segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Neturei Karta, judeus que apoiam os inimigos de Israel



O movimento ultra-ortodoxo judeu Neturei Karta apoia a causa palestina, em linha com um ferrenho ideário antissionista que o levou a se aproximar de alguns dos maiores inimigos de Israel como Mahmoud Ahmadinejad e Yasser Arafat.

Uma recente visita solidária à Faixa de Gaza, após a ofensiva israelita de novembro, e sua recente presença em Ramala durante os atos comemorativos pelo reconhecimento da Palestina como Estado observador da ONU, são apenas algumas das últimas atividades de um grupo cujos membros costumam aparecer na imprensa defendendo posições claramente anti-israelitas, embora muitos ignorem o porquê.

Fundada em 1938 em Jerusalém sob mandato britânico, Neturei Karta é um termo aramaico que significa "Guardiões da Cidade" e alude a custódios espirituais da fé talmúdica que lutavam contra o laicismo que o sionismo defendia na época.

O seu ideário defende o desmantelamento pacífico de Israel segundo a crença mais ortodoxa que os judeus estão proibidos de ter um Estado próprio até que não aconteça o advento do messias, segundo um castigo que aparece no livro do profeta Amós.

"A ideia sionista é contrária à religião judia, e nós como judeus autênticos nos opomos a ela", defende em entrevista à Agência Efe o rabino Meir Hirsch, líder do grupo, em sua casa do bairro ultra-ortodoxo de Mea Shearim, de Jerusalém.

Filho do ex-ministro para Assuntos Judeus da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Moshé Hirsch, Meir aponta que inclusive a utilização de "Israel" como nome do Estado representa uma "usurpação", porque "os sionistas escolheram se separar do povo judeu" e não têm nenhum direito de falar em seu nome.

Sustenta que após o castigo divino do exílio, ocorrido no século I, as profecias sagradas só falam de um "reino celestial" e que não é missão do homem forçar o estabelecimento de um Estado.

Trata-se de uma postura que há três décadas caracterizava quase toda a ultra-ortodoxia judaica, embora com o tempo boa parte dos setores que a formam tenha claudicado e participado da vida do Estado e inclusive do jogo político.

"Eles se assimilaram", sentencia o rabino, considerado popularmente pela imprensa israelita como "o ministro das Relações Exteriores" do grupo, uma função que herdou do seu pai, amigo de Arafat, ex-líder palestino que, garante, "foi assassinado pelos sionistas".

Tachados por alguns como seita radical, Hirsch afirma que o seu grupo é integrado por dezenas de milhares de pessoas com comunidades espalhadas principalmente entre Jerusalém e Nova York.

Com cidadania americana, Hirsch é consequente com as suas crenças e aponta que a sua comunidade vive de doações estrangeiras, à margem do Estado de Israel, que diz deixar a cada três meses por contar com um visto de turista.

Pelas ruas de Mea Shearim são frequentes os cartazes do seu grupo nos quais adverte que o movimento nacional judeu perpetra um "Holocausto" de seu próprio povo porque "tenta transformar pela força um povo crente num povo infiel".

Hirsch explica que, segundo o Talmude, os judeus não estão autorizados a dominar, matar, magoar ou degradar outro povo e não devem ter nada a ver com a iniciativa sionista e as suas guerras.

Por isso se opõem a desempossar os palestinos de suas terras e lares e defendem como solução ao conflito do Médio Oriente "o desmantelamento de Israel e a criação em todo o território de um único Estado", o da Palestina.

"Sabemos que o Estado sionista desaparecerá do mapa. Como? Nós não comandamos a agenda divina", acrescentou.

Estes zelotes, que se consideram os únicos guardiões verdadeiros da lei judaica, descendem de comunidades na Hungria e Lituânia que se assentaram no século 19 na Cidade Antiga de Jerusalém.

E, embora vivam em Israel, se consideram ainda no exílio da diáspora, um exílio "muito pior" ao do que se estivessem a viver "nos Estados Unidos ou França", opina.

Mas talvez o mais controverso da sua agenda sejam os seus apoios a inimigos declarados, passados e presentes, do Estado judeu.

No marco das atividades do movimento judeu contra ao que ele classifica como "desgraçada resolução" de partilha da Palestina em 1947, fizeram sua a causa da OLP, hoje em dia a do Hamas, e em 2006 a de Ahmadinejad, ao participar em Teerão de um seminário repleto de figuras que negam o Holocausto.

"Os sionistas colaboraram para o extermínio dos judeus na Europa a fim de obter o seu Estado", assegura Hirsch, que se mostra contrário ao "uso cínico do Holocausto", em linha com um ideário atribuído entre outros ao presidente iraniano, a quem classifica de "carismático" e "moral".

Com a sua posição radical, o Neturei Karta não só colheu iradas críticas entre os israelitas, mas também entre os demais ultra-ortodoxos, que consideram o grupo uma avis rara do variado povo judeu, empenhado em seguir a penitência do exílio até que Deus lhes devolva ao "reino dos céus".

Encarar a vida pela frente.Sempre. Perturbem Brilhando. Brilhem Perturbando. Bom ano 2013


Os poemas são pássaros que chegam 

não se sabe de onde e pousam 
no livro que lês. 
Quando fechas o livro, eles alçam vôo 
como de um alçapão. 
Eles não têm pouso 
nem porto 
alimentam-se um instante em cada par de mãos 
e partem. 
E olhas, então, essas tuas mãos vazias, 
no maravilhoso espanto de saberes 
que o alimento deles já estava em ti...

QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo

domingo, 30 de dezembro de 2012

Que (enorme) incógnita reserva 2013...nunca pensei assim na minha vida...

I´m not antisystem.The system is anti-me.
Vamos deixar? Will we leave it happen?


Relembro a minha postagem de 2 de Dezembro de 2012: "A escravatura está a ter outras formas". Não consigo ser hipócrita e desejar 2013 sem uma raiva crescente nos dentes. Apenas desejo PAZ e para isso temos que crescer interiormente e SERMOS todos transparentes e menos canalhas uns com os outros e defenderei até à exaustão os direitos dos seres vivos que co-habitam connosco.

Três suicídios por dia em Portugal” - Estamos a assistir a uma eugenia silenciosa - só falta as SS do séc.XXI- e está a ser instalada (para mim já é visível- através do telecontrolo) aos poucos no nosso país e dentro da Europa. E os que deveriam dar EXEMPLO falham, fazem de conta que a democracia existe e nada fazemos ou os que fazem estão a ser bloqueados, isolados, derrotados nas suas vidas e até ignorados. 2013 não será mesmo nada bom. Um amigo meu já afirmou e com razão, os funcionários públicos são os judeus deste nazismo económico.

Fim à eugenia em curso, antes que seja tarde demais.
Watch "Other Ways/End In Equality" on Vimeo HD at https://vimeo.com/42230294

Or watch on YouTube at http://bit.ly/JIKpNA
Watch "Other Ways/End In Equality" on Vimeo HD at https://vimeo.com/42230294

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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sede assim- Onda que se esforça, por exercício desinteressado.


Sede assim — qualquer coisa 
serena, isenta, fiel. 

Flor que se cumpre, 
sem pergunta. 

Onda que se esforça, 
por exercício desinteressado. 

Lua que envolve igualmente 
os noivos abraçados 
e os soldados já frios. 

Também como este ar da noite: 
sussurrante de silêncios, 
cheio de nascimentos e pétalas. 

Igual à pedra detida, 
sustentando seu demorado destino. 
E à nuvem, leve e bela, 
vivendo de nunca chegar a ser. 

À cigarra, queimando-se em música, 
ao camelo que mastiga sua longa solidão, 
ao pássaro que procura o fim do mundo, 
ao boi que vai com inocência para a morte. 

Sede assim qualquer coisa 
serena, isenta, fiel. 

Não como o resto dos homens.
Cecília Meireles, in 'Mar Absoluto'

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Wem gehört die Welt? Who owns the world? Quem manda no Mundo?

O título é de propósito para que os ALEMÃES e germano-falantes compreendam de vez como também estão ENGANADOS. Se tiverem amigos por lá, façamos o que o serôdio e mesquinho Cavaco não teve verticalidade para calar o presidente Checo. Enviem este vídeo como votos de um excelente 2013 mais justo que 2012.
Políticos deviam passar por testes psiquiátricos anualmente!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Poema da Semana- Aproxima-te, por Fernando Guimarães

Sugiro que aprendamos e saibamos a dizer a PAZ em várias línguas. E depois colocar sempre nas vossas mensagens um rodapé com a doce palavra Paz em várias línguas. PEACE- PAZ- PACO- PACE- PAIX- SHALOM- SALAAM- SHANTY- SELAM VREDE- PAKE - HETEP- RAHU - ASHTE - IRINI - HEIWA - SULH - MIR-PHYONGH'WA - EMIREMBE - PACI - FRED - SULA - POKOJ - PASCH - MIERS- UKUTHULA all over the entire world


Pensamento e a nossa solidariedade e simpatia para com as meninas e meninos,  mulheres e homens na Tunísia e países do Magrebe e de todas as origens. 
Um abraço gigante à Lusofonia enorme legado de universalidade e pureza de paixões. 

Fernando Guimarães
Aproxima-te. É assim que consegues encontrar 
algumas palavras. Estão juntas. Têm um sentido 
capaz de vir acompanhar-te como se pelos dedos 
escorresse um pouco de água, a sua transparência 
súbita. Recebe o que elas te podem dar agora, 
a respiração que fica tranquila e o mesmo aceno
só para que depois consigas compreender 
como é fácil que tudo se perca nos teus olhos.

Plano FOME MISÉRIA INTERNACIONAL (FMI) em prol de muito ricos e poderosos. A Grécia está com um ano de avanço deste desastre. A Espanha um ano antes. E nós padecemos e humilhados? Até quando?
Coragem amigos, estamos contigo. A poesia e riqueza dos nossos povos prevalecerá! 
Κουράγιο φίλοι, είμαστε μαζί σου. Ποίηση και τον πλούτο του λαού μας θα επικρατήσει!(google translation)
Contra todas as formas de subjugação e neo-escravaturas

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Natal - A palavra é o espelho da acção

"No mundo há riqueza suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para alimentar a ganância de cada um."~Gandhi

O Natal cuja celebração original Celta/Pagã celebrava no solstício do inverno o fim da obscuridade e o retorno da luz e da esperança. Numa tentativa de apagar estes rituais a igreja veio à semelhança de outras festas (S.João por exemplo) colar-lhe a celebração do nascimento de Jesus que significando esperança e a luz máxima para os seus seguidores terá nascido (Biblia) para o verão. Com a ideia dos presentes desta tradição cristã veio apagar-se a importância do recomeçar, do procurar a luz e celebrar a energia da Mãe terra cujos ciclos demonstram que tudo é renovação mas implicando dedicação e atenção ao que nos rodeia. Procuramos agora corresponder às expectativas que foram criadas para que tudo seja perfeito (prendas, comida, disposição/ânimo) quando esta época seria de reflexão e introspecção, de alegria porque da noite se faz luz de dia para dia até à primavera, normalmente com pouco (é inverno) tal como na vida em que nos treinam para projectar apenas o lado positivo esquecendo que o negativo faz parte e só com este último valorizamos o primeiro. Esta época de maiores dificuldades será talvez a única forma de voltarmos ao purismo da época, ainda que com a nostalgia da prenda desejada,da abertura dos embrulhos e do brilho nos olhos perante a árvore, obrigando-nos a preencher de novo o vazio com acções e gestos porque já não haverá os bens de outrora e talvez venhamos a descobrir que afinal não nos faziam tanta falta.( via Patrícia Santos).

"As formigas não brigam por recursos, nem agem com espírito de competição. Elas simplesmente cooperam."~ Humberto Maturana (citação adaptada por mim)

sábado, 22 de dezembro de 2012

Música do BioTerra: The Chameleons - Caution


Fotografias de Inverno muito bonitas por Stephanie Taylor

"This is not my Home..."
Earth evolved and based in goodness whatever relations between species, even parasitism or predation...we are interconnected...Partners of wind, rocks, bacteria on the move...sex and death. Why ambition? Envy? "No pression, no pain..." Why imperialism by all means? Why war? Why nuclear power?

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

The world is changing fast


Por detrás do valoroso e inquestionável papel desta companhia em mostrar desde cedo aos adolescentes, o lado detrás das cortinas de qualquer trabalho, o trabalho hoje e dia, perdeu o seu significado de perpétuo, direitos adquiridos, progressão contínua,...Querem-nos impingir que o mundo muda. Mas não podemos travar? Decrescer para algum objectivo comum? É de facto uma realidade, mas será sustentável? E a saúde mental? E a saúde familiar? E o lazer, onde fica a partilha, a gratidão? E se aceitarmos o ritmo acelerado, como será o dispêndio de recursos? E trará mais humanismo ou mais isolamento? E o grau de penetração individual ou de democratização- estarão acautelados, ou caminharemos ainda mais para o controle? Algo que aprofunda ainda mais esta percepção individual e colectiva- quase paranóia- de desconfiança, perseguição...de que realmente há um governo sombra e incapazes de discernir, angustia-nos ainda mais em incapacidade de não o "limitamos" e "impomos" sobre esse governo sombra novas regras? Rebelião- seremos capazes?

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Dead Can Dance - The Lotus Eaters



Faz de conta que quem quer assassinar uma sociedade não começa por assassinar os professores~ José Luiz Sarmento Ferreira  

"O país do Faz de Conta". Texto lapidar de João Ruivo, enviado para o Paulo Guinote.

Acrescento ainda: 

  • Faz de conta que todos os directores de escola se demitiram em bloco.
  • Faz de conta que fechamos as escolas a cadeado.
  • Faz de conta que o e-bio nunca existiu.
  • Faz de conta que somos [felizmente há excepções].
Como dizia Fernando Pessoa,
“Ó Portugal, hoje és nevoeiro…É a Hora!”


Imagine there's no countries 
It isn't hard to do 
Nothing to kill or die for 
And no religion too 
Imagine all the people living life in peace 

******************************************* 
Imagine não haver países 
Não é difícil de fazer 
Nada para matar ou morrer 
E nenhuma religião também 
Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O país do faz de conta



Faz de conta que somos um país. O Ministro da Educação não dispensou (despediu?) cerca de 30 mil professores (colaboradores?), num só mês. Que se tratava de gente qualificada, experiente, e de dádiva diária. Faz de conta que tudo isto não se passou no grupo socioprofissional europeu em que há mais casais no exercício da mesma profissão. Faz de conta que qualquer notícia de um despedimento de tal monta, em qualquer empresa mundial, mesmo a ser aplicada apenas para próximos dois ou três anos, não seria notícia de abertura de todos os telejornais do mundo, dito, ocidental…

Por aqui, faz de conta que foi considerada uma mera medida de ajuste do sistema educativo. Faz de conta que essa medida foi sustentada em qualquer relatório de uma qualquer comissão de avaliação externa, independente e credível. Faz de conta que a OCDE não disse, nesse mesmo dia, que o número de alunos no básico e secundário tinham aumentado em Portugal em 70 mil. Faz de conta que, no mesmo dia, o Ministro da Educação não disse que os estudantes tinham diminuído em 200 mil. Faz de conta que a EU não nos obriga a aumentar para 40% o número de diplomados no ensino superior, entre os 30 e os 34 anos, até 2020. Por isso mesmo, faz de conta que não vivemos num país em que inúmeros pais dos nossos alunos ainda têm menos habilitações académicas do que os seus filhos. Faz de conta, ainda, que já não há alunos com avós analfabetos. Faz de conta que não se reduziram as actividades, os currículos e horas curriculares nas escolas, para provocar fictícios excedentes de professores e de educadores. Faz de conta que, actualmente, os professores não fazem um pouco de tudo, menos o que deveriam (e sabem) fazer: isto é, ensinar, educar, orientar e promover o desenvolvimento dos seus alunos. Faz de conta que não há escolas onde se morre de frio. Assim como não há escolas com novíssimo aquecimento central e ar condicionado topo de gama, mas que ambos estão desligados por falta de verbas orçamentais para pagar as contas à EDP/GALP. Faz de conta que não há estudantes com fome nas aulas, e que o ensino já é tão gratuito que ainda querem que ainda seja mais bem pago. Faz de conta que os professores podem (devem?) ficar em casa, desocupados, num país onde ainda falta muita escola, cultura, aprendizagem da cidadania e, sobretudo, apoio a alunos com necessidades educativas especiais e a grupos socioculturais altamente carenciados e diferenciados. Faz de conta que o ministro não tem os corredores do seu ministério apinhados de assessores de duvidosa proveniência e que não é imune aos grupos de pressão, sobretudo os que tentam repartir o bolo entre o público e o privado. Faz de conta que os rankings das escolas traduzem a real e verdadeira situação dessas organizações educativas, na sua globalidade. Faz de conta que não temos uma das redes europeias mais pequenas de ensino superior público e que os ditos mega agrupamentos não se baseiam em medidas de caracter exclusivamente orçamental. Faz de conta que os professores não têm que fazer centenas de horas extraordinárias não remuneradas, e adicionalmente, tenham que pagar os transportes públicos para se deslocarem, diariamente, para o seu local de trabalho, ao contrário de outros grupos socioprofissionais do Estado. Faz de conta que os docentes nunca souberam o que significava a expressão mobilidade geográfica e profissional e que Portugal não está a custear a formação dos seus jovens para que outros países os acolham, já formados, e sem qualquer custo adicional. Faz de conta que os melhores e mais capazes, regressam logo que podem, em reconhecimento do esforço que a pátria por eles fez. Faz de conta que não temos ministros e secretários de estado que não fazem a mínima ideia do que é estudar e obter um diploma a sério (com trabalho, sacrifício, suor e, quantas vezes, até lágrimas…).

Faz de conta que o país não exige demais, sobretudo às franjas sociais mais fragilizadas. Aliás, sabe-se, que a primeira coisa que um governante faz quando tem um familiar doente é correr para as urgências do hospital público mais próximo, ou integrar a fila das 8 da manhã do centro de saúde do seu local de residência. Faz de conta que os governantes se fazem deslocar em veículos que estariam ao alcance do seu orçamento familiar, se fossem comuns cidadãos. Faz de conta que os professores e a educação não são considerados em todos os relatórios internacionais como o melhor bem de cada país e apontados como O recurso indispensável ao progresso dos povos. Faz de conta que não somos um país nas mãos dos “Jotas”, formados no espírito corporativo da fidelidade cega ao chefe e da ascensão fácil, quantas vezes por desmérito.

Por tudo isto, o nosso ministro vai dando uma no crato, quando diz que os professores (ainda) são necessários ao desenvolvimento, e outra na ferradura, quando quer ostentar publicamente o preço por aluno, sem base em critério universalmente aceite e estabelecido por entidade idónea.

Somos o país do vai andando, o país do outro lado do espelho. Mas também somos o povo do faz de conta onde, um dia, se acorda e se percebe que, afinal, já toda a gente percebia o que todos nós também já tínhamos percebido, e que eles teimavam em querer que a gente fingisse que ainda não percebera. Perceberam?!

João Ruivo

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Documentário- Os Segredos da Goldman Sachs


Creio que foi este documentário que passou noite dentro na RTP2 (porque será, nem vale a pena perguntar) dia 7 de Dezembro. No entanto já existe "discretamente" no Yotube (YT) há algum tempo, pois passou na TVI em meados de Junho de 2012. Vejam ENQUANTO NÃO DESAPARECE e percebam de uma vez que, muitas porcarias e especulações, fazem parte de um plano pela mediocridade global, pobreza geral e reino privado, chamado Goldman Sachs.



O melhor contributo que podemos dar é PARTILHAR AO MÁXIMO este vídeo e VÊ-LO. Ocupe-se a vê-lo nestas férias.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Liberdade para o Meu Povo




Era ele (Adam G.) e Sterling Magee que surgem e tocaram anos atrás neste teledisco dos U2 Freedom for my people

O que faz falta...serenidade e entendimento e justiça social para fins de semana serenos. Os funcionários públicos estão para as Nomenklaturas como os trabalhadores estão para os Patrões: obedecem ou então sabem que a sua avaliação penaliza-os e têm família e/ou vivem sózinhos. Atenção às generalizações. Muitas vezes circulam notas internas nos serviços solicitando os nomes dos grevistas.E acreditem que há mesmo muitos funcionários públicos contestatários e sentem a indignação e actuam o melhor que sabem para alterar essa cadeia invisível de poder(es).


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Utopia


Foto: Mario Antunes
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." Fernando Pessoa 

É nessa força que temos que viver e ser. Que bom termos tido entre nós tão formidável Pessoa.

Mais textos e crónicas sobre Fernando Pessoa no Bioterra.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A decadência


Já há muito que se adivinhava e tentava-se prevenir o planeta alertando para o pico do petróleo, pegada ecológica, império das multinacionais (Relatório de Roma, Rio 92)... com políticos mais fortes e atentos às causas sócio-ambientais não teriam permitido chegarmos até este ponto. Seria possível e temos variadíssimos instrumentos para "mitigar" ou até debelar consequências mais dramáticas. Só que por ingenuidade, massificação da sociedade, isolamento dos grupos sociais, iliteracia financeira e iliteracia científica agora estamos cativos num sistema altamente corrupto e decadente. E pior ainda é constatar que uma das causas mais prováveis da actual crise do nosso tempo está aqui expressa:os libertarianos ou por outras palavras, como isolar os sociopatas randianos

Outras leituras

The Clock : ENERGETIC LIMITS TO GROWTH (escrito ou avisado já em 1999)

Música do BioTerra: The Breeders - Cannonball


The Breeders (biografia e discografia)
The Breeders (site)
The Breeders (youtube)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Arboricídio instantâneo - Polis desertificou os centros de cidades portuguesas em pouco menos de 6 anos

Porto- anos 60

E assim foram o resultado final de muitas "Polis" de requalificação dos nossos centros das cidades: cinzentões, distorcidos, pobres. De ruelas apertadas, passamos para avenidas com centros arborizadas, ou praças arborizadas e de repente em nome de "modernidade", cometeu-se o maior arboricídio dos finais do séc. XX. Agora são autênticos espaços de chicletes, beatas, garrafas de bebidas alcoólicas das festas nocturnas e de vez em quando instalações plastificadas de eventos privados em "espaços públicos".

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Nos países ricos a comida é muito barata. Nenhuma civilização gastava tão pouco



Reproduzo na íntegra um excelente artigo jornalístico de Marta F. Reis, publicado em 12 Mar 2012, para o Ionline

Produzir um quilo de leite exige 700 litros de água. Um quilo de carne de porco 4600 litros. Um quilo de carne de vaca 13 mil litros. “Se reflectirmos sobre estes números, teremos de fazer uma revisão radical da nossa dieta”, introduziu Emídio Rui Vilar, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, na passada sexta-feira, em Lisboa, no arranque do ciclo de conferências sobre o futuro da alimentação. O problema, perante a escassez de água e tendo em conta a carne que comemos, já seria colossal, e mudar de dieta até pareceria fácil. Mas o desafio é global e as soluções continuam em discussão. Em 2050, seremos mais dois mil milhões de habitantes no planeta, 9 mil milhões. Na Europa e nos Estados Unidos o consumo de carne tem-se mantido estável, mas na China quadruplicou em 40 anos. 
Há mil milhões de pessoas com fome e, segundo dados da ONU, desperdiçamos 30% dos alimentos produzidos. Se a esta altura já está a recordar o silogismo popular que diz às crianças para comerem tudo porque há pessoas a morrer de fome em África, se calhar a discussão da segurança alimentar vai fazer com que faça sentido: se os preços dos alimentos aumentarem “moderadamente”, sugeriu o convidado de honra da primeira conferência, o professor de Oxford Charles Godfray, talvez haja menos desperdícios, menos fome, além de outras consequências benéficas como aumentar a investigação nesta área e os agricultores terem mais retorno por produzirem mais e melhor. 
O objectivo do ciclo da Gulbenkian é pôr as cartas em cima da mesa e antecipar soluções para um problema iminente. São muitas e todas interligadas: das alterações dos padrões de consumo a limitações incontornáveis, como 70% da água disponível já ser canalizada para a agricultura e 30% das emissões de gases com efeito de estufa virem da produção agro-alimentar. 
Posto isto, mais as alterações climáticas, Godfray, director do programa Oxford Martin para o Futuro da Alimentação, diz que não há uma solução milagrosa e aumentar o preço seria um bom compromisso para garantir melhores resultados. “Nos países ricos a comida é muito barata, nunca nenhuma civilização gastou tão pouco em alimentos como a nossa”, diz, acrescentando que esse ajuste teria sempre de se fazer com medidas de apoio aos pobres para evitar convulsões sociais. Já que tipo de aumento seria benéfico, é uma questão em aberto, responde ao i. Mesmo tendo coordenado um estudo para o governo britânico sobre o futuro da agricultura e alimentação (“The Future of Food and Farming”, 2011). 
Certo é que, pelas próprias pressões populacionais e alterações climáticas, em 40 anos o preço do milho pode duplicar, refere, citando um modelo elaborado para o relatório. Sem alternativas, com um puzzle enorme por montar e sem recorrer às soluções do passado, por onde se começa? Godfray refere os impostos sobre alimentos calóricos e bebidas açucaradas como um bom ponto de partida mas alerta que é preciso um consenso público sobre os riscos da insegurança alimentar semelhante ao que legitimou os governos a restringir o tabaco ou a combater a pobreza. Para Godfray, a solução última chama-se “intensificação sustentável” da agricultura: “A resposta há 15 anos seria que temos de aumentar a área de cultivo. 
Hoje, sabemos que isso tem enormes custos ambientais. Temos de encontrar uma solução para produzir mais comida na mesma porção de terra, com menos efeitos ambientais.” E mesmo sendo biólogo de formação, não descarta os transgénicos. “É errado excluí-los. Não vão alimentar África mas podem ajudar.” E haverá forma de atrair financiamento para investigação quando há alimentos mais baratos a entrar no mercado e uma lei da oferta e procura global? Aqui a solução torna-se mais demorada: entronca nas discussões do futuro da política europeia comum – que terá uma nova fase a partir de 2014 – e numa eventual alteração do acordo geral de tarifas e comércio da Organização Mundial do Comércio, em negociação há dez anos. Nesta primeira conferência, Arlindo Cunha, ex-ministro da Agricultura e do Ambiente resumiu a evolução da PAC desde 1962 para concluir que está na altura de abrandar: “Temos optado por um modelo de globalização que não serve todas as partes. 
Era necessário permitir que os países mais pobres pudessem proteger mais os seus mercados e, por outro lado, em relação a países mais desenvolvidos como a Europa – que têm políticas agro-ambientais robustas e que implicam custos de produção mais elevados – permitir-lhes alguma protecção.” Já no espaço de debate, com auditório cheio e participações reactivas, Arlindo Cunha admite que é preciso aumentar a transparência dos mecanismos destinados a apoiar países mais pobres, como a iniciativa “Tudo Menos Armas”, que favorece a importação de países em desenvolvimento mas é criticada pelo uso indevido de exportadores ricos e emergentes. Mas também aponta o dedo às grandes superfícies na equação da insegurança alimentar: “Os poderes públicos têm andado de cócoras sob o poder das grandes superfícies. Precisamos de políticas que reforcem os mercados locais e regionais. Os países têm de ter direito a uma certa margem de auto-suficiência.” 
 Também Godfray acredita que a Europa pode fazer mais pela agricultura, mesmo sem gastar mais. Hoje, dos 55 mil milhões de euros de despesa da PAC 40% vão para ajudas directas que não implicam produção de facto. “É um momento único na História. Há 25 anos não conseguíamos justificar racionalmente que iria haver um pico de procura, ainda estávamos convencidos que Malthus estava errado. Hoje sabemos que se falhamos em comida, falhamos em tudo.” Convém lembrar que Thomas Malthus lançou o debate sobre a fome mundial há mais de 150 anos. “O poder da população é infinitamente maior que o poder da terra para produzir a subsistência do homem”, escreveu.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Entrevista a Levi Strauss sobre "Tristes trópicos"


Obtive este vídeo na embaixada francesa em Buenos Aires no ano de 2000. Inclui duas entrevistas realizadas no Brasil, em 1985 e possivelmente em 1990 (a fita é de 1991), nas quais parte do conteúdo de seu livro é abordado " Tristes Tropiques" (Éditions Plon, 1955), bem como sua experiência como etnógrafo naquele país sul-americano, onde realizou seu primeiro trabalho de campo entre 1935 e 1939, estudando fundamentalmente as etnias Caduveo, Borobo e Nambikwuara .

Quero destacar dois ensinamentos de Levi Strauss neste filme. Na primeira adverte-nos que “a aventura não tem lugar na etnografia”, e na segunda refere que é possível criticar e tentar mudar a cultura a que pertencemos e em que estamos imersos, mas que não acredita que julguemos culturas totalmente diferentes da nossa.

Foto do dia- Vulcão de gelo

Winter Volcano
autor: Dmitry Klimensky
O amor derrete, o espanto aquece, o dinheiro no meio, tudo manipula e arrefece ~ João Soares
 (reflectindo sobre o Dia 10 de Dezembro- Dia Internacional dos Direitos Humanos e Animais)

domingo, 9 de dezembro de 2012

Os 28 bancos que controlam o dinheiro do mundo, por François Morin


Para Morin, resistência à oligarquia financeira terá de ser feita “por ator coletivo, de legitimidade democrática incontestável e disposto a organizar o financiamento da atividade econômica mundial”
Livro aponta: oligarquia financeira subjugou bancos centrais, transferiu a Estados dívidas tóxicas e está prestes a provocar crise global ainda mais grave.

François Morin, entrevistado por Vittorio De Filippis | Tradução: Inês Castilho

150922-Hidra
A transferência, para os Estados, das dívidas privadas tóxicas de 28 grandes bancos “sistêmicos”, durante a última crise financeira, explica as políticas de austeridade praticas na Europa.
Francesas, europeias ou norte-americanas, todas as autoridades bancárias asseguram: se o mundo viver uma nova crise financeira, comparável à de 2007-08, nem os Estados, nem os contribuintes vão pagar as consequências. É possível acreditar?
O economista François Morin, professor emérito da Universidade de Toulouse e membro do conselho do Banco Central francês, tem uma resposta categórica: não. Em L’Hydre Mondial [A Hidra mundial], um livro publicado em maio, e no qual ele menciona dados inéditos, Morin mostra como 28 bancos de porte mundial constituem um oligopólio totalmente distanciado do interesse público.
Para colocar os cidadãos a salvo de desastres financeiros futuros, o autor considera que é necessário destruir estes bancos, que ele compara a uma hidra, e resgatar a moeda para a esfera pública. Eis sua entrevista:

Como um punhado de bancos tomou a forma de uma hidra mundial?
O processo é perfeitamente claro. Depois da liberalização da esfera financeira iniciada nos anos 1970 (taxas de câmbio e de juros definidas pelo mercado e não mais pelos Estados, e liberalização de movimento do capital), os mercados monetários e financeiros tornaram-se globais em meados dos anos 1990. Os maiores bancos tiveram então de adaptar a sua dimensão a esse novo espaço de intercâmbio, por meio de fusões e reestruturações. Reuniram-se as condições para o surgimento de um oligopólio em escala global. O processo assumiu rapidamente escala internacional e tornou-se gigantesco: o balanço total dos 28 bancos do oligopólio (50,341 trilhões de dólares) é superior, em 2012, à dívida pública global (48,957 trilhões de dólares)!
Desde 2012, descobriu-se também que esses bancos muito grandes se entenderam entre si de forma fraudulenta a partir de meados dos anos 2000. A partir desse momento, esse oligopólio transformou-se numa hidra devastadora para a economia mundial.

Em que esses bancos são sistêmicos?
Estes 28 bancos foram declarados, acertadamente, “sistêmicos” pela reunião do G20 de Cannes, em 2011. A análise das causas da crise financeira da crise iniciada em 2007-2008 não podia deixar pairar qualquer dúvida sobre a responsabilidade desses bancos no desencadeamento do processo. Estão em causa os produtos financeiros “derivativos”, que espalharam-se na época e ainda continuam a ser difundidos em todo o mundo. Lembremo-nos de que estes derivativos são produtos que visam oferecer garantias a seus possuidores, em caso de dificuldades econômicas – e alguns deles têm caráter muito especulativo. Sua conversão em dinheiro pode tornar-se catastrófica, em caso de uma crise. No entanto, apenas 14 bancos com importância sistêmica “fabricam” estes produtos, cujo valor imaginário (o montante dos valores segurados) chega a 710 trilhões de dólares — ou seja, mais de 10 vezes o PIB mundial!

E você afirma que eles praticam acordos fraudulentos?
Múltiplas análises demonstraram que esses bancos ocupam posições dominantes sobre vários grandes mercados (de câmbio, de títulos de dívida e de produtos derivados). É característico de um oligopólio. Mas desde 2012, as autoridades judiciais dos Estados Unidos, britânicas e a Comissão Europeia aumentaram investigações e multas que demostram que muitos desses bancos – sobretudo onze entre eles (Bank of America, BNP-Paribas, Barclays, Citigroup, Crédit Suisse, Deutsche Bank, Goldman Sachs, HSBC, JP Morgan Chase, Royal Bank of Scotland, UBS) – montaram sistematicamente “acordos organizado em bandas”. A imposição de multas de muitos bilhões de dólares, contra a manipulação do mercado de câmbio ou da Libor [taxa de referência para juros interbancários, estabelecida em Londres], demonstra que esta prática existe.

O mundo está sentado sobre uma montanha de bombas-relógio financeiras montadas unicamente por este punhado de bancos?
Há várias evidências de muitas bolhas financeiras que podem estourar a qualquer momento. As bolha do mercado de ações só pode ser explicada pelas enormes injeções de liquidez, por parte dos bancos centrais. Mas, acima de tudo, há a bolha da dívida pública que atingiu todas as grandes economias. As dívidas privadas tóxicas do oligopólio bancário foram maciçamente transferidas para os Estados, na última crise financeira. Este superendividamento público, devido exclusivamente à crise e a esses bancos, explica as políticas de “rigor” e “austeridade” praticadas em cada vez mais países. Este superendividamento é a ameaça principal, como se vê na Grécia.

Regulação de derivativos – inclusive de crédito –, luta contra o “sistema bancário da sombra”, reforço dos fundos próprios, separação entre bancos de depósito e de investimento… não se pode dizer que nada foi feito para estabelecer algum controle sobre os bancos.
Vamos olhar mais de perto. O “sistema bancário sombra”, ou seja, o sistema financeiro não regulamentado, não pare de crescer – notadamente através do oligopólio bancário – para escapar das normas de supervisão e, em primeiro lugar, para negociar com derivativos. O reforço de capital próprio dos maiores bancos foi ridiculamente baixo. E em nenhuma legislação em vigor há uma verdadeira separação “patrimonial” das atividades bancárias. Em suma, o lobby bancário, muito organizado em escala internacional, tem sido eficaz, e o oligopólio pode continuar na mesma lógica financeira deletéria que praticava antes da crise.

Como os Estados tornaram-se reféns do oligopólio sistêmico que são os bancos?
Depois dos anos 1970, os Estados perderam toda a soberania monetária. Eles são responsáveis. A moeda agora é criada pelos bancos, na proporção de cerca de 90%, e pelos bancos centrais (em muitos países, independentes dos Estados) para os restantes 10%. Além disso, a gestão da moeda, através de seus dois preços fundamentais (as taxas de câmbio e taxas de juros) está inteiramente nas mãos do oligopólio bancário, que tem todas as condições para manipulá-los. Assim, os grandes bancos têm nas mãos as condições monetárias para o financiamento dos investimentos, mas sobretudo do para o financiamento dos déficits públicos. Os Estados não são apenas disciplinados pelos mercados, mas sobretudo reféns da hidra mundial.

Há portanto uma relação quase destrutiva desses bancos com relação aos Estados
Essa relação é, de fato, devastadora. Nossas democracias esvaziam-se progressivamente, em razão da redução (ou da ausência) de margem de manobra para a ação pública. Além disso, o oligopólio bancário deseja instrumentalizar os poderes dos Estados, para evitar eventuais regulações financeiras, ou limitar o peso das multas às quais deve fazer face quando é pego com a boca na botija. Quer evitar especialmente processos de repercussão pública.

Mas os bancos não permitem aos Estados financiar os déficits orçamentários?
Não devemos esperar que os bancos privados defendam interesses sociais! Os bancos veem primeiro os seus lucros, que eles podem realizar por meio de suas atividades financeiras particulares, ou de suas atividades especulativas. Seus gestores olham para os Estados como para qualquer outro ator econômico endividado. Medem os riscos e a rentabilidade de um investimento financeiro. As dívidas do Estado são vistas por eles como um ativo financeiro, tal como qualquer outro – que se compra ou se vende, e sobre o qual é igualmente permitido especular.

Na mitologia grega, Hércules é o encarregado deve matar a hidra. E em nosso mundo: onde está o Hércules capaz de matar a hidra bancária mundial?
Sobre isso, não há dúvidas. Nosso Hércules de amanhã será um ator coletivo, uma futura comunidade internacional, de legitimidade democrática incontestável, libertada de seus dogmas neoliberais, e suficientemente consciente de seus interesses de longo prazo para organizar o financiamento da atividade econômica mundial. Dito de outra forma, um ser ainda imaginário! Um primeiro passo seria dado, contudo, se um novo Bretton Woods fosse convocado para criar uma moeda comum em escala internacional, e não apenas no contexto das soberanias monetárias nacionais restauradas.

Você aposta na inteligência política?
Sim, certamente! Mas, sobretudo, aposto na inteligência dos cidadãos do nosso planeta. As redes sociais podem ser instrumentos formidáveis para criar esta inteligência política, de que temos extrema necessidade hoje.

Estariamos caminhando para um desastre de escala sem precedentes?
Ele está diante de nós. Todas as condições estão maduras para um novo terremoto financeiro ocorrer, quando os Estados estão exangues. Ele será ainda mais grave do que o precedente. Ninguém pode desejá-lo, porque seus efeitos econômicos e financeiros serão desastrosos e suas consequências políticas e sociais podem ser dramáticas. Podemos vê-los na Grécia. Urgência democrática e lucidez política tornaram-se indispensáveis e urgentes.

Os bancos estão todos podres? As finanças, necessariamente perversas?
Quando um oligopólio superpoderoso administra o dinheiro como um bem privado, não podemos ser surpreendidos pela lógica financeira que resulta daí. Os bancos buscam metas de lucro, com a tentação recorrente, entre os maiores, de fazer acordos oligopolistas. A hidra bancária nasceu há cerca de dez anos, e já tomou conta de todo o planeta. O confronto de poderes, entre bancos avassaladores e poderes políticos enfraquecidos, parece agora inevitável. Um resultado positivo desta luta – a priori desigual – só pode ocorrer por meio mobilização de cidadãos que estejam plenamente conscientes do que está em jogo.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Neste Natal dê: Amor e Liberdade


Concerto completo em homenagem a José Afonso, ao vivo no Mediapart. Pour José Afonso, concert live sur Mediapart 

Livre não sou, que nem a própria vida 
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

De nenhum fruto queiras só metade, por Miguel Torga

Alexi Zaitzevi

De nenhum fruto queiras só metade
Recomeça…Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.


De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Bancos contra povos

Actualização da postagem (hoje 6 de Dezembro, 12:18) Importante
Partilhem. Não parem de partilhar...criemos uma verdadeira bola de neve em nosso favor...2013 está à porta. Não podemos aceitar a impostocracia em nome de interesses privados. 
Bancos contra povos: os bastidores de um jogo manipulado! (1º artigo e 2º artigo
And who by fire, who by water, who in the sunshine, who in the night time, who by high ordeal, who by common trial~ Leonard Cohen


Há sempre uma profundidade, um arranque, uma faísca, que desperta a chama da bondade e gratidão...falta o líder?? Para quê? Porquê? Talvez a resposta esteja mesmo dentro de nós, não acham?

who in your merry merry month of may, who by very slow decay, and who shall I say is calling? Leonard Cohen performed by Coil


Biografia:
Leonard Cohen

Página Oficial
Leonard Cohen

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

We need your support to bring Chief Raoni to Germany! Documentário: "Belo Monte, Announcement of a War"

Support Chief Raoni (like)
Check out this video: "Belo Monte, Announcement of a War"

Belo Monte, Announcement of a War from CINEDELIA on Vimeo.


PLEASE DONATE ONLINE:
http://environmentalists.de/index.php?id=16&L=1

Chief Raoni is the most prominent representative of the indigenous groups in the Amazon basin. But the Amazon is under big threat! The Belo Monte Dam is already under construction and will destroy about 400 km² of rainforst! The first people have already been driven from their homes by force! To raise awareness for this situation, Chief Raoni will come to Europe in December. 

WE ARE BRINGING RAONI TO GERMANY AS SOME BIG COMPANIES LIKE SIEMENS AND DAIMLER BENZ ARE INVOLVED IN BELO MONTE!

Read more here:
ENGLISH: http://environmentalists.de/index.php?id=51&L=1
DEUTSCH: http://environmentalists.de/index.php?id=51

We need funds to cover the expenses of Chief Raoni and his delegation. PLEASE DONATE and help us pay for:
- flight to and from Germany
- food and accommodation
- local transportation costs in Berlin
- interpreter fees for press conference
- campaigning in Germany

THANK YOU VERY MUCH!

The Environmentalists are a registered charity, based in Berlin (Germany).
register court: Amtsgericht Charlottenburg
register number: VR 30139 B


UPDATED! Support Chief Raoni in his fight against the Belo Monte Dam (Amazon)! Please sign and SHARE all 10 petitions below! Thank you!
The dam will lead to collapse - not only of many animal species, but also of many indigenous tribes and the Amazon system as itself. 

New petitions:
1.) http://www.change.org/petitions/belo-monte-hydroelectric-dam-construction-stop-the-construction-of-this-hydroelectric?74180

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

domingo, 2 de dezembro de 2012

Dia Internacional para a Abolição da Escravatura




Trouxe aqui um teledisco baseado no excelente filme Aguirre, a Cólera dos Deuses Portugal foi pioneiro na abolição da escravatura. Contudo e como sabem, se Pombal foi pioneiro a legislar sobre o assunto de forma consistente, Portugal foi dos últimos países a abolir definitivamente a escravatura. 

O Dia Internacional para a Abolição da Escravatura observa-se a 2 de Dezembro.

Apesar dos progressos registados, a abolição da escravatura é ainda uma meta em pleno século XXI, constituindo-se o dia 2 de Dezembro como uma altura de reflexão e de luta contra esta realidade. A escravatura ainda se faz sentir nos dias de hoje de várias formas: trabalho forçado, servidão obrigatória, tráfico de crianças e mulheres, prostituição, escravatura doméstica, trabalho infantil, casamentos combinados, entre outros.

Este Dia Internacional da Abolição da Escravatura foi criado em 2004 pela Organização das Nações Unidas (ONU) que estima que existam 21 milhões de vítimas de escravidão espalhadas pelo mundo. A data lembra a assinatura da Convenção das Nações Unidas para a Supressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição de Outrem, a 2 de dezembro de 1949.
A escravatura é um crime, sendo que aqueles que o cometem, permitem ou toleram devem responder perante a justiça.


“Para que discutir com os homens que não se rendem às verdades mais evidentes? Não são homens, são pedras. Tenho um instinto para amar a verdade; mas é apenas um instinto.” ―Voltaire

sábado, 1 de dezembro de 2012

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

As contradições absurdas do capitalismo


Actualização: Passos admite concessionar escolas públicas a privados. E, grave, mesmo gravíssimo porque não haverá retorno possível, será a concessão/privatização do ensino superior.

Estes pupilos Passos Coelho, Relvas, Nuno Crato e Gaspar são neo-salazaristas e retrógrados, impondo cegamente um regime sanguinário. A União Europeia está mergulhada num merkelismo sem precedentes. O tempo está negro. A luz (ainda) é a sustentabilidade.
"Só serei verdadeiramente livre quando todos os seres humanos que me cercam, homens e mulheres, forem igualmente livres, de modo que quanto mais numerosos forem os homens livres que me rodeiam e quanto mais profunda e maior for a sua liberdade, tanto mais vasta, mais profunda e maior será a minha liberdade." - Mikhail Bakunin
Bom dia- faça o seu contributo por mais liberdade- liberte-se!

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Como elevar o primado da diversidade humana dentro da maior mentira do séc. XXI que é a austeridade

Muito precisava desta lentidão e qualidade pedagógica e elevação estética que não existe no telelixo. Os pais e professores estão cada vez mais isolados. Vamos deixar que o economês nos derrube?

Acho que temos que contornar as ideologias e trazer valores ao debate político. Trabalharmos as fronteiras que nos une e que nos divide. Caso contrário, o Holocausto repetir-se-à. A austeridade carrega em si um programa ideológico e não um programa de crescimento ou de economia ou de paz. Imagino-me e tenho cada vez mais a sensação de caminhamos para a autofagia, como no filme Apocalypto. Será a História sempre um eterno Big-bang e um Big-crash? Não poderemos inverter activamente por meios pacíficos? Eu vejo isso pelo meu próprio filho e enquanto professor: há demasiado bullying nas escolas, as aprendizagens estão desfasadas e comprimidas por causa dos exames, quase tudo reduzido a papel e lápis e copiar/colar , mais do que Ensino pelos processos e reflexões. A sociedade desabou/colapsou-se do consumismo e adormecida pela Disney Kids e telelixo e futebol que propaga valores de conflito e parvoíce...Depois o patronato em crise com o trabalhador. Na AR não devia haver disciplina de voto. Aos deputados pede-se mais deveres cumpridos do que zelar por seus interesses e por seus direitos. Sei que alguns são raríssimas excepções, mas indigna-me ver como presidenta da AR, uma reformada aos 40 e poucos anos! Indigna-me saber que quase 60% de deputados são acessores de empresas e de escritórios de advogados...etc, etc...E temos em mãos 1,5 milhão de pobres e 3 milhões em pura sobrevivência...O fio já é grande. Para terminar um video com fotos de várias populações e etnias humanas e um poema cortante de António Gedeão. Cumprimentos a todos.

Homem 
Inútil definir este animal aflito. 
Nem palavras, 
nem cinzéis, 
nem acordes, 
nem pincéis são gargantas deste grito. 
Universo em expansão. 
Pincelada de zarcão 
desde mais infinito a menos infinito. 
António Gedeão

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Somos todos elefantes

Actualização em 3-12-12Vale a pena lutar...aos pouquinhos, pequenas vitórias.Ocho meses después del safari del Rey español, Botswana prohíbe la caza de animales grandes

Como é possível/admissível assassinar/caçar tão nobre ser vivo, inspirador de força, união. Inspirador de poetas e de fotógrafos.




Eu sou elefante! 
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
e as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa

[ler aqui o poema completo e belíssimo de Carlos Drummond Andrade]