marsupiais a serem estudados desta maneira e os resultados positivos devem levar a mais investigações cognitivas além das espécies domésticas comuns”, conclui.

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

A Rússia invadiu a Ucrânia e a torneira da Alemanha fechou-se. A crise é tal que até o regresso ao nuclear está em aberto

Manifestante com uma máscara do chanceler de saída, Olaf Scholz, segura um cartaz onde se lê "sustentável", num protesto contra os planos da Comissão Europeia para classificar o gás e o nuclear como amigos do ambiente 

Um tsunami no Japão originou um tremor de terra na Alemanha que, mais de 13 anos depois, continua a provocar ondas de choque no país. Na sombra do desastre de Fukushima, em março de 2011, a chancelaria de Angela Merkel em coligação com os liberais do FDP tomou a decisão de acabar com a produção de energia nuclear, ordenando o encerramento faseado de todos os reatores do país. 

A Alemanha gozava então de uma posição privilegiada no contexto europeu e mundial - a economia era sólida, o seu parque industrial estava longe da situação débil em que hoje se encontra, as empresas alemãs ainda davam cartas dentro e fora do continente e, energeticamente, o país era, em grande medida, movido a gás natural importado da Rússia. Mas mais de uma década depois, o paradigma alemão mudou radicalmente - a economia está em recessão há dois anos e, com a invasão em larga escala da Ucrânia, fechou-se a torneira russa da qual a Alemanha dependia.

O novo paradigma não travou a desnuclearização do país. Cerca de um ano depois da invasão da Ucrânia, em abril de 2023, a Alemanha assistiu ao fecho da última central nuclear ainda a operar - uma fonte que, no ano anterior, gerou entre 4 a 6% do total de eletricidade produzida pelo país. Na despedida, o ministro da Economia e do Ambiente, Robert Habeck, do partido minoritário Os Verdes, garantiu que "a segurança do abastecimento energético na Alemanha está e continua a estar garantida" e "permanece muito elevada" em comparação com o resto do mundo, lembrando que a decisão foi tomada em primeira instância pelos conservadores da CDU e os liberais do FDP.

A mensagem foi recebida com muito ceticismo, a começar pelo partido conservador de Friedrich Merz, o homem em rota para se tornar o próximo chanceler da Alemanha após o colapso da chancelaria Scholz esta segunda-feira e que - não é segredo - considera que a antecessora cometeu um erro grave ao ordenar o fim do nuclear. “Isto marca um dia negro para a proteção climática na Alemanha”, disse então o vice-líder da bancada parlamentar da CDU. “Este ministro d’Os Verdes", acusou Jens Spahn, "prefere deixar centrais elétricas a carvão a funcionar em vez de centrais nucleares neutras para o clima” e o Governo Scholz transformou-se numa “coligação do carvão”.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Travessas de plástico reciclado poderão tornar os caminhos-de-ferro ainda mais ecológicos


Parte das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) dos caminhos-de-ferro reside na energia utilizada para produzir e manter as infraestruturas necessárias. Investigadores finlandeses demonstraram a viabilidade da utilização de travessas de comboio mais ecológicas a partir de dois tipos de plástico reciclado, o cartão para embalagem de líquidos e o acrilonitrilo butadieno estireno. As emissões de carbono poupadas anualmente com a eliminação progressiva das travessas de betão e a sua substituição por este tipo de plástico reciclado poderiam equivaler ao aquecimento de 1200 habitações finlandesas.

Os caminhos-de-ferro, o meio de transporte mais amigo do ambiente a seguir aos autocarros de longo curso, vão desempenhar um papel importante na luta pelo zero líquido. Atualmente, as emissões totais do transporte ferroviário são de 31 gramas de equivalente de CO2 (CO2e) por passageiro-quilómetro, metade do valor dos veículos elétricos mais económicos.

Mas as emissões de carbono do tráfego ferroviário podem ser ainda mais reduzidas, revela um novo estudo publicado na revista Frontiers in Sustainability por autores finlandeses. Isto porque os materiais de construção típicos, como o aço e o betão, são energeticamente dispendiosos de produzir, transportar, manusear e manter. Mesmo nas linhas de comboio mais movimentadas, estes custos ascendem a 30% das emissões totais e esta percentagem aumenta acentuadamente à medida que o volume de tráfego diminui.

“Mostramos aqui que os plásticos reciclados podem ser utilizados como material para as travessas de caminho de ferro e que as emissões globais seriam reduzidas. A pegada de carbono é menor quando os fluxos de resíduos atualmente incinerados são utilizados como material”, afirma Heikki Luomala, primeiro autor do estudo e gestor de projeto na Universidade de Tampere.

“Estimamos que a redução de CO2 através da repulsão do fluxo de resíduos disponível na Finlândia poderia corresponder às emissões de aquecimento de 1200 casas, ou seja, 3 610 tCO2e (toneladas de equivalente de CO2) por ano”, acrescenta.

Dois tipos de plástico testados
Luomala e colegas estudaram a viabilidade e a redução das emissões de gases com efeito de estufa resultantes da eliminação gradual das travessas de madeira e de betão na Finlândia e da sua substituição por plástico reciclado. A vida útil de uma travessa é de 10 a 60 anos e diminui com o aumento da intensidade do tráfego, devido a danos mecânicos.

Uma importante fonte de resíduos de plástico é o sector das embalagens, que consome cerca de 40% da produção total de plástico. Neste sector, o chamado cartão para embalagem de líquidos (LPB) – uma mistura de polietileno, polipropileno, álcool vinílico de etileno e tereftalato de polietileno – é o produto que regista o crescimento mais rápido. Outra fonte importante de resíduos de plástico é o equipamento eletrónico e elétrico, que representa aproximadamente 6% da utilização total de plástico. O seu principal componente plástico é o acrilonitrilo butadieno estireno (ABS).

No passado, os resíduos de plástico eram frequentemente exportados da Finlândia para o Extremo Oriente, mas nos últimos anos foi lançada a iniciativa “ALL-IN for Plastics Recycling” (PLASTin) para tornar a Finlândia um líder na reciclagem de plásticos.

Luomala et al. produziram amostras de travessas de comboio (0,15 m de espessura, 0,25 m de largura e 2,6 m de comprimento) feitas de LPB e ABS e submeteram-nas a uma bateria de testes mecânicos. A sua intenção era testar se os protótipos confirmavam as normas internacionais para as indústrias de plásticos e ferroviárias.

A implementação no mundo real está a decorrer
Os espécimes feitos com ambos os tipos de plástico passaram nos testes de resistência e de flexão. Mas apenas o ABS reciclado foi capaz de suportar a temperatura máxima testada de 55°C sem amolecimento significativo durante os verões quentes.

“O ABS reciclado é muito mais adequado como material para travessas de caminho de ferro do que o LPB reciclado: as propriedades de resistência e rigidez do ABS são aproximadamente três vezes superiores e mais próximas das das travessas de madeira”, afirma Luomala.

As travessas de plástico para caminhos-de-ferro oferecem várias vantagens, por exemplo, fácil conformação, baixo custo, peso reduzido e resistência às condições ambientais. A utilização de plástico reciclado também permite uma maior flexibilidade na conceção da forma das travessas.

A Agência Finlandesa de Infraestruturas de Transportes já demonstrou interesse nas conclusões do estudo.

“Quando se trata da implementação de ABS reciclado para utilização como travessas de caminho de ferro, devem primeiro ser realizados mais testes à escala real. O seu comportamento a longo prazo, por exemplo, em termos de resistência aos raios UV, também deve ser testado”, adverte Luomala.

domingo, 5 de janeiro de 2025

Quando Encontrares Um Homem

«Quando encontrares um homem
Que transforme
Cada partícula tua
Em poesia,
Que faça de cada um dos teus cabelos
Um poema,
Quando encontrares um homem
Capaz,
Como eu,
De te lavar e adornar
Com poesia,
Hei-de implorar-te
Que o sigas sem hesitação
Pois o que importa
Não é que sejas minha ou dele
Mas sim da poesia.»

sábado, 4 de janeiro de 2025

Já há 22 ninhos artificiais para abutres-pretos nidificarem no Douro Internacional


A colónia transfronteiriça de abutre-preto (Aegypius monachus) do Douro Internacional, a mais isolada e uma das mais frágeis do país, conta agora com 14 novos ninhos artificiais, que se juntam aos oito anteriormente instalados, somando um total de 22. A instalação dos ninhos para esta espécie “Em Perigo” de extinção foi realizada no âmbito do projeto LIFE Aegypius Return – consolidação e expansão da população de abutre-preto em Portugal e no oeste de Espanha, foi divulgado em comunicado.

Segundo a mesma fonte, os ninhos artificiais foram colocados no terreno no mês de outubro, numa intervenção delicada e difícil realizada por uma equipa especializada do GIAM – Grupo de Intervención en Altura de los Agentes Forestales de la Comunidad de Madrid, de Espanha, juntamente com técnicos da Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural.

O objetivo principal desta ação é disponibilizar um maior número de ninhos para o abutre-preto nidificar e fixar-se no território, aumentando o recrutamento de indivíduos e consequentemente esta colónia que abrange o Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) e o contíguo Parque Natural Arribes del Duero (PNAD), em Espanha.

Onde foram colocados os ninhos e de que são feitos?
A escolha dos locais e estrutura dos ninhos é feita de forma a mimetizar ao máximo o processo natural de nidificação da espécie. Ao contrário da maioria dos abutres, que nidifica em acantilados rochosos, o abutre-preto faz ninhos principalmente em árvores de grande porte.

Desta forma, os ninhos foram instalados em árvores como o zimbro, azinheira ou sobreiro. Os ninhos têm uma estrutura de metal que imita a forma do ninho natural e uma rede robusta que suporta o material utilizado para naturalizar o seu interior, composto por pequenos galhos de árvores e arbustos lenhosos e lã de ovelha para o tornar mais acolhedor e atrativo para a espécie-alvo.

Nidificar em árvores é uma peculiaridade deste abutre que acarreta riscos
Por nidificar em árvores, o abutre-preto corre um risco acrescido: é mais vulnerável e afetado pelos incêndios florestais. Exatamente por este motivo, uma outra linha de ação do projeto LIFE Aegypius Return é promover a gestão de habitats e aumentar a resiliência natural frente aos incêndios florestais nas áreas onde a espécie se reproduz. Em 2017, por exemplo, a colónia do PNDI foi afetada por um incêndio florestal que destruiu o único ninho da espécie existente nessa altura, matando a cria de abutre-preto.

Colónia transfronteiriça tem oito casais nidificantes
Atualmente, a colónia transfronteiriça do Douro Internacional tem oito casais nidificantes, cinco no PNDI e três no PNAD, o que já é um número bastante positivo, tendo em conta o contexto e evolução nos últimos anos. Contudo, destes casais, nesta época de reprodução, apenas cinco fizeram postura e só quatro crias (duas em cada país) sobreviveram até se tornarem independentes.

Devolução de abutres-pretos por soft release é outra estratégia para aumentar colónia
O abutre-preto só põe um ovo por época de reprodução/ano e a maturidade sexual da cria só é atingida aos cinco ou seis anos de vida, pelo que o seu sucesso reprodutor é muito limitado e condicionado. Qualquer incidente que cause a mortalidade da descendência tem um grande impacto geracional e populacional sobre esta espécie.

Por isso, além da construção de ninhos artificiais, o projeto vai potenciar, até 2027, o reforço do número de indivíduos desta colónia, através da devolução à natureza, nesta região, de 20 abutres-pretos provenientes de centros de recuperação de fauna silvestre, após passarem por um período de aclimatação (adaptação ao meio) e libertação faseada (soft release) na estrutura construída para esse efeito no PNDI. Até ao momento, já foram devolvidos à natureza quatro abutres-pretos por esta via.

Sobre o projeto
O projeto LIFE Aegypius return é cofinanciado pelo Programa LIFE da União Europeia e desenvolvido por um consórcio que integra as seguintes entidades: Vulture Conservation Foundation – organização coordenadora -, Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural (cofinanciada pela Viridia – Conservation in Action e MAVA – Foundation pour la Nature neste LIFE), Herdade da Contenda, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Liga para a Proteção da Natureza, Faia Brava – Associação de Conservação da Natureza), Fundación Naturaleza y Hombre, Guarda Nacional Republicana e Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Reduzir o consumo de carne e laticínios é uma estratégia essencial para mitigar os impactos ambientais negativos

Reduzir o consumo de carne e laticínios é uma estratégia essencial para mitigar os impactos ambientais negativos associados aos sistemas alimentares, incluindo as alterações climáticas, a perda de biodiversidade devido às alterações no uso do solo e o consumo de água doce.

Um estudo apresenta uma avaliação de alternativas à carne e ao leite, integrando análises nutricionais, de saúde, ambientais e de custo, com foco em países de elevado rendimento.

A análise incluiu 24 alternativas à carne e ao leite, comparando-as com produtos de origem animal e com alimentos vegetais não processados. O número total de participantes nos estudos analisados foi de 10000, e a duração dos estudos variou entre 6 meses e 2 anos.

Foram avaliados alimentos como ervilhas, soja, feijão, hambúrgueres vegetais, tempeh e bebidas vegetais.

Resultados:

🥗Alimentos vegetais não processados (ex.: ervilhas, soja e feijão) apresentaram o melhor desempenho em todos os critérios avaliados, incluindo benefícios ambientais, nutricionais e económicos.

🥗Produtos processados à base de plantas (ex.: hambúrgueres vegetais e leites vegetais) ofereceram vantagens substanciais em comparação com produtos de origem animal, mas com menores benefícios ambientais e custos mais elevados em relação aos alimentos não processados.

🥗A substituição de carne e laticínios por alternativas vegetais reduziu o desequilíbrio nutricional e os riscos dietéticos, diminuindo também a mortalidade associada a doenças relacionadas com a dieta.

🥗As alternativas reduziram significativamente o uso de recursos naturais, como água doce, e a poluição associada à produção de alimentos de origem animal.

O estudo mostrou que a substituição de carne e laticínios por alternativas vegetais, especialmente alimentos não processados, oferece múltiplos benefícios ambientais, nutricionais e económicos. No entanto, os produtos processados continuam a ser uma alternativa válida, mas menos vantajosa em termos ambientais e económicos.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Paz, Paz, Paz!

Paz en todos los hogares.
Paz en la tierra, en los cielos,
bajo el mar, sobre los mares.
Paz en la aurora, en el sueño.
Paz en la pasión del grande
y en la ilusión del pequeño.
Paz sin fin, paz verdadera.
Paz que al alba se levante
y a la noche no se muera.
¡Paz, paz, paz! Paz luminosa.
Una vida de armonía
sobre una tierra dichosa.