Os primeiros resultados foram anunciados em 14 de Outubro pelos organizadores da expedição realizada no início de outubro, tendo como alvo o Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado.
No total, foram identificadas 206 espécies marinhas, incluindo mais de 40 novos registos para esta área protegida, revela uma nota de imprensa divulgada pela Fundação Oceano Azul, pelo Oceanário de Lisboa e pelo CCMAR – Centro de Ciências do Mar, da Universidade do Algarve, ligados à organização desta iniciativa.
“Estes resultados reforçam o conhecimento científico essencial para apoiar o desenvolvimento dos instrumentos de gestão pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e para garantir a consolidação e proteção efetiva desta Área Marinha Protegida”, afirmam as três entidades.
A expedição científica aconteceu entre 2 e 7 de outubro. “Os dados continuam em análise, mas os primeiros resultados confirmam a riqueza e valor deste ecossistema”, afirma a organização. No total, foram registadas 206 espécies diferentes, incluindo 137 invertebrados, 41 peixes, 13 algas, 12 aves marinhas e três cetáceos.
Criado em janeiro de 2024, o Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado é a primeira Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário em Portugal Continental. “Resulta de um processo participativo pioneiro que reuniu pescadores, cientistas, autarquias e cidadãos em torno de um objetivo comum: proteger o oceano.” Em causa está uma área com 156 quilómetros quadrados – que inclui a área entre o Farol de Alfanzina, limite oeste, e a marina de Albufeira, nos municípios de Albufeira, Lagoa e Silves.
A Pedra do Valado é considerada um hotspot de biodiversidade marinha com 1059 espécies marinhas registadas, incluindo 754 invertebrados, 152 peixes vertebrados, 61 aves marinhas, 2 tartarugas marinhas, 7 espécies de cetáceos e 82 espécies de macroalgas. Naquela área marinha foram identificadas 18 espécies ameaçadas, entre as quais os cavalos-marinhos (Hippocampus spp.) e o mero (Epinephelus marginatus).
Um dos destaques da expedição foi o banco de rodólitos (algas calcárias) desta área protegida, que é “o único conhecido em Portugal continental”. “Trata-se de um habitat de elevada importância ecológica, essencial para a retenção de carbono e equilíbrio do oceano”, acrescenta a equipa, que concluiu que este “banco se mantém saudável e funcional, apesar da sua vulnerabilidade às alterações climáticas, que podem afectar a capacidade de calcificação das algas”. Mesmo após a morte dos organismos, explicam, “o carbono permanece armazenado, reforçando o papel duradouro deste habitat na mitigação das alterações climáticas.”
No entanto, os trabalhos científicos revelaram também o desaparecimento das pradarias marinhas anteriormente identificadas nesta zona, “um sinal preocupante que poderá estar associado à proliferação da alga invasora asiática Rugulopterix okamurae”.
Quanto aos jardins de gorgónias apresentaram bom estado ecológico, com o registo de novas espécies de profundidade e de corais duros pela primeira vez nesta área.

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