Como o capitalismo oprime as mulheres

A desigualdade de género constitui uma manifestação concreta das relações de poder que estruturam as sociedades patriarcais. O patriarcado, entendido como um sistema histórico e sociocultural que privilegia os homens e o masculino, estabelece uma hierarquia de género que legitima e reproduz a subordinação das mulheres e de outras identidades marginalizadas (Walby, 1990; Beauvoir, 1949). Trata-se, portanto, de uma estrutura geradora de assimetrias que se expressam em múltiplas dimensões — económica, política, simbólica e cultural (Bourdieu, 1998). A desigualdade de género, por sua vez, constitui o resultado observável dessas dinâmicas estruturais, manifestando-se na divisão sexual do trabalho, na disparidade salarial, na sub-representação política e na violência de género (Scott, 1986; Federici, 2004). Distinguir ambos os conceitos é essencial para compreender que o combate à desigualdade de género não se resume à correção de disparidades pontuais, mas exige a transformação profunda dos mecanismos patriarcais que as produzem (Butler, 1990; hooks, 2000).
📚 Referências sugeridas
Beauvoir, S. de (1949). Le Deuxième Sexe. Paris: Gallimard.
Bourdieu, P. (1998). La domination masculine. Paris: Seuil.
Butler, J. (1990). Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. New York: Routledge.
Federici, S. (2004). Caliban and the Witch: Women, the Body and Primitive Accumulation. New York: Autonomedia.
hooks, b. (2000). Feminism is for Everybody: Passionate Politics. Cambridge, MA: South End Press.
Scott, J. W. (1986). “Gender: A Useful Category of Historical Analysis” The American Historical Review, 91(5), 1053–1075.
Walby, S. (1990). Theorizing Patriarchy. Oxford: Basil Blackwell.
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