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segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Ecojustiça, Químicos, Monsanto, Banca, Multinacionais, Amianto, Lei, Biodiversidade...Harmonia Mundi...




Este artigo do Ecologist [1], relatando a impotência e angústia dos habitantes de dezenas de vilas escocesas cujos rios foram contaminados com químicos da Monsanto e não viram a Justiça reconhecer o princípio poluidor-pagador...levanta muitas questões e inquietações...
Pois...vamos por aí vamos: as empresas fazerem-se de vítimas quando vemos privatizações à força e à bruta [2], instituições públicas a nível europeu a assinarem protocolos verdes com empresas que reincidem com atentados ao ambiente [3] e concorrem aos certificados ambientais apenas para lucros provenientes de engenharia de marketing (como adoptarem a cor verde nas siglas ou mostrarem carros a desfazerem-se em peixinhos numa curva).As empresas e a banca, cada vez mais multinacionalizadas, irão mesmo apoiar projectos de conservação da natureza, dos Parques e Reservas Naturais [3.1]? Irão mesmo substituir o Estado e a Europa naquilo que se propôem fazer no Direito Ambiental de cada estado-membro Europeu [3.2] ou asssistiremos à flexibilidade dos seus projectos financeiros e menor segurança ambiental? Se não criarmos mecanismos de ética profunda nos mercados...onde iremos parar?

Com esta postagem solidarizo-me com os escoceses que se viram derrotados pela Justiça [1], solidarizo-me com os povos que lhes foram retiradas as terras, os lagos, a língua e cultura e que vêm-se forçados à extinção [vídeo Dead Can Dance-Yulunga], solidarizo-me com os povos e pessoas em que as multinacionais do agronegócio lhes retiram a agricultura de sustento [4],solidarizo-me com os jornalistas que exigem informação transparente [5]. Solidarizo-me com as nossas gentes que não querem antenas de muita alta tensão, solidarizo-me com as nossas gentes que querem escolas sem amianto (em há uma lei que diz que é proíbido o amianto [6] e o Estado não quer retirar o fibrocimento com amianto nas nossas escolas). Solidarizo-me com todos os que defendem que BIODIVERSIDADE há só uma e não bidiversidade de primeira e de segunda (vulgo espécies cinegéticas, caça e sobrepesca) e estão no terreno zelando pela biossegurança, pela conservação dos rios, campos, mares e ar e por esse meio anseiam por um mundo livre de conflitos amrmados [7].


[1] The Ecologist- Has the Environment Agency obstructed the course of justice?

[2] Privatização: benefícios duvidosos, riscos concretos

[3] Iniciativa Business e Biodiversity (BB) da União Europeia; BB original (em inglês)

[3.1] Só 10% de empresas preencheram 1 relatório de sustentabilidade em 2005; 65% até reconhecem que houve benefícios operacionais e 81 % das empresas referem a Reputação e Marca como a causa principal para preenchimento desses relatórios

[3.2] Ainda há um longo caminho a percorrer- BCSD Portugal e Empresas associadas

[4] Documentário de 1 h, mostrando o fiasco de campos de algodão transgénico na Índia e de contaminação de produções de agricultura orgânica e convencional

[5] Notícia do The Independent, domingo, 28 de Outubro, informa que vários documentos, obtidos por meio da lei sobre a liberdade de informação britânica, demonstram que o Governo conluiu com uma empresa de biotecnologia definindo as condições de ensaio batatas GM e oferece dezenas de milhões de libras por ano para impulsionar investigação sobre culturas e alimentos modificados.

[6] O Dec. Lei n.º 101/2005, de 23-6 que proíbe a colocação no mercado e a utilização de produtos contendo amianto

[7] Petição Greenpeace para Nobel da Paz 2008

Sítio da semana

Pesticide Watch

Documentário da Semana- O Silêncio das Abelhas (em Francês)



Havia uma versão legendada em Português, mas foi bloqueada.


Os cientistas dizem que podemos estar enfrentando uma catástrofe global. Nos últimos seis meses (2012) até 80% das abelhas norte-americanas simplesmente desapareceram. Agora o pesadelo se espalhou para a Europa. Será que isto é o primeiro sinal de um colapso ecológico gigantesco? Fantásticas fotografias macroscópicas nos darão uma visão mais detalhada do papel crucial que as abelhas desempenham em nosso ecossistema. Exploraremos as teorias divergentes sobre as causas por trás de seu rápido desaparecimento.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Cultura, o elo perdido da sustentabilidade

Entenda a economia criativa e o seu potencial para construção de um futuro sustentável.

Imagine um mundo onde a marca pode representar mais de 75% do valor de uma empresa, enquanto que os recursos naturais se tornam cada vez mais escassos. Diante desse quadro, a desmaterialização da economia passa a ser o foco da estratégia de desenvolvimento dos negócios e governos.

O cenário descrito acima se enquadraria perfeitamente aos dias atuais não fosse pelo último aspecto. O Google, um dos maiores casos de sucesso da atualidade, tem na sua marca, cujo valor estimado é de US$ 100 bilhões, o maior fator de desempenho, superando até mesmo seus próprios produtos e serviços. No entanto, a economia continua seguindo a lógica de gestão de recursos escassos. Como resultado disso, já ultrapassamos em 20% a capacidade de suporte e reposição da biosfera.

Esses dados, já bastante difundidos, reforçam a importância de buscar estratégias de desenvolvimento sustentável, acelerando a desmaterialização da economia. No entanto, a grande dúvida continua sendo como vialibizar essa transição de modelos econômicos e de pensamento. Uma das novidades nesse debate está na constatação de que, se a sustentabilidade é o fim, a cultura pode ser o meio para construir esse futuro desejado. Esse foi um dos focos de discussão da rodada de diálogo sobre economia criativa, que integrou a programação do FILE 2010, em São Paulo.

A mesa, coordenada por Lala De Heinzelin, assessora do Programa de Economia Criativa da South-South Cooperation, unidade do PNUD, contou com a participação de Liliana Magalhães, superintendente do Santander Cultural, Luciane Gorgulho, chefe do departamento de cultura, entretenimento e turismo do BNDES e Maria Arlete Gonçalves, diretora de cultura do Oi Futuro.

De acordo com a ONU, a economia criativa é responsável por 10% do PIB mundial. No relatório Creative Economy, a UNCTAD divulga que, entre 2000 e 2005, os produtos e serviços criativos mundiais cresceram a uma taxa média anual de 8,7%. Duas vezes mais do que o setor de manufaturas e quatro vezes mais do que a indústria.

O conceito ainda em formação, foi criado para designar um setor que inclui, porém extrapola a cultura e as indústrias criativas. De forma muito simplificada, podemos dizer que reúne as atividades que têm na cultura e na criatividade a sua matéria prima. É um conceito amplo o suficiente para incluir a diversidade, tanto de linguagem quanto de modelos de negócios, englobando uma vasta gama de atividades que vai do indivíduo que trabalha educação complementar por meio da música a uma grife de automóveis de luxo.

Segundo Lala, estamos vivendo uma mudança de época, talvez, comparável apenas ao renascimento. Esse período é caracterizado pela transição de uma centralidade - que existiu durante décadas, em que todos os recursos eram tangíveis e, portanto, finitos - para um momento em que aquilo que tem mais valor está ligado ao intangível. Nesse contexto, temos um recurso que é como se fosse a galinha dos ovos de ouro porque tudo aquilo que está ligado ao intangível conhecimento, criatividade e cultura além de não se esgotar, se multiplica e renova, explica.

Não sem razão alguns países já elegeram a economia criativa como estratégia número 1 de desenvolvimento. É o caso do Reino Unido e, mais recentemente da China. A potência asiática adentra a era de pós-industrialização, em que a integração global e o consumo cultural estão exercendo um impacto crescente, sobretudo no ambiente urbano.

Segundo a consultoria chinesa CCID Consulting, a indústria criativa e cultural já movimenta cerca de 170 bilhões de yuans, representando "uma tendência de crescimento reverso" para a crise financeira global com potencial de revitalizar a economia chinesa. O país conta com um Plano de Revitalização da Indústria Cultural, aprovado pelo Comitê Permanente do Conselho de Estado, cujo objetivo é orientar o desenvolvimento futuro desse setor. Em cidades como Beijing, a economia criativa cresce a uma taxa anual de 50%. (Confira mais dados no box abaixo).

Construção de capital social

Além de apresentar um grande potencial econômico, a economia criativa contempla atividades que atuam como fator de interação social, fortalecendo os valores, diferenciais e credibilidade de comunidades e empresas.

A cultura representa o quarto pilar da sustentabilidade. É o que traz o nosso diferencial, pois permite que se agreguem valores. Ela vai ao encontro da nova sociedade do conhecimento, em que o poder está na troca, afirma Liliana Magalhães, superintendente do Santander Cultural.

Possuidor de uma das diversidades biológicas e culturais mais ricas do planeta, o Brasil proporciona um ambiente propício para o avanço de um modelo de desenvolvimento baseado nos pilares econômico, ambiental social e cultural. Não são raros os exemplos de negócios que já trabalham nessa perspectiva, mas devido a falta de indicadores e mecanismos de incentivo adequados eles continuam a margem da economia.

O BNDES, um dos maiores bancos de fomento do mundo com um livro de desembolso de R$ 130 bilhões, tem se dedicado a desenvolver métodos para mensurar esse valor e que também possam embasar o financiamento às atividades criativas. Desde 2006, conta com um departamento de cultura, entretenimento e turismo, que disponibiliza linhas de crédito e fundos de investimento para esses setores. Esses recursos estão sob o guarda-chuva do Programa BNDES para o Desenvolvimento da Economia da Cultura estruturado em três subprogramas: BNDES Procult Financiamento, BNDES Procult Renda Variável e BNDES Procult Não Reembolsável.

Segundo Luciane Gorgulho, do BNDES, há recursos para fomentar a economia criativa, o que falta é dar visibilidade a esse setor, uma vez que ainda não existem muitas estatísticas sobre o tema. É importante disseminar suas histórias de sucesso da economia criativa, setor que hoje enfrenta dificuldades semelhantes das empresas de software, muitas delas surgidas em garagens, destaca. Esse segmento de tecnologia ganhou credibilidade a partir da repercussão de casos de sucesso e se consolidou apesar da bolha da internet.

E como sair dos limites que estamos acostumados a atuar?, provoca Lala. Segundo ela a solução que uma empresa está buscando pode estar em um trabalho desenvolvida por um garoto na periferia. Os negócios têm um papel importante para o fomento da economia criativa porque podem conferir acesso e credibilidade. Se o mesmo menino lançar determinada solução poderá enfrentar resistência em alguns setores. Mas essa dificuldade pode ser minimizada se uma grande empresa identificar seu projeto e de alguma maneira apoiá-lo.

Essa integração é fundamental, pois ajuda a construir confiança, um ativos mais comprometidos desde a última crise financeira global. É preciso haver um entendimento que o desenvolvimento resulta de um processo coletivo e que é essencial se conectar a outros para ter força de reverberação, afirma Liliana, do Santander.

Ainda segundo Lala, o principal fator que impede o País de transformar em realidade seus potenciais e recursos consiste na falta de capital social, resultado da articulação de diferentes setores. As potências endógenas só vão se concretizar se houver um processo capaz de elevar a auto-estima e, ao fazê-lo, reforçar os laços e a identidade, estimulando a cidadania. Tendemos a achar que a semente é a maçã e tentamos vender a torta. Mas antes é necessário preparar o terreno para essa semente germinar e tornar essa torta desejável, reforça.

Quem é quem na economia criativa

Reino Unido

As indústrias criativas britânicas geram £67 bilhões em receitas e crescem duas vezes mais do que o restante da economia.

Esse setor também tem um papel vital na construção de um futuro sustentável

Formalmente definidas como as artes cênicas, antiguidades, artesanato, arquitetura, design, moda, publicidade, rádio e TV, cinema e vídeo, música, publicações, jogos de vídeo e software, a inovação, as indústrias criativas terão um papel fundamental no enfrentamento dos grandes desafios do nosso tempo - a escassez de recursos, mudanças climáticas, resíduos, poluição, uma população em crescimento e pobreza.

Alguns exemplos já existentes:

O movimento Bauhaus defendeu uma filosofia de design da justiça e utilidade, para fornecer o acesso universal a um bom design, melhor habitação e uma vida melhor para todos.

Nos últimos 20 anos, o marketing social ajudou a educar, sensibilizar e comunicar, questões tão amplas como o comportamento anti-social em trens, estilos de vida mais saudáveis e os malefícios do cigarro.

Novas formas de mídia social habilitadas por software de TI e plataformas como o Twitter, kiva ou NetSquared estão diminuindo distâncias geográficas e sociais, proporcionando que as pessoas se mobilizem na busca de soluções para problemas que lhes são comuns.

A arquitetura verde agora é mainstream e já há exemplos emblemáticos de excelência de construção seguindo princípios de sustentabilidade, como o Eden Project, a vila dos Jogos Olímpicos, entre outros.

Adaptado de artigo publicado no Forum for the Future

China

A indústria criativa movimenta cerca de 170 bilhões de yuans, representando uma alternativa ao modelo de desenvolvimento centrado na rápida urbanização que trouxe uma série de problemas sociais e ambientais.

A economia criativa já é foco de investimento e políticas públicas. O país conta com um Plano de Revitalização da Indústria Cultural, aprovado pelo Comitê Permanente do Conselho de Estado, cujo objetivo é orientar o desenvolvimento futuro desse setor.

Em Beijing, Shanghai and Shenzhen, as indústrias criativas crescem cerca de 12.3%, 13.3% e 15.0%, respectivamente, enquanto que o PIB dessas cidades cresce 19.4%, 22.8% e 25.9%, respectivamente. Em 2008, o valor acrescentado no setor cultural criativo em Pequim superou os 100 bilhões de yuans, representando 9% do PIB da cidade. E, esse número ainda está crescendo a uma taxa anual de mais de 50%.

Adaptado de artigo publicado originalmente na Bloomberg

Brasil

A indústria criativa movimenta R$ 381 bilhões e emprega 35,2 milhões de pessoas. O setor representa 16,4% PIB brasileiro:

2,6 % - 12 áreas principais: artes visuais, publicidade, expressões culturais, televisão, música, artes cênicas, filme e vídeo, mercado editorial, software, moda, arquitetura e design)

5,4% - atividades relacionadas a essas áreas: material de artesanato, publicidade, instrumentos musicais, registro de marcas e patentes, dentre outras)

8,4% - atividades de apoio: consultoria especializada, insumos, maquinários)

Autor: Envolverde/Idéia Socioambiental

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Nesta era da globalização falta globalizar a ecossolidariedade...


10 Princípios do Condomínio da Terra
Por
Paulo Magalhães

1. Temos de encarar a crise ambiental mundial, não como um problema do ambiente, mas como um problema da Comunidade dos Homens.

2. Para resolver a crise ambiental mundial, temos de resolver o problema jurídico da coordenação duma multitude de soberanias (Estados) exercidas sobre um bem materialmente indiviso (Terra), conformado por componentes insusceptíveis de divisão jurídica, mas dos quais todas as soberanias são funcionalmente dependentes.

3. Só na definição e prossecução do interesse comum (Terra), será possível continuar a garantir, a cada Estado, os seus direitos - sob pena de estes brevemente deixarem de ter objecto.

4. Um projecto Condomínio da Terra tem que distinguir as fracções estaduais das partes comuns: cada condómino é soberano dentro do seu território e, ao mesmo tempo, detentor de uma soberania partilhada das partes comuns do planeta.

5. As partes comuns são constituídas pelas partes que, de um ponto de vista ambiental, são:
a) necessariamente comuns (a Atmosfera e Hidrosfera), e 
b) presumidamente comuns (a Biodiversidade).

6. Existirá um regulamento do Condomínio da Terra que disciplina o uso, fruição e conservação das partes comuns, e uma Administração que será eleita em Assembleia de Condóminos (Estados).

7. Existe um direito/dever igual per capita no uso/conservação dos bens comuns; logo a votação relativa de cada condómino deverá ser aferida em função do número de habitantes de cada soberania.

8. Cada condómino comparticipará nas despesas necessárias à conservação ou fruição das partes comuns, de forma equitativa, em função do número de habitantes ou do uso efectivamente realizado de partes comuns, quando este for determinável, no sentido de garantir a coincidência entre o óptimo social e o óptimo ecológico.

9. Competirá ao Administrador do Condomínio receber todas as verbas provenientes dos Condóminos e promover projectos de conservação e melhoramento das partes comuns, bem como, compensar todos os condóminos que no seio dos seus estados contribuam para a sua manutenção e melhoramento.

10. Compete ao Condomínio da Terra descobrir formas de compatibilizar os sistemas jurídico e económico com o Sistema Natural Terrestre.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Frente do Algarve Livre de Transgénicos - Abelhas estão a Morrer


Abelhas estão a morrer

Texto publicado na Revista O Apicultor Jul/Set 07

Recentemente a União Europeia e Portugal autorizam a instalação de culturas agrícolas transgénicas, nomeadamente o milho, que se juntou à colza transgénica já anteriormente cultivada em França.

Muito embora os benefícios económicos da sementeira do milho transgénico em território nacional sejam ainda questionáveis, na realidade o interesse por parte dos agricultores Portugueses tem aumentado como se verifica pelo aumento dos pedidos de licenças de sementeira.

O genoma do milho transgénico foi artificialmente modificado de modo a sintetizar proteínas com acção pesticida idênticas às presentes na bactéria Bacillus thuringiensis, usado desde há vários anos no combate a diversas lagartas, não só do milho mas de outras culturas. Este pesticida, que é especifico só para lepidópteros (borboletas e as suas lagartas), não produz , aparentemente, qualquer efeito prejudicial nos restantes insectos de outras famílias, nomeadamente himenópteros (abelhas).

Pela aparente segurança que o milho transgénico garante os ambientalistas não têm conseguido convencer totalmente os governantes a restringir o seu cultivo. As abelhas em particular não mostram grande interesse pelos campos de milho quando existem outras plantas boas fontes de pólen próximas e que garantem a sua subsistência. Porém, as abelhas chegam a alimentar-se quase exclusivamente de pólen de milho quando em caso de carência alimentar ou quando os apiários se situam em áreas de grandes plantações deste cereal, como provou Louveaux nos celebres trabalhos da década de 60. Este investigador encontrou apiários na zona de Landes, em França, a satisfazer cerca de 90% das suas necessidades em pólen com as flores milho, prolongando-se esta situação durante quase um mês até ao inicio da floração da Caluna vulgaris no final de Agosto.

Num estudo das cargas polinicas das abelhas que conduzimos, durante um período de 3 anos (2002-2004), verificou-se, na freguesia de Cesar (distrito de Aveiro, concelho de Oliveira de Azeméis), que o pólen de milho chegou a satisfazer, em algumas semanas, 17% das necessidades das abelhas(figura 1) o que representou nas colónias estudadas aproximadamente 0,5 kg. Actualmente, graças ao recurso a modernas tecnologias, concluiu-se que as abelhas podem fazer colheitas até 10km e forragear em média num raio de 6km (e não 3 como se acreditava), o que significa que a area util de uma colmeia anda em torno de cerca de 113km2.

Quanto à dispersão pelo vento o alcance do fluxo de pólen de milho tem vindo a ser subestimado pois algumas entidades oficiais, embora reforçadas por trabalhos científicos consideram que uma distancia de 300 a 1000m em relação a outras culturas não transgénicas é suficiente para evitar o cruzamento entre plantas porém, como foi observado no nosso trabalho, mesmo numa zona onde a área cultivada com milho disponível, mesmo transgénico, este será colhido pelas abelhas em grandes quantidades, muito superiores ás distancias de segurança geralmente estabelecidas, sendo, por consequência, possível que seja transportado até longas distancias.

Deste modo o pólen de culturas transgénicas, como o milho, algodão e colza, pode chegar a polinizar plantações bastante afastadas ou ser armazenado nos favos das abelhas. No ano 2000 a opinião pública dos Estados Unidos da América foi abalada por uma serie de trabalhos científicos afirmando que as lagartas da borboleta monarca (Danaus plexippus), uma da “bandeiras dos ecologistas norte americanos, podiam ser afectadas indirectamente se ingerissem, mesmo em pequenas quantidades, o pólen oriundo de milho transgénico depositado em ervas daninhas nas borboletas dos campos.

De facto, o impacto desta noticia abalou, embora momentaneamente, a credibilidade da alegada segurança das plantas modificadas geneticamente. O argumento utilizado para defender a plantação de milho transgénico foi de que quando o milho se encontrava em floração a maioria das lagartas já se tinham transformado em borboletas e por conseguinte o risco para esta população seria muito baixo.

A abelha (Apis mellifera) e outros polinizadores trabalham activamente esta planta, usando-a como fonte de pólen, apesar do seu conteúdo em proteína (cerca de 15%) ser considerado relativamente baixo. Como o milho é uma das últimas plantas a florir antes do período invernal o seu pólen poderá ficar na colmeia por vários meses até ser totalmente consumido.

Nas colmeias é frequente existirem, em autentica simbiose com as abelhas, pequenas borboletas a que chamamos traças da cera, geralmente das espécies Achroia grisella e Galeria mellonella. Como é sabido as traças só são encontradas nas colmeias quando as colónias estão fracas e em circunstância alguma são directamente prejudiciais às abelhas.

Embora sejam geralmente consideradas como pragas dos favos armazenados a sua presença na colmeia torna-se benéfica uma vez que não só favos velhos e inutilizados (principalmente em colónias selvagens) como, em caso de morte, destroem toda a cera restante que tenha contido larvas e pólen. Deste modo desempenham um papel importante no controlo de diversas doenças microbianas que afectam as abelhas e outros insectos.

Caso assim não fosse, se os favos ficassem por períodos muito longos no ambiente, seriam inexoravelmente um foco de doenças, pelo que as traças da cera são, sem dúvida, insectos úteis para as abelhas e por conseguinte para o homem.

Muitas vezes as epidemias de podridão loque americana e europeia poderiam ser evitadas caso os apicultores não insistissem em usar a cera das colónias mortas quer misturando com cera novas quer reutilizando os seus quadros. Deste modo a doença em vez de se restringir à colónia afectada, como sucede na natureza alastrará às demais colónias pois a acção limpadora das traças foi impedida.

Com a introdução de culturas transgénicas, e sem estarmos conscientes disso, estamos a desequilibrar o sistema ecológico ainda existente entre os polinizadores e particularmente as abelhas e as traças da cera.

As traças da cera são sensíveis, como os demais insectos da sua família, ao pólen de milho transgénico, chegando a 100% de mortalidade quando o ingerem, mesmo em pequena quantidade.

Surge portanto como natural que sempre que houver pólen de milho transgénico armazenado na colmeia as traças da cera sejam incapazes de a decompor e deste modo ficará por longos períodos no ambiente representado, assim, além de um distúrbio ecológico, um problema para a apicultura e para as populações de insectos polinizadores em geral.

O futuro o dirá!

Os nossos agradecimentos pelo apoio da Estação Experimental de Hortofloricultura da DRAEM, em particular ao Srº Eng.º Henrique Arteiro e à Fundação para a Ciência e Tecnologia (bolsa BD/7049).

O presente texto constitui uma adaptação do artigo Bt transgenic maize pollen and the silent poisoning of the hive publicado pelos mesmos autores no Journal of Apicultural Research 46: 57 – 58 (2007).

Frente do Algarve Livre de Transgénicos Telf. e Fax 282 459 242

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Sair do Nuclear é possível!



A. Do mais recente para o mais antigo

1. Durão Barroso apela à Europa para se empenhar numa terceira revolução industrial, a do nuclear. Mas países como a Austria, a Alemanha, a Irlanda, a Letónia, a Noruega e a Itália mostram-se reticentes, alegando o aumento dos perigos da proliferação nuclear

2. Na Itália, as autoridades investigam um clã mafioso suspeito de alegado contrabando de lixo nuclear para a Somália para produção de plutónio.

3. Combustível radioactivo da central nuclear de Almaraz vai ser transportado de camião para a Bélgica. Só a segurança representa 297 milhões de euros.

4. Há 30 grupos interessado na construção da central nuclear de Cernavoda, na Roménia.

5. A Letónia, a Estónia, a Lituânia e a Polónia vão assinar acordo de construção de central nuclear que substituirá a de Ignalina. (via blogue Ondas)

B. Ver e ler aqui a lista dos 10 locais mais poluídos do Mundo Relatório 2007 do Blacksmith Institute, publicado em Setembro deste ano, CHERNOBYL, UKRAINE, mantém-se, bem como locais onde existem fábricas de exploração mineira de metais pesados.

C. Sobre o ITER , Stephane Lhomme, da organização ambientalista francesa Sortir du Nucléaire (Sair do Nuclear), disse à IPS que o reactor apresenta uma tecnologia muito perigosa e sem futuro. Lhomme considera provável que o ITER nunca produza energia, o que o converteria num novo fracasso do governo. O Estado francês investiu quase US$ 9 bilhões no reactor nuclear Superphénix antes de fechá-lo em 1998 porque não chegou a gerar um único watt de energia, recordou o cientista. (Julho de 2005)

Como sair do Nuclear?

Impulsionar políticas e práticas de eficiência energética, reestruturação de entidades políticas-chave como a ONU (não haver direito a veto, por exemplo), reestruturação da CEE (reforço de participação cívica, orçamentos participativos, etc...), paradigmas socio-culturais mais equilibrados (regulação da população humana a nível do planeta), de planos nacionais e regionais de Educação Ambiental, Alimentar, de Mobilidade e de Saúde Ambiental transversais em todas as sociedades, produção sustentável de energia e medidas de remediação para as consequências que as alterações climáticas previsivelmente terão a prazo (menos barragens, mais reabilitação do imobiliário construído, agricultura biológica, etc...)

domingo, 14 de outubro de 2007

Destruir a Escola Rural... ou refundá-la?

Uma boa causa - crónica de António Pina sobre o novo Estatuto do Deputado publicado em Julho no DR, informação obtida via Sardera

De regresso à escola- análise mordaz e bem-humorada, via Ponte do Sor

Venda de livros escolares usados- informação via Kaska&Deskaska.Os meus parabéns a Patric Figueiredo, jovem de 16 anos, pela excelente iniciativa!

A realidade Portuguesa longe do belo filme Ser e Ter, 2002

As imagens da inauguração em Resende não mostraram o exterior da Escola....foi pena, porque quase aposto que não tem fonte de energia fototérmica e que se ignoraram outros requisitos de uma ecoconstrução, prevenindo gastos de energia.A descentralização energética a todos os níveis é possível e permitiria até vender à rede nacional.Noutro plano, te(re)mos o avanço de hiperprojectos imobiliários e hoteleiros em nome dos PIN (vide o que se passa em relação ao Alqueva), ou junto a (novas) barragens desnecessárias(Rio Sabor), com a criação de mais campos de golfe....e deste modo, além de um Allgarve,teremos um ALLinterior. Como José Marques refere no seu texto, que reproduzo abaixo,a escola rural é o núcleo central de ligação de famílias à aldeia, se queremos o interior vivo, preservado nas suas componentes socioambientais, sem vedar às populações rurais o mesmo conforto e o mesmo plano tecnológico.Por tudo atrás exposto, entendo que é urgente refundar a escola rural.
Destruir a Escola Rural... ou refundá-la?
Por: José Carlos Marques
Qua, 12 de Set de 2007
Os nossos governantes lançam foguetes porque, em vez de umas quantas escolas más que fecharam (maldades que cabia ao poder ter evitado ou reparar), abrem agora uma com mais de vinte salas e mais de duzentas crianças da idade primária.Mas continuará a ser uma escola... ou irá a caminho de ser uma caserna? Não bastaria o exemplo das escolas secundárias com dois e três mil alunos que destroem qualquer possibilidade de uma comunidade escolar real? Ora, mais de duzentos alunos em idades que incluem muitas crianças de apenas 6 ou 7 anos é, creio, mais do que aconselha uma transição gradual do ambiente da família para o ambiente social alargado, que caberia fazer aos primeiros anos de escolaridade obrigatória.Com excepção dos casos mais extremos, as justificações pedagógicas para o encerramento de milhares de escolas rurais são poeira para os olhos.Distribuído pelo jornal Público neste Inverno, o filme Ser e Ter (Être et Avoir, na versão original), que teve retumbante êxito em França, e que é real e não ficção, mostra bem como uma escola rural de 13-14 crianças com idades desde os 4 aos 10-11 anos, pode ser uma excelente escola.O poder está apostado em destruir a escola rural, em muitos lugares ainda a única âncora que segura tenuemente as famílias à terra. Esse fecho, como aliás o de outros serviços, é uma clara opção política na concentração da população, na sua expulsão subreptícia dos lugares rurais ainda não inteiramente urbanizados. Hoje Resende, amanhã o Porto, Aveiro ou Lisboa,depois de Amanhã a Espanha, a Suíça, a Austrália.

Numa política de revalorização do espaço rural seria a viabilização e não a destruição da escola rural a opção. Há décadas que em

França existe um movimento no sentido da refundação e valorização da escola rural, que bem preciso seria em Portugal.

Outros sítios

Le Collectif pour la Défense de l'École Publique de Proximité
Conférence des Écoles




A todos os professores,alunos, encarregados de educação e funcionários desejo um bom início de ano!

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Os Poluidores das Hidroeléctricas


Aviso de Consulta Pública
Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroelétrico
Início - 1 de Outubro - 30 dias. PROTESTE!
Numa entrevista ao
Público, o Professor Catedrático de Hidrobiologia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Rui Cortes, criticou a explosão de barragens no Nordeste (das dez previstas, seis concentram-se nas bacias do Tâmega e do Tua).
Não se consegue compreender como é que surgem estas decisões de construção de grandes barragens antes dos planos de ordenamento das regiões hidrográficas. Devia ser ao contrário, disse Rui Cortes.Indignado, informou ainda que não fazia sentido avançar com barragens que irão pôr em causa o ordenamento sustentável das regiões hidrográficas.
Para Rui Cortes, as sete barragens previstas para o Tâmega (cinco), Tua (uma) e Sabor (uma) vão alterar substancialmente as características da bacia do Douro. Entre os impactos negativos, o Professor destacou a acumulação de poluição nas albufeiras, responsável pela libertação de metano, um dos principais gases com efeito estufa.
O Tâmega está altamente poluído. A albufeira de Fridão vai aumentar ainda mais essa poluição, afirmou, destacando a necessidade de implementação de sistemas de controlo e tratamento das águas retidas nas albufeiras. Em alternativa, Rui Cortes defendeu a adopção de medidas que melhorem a eficiência energética, área em que Portugal apresenta os piores níveis da Europa.Não se está a fazer nada. Não há planos para procurar melhorar a eficiência energética. Os gastos de energia estão a aumentar em Portugal muito mais do que o PIB, quando noutros países estes dois crescimentos surgem associados.


Também Jaime Prata, biólogo da Estação Litoral da Aguda e membro da associação ecologista Campo Aberto, criticou a opção pela produção de mais energia em vez do fomento da eficiência e poupança energéticas. Portugal poderia reduzir em cerca de um terço o consumo de energia se aplicasse estratégias de eficiência em áreas como a construção de edifícios,indústria e agricultura, disse.
Jaime Prata acusou a EDP de instrumentalização das populações da zona do Baixo Sabor, frisando que a criação de emprego é uma falácia e a promessa de desenvolvimento do turismo é irreal.
A construção de barragens é feita sobretudo por emigrantes, salientou Jaime Prata, acrescentando que as barragens, hoje em dia, operam com um funcionário e já há algumas sem nenhum, operadas à distância. Jaime Prata sublinhou ainda que o país está cheio de albufeiras desertas, existindo turistas apenas nalgumas situadas junto a grandes aglomerados populacionais, nomeadamente próximo de Lisboa e do Porto.
As albufeiras no interior não atraem turistas. São sítios muito quentes no Verão e frios no Inverno. Actualmente, as pessoas preferem desportos, como a canoagem, que só podem ser praticados em rios sem barragens.
Cientistas brasileiros demonstraram que as barragens já construídas na Amazónia poluem dez vez mais que o carvão!!...
E ainda este artigo da prestigiada Revista Newscientist já denunciava esses efeitos em 2005!!!

Actualização 24 de Outubro
O Deputado Pedro Quartin Graça dirigiu hoje ao Primeiro - Ministro e ao Ministro da Administração Interna dois requerimentos relativos ao incidente occorrido em Lisboa com os dirigentes da COAGRET - Portugal

Ler ainda na secção do grupo GAIA: COAGRET-Pt: denúncia de intimidação a activistas da causa ecológica
Sobre a barragem das Três Gargantas, da China - Natureza morta....

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Dia Mundial da Saúde Mental



O Dia Mundial da Saúde Mental é celebrado a 10 de outubro.

Este dia visa chamar a atenção pública para a questão da saúde mental global, e identificá-la como uma causa comum a todos os povos, ultrapassando barreiras nacionais, culturais, políticos ou sócio-económicas. Combater o preconceito e o estigma à volta da saúde psicológica é outro dos objetivos do dia.

Esta data foi criada em 1992 pela Federação Mundial de Saúde Mental (World Federation for Mental Health).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a saúde mental uma prioridade e defende que a questão da saúde mental não é estritamente um problema de saúde.

Neste dia realizam-se colóquios para se encontrar soluções para os problemas relacionados com a saúde mental e coordenar esforços na luta contra esta realidade. 

Aumento dos casos de depressão
As perturbações de natureza mental estão a crescer e os distúrbios mentais, independentemente da sua gravidade, são uma das principais doenças incapacitantes do século XXI.

A depressão é a segunda causa de incapacidade na União Europeia. As doenças mentais e, particularmente a depressão, são o fator de maior risco de suicídio.

Saúde mental em Portugal
Um estudo da Direção Geral de Saúde mostra que Portugal lidera a lista dos países europeus com maior número de casos de perturbações mentais. Os mais afetados são as mulheres, quando se comparam os sexos, e as pessoas com menos educação e dinheiro, quando o critério é a posição social. Em Portugal existem perto de 100 mil doentes esquizofrénicos. (dados de 2007)

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