Há muitos anos que alerto para a situação de altíssimo risco, na qual políticas inqualificáveis colocaram o nosso país. Há anos que digo que preferia que o meu pais exportasse alimentação e conseguisse divisas, em vez de pasta para papel. Há anos que alerto para a situação em que colocaram o nosso povo rural: na dependência do eucalipto, de uma única fonte de sobrevivência, cuja multinacional até pode “brincar” com o preço de compra.
Por outro lado, o camponês abandonou grande parte dos campos, não só porque preferiu plantar eucaliptos nos seu baldios e, muitas vezes, até nos seus campos de cultivo, como também não tinha capacidade de competir com as multinacionais estrangeiras produtoras de produtos alimentares vegetais e animais, tendo desistido da agricultura, deixando os campos.
Ainda há poucos dias perguntei a um político, que me elogiava o interesse económico do eucalipto para a sua região autárquica, se a população dessa região comia folhas de eucalipto ou comia produtos vindos de outras regiões? Perguntei-lhe também se 90% dessa região tinha ardido por causa de plantas alimentares ou por causa da referida região ser um eucaliptal contínuo? Também lhe perguntei se ele sabia que a produção de pasta para papel era altamente poluente (gasosa e líquida) e que havia efluentes despejados directamente no oceano com um prévio tratamento não totalmente eficiente?
Se esta crise do coronavírus levar ao isolamento do país (espero que não), não estamos preparados para sobreviver, pois não temos alimentos nem produção deles para nos alimentarmos.
Isto é apenas um AVISO SÉRIO, pois vem aí uma crise muito mais grave, como alerta o filósofo José Gil: “Esta terrível experiência que estamos a viver constitui apenas uma antecipação, e um aviso, do que nos espera com as alterações climáticas”
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