segunda-feira, 31 de março de 2025

Peritos internacionais pedem moratória de 10 a 15 anos para mineração em mar profundo


Um grupo de especialistas mandatado pelo Presidente francês recomenda uma moratória de 10 a 15 anos para a exploração dos fundos marinhos, alertando que a incerteza sobre a mineração do mar profundo pode pôr em risco o planeta.

“Não é por ser um ecossistema remoto que [o fundo do oceano] não tem relação com o resto da Terra. Por isso concluímos por um princípio de precaução e recomendamos uma moratória de 10 a 15 anos como a única maneira de posteriormente tomar decisões informadas com base no conhecimento científico”, disse hoje o coordenador do grupo de trabalho.

Bruno David, ex-presidente do Museu Nacional de História Natural em França, apresentava as conclusões do trabalho que coordenou, a pedido do Presidente Emmanuel Macron, durante a iniciativa SOS Oceano, a decorrer em Paris até segunda-feira.

A comissão científica, co-coordenada pelo ex-ministro português Ricardo Serrão Santos, incluiu 18 membros de 15 países, de áreas científicas como história natural, geologia ou ciências naturais, mas também das ciências humanas.

Ao longo de oito meses, o grupo estudou o potencial da exploração dos fundos marinhos tendo em conta a necessidade de recorrer à extração mineral para promover a transição energética, como forma de combater as alterações climáticas.

“Estamos a tentar resolver um problema que conhecemos bem, as alterações climáticas, mas talvez estejamos a saltar para outro problema, que é a exploração do fundo do mar, (…) e talvez o segundo problema possa ser pior do que o primeiro”, disse Bruno David perante dezenas de personalidades ligadas ao oceano, incluindo cientistas, decisores políticos e ambientalistas.

A Comissão analisou questões económicas, relacionadas com a biodiversidade, com os equilíbrios bioquímicos do planeta, questões sociológicas, relacionadas com a lei internacional e com a redistribuição equitativa de benefícios.

“Todas essas questões têm de ser cuidadosamente consideradas no contexto da exploração dos recursos do mar profundo, porque até agora só temos exploração científica e não exploração económica”, afirmou.

A conclusão dos peritos é que “as incertezas sobre os potenciais efeitos colaterais da mineração em águas profundas podem levar-nos a territórios desconhecidos”, pelo que deve aplicar-se o princípio da precaução.

“Não é porque o mar profundo está longe de nós que não tem consequências sobre nós”, afirmou Bruno David, sublinhando que “a ciência é que deve guiar as escolhas, e não a pressa e a urgência”.

“O lucro imediato é sem dúvida importante, mas lançar ações sem considerar todas as consequências pode revelar-se desastroso”, acrescentou.

Bruno David apelou por isso à humildade de reconhecer que o ser humano não sabe tudo e a humanidade é muito pequena, quando comparada com o oceano, que evoluiu ao longo de centenas de milhões de anos.

“A humanidade deve proteger e preservar o oceano profundo pelo seu valor intrínseco, só isso”, concluiu.

Organizado pela França e pela Fundação Oceano Azul, com a colaboração da Bloomberg Philantropies, o SOS Ocean pretende lançar a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, prevista para junho em Nice, e responde a um apelo do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que no verão passado, em Tonga, lançou um ‘SOS’ para os oceanos.

domingo, 30 de março de 2025

Grande Reportagem - Rewilding Portugal e Grande Vale do Côa


O rewilding apresentado como uma ferramenta poderosa para permitir que a natureza se regenere por si própria, com intervenções humanas mínimas e estratégicas, acelerando assim a recuperação de ecossistemas e trazer de volta espécies-chave que desempenham papéis vitais no equilíbrio ecológico.

Mais do que voltar ao passado, olhamos é sempre para um futuro de paisagens biodiversas e funcionais, reagindo finalmente de forma prática e efetiva à degradação que a inação nos tem levado. E estamos todos os dias a fazê-lo no terreno, em proximidade, junto das comunidades e trazendo-lhes também benefícios sociais e económicos deste trabalho conjunto.

sábado, 29 de março de 2025

Reportagem: "O paradoxo da energia verde"


Será que todas as fontes de produção de eletricidade assumida como renovável podem ser associadas a descarbonização e redução da poluição?

A queima de biomassa florestal para produzir electricidade cresceu devido ao facto de esta fonte ter sido tolerada como neutra em carbono pelas Nações Unidas.

Este enquadramento político permite às nações queimar biomassa florestal em vez de carvão e não contabilizar as emissões para as ajudar a cumprir as metas de carbono do Acordo Climático de Paris.

A ciência atual identifica a queima de biomassa florestal como mais prejudicial do que a queima de carvão, e que uma das melhores formas de travar as alterações climáticas e sequestrar carbono é permitir que as florestas continuem a crescer. As designações de neutralidade carbónica da União Europeia para a biomassa florestal estão erradas, afirmam os cientistas que defendem uma mudança na política global.

Documentário produzido pela Acréscimo, com o apoio da Biofuelwatch.

segunda-feira, 17 de março de 2025

O vínculo amargo




Esta curta-metragem de animação, chamada "The Bitter Bond, foi lançada pela Born Free Foundation e denuncia a criação de leões em cativeiro na África do Sul. Porque existem reservas privadas onde são criados para que quem quiser e puder pagar possa ir e disparar.
Não há maior hipocrisia do que a do ser humano.

domingo, 16 de março de 2025

Cidadania


"Liberdade, igualdade, fraternidade, mutualismo, solidariedade: tudo isso é uma coisa linda. Mas quando nos impingem a cidadania, a coisa complica-se… O que é o cidadão? Para mim, não é só ter direitos e deveres: é ter que servir".
Gonçalo Ribeiro Telles