terça-feira, 12 de agosto de 2025

A Conexão Humana com a Natureza Está a Diminuir Drasticamente — O Que Isso Significa?


Um estudo recente liderado pelo professor Miles Richardson, da Universidade de Derby, revela que a ligação das pessoas à natureza diminuiu mais de 60% desde 1800. Esta queda dramática reflete-se, por exemplo, na forma como palavras como “rio”, “musgo” e “flor” praticamente desapareceram dos livros ao longo dos últimos 200 anos.
O estudo, publicado na revista científica Earth, utilizou um modelo computacional para analisar dados sobre urbanização, perda de biodiversidade e a falta de transmissão intergeracional do contacto com a natureza.
Nos últimos dois séculos, o mundo mudou profundamente. A industrialização, o crescimento das cidades, a digitalização e o ritmo acelerado da vida moderna têm afastado cada vez mais as pessoas da natureza. Menos tempo passado ao ar livre e um quotidiano dominado por ecrãs levam a que as novas gerações cresçam com menos contacto com ambientes naturais.
Esta desconexão tem consequências importantes para a saúde física e mental, para o nosso bem-estar e para a forma como encaramos a proteção ambiental. Estudos mostram que passar tempo na natureza ajuda a reduzir o stress, melhora a concentração e fortalece o sistema imunitário. Além disso, quem conhece e valoriza a natureza está mais propenso a agir para a preservar.
O declínio no uso de palavras ligadas à natureza em livros não é apenas uma curiosidade linguística — é um sinal cultural de que a nossa relação com o mundo natural está a enfraquecer. Se não formos capazes de recuperar este contacto, corremos o risco de perder a empatia e o cuidado necessários para proteger o ambiente que sustenta a vida.
Para reverter esta tendência, é essencial que políticas públicas e iniciativas educativas incentivem a aproximação das pessoas à natureza, valorizando o património natural e promovendo experiências ao ar livre. O estudo de Richardson sugere que intervenções eficazes incluem a introdução das crianças à natureza desde cedo, como em escolas do bosque, e a expansão significativa dos espaços verdes urbanos — até 1.000% em algumas áreas. Estas mudanças podem ajudar a restaurar a ligação das pessoas à natureza e promover um futuro mais sustentável.

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