Sundar Pichai, CEO da Alphabet, decidiu finalmente dizer aquilo que toda a gente no setor sabe, mas poucos admitem… Se a bolha da inteligência artificial rebentar, não há empresa que escape. Nem a Google.
Esta afirmação foi feita numa entrevista à BBC, numa altura em que as ações da Alphabet já duplicaram em sete meses e levaram a empresa aos 3.5 mil milhões de dólares em capitalização de mercado.
Curioso, porque Pichai descreveu o momento como “extraordinário”, mas avisa que há “irracionalidade” clara no mercado.
Aliás, comparou diretamente este ciclo ao final dos anos 90, quando o entusiasmo com a Internet levou a valorizações absurdas, seguidas de colapsos, falências e despedimentos. Segundo ele, a IA vai seguir o mesmo padrão… É revolucionária, sim, mas o dinheiro está a cair demasiado depressa, demasiado cedo.
OpenAI, 1.4 mil milhões e um alerta… Que ninguém quer ouvir ou sequer pensar nisso.
Grande parte deste exagero vem, claro, da corrida entre gigantes.
A OpenAI comprometeu-se com um pacote de investimento absolutamente louco de 1,4 biliões de dólares em infraestrutura nos próximos oito anos. Para comparação, espera faturar 13 mil milhões este ano.
É aí que entra a frase de Sam Altman que já corre a indústria inteira: os investidores estão “overexcited” e “alguém vai perder uma quantia fenomenal de dinheiro”.
Há quem diga que a Google está a tentar posicionar-se do lado certo da história, preparando terreno para quando este castelo de cartas começar a abanar. Mas… Quem estará bem no meio de tudo isto?
A posição da Google: vantagem? Talvez, mas sem escapatória.
Apesar do aviso, Pichai defende que a Google está melhor preparada do que os rivais.
O que faz algum sentido, visto que a Google não é apenas IA. Tem chips próprios, vários hardware que vai desde IoT a smartphones e portáteis, YouTube, etc… A Nvidia, OpenAI, Meta ou Anthropic dependem muito mais de terceiros, o que deixa a Google numa posição teoricamente mais estável.
Ainda assim, Pichai não pinta um cenário cor-de-rosa. Fala dos problemas de precisão dos modelos, diz que as pessoas não devem confiar cegamente nas respostas da IA e lembra que a tecnologia é útil, mas não infalível.
Além disso, assume sem rodeios que a IA está a arruinar os objetivos climáticos da empresa.
Os centros de dados para treinar modelos consomem quantidades absurdas de energia e isso já atrasou as metas ambientais da Alphabet. A promessa continua a ser chegar a emissões zero em 2030, mas o discurso já está cheio de avisos.
Conclusão
Mesmo com todos estes alertas, Pichai trata a IA como “a tecnologia mais profunda na qual a humanidade já trabalhou”. Não esconde o lado transformador, mas admite as dores de crescimento.
Dito tudo isto, no fundo, o que esta entrevista revela é simples.
A Google está no topo da onda, mas, se isso correr mal, ninguém sai limpo.
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