Reflorestar, conservar e envolver são palavras de ordem no dicionário de Marta Pinto. Licenciada em Biologia, mestre em Ciências do Mar e defensora da conservação do meio ambiente, através da plantação de árvores nativas, é coordenadora do Grupo de Estudos Ambientais na Universidade Católica Portuguesa (UCP), no Porto. Foi das suas mãos que nasceu, há oito anos, o FUTURO: projecto das 100 mil árvores, cujos resultados foram reunidos num livro, apresentado esta quarta-feira, 7 de Novembro.
Antes de chegar ao FUTURO, Marta passou por várias fases profissionais que sempre criaram pontes entre a biologia e as ciências sociais e que também estavam ligadas àquilo que faz hoje: desenvolvimento de projectos de articulação entre a academia e a comunidade, principalmente na área do ambiente e da sustentabilidade. Com 45 anos, nascida e criada no Porto, foi nesta cidade que estudou e onde, agora, trabalha.
A casa de Marta, que chegou a trabalhar nos Estados Unidos, num departamento de Geografia Humana, é a UCP: já lá vão 15 anos desde que ali entrou pela primeira vez para trabalhar. De uma coordenação entre a instituição e as entidades externas — como é o caso dos municípios e proprietários florestais — nasceu o desafio (e a necessidade) de plantar 100 mil árvores na Área Metropolitana do Porto (AMP).
Em oito anos, a cidade está diferente e isso nota-se nos mais de 170 hectares de árvores nativas plantadas. Antes disso, a paisagem era a de um solo subaproveitado. “Eram áreas que tinham espécies invasoras, como o eucalipto, que tinham ardido e, por isso, estavam degradadas.” “Nós fomos recuperar estas áreas”, acrescentou. Optimista por natureza, como se descreve, acredita que a reflorestação e a plantação de árvores é um pequeno passo no caminho que conduz à manutenção de um planeta mais verde.
No entanto, e apesar do optimismo, diz não ser ingénua ao ponto de pensar que os desafios relativos à sustentabilidade – como é o caso de questões relacionadas com a biodiversidade e das alterações climáticas – que estão, neste momento, em cima da mesa, não constituem, por si só, uma “grande luta que todos temos pela frente”.
“Nós estamos, de facto, num momento-chave da nossa sobrevivência e não creio que o planeta vá ter problemas, o planeta é impecável e vai adaptar-se.” “Acho, isso sim, que o que estamos a fazer é colocar em causa a nossa sobrevivência e o nosso estilo de vida”, rematou. Com isto, Marta Pinto confere grande importância às acções locais, que vê como “determinantes para se conseguir dar um contributo de uma forma positiva”.
Os desafios a nível global são imensos, diz, e difíceis de resolver no imediato. No entanto, iniciativas como a das 100 mil árvores tornam-se decisivas a nível local, já que servem de inspiração a replicações e provocam impacto concreto a nível territorial. Além de, a longo prazo, contribuírem para reduzir em muito a quantidade de gases poluentes na atmosfera.
Apesar de tudo, essa mesma redução não pode, para já, ser traduzida em números nem reflecte os resultados que virá a reflectir daqui a 15 ou 20 anos, explica a especialista. “Estas árvores que plantámos têm a capacidade de armazenar 10 mil toneladas de carbono por ano e esse é um ponto muito importante mas, neste momento, ainda estão a crescer", reforçou. Marta lembra, porém, que essa meta só será atingida "daqui a 15 ou 20 anos".
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