quarta-feira, 23 de julho de 2025

A China criticou hoje a decisão dos Estados Unidos de abandonarem a UNESCO, considerando-a indigna de “um país grande e responsável”

A China criticou hoje a decisão dos Estados Unidos de abandonarem a UNESCO, considerando-a indigna de “um país grande e responsável”, e pediu um compromisso com o multilateralismo e os princípios da Carta das Nações Unidas. 

“Os Estados Unidos têm acumulado, há muito tempo, pagamentos em atraso das suas contribuições como membro da UNESCO”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, lamentando o novo anúncio de retirada feito por Washington esta semana.

“A China sempre apoiou firmemente o trabalho da UNESCO”, sublinhou Guo, destacando a missão da organização em “promover a cooperação internacional em educação, ciência e cultura, fortalecer o entendimento entre civilizações e salvaguardar a paz mundial”.

Wu Yan é o membro chinês do Conselho Executivo da UNESCO (2021-2025). É Vice-Ministro da Educação da China.

No contexto das comemorações do 80.º aniversário da fundação das Nações Unidas, o diplomata apelou a todos os países para que “reafirmem o seu compromisso com o multilateralismo” e apoiem um sistema internacional com a ONU no centro, “baseado no direito internacional e nos princípios da Carta das Nações Unidas”.

A República Popular da China é membro da UNESCO desde 1971, ano da sua entrada na ONU, e ocupa atualmente um assento no Conselho Executivo da agência (2021–2025).

Nos últimos anos, a China tornou-se um dos principais contribuintes financeiros da UNESCO e acolhe vários centros ligados à organização, nas áreas da educação, património e ciência.

Mas já veio críticas dos EUA. Washington serviu de proteção contra os esforços da China para utilizar a UNESCO para influenciar a educação, as designações históricas e até a inteligência artificial.

A China tem sido acusada de perseguir vários grupos étnicos, religiosos e políticos. Um dos casos mais notórios e internacionalmente denunciados é o da perseguição aos uígures, um povo de maioria muçulmana que habita a região de Xinjiang, no noroeste da China.

Perseguição aos Uígures:
  1. Religião e Cultura: Os uígures são de origem túrquica e seguem predominantemente o Islão. A China tem restringido práticas religiosas, culturais e linguísticas desse povo.
  2. Campos de "reeducação": Estima-se que mais de um milhão de uígures foram detidos em campos que o governo chinês chama de "centros de reeducação", mas que têm sido denunciados por abusos, tortura e doutrinação política.
  3. Vigilância em massa: Há uso extensivo de tecnologia para controlar a população uígur, incluindo reconhecimento facial, controle de dados e presença policial constante.
  4. Trabalho forçado e esterilizações forçadas: Existem denúncias de uso de trabalho forçado e práticas de controle de natalidade que podem configurar crimes contra a humanidade.
Além dos uígures, a China também é acusada de repressão a outros grupos:

Outros grupos perseguidos:
  1. Tibetanos: Sofrem repressão cultural e religiosa desde a ocupação do Tibete pela China em 1950. O budismo tibetano é alvo de controle estatal.
  2. Cristãos: Igrejas não registradas são frequentemente alvo de demolições, prisões de fiéis e censura.
  3. Praticantes do Falun Gong: Um grupo espiritual que é fortemente perseguido desde 1999, com relatos de prisões arbitrárias e até extração forçada de órgãos.
  4. Ativistas e dissidentes: Defensores dos direitos humanos, jornalistas e advogados são frequentemente presos ou silenciados.

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