sexta-feira, 25 de julho de 2025

A Educação Sexual não é uma matéria ideológica. É saúde pública.


Esta não é uma decisão de um Ministério da Educação que governa de acordo com a evidência técnica e científica.

É uma lamentável cedência populista a quem não se importa de aumentar as gravidezes indesejadas e a vulnerabilidade das crianças e jovens. É um triste retrocesso que responsabiliza esta equipa do Ministério da Educação, Ciência e Inovação pelas consequências que a ignorância, o obscurantismo e o negacionismo têm na vida de tantas e tantas crianças e jovens. A educação sexual é uma vacina contra o abuso sexual, contra as IST, contra as gravidezes indesejadas, contra a vergonha de ser diferente e contra a subjugação física e emocional. Privar as crianças do acesso ao ensino destas matérias é anti-ciência e é profundamente desumano.

Lecionei esta disciplina desde que ela foi fundada. Grande desconhecimento do que fazem os professores! Quantas formações fizemos nesta e noutras áreas!

Estaremos a voltar ao tempo da "moralidade" salazarenta! O que não é visto nem ouvido, não existe! Voltaremos aquele tempo, no qual eu tive tanto que lutar para alterar, em que se a ideia feita que ao lecionarmos Educação Sexual nas escolas estávamos a promover o ato sexual em menores?! As estatísticas comprovam o contrário, mais conhecimento e informação correta (não a dos Tik toks e pornografia, sim as nossas crianças veem pornografia e contextos de sexualidade violenta e abusadora) atrasa o mesmo! Cerca de 500 jogos sexualmente violentos e misóginos foram banidos de plataformas.
 
Quantos alunos e alunas me passaram pelas mãos que se não fossem os conhecimentos adquiridos nas aulas, de Cidadania e de Ciências Naturais e Biologias, nunca teriam acesso a informação correta sobre, nomeadamente: respeito, autoestima e não violência no namoro, sistema reprodutor, métodos contracetivos, gravidez e desenvolvimento fetal, afectos, tolerância LGBTQIA, prevenção de IST, etc.
Enfim, tudo em prol de um populismo patético e com o sacrifício da educação dos nossos jovens! 

P.S. Aos pais que criticam a Educação Sexual Formal, pensem que muitos casos de abuso sexual de crianças e jovens são feitos dentro da família. A Educação Sexual como estava no anterior Governo era correcta, pois ensinava crianças e adolescentes a detectar os primeiros indícios de violação sexual.

Em 2024, o Instituto Nacional de Estatística (INE) reportou 1.041 participações policiais por abuso sexual de crianças, adolescentes ou menores dependentes, representando 32,2 % do total de crimes contra menores (3.237 participações) e mais de 9.085 menores receberam apoio direto da APAV entre 2022 e 2024, com média de idades entre 11 e 17 anos, sendo 60 % meninas e 38,3 % sendo filhos dos agressores.