Numa suave manhã de abril de 1974, Portugal despertou agitado ao coro da mudança. O perfume dos cravos mesclava-se com as aspirações de uma nação cansada de anos sob o jugo opressivo da ditadura. Neste dia singular, o descontentamento silencioso do povo encontrou eco no coração daqueles que ousaram sonhar, anunciando o fim de um regime que sufocava a liberdade e reprimia o progresso social, económico e cultural do país. Portugal erguia-se, enfim, com a ambição de prosperar, deixando para trás um caminho solitário que havia trilhado durante demasiado tempo.
A Revolução dos Cravos não nasceu da violência, mas da coragem. Foi o grito sereno de um povo que já não aceitava viver calado, a coragem de militares que escolheram a pátria e o povo em vez da opressão. Foi o instante sublime em que a utopia se tornou possível, e Portugal, cansado da noite longa da ditadura, amanheceu livre.
Essa revolução, embora nascida em solo português, ecoou muito além das fronteiras, como um hino universal à dignidade humana. O mundo viu um povo erguer-se com cravos nas mãos e justiça no peito. Homens e mulheres comuns tornaram-se heróis anónimos de uma mudança que brotou das entranhas da sociedade - com resiliência, com sonho, com a sede de um novo amanhã.
O fim da ditadura não foi apenas o desmantelamento da censura ou a criação de instituições democráticas. Foi o início de uma caminhada intensa, nem sempre fácil, mas profundamente transformadora. A democracia chegou com debates, com escolhas difíceis, com o peso e a beleza da liberdade. Trouxe conquistas nos direitos civis, na igualdade de género, na afirmação das minorias, e na ousadia de construir uma economia moderna e aberta ao mundo.
Foi também um renascimento cultural. A palavra voltou a ter valor. A arte, a literatura, o cinema e a música floresceram como sementes guardadas durante décadas, à espera de solo fértil e céu limpo. Expressar-se tornou-se não só um direito, mas um dever cívico, e o país inteiro respirou, finalmente, em liberdade.
O legado do 25 de Abril é eterno enquanto resistirmos à amnésia coletiva. É farol e bússola. Lembra-nos que a liberdade é conquistada, não concedida. Que a democracia se cultiva todos os dias, com participação, com justiça social, com o combate à corrupção e à desigualdade.
Hoje, ao celebrarmos a liberdade, é vital recordar a força dos que nos trouxeram até aqui. Porque num tempo em que tantas conquistas parecem frágeis, revisitamos Abril não como nostalgia, mas como promessa. Promessa de que o povo português saberá sempre - se preciso for - voltar a encher as ruas de coragem, de cravos e de futuro.
4 comentários:
'A Viagem dos Argonautas'
MARIA TERESA HORTA – 25 de ABRIL
https://aviagemdosargonautas.net/2025/04/25/maria-teresa-horta-25-de-abril/
A Viagem dos Argonautas
ASSOCIAÇÃO 25 de ABRIL – COMUNICADO
https://aviagemdosargonautas.net/2025/04/25/associacao-25-de-abril-comunicado-2/
https://alcancaquemnaocansa.blogs.sapo.pt/25-de-abril-51-anos-a-proposito-de-196809
25 de ABRIL * 51 anos. «A propósito de saudações e apelos... o que não pode ser esquecido»
https://alcancaquemnaocansa.blogs.sapo.pt/
Felicidades. Vengo celebrando el día desde 2024 . Por muchos años.
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