"Se alguma coisa se te opõe e te fere, deixa crescer. É sinal que estás a ganhar raízes e a mudar. Abençoado ferimento que te faz parir de ti próprio." - Antoine de Saint-Exupéry
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quarta-feira, 30 de novembro de 2016
terça-feira, 29 de novembro de 2016
A senhora de 105 anos apaixonada pela natureza que nunca teve filhos, mas virou mãe de 384 árvores
Os 105 anos de vida de Saalumarada Thimmakka foram dedicados ao planeta. Depois de 25 anos casada com seu falecido marido sem terem tido filhos, Saalumarada resolveu sua tristeza plantando mais de 384 árvores– a quem ela hoje se refere como seus filhos. Natural de Karnataka, uma cidade rural do sul da Índia, Saalumarada plantou, alimentou e cuidou de suas árvores como se de fato fossem de sua carne – da sua família.
“Meu destino era mesmo não ter filhos”, ela disse. “Por isso, nós fomos abençoados plantando árvores e criando-as. Nós tratamos as árvores como se fossem nossos filhos”.
Quando ela diz que criou e cuidou das plantas, porém, não se trata de uma mera imagem: Saalumarada vive em uma região árida com pouca chuva, o que exigiu que, ao longo dos anos, ela e o marido tivessem que carregar água por quilómetros para poder dar às árvores o que beber, além de protegê-las de animais e pragas.
Saalumarada agiu de facto como uma super mãe.
Depois de tantos anos de dedicação absoluta, Saalumarada começa a receber ajuda para colher os seus frutos.Criou uma fundação em seu nome, voltada para cuidados com o meio ambiente assim como para escolas, educação e saúde.
Agora conseguiu, fruto de sua própria generosidade, uma preciosa ajuda e garantia para o futuro: um filho adotivo, chamado Sri Umesh, que actua como presidente da fundação, e que carregará no futuro o legado do nome de sua mãe – nome que já recebeu mais de 50 prémios internacionais, mas transcende a própria condição humana, e brilha entre pessoas, árvores e animais.
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Mudemos o Sistema e Não o Clima: o sucesso do movimento Standing Rock dos povos Dakota e Lakota
Pessoas das etnias Dakota e Lakota explicam como a sua luta pacífica, e muito centrada na defesa da água e dos territórios de carácter sagrado, conseguem afrontar as privatizações, as grandes corporações dos EUA. Uma reportagem feita por um meio de comunicação da Nova Zelândia, Marae, da perspetiva Maori - a solidariedade entre povos originários de diferentes continentes.
domingo, 27 de novembro de 2016
Música do BioTerra: Orphx - Walk Into The Broken Night
Música do BioTerra: Anne Clark- Nothing at All
Anne Clark- a (des)harmonia do nosso Universo, multi-verso...versos e música. Grande poetisa!
sábado, 26 de novembro de 2016
A "Terra mudou" - anciãos Inuit enviam o alerta para a NASA e para o mundo (com vídeo e texto em Inglês)
A new warning has come to NASA from the Inuits.
They are warning that the change in climate is not due to global warming but rather, because of the Earth shifting a bit.
The Inuits are local people that live in the Arctic regions of Canada, the United States and Greenland.
They are excellent weather forecasters and so were their ancestors.
Presently they are warning NASA that the cause of change in weather, earthquakes etc, are not due to global warming as the world thinks.
They state that the earth has shifted or “wobbled”. “Their sky has changed!”
Local Inuit elder |
The elders declare that the sun rises at a different position now, not where it used to previously.
They also have longer daylight to hunt now, the sun is much higher than earlier, and it gets warmer much quickly.
Other elders across the north also confirmed the same thing about the sky changing when interviewed.
They also alleged that the position of sun, moon and stars have all changed causing changes in the temperature.
This has also affected the wind and it is very difficult to predict the weather now and according to them predicting weather is necessary on Arctic.
All the elders confirmed that the Earth has shifted, wobbled or tilted toward the North.
This information provided by the Inuit Elders has caused a great concern in the NASA scientists.
Fonte: Natives Today
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Se encontrares uma fruta/vegetal com a etiqueta a começar com 8 NÃO COMPRES! O que isso significa…
É importante que saibas o significado do número 8 ao início, e depois disso de certeza que vais olhar mais para os rótulos nas frutas e vegetais, e evitar comprar os que começam com o número 8!
Algumas informações importantes podemos encontrar não só nas embalagens dos produtos confeccionados, mas também nas etiquetas daqueles frescos. As etiquetas não servem somente para colocar o logo da empresa, mas também para indicar o modo de cultivo das frutas ou verduras.
Veja como distinguir produtos cultivados com agrotóxicos, biológicos ou modificados geneticamente.
Nos adesivos têm um código chamado PLU que indica o modo de cultivo.
Se na etiqueta tem 4 números foi cultivado em maneira intensiva, com pesticidas e fertilizantes.
Neste caso as bananas são de origem de agricultura mecanizada e que investe em pesticidas e fertilizantes |
Se na etiqueta estão cinco números e o primeiro é 8, o produto é OGM
Exemplo de uma maçã geneticamente modificada com o número 84131 |
Se a etiqueta tem cinco números e o primeiro é 9, o produto vem de cultura biológica
Uma laranja cultivada biologicamente pois tem o código 94285. |
Existem alguns alimentos que estão muito mais sujeitos a tratamentos químicos: Veja quais são a seguir.
Morango
Maçã
Pêssego
Uva
Cereja
Espinafre
Tomate
Pimento
E outros que dificilmente são tratados quimicamente:
Abacate
Milho
Abacaxi
Ervilha
Cebola
Aspargo
Manga
Papaia (Mamão)
Kiwi
A partir de agora, fique de olho na etiqueta! É para o seu bem!
Pêssego
Uva
Cereja
Espinafre
Tomate
Pimento
E outros que dificilmente são tratados quimicamente:
Abacate
Milho
Abacaxi
Ervilha
Cebola
Aspargo
Manga
Papaia (Mamão)
Kiwi
A partir de agora, fique de olho na etiqueta! É para o seu bem!
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Veja 6.000 anos de urbanização em 3 minutos (em Inglês)
NOTA: os links/ hiperligações são muito ricas em informação adicional
Max Galka at Metrocosm has taken the most comprehensive dataset on cities and made it come alive in a new video.
A new research spearheaded by Yale University for the first time ever, mapped urban settlements from 3700 B.C. to 2000 A.D. Now, Max Galka at Metrocosm has created a fun video using that digitized and geocoded dataset.
In the Yale-led paper, published in Scientific Data, the authors wrote about the significance of their work:
Whether it is for timely response to catastrophes, the delivery of disaster relief, assessing human impacts on the environment, or estimating populations vulnerable to hazards, it is essential to know where people and cities are geographically distributed. Additionally, the ability to geolocate the size and location of human populations over time helps us understand the evolving characteristics of the human species, especially human interactions with the environment.
Galka’s visualization, which is inspired by this world population history map by Population Connection, makes the rise and spread of cities over time abundantly clear.
In the video, as a timeline glides across 6,000 years, cities pop up on Galka’s world map at the points when their populations were first documented in historical and archeological records. (This is not necessarily the same year in which these cities were “born.”) The later a city was written into history, the warmer its color on Galka’s map. At the bottom of the map, Galka also includes helpful context about that point in history.
Galka tells CityLab via email about why he created this data viz, and what he found interesting about it:
Fonte: City LabMost datasets available go back only a few years or decades at most. This is the first one I've seen that covers 6 millennia. I'm a big fan of history, so after reading the study, I thought it would be interesting to visualize the data and see if it offers some perspective… . What I found most surprising was how early some of the MesoAmerican cities formed, several hundred years before the first cities in Europe.
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Encontros Improváveis: Manoel de Barros e Beth Gibbons- Mysteries
terça-feira, 22 de novembro de 2016
O degelo do Árctico de 1979 a 2016
As tendências da espessura / volume do gelo marinho são um indicador importante da mudança climática no Ártico. Enquanto as observações de espessura do gelo do mar são escassas, aqui utilizamos o modelo de gelo oceânico e marinho, PIOMAS (Zhang e Rothrock, 2003) para visualizar a espessura do gelo marinho de Outubro de 1979 a 2016. O gelo marinho com menos de 1,5 metros está mascarado (a negro) de modo a enfatizar a perda de gelo mais grosso, mais velho.
Esquizofrenia Climática: A Conferência de Marraquexe e a realidade mundial
Decorreu em Marraquexe a Vigésima-segunda Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP 22). Realizada um ano depois da COP 21, que foi celebrada logo no seu encerramento como uma conjugação de vontades que terá vindo salvar a Humanidade, os especialistas dizem ser esta uma conferência intermédia, que verifica, acompanha e visa garantir a aplicação do Acordo de Paris.
Nesta ocasião, os ecologistas e a generalidade dos cidadãos inquietos perguntam: pode a atual situação acomodar-se a conferências de menor relevância neste domínio, porventura dedicadas à simples gestão do que foi acordado? Está efetivamente consolidado aquilo que foi alcançado pelo Acordo de Paris? E contém este acordo o necessário para fazermos as mudanças – numa escala e numa urgência nunca antes tentados pela humanidade – que impedirão que a vida humana no planeta seja aterradora, se não simplesmente impossível, a muito breve prazo? As respostas, ou sobretudo a falta delas, indiciam a verdade da situação.
A situação global, seja no plano ambiental, seja no político e social, é profundamente inquietante. Os acontecimentos internacionais mais recentes vieram torna-la cristalina, desmentindo o, porventura bem-intencionado, comunicado de Patricia Espinosa, a responsável do Clima nas Nações Unidas, que afirmou ser esta uma conferência que decorre enquanto «todos os países do mundo estão empenhados numa ação global decisiva contra as alterações climáticas». Estão mesmo todos empenhados? Vejamos: o maior produtor e consumidor mundial de hidrocarbonetos, assim como segundo maior emissor de CO2, acaba de eleger – para todas as suas instâncias governativas – responsáveis que manifestam inequivocamente a sua rejeição destas preocupações, reiterando simultaneamente o seu projeto de reinvestimento maciço nas práticas mais agressivas para o clima e para o ambiente em geral. A ratificação do Acordo por parte do Presidente Obama era já extremamente frágil, uma vez que o poder legislativo se lhe opunha. Agora, essa ratificação é mais ilusória do que nunca. Poderão ou quererão os outros países ficar indiferentes a essas tendências que parecem vir repor um industrialismo hoje impossível e arcaico? Sendo notório que as políticas para o ambiente pressupõem necessariamente que o planeta não pode já ter fronteiras nas questões essenciais, e quase tudo está hoje nessa posição, a palavra «fronteira» voltou a ser uma palavra-chave da política contemporânea. À medida que ela reaparece e se volta a enraizar nas consciências, mais as políticas climáticas são impossíveis de concretizar, sobretudo porque essas fronteiras são também as inimigas das comunidades e das economias locais.
Paris: Um Erro de Cálculo?
É certamente importante existir um acordo global sobre as mudanças climáticas. Mas sinais inquietantes previnem-nos de que talvez este acordo esteja a ser entendido, na realidade, como uma permissão para poluir dentro de um quadro de pequenas medidas na área da chamada economia verde, que pouco altera o esquema dos grandes interesses, permitindo abandonar inquietações incómodas e porventura opostas aos negócios usuais. Ora, o que não é de todo usual é a evolução do comportamento do clima. Como disse em setembro passado o Professor Jason Box, um dos membros das equipas que monitorizam constantemente a Gronelândia, «a mudança climática abrupta está a caminho (…): os glaciares estão a mover-se mais rapidamente do que a política». Os mecanismos de realimentação e autorreforço desencadeados pelo aquecimento global associam esse fenómeno a outros efeitos, como a libertação de metano, imensamente mais indutor de efeito de estufa do que o próprio CO2 libertado na atmosfera. Quando julgávamos que a comunidade internacional também começara a mover-se, percebemos que os compromissos climáticos atuais nos conduzem antes aos 3ºC, ou mais, acima dos níveis do período da Revolução Industrial, o dobro do 1,5ºC adiantado pelo Acordo de Paris.
A Conferência de Marraquexe decorreu no preciso momento em que a indústria petrolífera, incluindo em Portugal, se expande globalmente, a uma escala nunca vista, graças a novas tecnologias e a processos cada vez mais invasivos. A deflorestação continua a progredir apesar de existir, supostamente, uma consciência global sobre o desastre que ela representa. A indústria automóvel parece viver de novo belos dias de expansão; a aviação civil emite CO2 como nunca na história; o comércio mundial alcançou uma escala da circulação dos produtos, incluindo dos nossos alimentos, que é ambientalmente e energeticamente absurda. Como pode a COP 22 ser relevante se não for capaz de enfrentar diretamente estes aspetos? Marraquexe só faria sentido se, para além de levar Paris a sério, fosse muito mais ambiciosa e souber ler as tendências que são já visíveis para todos. Para tal, poderia começar por colocar a revisão crítica do modelo industrial, da alimentação humana e dos hábitos de consumo, sem esquecer a anulação urgente de todos os projetos atuais de extração de combustíveis fósseis, na balança das medidas verdadeiramente urgentes. Sem essa agenda, Marraquexe é mais uma etapa no falhanço histórico de um acordo sem potência política, ética ou simplesmente humana.
Texto por Campo Aberto - associação de defesa do ambiente (adaptado)
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Entrevista a Andrei Cechin- Economia ecológica x economia convencional
Andrei Cechin é estudioso do pensamento de Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994), que foi um matemático e economista heterodoxo romeno, cujos trabalhos resultaram no conceito de decrescimento económico e é considerado como o fundador da bioeconomia (ou economia ecológica).
Para Cechin, "uma importante implicação do pensamento de Georgescu para o debate sobre desenvolvimento sustentável é que, no fundo, qualquer tentativa de solucionar o problema da distribuição de recursos naturais entre as gerações depende da postura ética das atuais gerações em relação às gerações que ainda estão por vir".
Na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por e-mail, Andrei Cechin explica que "a utilização dos recursos energéticos e materiais terrestres no processo produtivo e a acumulação dos efeitos prejudiciais dos resíduos no ambiente revelam que a atividade econômica de uma geração tem influência na atividade das gerações futuras. Assim, o que está em jogo é a possibilidade de que estas tenham qualidade de vida igual ou maior que a da atual geração. E este é o cerne do problema ecológico para Georgescu. As pressões sobre os ecossistemas aumentarão ainda mais em uma escala global nas próximas décadas se a atitude e as ações humanas não mudarem radicalmente. Precisamos, porém, entender que somos nós que dependemos dos ecossistemas, e não eles que dependem dos seres humanos".
Para Cechin, "uma importante implicação do pensamento de Georgescu para o debate sobre desenvolvimento sustentável é que, no fundo, qualquer tentativa de solucionar o problema da distribuição de recursos naturais entre as gerações depende da postura ética das atuais gerações em relação às gerações que ainda estão por vir".
Na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por e-mail, Andrei Cechin explica que "a utilização dos recursos energéticos e materiais terrestres no processo produtivo e a acumulação dos efeitos prejudiciais dos resíduos no ambiente revelam que a atividade econômica de uma geração tem influência na atividade das gerações futuras. Assim, o que está em jogo é a possibilidade de que estas tenham qualidade de vida igual ou maior que a da atual geração. E este é o cerne do problema ecológico para Georgescu. As pressões sobre os ecossistemas aumentarão ainda mais em uma escala global nas próximas décadas se a atitude e as ações humanas não mudarem radicalmente. Precisamos, porém, entender que somos nós que dependemos dos ecossistemas, e não eles que dependem dos seres humanos".
IHU On-Line – Como definir o conceito de decrescimento econômico em Georgescu-Roegen?
Andrei Cechin – A ideia de decrescimento em Georgescu vem como resposta a duas propostas de outros dois precursores da economia ecológica: a "condição estacionária" de Herman Daly, e a "economia do astronauta" de Kenneth Boulding. A condição estacionária é entendida como aquele estado em que a quantidade de recursos da natureza utilizada seria suficiente apenas para manter constantes o capital e a população. Significa obter desenvolvimento sem crescimento material: a escala da economia é mantida constante enquanto ocorrem melhorias qualitativas. Uma economia que dependesse inteiramente da utilização direta da radiação solar, e que reciclasse os materiais dissipados pelo processo industrial ("economia do astronauta" de Boulding) poderia, em tese, operar como um ciclo fechado. Dada a disponibilidade de energia advinda do Sol, não haveria barreira para reciclar os materiais dissipados pelo processo industrial.
No entanto, para Georgescu a "economia do astronauta" está fundada no mito de que todos os minérios passarão à categoria de recursos renováveis. A reciclagem total dos materiais não seria possível na prática. Por isso, a tendência de extração de recursos será necessariamente declinante a partir de determinado momento – por mais remoto que possa estar o início dessa tendência. Isso fará com que a escala da economia seja reduzida. A proposta de condição estacionária de Daly foi considerada igualmente um "mito de salvação ecológica", pois transmitiria a ideia de que seria possível manter indefinidamente os padrões de vida e de conforto já alcançados nos países abastados e dá a falsa impressão de que o fim do crescimento e a manutenção de um determinado padrão de vida, com capital e população constantes, não implicam pressão nos ecossistemas.
O crescimento não é ambientalmente sustentável
Georgescu foi além da condição estacionária e da economia do astronauta. Dado o caráter inevitável do decrescimento, consequência da limitação material da Terra e dos limites à reciclagem, propõe que esse processo seja voluntariamente iniciado, em vez de vir a ser uma decorrência da escassez de recursos. A ideia é que não bastará parar de crescer, ou mesmo estabilizar o fluxo de recursos naturais que entra na economia. E para ele, nos anos 1970, algumas economias do mundo já deveriam estar pensando na redução desses fluxos.
Mais de trinta anos depois do alerta de Georgescu, a ideia de decrescimento planejado como maneira de evitar o colapso ambiental ganhou alguns adeptos. Segundo essa perspectiva, a sustentabilidade ambiental muito provavelmente não pode ser alcançada com aumento da produção e consumo. O fato é que ficou mais difícil ignorar o seguinte dilema: o crescimento não é ambientalmente sustentável, pelo menos em sua forma atual, por mais que se consiga uma desmaterialização/descarbonização relativa da economia, mas ao mesmo tempo o decrescimento é algo instável, pelo menos sob as condições atuais, pois leva ao aumento do desemprego e a uma espiral de recessão, como mostrou o relatório do governo britânico "Prosperity without growth?".
Peter Victor no livro Managing without growth: slower by design, not disaster defende a ideia de que os países ricos já têm condições para abandonar o crescimento e, por isso, deveriam fazê-lo de imediato. A mensagem é que seria melhor reduzir o crescimento de forma intencional e projetada fazendo alterações em instituições-chave, como impostos e jornada de trabalho, do que ter de encará-lo por desastre. Talvez seja justamente pela força e pelo choque que causa o termo decrescimento, que um movimento de crítica radical ao economicismo e à ideologia do crescimento vem se apropriando dele e popularizando-o, principalmente na Europa. Quando surgiu esse movimento com um discurso mais ou menos afinado se autodenominando "decrescimentistas", uma coletânea de artigos de Georgescu já havia sido publicada duas décadas antes com o título em francês La décroissance: entropie, écologie, économie (O decrescimento: entropia, ecologia, economia).
IHU On-Line – Há semelhanças entre esse conceito e o defendido por Serge Latouche?
Andrei Cechin – Serge Latouche , principal expoente desse movimento mais recente, insiste que não se trata, pura e simplesmente, de crescimento negativo do PIB. O movimento pretende libertar o imaginário coletivo da esfera do econômico. É um projeto de sociedade baseado numa crítica, principalmente cultural, do estado de coisas. É por isso que Latouche afirma que o lema mais adequado seria "acrescimento", como em "ateísmo".
Diferentemente da ênfase dada por Georgescu e pelos que consideram a sociedade do crescimento como algo insustentável, o discurso dos decrescimentistas enfatiza que a sociedade do crescimento não é sequer desejável. Embora as fontes por detrás da ideia e do movimento do decrescimento sejam distintas – uma ecológica e uma cultural –, recentemente há uma espécie de reforço mútuo entre as duas que pode ser visto nos trabalhos das duas edições da conferência internacional sobre "decrescimento econômico para a sustentabilidade ambiental e a equidade social" (www.degrowth.net), na edição especial sobre decrescimento da revista Journal of Cleaner Production (2010, vol 18), e no mais recente livro de Latouche (Pequeno tratado do decrescimento sereno) que dá muito mais ênfase às limitações ecológicas do que em seus trabalhos anteriores.
IHU On-Line – O que podemos entender pelo conceito de bioeconomia ou economia ecológica de Georgescu-Roegen?
Andrei Cechin – A consolidação do que hoje é chamado de economia ecológica deve tributo às contribuições independentes de Kenneth E. Boulding, Nicholas Georgescu-Roegen, Herman E. Daly e Robert U. Ayres e Allen Kneese, na década de 1960, ainda que a expressão economia ecológica não tenha sido usada por eles na época.
Georgescu chegou ao termo bioeconomia ao perceber que seu interesse era entender a sobrevivência da humanidade na Terra, e que isso requer atenção ao apego da espécie humana aos seus instrumentos exossomáticos (que permitem a conversão de energia fora dos corpos biológicos) – peculiaridade que a distingue de outros animais.
O problema ecológico surge com a transferência de parte substancial da conversão energética da humanidade para fora dos corpos humanos e se aprofunda de maneira inaudita com a combustão dos recursos fósseis que aumentou exponencialmente o fluxo de resíduos indesejados. Daí decorre a necessidade de se pensar a economia no seio da biosfera. Como a questão, para Georgescu, não é somente biológica, nem somente econômica, tampouco apenas social ou ambiental, a ciência capaz de dar conta da inter-relação socioeconomia/natureza seria uma "bioeconomia".
Economia ecológica x economia convencional
Sua visão teve desdobramentos para economia ecológica principalmente através de Herman Daly. A economia ecológica, por maior que seja a pluralidade interior a essa comunidade, está preocupada com os limites biofísicos ao crescimento da produção e do consumo material e com a capacidade de absorção e assimilação dos resíduos pela natureza.
Em princípio, é essa ênfase na questão da escala, do tamanho físico da economia em relação à ecossistêmica que diferencia a economia ecológica. Alguns, como Herman Daly, defendem que, a partir de certo ponto (desconhecido), o crescimento deixa de ser benéfico e passa a comprometer seriamente a possibilidade de que as gerações futuras usufruam qualidade de vida semelhante a da geração atual. Georgescu nunca usou a expressão economia ecológica e não fazia nenhuma militância ambientalista. Mas alguns consideram suas contribuições como a linha demarcatória entre o que pode ser considerado economia ecológica e as vertentes ambientais da economia convencional. Há, contudo, economistas ecológicos que não o consideram um precursor e há quem considere que suas contribuições podem ser absorvidas e modeladas pela economia ambiental neoclássica.
IHU On-Line – Qual a atualidade em nossos dias da tese de inevitável degradação dos recursos naturais em decorrência das atividades humanas, defendida por Georgescu-Roegen?
Andrei Cechin – Comecemos com as evidências. Como mostra a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, a humanidade causou alterações sem precedentes nos ecossistemas nas últimas décadas para atender a crescentes demandas por alimentos, água, fibras e energia. Isso tem enfraquecido a capacidade da natureza de prover outros serviços fundamentais, como a purificação do ar e da água e proteção contra catástrofes naturais. A biodiversidade global sofreu uma queda de 30% em menos de quarenta anos, segundo o Índice Planeta Vivo (2010). Apenas de 1998 para cá houve um salto de 35% nas emissões de gases de efeito estufa. E para completar, o indicador mais geral da pressão ecossistémica das atividades económicas – a Pegada Ecológica – mostra que em 2007 a sobrecarga imposta pelas atividades humanas foi 50% maior que a capacidade regenerativa do planeta.
Agora vamos à visão de Georgescu. São duas as fontes mais básicas para a reprodução material da humanidade: os estoques terrestres de minerais e energia, que são limitados, e sua taxa de utilização pela humanidade é facultativa. E o fluxo solar cuja fonte é praticamente ilimitada em quantidade total, mas altamente limitada em termos da taxa que chega à Terra. Há ainda outra diferença: os estoques terrestres abastecem a base material para as manufaturas, enquanto o fluxo solar é responsável pela manutenção da vida. A humanidade pode ter total controle sobre a utilização dos estoques terrestres, mas não sobre o fluxo solar. Dessa forma, a taxa de utilização determinará em quanto tempo esses recursos estarão inacessíveis.
A produção de resíduo
Outro aspecto da reprodução material da humanidade é a produção de resíduo, que gera um impacto físico geralmente prejudicial a uma ou outra forma de vida, e direta ou indiretamente à vida humana. Deteriora o ambiente de várias maneiras. Exemplos conhecidos são a poluição por mercúrio e a chuva ácida, o lixo radioativo, e a acumulação de CO2 na atmosfera. Georgescu deu muita atenção aos efeitos do esgotamento dos estoques de energia e materiais, ou seja, dos recursos naturais utilizados no processo produtivo, e menos aos efeitos dos resíduos, como lixo, poluição, resíduos tóxicos, gases de efeito estufa, etc., gerados pelo mesmo processo. E, hoje, talvez a maior preocupação seja com os resíduos da atividade econômica. No entanto, ele reconheceu que a poluição e os resíduos se tornariam um problema anterior ao esgotamento dos recursos devido à sua acumulação e por serem fenômenos visíveis e de superfície. Nesse contexto, o aquecimento causado por atividades humanas tem provado ser um obstáculo maior ao crescimento econômico sem limites do que a finitude de recursos acessíveis, como sugeriu Georgescu. Ora, a utilização dos recursos energéticos e materiais terrestres no processo produtivo e a acumulação dos efeitos prejudiciais dos resíduos no ambiente revelam que a atividade econômica de uma geração tem influência na atividade das gerações futuras. Assim, o que está em jogo é a possibilidade de que estas tenham qualidade de vida igual ou maior que a da atual geração. E este é o cerne do problema ecológico para Georgescu. As pressões sobre os ecossistemas aumentarão ainda mais em uma escala global nas próximas décadas se a atitude e as ações humanas não mudarem radicalmente. Precisamos, porém, entender que somos nós que dependemos dos ecossistemas, e não eles que dependem dos seres humanos.
IHU On-Line – Considerando a crise financeira internacional, em que sentido o pensamento de Georgescu-Roegen pode ser inspirador em relação à crítica que ele fazia a economistas liberais neoclássicos por defenderem o crescimento econômico material sem limites?
Andrei Cechin – O pensamento de Georgescu traz à tona o fato de as economias estarem inseridas nos ecossistemas e a sua dependência em relação aos fluxos de energia e materiais, cuja oferta depende em parte de fatores econômicos (tipos de mercados, os preços) e, em parte de limites físicos e biológicos. E o que isso tem a ver com crise financeira? Tradicionalmente, a economia é analisada em dois níveis. Há o nível financeiro, que pode crescer por empréstimos feitos ao setor privado ou ao Estado. O sistema financeiro empresta na expectativa de que o crescimento econômico indefinido dará os meios para pagar os juros e as dívidas. Então, há o que os economistas descrevem como a economia real, o PIB a preços constantes. Quando cresce, ela de fato permite que se paguem as dívidas .
Alguns economistas ecológicos (como Martinez-Alier e Herman Daly) diagnosticam a crise financeira como sendo devida ao crescimento excessivo de ativos financeiros em relação ao crescimento da riqueza real. Como consequência, o valor da riqueza real atual já não é suficiente para servir como uma garantia para a dívida. Ou seja, na raiz da crise estaria a crescente disjunção entre a economia real da produção e da economia "de papel" de financiamento. A velocidade a que o sistema financeiro se expande estaria totalmente defasada da capacidade de a economia real produtiva gerar riqueza para repagar as dívidas. Isso ocorre, pois a produção é dependente do seu sustento material e energético, onde o ritmo de crescimento é distinto e limitado. Ou seja, segundo uma visão inspirada em Georgescu, existe, abaixo da chamada "economia real" do PIB, a economia material no sentido mais forte.
Suposição otimista dos economistas neoclássicos
Ele forneceu o instrumental para se examinar a suposição otimista dos economistas neoclássicos, segundo a qual a substituição de recursos e as inovações tecnológicas sempre superariam os limites biofísicos e que, portanto, não haveria restrições ao crescimento do PIB. Mas, ao contrário, o crescimento da produção e consumo depende de fluxos de energia e de materiais. A possibilidade de esgotamento dos ativos ambientais, a degradação dos "sumidouros", como a atmosfera global, e a crescente ocupação do espaço da Terra podem limitar de maneira decisiva a expansão contínua da escala da economia. É importante lembrar que o pioneiro nessa análise da disjunção não foi Georgescu, e sim o Nobel em Química, Frederick Soddy. Em seu livro Wealth, virtual wealth and debt (1926), Soddy argumentou que é fácil para o sistema financeiro aumentar as dívidas (dívidas privadas ou públicas), e confundir essa expansão do crédito com a criação de riqueza real. No entanto, no sistema industrial, o crescimento da produção e do crescimento do consumo implica crescimento na extração e destruição final de combustíveis fósseis, patrimônio acumulado de milhões de anos.
IHU On-Line – Como o senhor entende a ideia de economia sustentável na perspectiva de Georgescu-Roegen? Quais os limites deste pensamento hoje?
Andrei Cechin – No final da vida, Georgescu revelou seu profundo ceticismo quanto ao novíssimo valor "desenvolvimento sustentável", que já havia ganhado alguma popularidade. Embora para ele estivesse bem claro que desenvolvimento e crescimento são coisas distintas, chegou a considerar o termo desenvolvimento sustentável como um tipo de consolo, útil apenas para desviar a atenção dos verdadeiros problemas, como a diferença existente entre os países ricos e pobres, os problemas da poluição e a futura sobrevivência da espécie humana. A expressão esconderia a falsa ideia de que o crescimento econômico pode ser sustentado indefinidamente, promovendo um otimismo insensato, porém lucrativo. Se economia sustentável, ou economia verde, significar apenas um aumento na participação/crescimento das atividades ou projetos verdes, tais como painéis fotovoltaicos, moinhos eólicos, parques nacionais, pontos de reciclagem de lixo, hortas orgânicas e ecoturismo, sem que se mudem os padrões de produção e consumo insustentáveis, então Georgescu revelaria seu ceticismo quanto a essa promessa. Assim como foi crítico ferrenho da ideia de desmaterialização da economia.
O mito de desmaterialização da economia
Para Georgescu, o mito de desmaterialização absoluta da economia, uma economia que prescinda de matéria ou energia, impede que os economistas pensem em termos de limites e escala. A tecnologia permite que bens e serviços sejam produzidos com menos recursos naturais e menos emissões. Aumentos na eficiência reduzem a quantidade de energia e matéria necessárias para produzir uma unidade de valor monetário do PIB global. No entanto, esse aumento de eficiência tem se dado a uma taxa menor que a taxa de crescimento da economia, o que faz com que o impacto ambiental global continue a crescer em termos absolutos.
Algumas evidências sugerem essa hipótese. Por exemplo, a quantidade de energia primária necessária para produzir cada unidade de produção econômica mundial caiu mais ou menos continuamente durante a maior parte dos últimos cinquenta anos. A "intensidade energética" global – quantidade de energia necessária para produzir uma unidade de valor monetário do PIB global – é agora 33% menor do que era em 1970. No caso da "intensidade material", embora esta tenha diminuído 26% de 1980 a 2007, o PIB global aumentou em 120% e a população mundial aumentou em 50% o que resultou em aumento absoluto de 62% na extração global de recursos . Para provar isso, Georgescu provavelmente apontaria o relatório Living Planet de 2010 que revela que a Pegada Ecológica da humanidade mais que duplicou desde 1966. Em 2007, o último ano para o qual se têm dados, a humanidade usava o equivalente a um planeta e meio para suportar suas atividades. Ou seja, estamos usando em um ano o que a natureza demora um ano e meio para recompor. Essa economia é qualquer coisa menos sustentável.
IHU On-Line – Quais as implicações do pensamento de Nicholas Georgescu-Roegen para a ciência econômica de forma geral e para o debate sobre desenvolvimento sustentável nos dias atuais?
Andrei Cechin – A implicação mais direta para a ciência econômica é a de que o processo econômico não pode contrariar as leis da física, entre elas a Lei da Entropia. Por isso, não pode ser mais representado como um digrama circular isolado do ambiente material. Deve ser encarado como um sistema aberto trocando energia e matéria com o ambiente, ou melhor, degradando energia e matéria para manter a própria organização. Como ele é um subsistema, o custo de manter a própria organização é o aumento na entropia, a desorganização do sistema maior no qual está inserido – o ambiente. Entender a economia como um subsistema faz com que se preste atenção ao seu tamanho, à sua escala. Há, num nível mais abstrato, implicações epistemológicas mais gerais da Lei da Entropia para a ciência. Uma delas é o reconhecimento do tempo como algo irreversível. A corrente chamada de neoclássica foi construída com base em modelos da Física pré-entropia, por isso não poderia deixar de estudar os fenômenos socioeconômicos como se fossem totalmente reversíveis, e de considerar irrelevante o estudo da história para a compreensão dos fenômenos econômicos de hoje.
Desenvolvimento sustentável
Quanto ao debate sobre o desenvolvimento sustentável, além de tudo que já foi dito nas respostas anteriores, se desenvolvimento exige necessariamente expansão econômica da produção e do consumo, a expressão "desenvolvimento sustentável" é uma contradição em termos, uma vez que a expansão da escala da economia provoca processos irreversíveis de degradação do mundo físico. Por isso, é preciso que o otimismo contido no ideal de desenvolvimento sustentável, ou de economia verde, seja aliado ao ceticismo da razão. O pensamento de Georgescu traz ceticismo quanto à capacidade de as economias continuarem crescendo sem solapar a base biofísica que permite a reprodução material das sociedades. Seu pensamento significou uma ruptura, uma vez que admitiu que o processo de produção econômica vem necessariamente acompanhado da geração de resíduo e poluição, sejam estes fenômenos locais ou globais, como as mudanças climáticas antropogênicas. Finalmente, uma importante implicação do pensamento de Georgescu para o debate sobre desenvolvimento sustentável é que, no fundo, qualquer tentativa de solucionar o problema da distribuição de recursos naturais entre as gerações depende da postura ética das atuais gerações em relação às gerações que ainda estão por vir.
Andrei Cechin – A ideia de decrescimento em Georgescu vem como resposta a duas propostas de outros dois precursores da economia ecológica: a "condição estacionária" de Herman Daly, e a "economia do astronauta" de Kenneth Boulding. A condição estacionária é entendida como aquele estado em que a quantidade de recursos da natureza utilizada seria suficiente apenas para manter constantes o capital e a população. Significa obter desenvolvimento sem crescimento material: a escala da economia é mantida constante enquanto ocorrem melhorias qualitativas. Uma economia que dependesse inteiramente da utilização direta da radiação solar, e que reciclasse os materiais dissipados pelo processo industrial ("economia do astronauta" de Boulding) poderia, em tese, operar como um ciclo fechado. Dada a disponibilidade de energia advinda do Sol, não haveria barreira para reciclar os materiais dissipados pelo processo industrial.
No entanto, para Georgescu a "economia do astronauta" está fundada no mito de que todos os minérios passarão à categoria de recursos renováveis. A reciclagem total dos materiais não seria possível na prática. Por isso, a tendência de extração de recursos será necessariamente declinante a partir de determinado momento – por mais remoto que possa estar o início dessa tendência. Isso fará com que a escala da economia seja reduzida. A proposta de condição estacionária de Daly foi considerada igualmente um "mito de salvação ecológica", pois transmitiria a ideia de que seria possível manter indefinidamente os padrões de vida e de conforto já alcançados nos países abastados e dá a falsa impressão de que o fim do crescimento e a manutenção de um determinado padrão de vida, com capital e população constantes, não implicam pressão nos ecossistemas.
O crescimento não é ambientalmente sustentável
Georgescu foi além da condição estacionária e da economia do astronauta. Dado o caráter inevitável do decrescimento, consequência da limitação material da Terra e dos limites à reciclagem, propõe que esse processo seja voluntariamente iniciado, em vez de vir a ser uma decorrência da escassez de recursos. A ideia é que não bastará parar de crescer, ou mesmo estabilizar o fluxo de recursos naturais que entra na economia. E para ele, nos anos 1970, algumas economias do mundo já deveriam estar pensando na redução desses fluxos.
Mais de trinta anos depois do alerta de Georgescu, a ideia de decrescimento planejado como maneira de evitar o colapso ambiental ganhou alguns adeptos. Segundo essa perspectiva, a sustentabilidade ambiental muito provavelmente não pode ser alcançada com aumento da produção e consumo. O fato é que ficou mais difícil ignorar o seguinte dilema: o crescimento não é ambientalmente sustentável, pelo menos em sua forma atual, por mais que se consiga uma desmaterialização/descarbonização relativa da economia, mas ao mesmo tempo o decrescimento é algo instável, pelo menos sob as condições atuais, pois leva ao aumento do desemprego e a uma espiral de recessão, como mostrou o relatório do governo britânico "Prosperity without growth?".
Peter Victor no livro Managing without growth: slower by design, not disaster defende a ideia de que os países ricos já têm condições para abandonar o crescimento e, por isso, deveriam fazê-lo de imediato. A mensagem é que seria melhor reduzir o crescimento de forma intencional e projetada fazendo alterações em instituições-chave, como impostos e jornada de trabalho, do que ter de encará-lo por desastre. Talvez seja justamente pela força e pelo choque que causa o termo decrescimento, que um movimento de crítica radical ao economicismo e à ideologia do crescimento vem se apropriando dele e popularizando-o, principalmente na Europa. Quando surgiu esse movimento com um discurso mais ou menos afinado se autodenominando "decrescimentistas", uma coletânea de artigos de Georgescu já havia sido publicada duas décadas antes com o título em francês La décroissance: entropie, écologie, économie (O decrescimento: entropia, ecologia, economia).
IHU On-Line – Há semelhanças entre esse conceito e o defendido por Serge Latouche?
Andrei Cechin – Serge Latouche , principal expoente desse movimento mais recente, insiste que não se trata, pura e simplesmente, de crescimento negativo do PIB. O movimento pretende libertar o imaginário coletivo da esfera do econômico. É um projeto de sociedade baseado numa crítica, principalmente cultural, do estado de coisas. É por isso que Latouche afirma que o lema mais adequado seria "acrescimento", como em "ateísmo".
Diferentemente da ênfase dada por Georgescu e pelos que consideram a sociedade do crescimento como algo insustentável, o discurso dos decrescimentistas enfatiza que a sociedade do crescimento não é sequer desejável. Embora as fontes por detrás da ideia e do movimento do decrescimento sejam distintas – uma ecológica e uma cultural –, recentemente há uma espécie de reforço mútuo entre as duas que pode ser visto nos trabalhos das duas edições da conferência internacional sobre "decrescimento econômico para a sustentabilidade ambiental e a equidade social" (www.degrowth.net), na edição especial sobre decrescimento da revista Journal of Cleaner Production (2010, vol 18), e no mais recente livro de Latouche (Pequeno tratado do decrescimento sereno) que dá muito mais ênfase às limitações ecológicas do que em seus trabalhos anteriores.
IHU On-Line – O que podemos entender pelo conceito de bioeconomia ou economia ecológica de Georgescu-Roegen?
Andrei Cechin – A consolidação do que hoje é chamado de economia ecológica deve tributo às contribuições independentes de Kenneth E. Boulding, Nicholas Georgescu-Roegen, Herman E. Daly e Robert U. Ayres e Allen Kneese, na década de 1960, ainda que a expressão economia ecológica não tenha sido usada por eles na época.
Georgescu chegou ao termo bioeconomia ao perceber que seu interesse era entender a sobrevivência da humanidade na Terra, e que isso requer atenção ao apego da espécie humana aos seus instrumentos exossomáticos (que permitem a conversão de energia fora dos corpos biológicos) – peculiaridade que a distingue de outros animais.
O problema ecológico surge com a transferência de parte substancial da conversão energética da humanidade para fora dos corpos humanos e se aprofunda de maneira inaudita com a combustão dos recursos fósseis que aumentou exponencialmente o fluxo de resíduos indesejados. Daí decorre a necessidade de se pensar a economia no seio da biosfera. Como a questão, para Georgescu, não é somente biológica, nem somente econômica, tampouco apenas social ou ambiental, a ciência capaz de dar conta da inter-relação socioeconomia/natureza seria uma "bioeconomia".
Economia ecológica x economia convencional
Sua visão teve desdobramentos para economia ecológica principalmente através de Herman Daly. A economia ecológica, por maior que seja a pluralidade interior a essa comunidade, está preocupada com os limites biofísicos ao crescimento da produção e do consumo material e com a capacidade de absorção e assimilação dos resíduos pela natureza.
Em princípio, é essa ênfase na questão da escala, do tamanho físico da economia em relação à ecossistêmica que diferencia a economia ecológica. Alguns, como Herman Daly, defendem que, a partir de certo ponto (desconhecido), o crescimento deixa de ser benéfico e passa a comprometer seriamente a possibilidade de que as gerações futuras usufruam qualidade de vida semelhante a da geração atual. Georgescu nunca usou a expressão economia ecológica e não fazia nenhuma militância ambientalista. Mas alguns consideram suas contribuições como a linha demarcatória entre o que pode ser considerado economia ecológica e as vertentes ambientais da economia convencional. Há, contudo, economistas ecológicos que não o consideram um precursor e há quem considere que suas contribuições podem ser absorvidas e modeladas pela economia ambiental neoclássica.
IHU On-Line – Qual a atualidade em nossos dias da tese de inevitável degradação dos recursos naturais em decorrência das atividades humanas, defendida por Georgescu-Roegen?
Andrei Cechin – Comecemos com as evidências. Como mostra a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, a humanidade causou alterações sem precedentes nos ecossistemas nas últimas décadas para atender a crescentes demandas por alimentos, água, fibras e energia. Isso tem enfraquecido a capacidade da natureza de prover outros serviços fundamentais, como a purificação do ar e da água e proteção contra catástrofes naturais. A biodiversidade global sofreu uma queda de 30% em menos de quarenta anos, segundo o Índice Planeta Vivo (2010). Apenas de 1998 para cá houve um salto de 35% nas emissões de gases de efeito estufa. E para completar, o indicador mais geral da pressão ecossistémica das atividades económicas – a Pegada Ecológica – mostra que em 2007 a sobrecarga imposta pelas atividades humanas foi 50% maior que a capacidade regenerativa do planeta.
Agora vamos à visão de Georgescu. São duas as fontes mais básicas para a reprodução material da humanidade: os estoques terrestres de minerais e energia, que são limitados, e sua taxa de utilização pela humanidade é facultativa. E o fluxo solar cuja fonte é praticamente ilimitada em quantidade total, mas altamente limitada em termos da taxa que chega à Terra. Há ainda outra diferença: os estoques terrestres abastecem a base material para as manufaturas, enquanto o fluxo solar é responsável pela manutenção da vida. A humanidade pode ter total controle sobre a utilização dos estoques terrestres, mas não sobre o fluxo solar. Dessa forma, a taxa de utilização determinará em quanto tempo esses recursos estarão inacessíveis.
A produção de resíduo
Outro aspecto da reprodução material da humanidade é a produção de resíduo, que gera um impacto físico geralmente prejudicial a uma ou outra forma de vida, e direta ou indiretamente à vida humana. Deteriora o ambiente de várias maneiras. Exemplos conhecidos são a poluição por mercúrio e a chuva ácida, o lixo radioativo, e a acumulação de CO2 na atmosfera. Georgescu deu muita atenção aos efeitos do esgotamento dos estoques de energia e materiais, ou seja, dos recursos naturais utilizados no processo produtivo, e menos aos efeitos dos resíduos, como lixo, poluição, resíduos tóxicos, gases de efeito estufa, etc., gerados pelo mesmo processo. E, hoje, talvez a maior preocupação seja com os resíduos da atividade econômica. No entanto, ele reconheceu que a poluição e os resíduos se tornariam um problema anterior ao esgotamento dos recursos devido à sua acumulação e por serem fenômenos visíveis e de superfície. Nesse contexto, o aquecimento causado por atividades humanas tem provado ser um obstáculo maior ao crescimento econômico sem limites do que a finitude de recursos acessíveis, como sugeriu Georgescu. Ora, a utilização dos recursos energéticos e materiais terrestres no processo produtivo e a acumulação dos efeitos prejudiciais dos resíduos no ambiente revelam que a atividade econômica de uma geração tem influência na atividade das gerações futuras. Assim, o que está em jogo é a possibilidade de que estas tenham qualidade de vida igual ou maior que a da atual geração. E este é o cerne do problema ecológico para Georgescu. As pressões sobre os ecossistemas aumentarão ainda mais em uma escala global nas próximas décadas se a atitude e as ações humanas não mudarem radicalmente. Precisamos, porém, entender que somos nós que dependemos dos ecossistemas, e não eles que dependem dos seres humanos.
IHU On-Line – Considerando a crise financeira internacional, em que sentido o pensamento de Georgescu-Roegen pode ser inspirador em relação à crítica que ele fazia a economistas liberais neoclássicos por defenderem o crescimento econômico material sem limites?
Andrei Cechin – O pensamento de Georgescu traz à tona o fato de as economias estarem inseridas nos ecossistemas e a sua dependência em relação aos fluxos de energia e materiais, cuja oferta depende em parte de fatores econômicos (tipos de mercados, os preços) e, em parte de limites físicos e biológicos. E o que isso tem a ver com crise financeira? Tradicionalmente, a economia é analisada em dois níveis. Há o nível financeiro, que pode crescer por empréstimos feitos ao setor privado ou ao Estado. O sistema financeiro empresta na expectativa de que o crescimento econômico indefinido dará os meios para pagar os juros e as dívidas. Então, há o que os economistas descrevem como a economia real, o PIB a preços constantes. Quando cresce, ela de fato permite que se paguem as dívidas .
Alguns economistas ecológicos (como Martinez-Alier e Herman Daly) diagnosticam a crise financeira como sendo devida ao crescimento excessivo de ativos financeiros em relação ao crescimento da riqueza real. Como consequência, o valor da riqueza real atual já não é suficiente para servir como uma garantia para a dívida. Ou seja, na raiz da crise estaria a crescente disjunção entre a economia real da produção e da economia "de papel" de financiamento. A velocidade a que o sistema financeiro se expande estaria totalmente defasada da capacidade de a economia real produtiva gerar riqueza para repagar as dívidas. Isso ocorre, pois a produção é dependente do seu sustento material e energético, onde o ritmo de crescimento é distinto e limitado. Ou seja, segundo uma visão inspirada em Georgescu, existe, abaixo da chamada "economia real" do PIB, a economia material no sentido mais forte.
Suposição otimista dos economistas neoclássicos
Ele forneceu o instrumental para se examinar a suposição otimista dos economistas neoclássicos, segundo a qual a substituição de recursos e as inovações tecnológicas sempre superariam os limites biofísicos e que, portanto, não haveria restrições ao crescimento do PIB. Mas, ao contrário, o crescimento da produção e consumo depende de fluxos de energia e de materiais. A possibilidade de esgotamento dos ativos ambientais, a degradação dos "sumidouros", como a atmosfera global, e a crescente ocupação do espaço da Terra podem limitar de maneira decisiva a expansão contínua da escala da economia. É importante lembrar que o pioneiro nessa análise da disjunção não foi Georgescu, e sim o Nobel em Química, Frederick Soddy. Em seu livro Wealth, virtual wealth and debt (1926), Soddy argumentou que é fácil para o sistema financeiro aumentar as dívidas (dívidas privadas ou públicas), e confundir essa expansão do crédito com a criação de riqueza real. No entanto, no sistema industrial, o crescimento da produção e do crescimento do consumo implica crescimento na extração e destruição final de combustíveis fósseis, patrimônio acumulado de milhões de anos.
IHU On-Line – Como o senhor entende a ideia de economia sustentável na perspectiva de Georgescu-Roegen? Quais os limites deste pensamento hoje?
Andrei Cechin – No final da vida, Georgescu revelou seu profundo ceticismo quanto ao novíssimo valor "desenvolvimento sustentável", que já havia ganhado alguma popularidade. Embora para ele estivesse bem claro que desenvolvimento e crescimento são coisas distintas, chegou a considerar o termo desenvolvimento sustentável como um tipo de consolo, útil apenas para desviar a atenção dos verdadeiros problemas, como a diferença existente entre os países ricos e pobres, os problemas da poluição e a futura sobrevivência da espécie humana. A expressão esconderia a falsa ideia de que o crescimento econômico pode ser sustentado indefinidamente, promovendo um otimismo insensato, porém lucrativo. Se economia sustentável, ou economia verde, significar apenas um aumento na participação/crescimento das atividades ou projetos verdes, tais como painéis fotovoltaicos, moinhos eólicos, parques nacionais, pontos de reciclagem de lixo, hortas orgânicas e ecoturismo, sem que se mudem os padrões de produção e consumo insustentáveis, então Georgescu revelaria seu ceticismo quanto a essa promessa. Assim como foi crítico ferrenho da ideia de desmaterialização da economia.
O mito de desmaterialização da economia
Para Georgescu, o mito de desmaterialização absoluta da economia, uma economia que prescinda de matéria ou energia, impede que os economistas pensem em termos de limites e escala. A tecnologia permite que bens e serviços sejam produzidos com menos recursos naturais e menos emissões. Aumentos na eficiência reduzem a quantidade de energia e matéria necessárias para produzir uma unidade de valor monetário do PIB global. No entanto, esse aumento de eficiência tem se dado a uma taxa menor que a taxa de crescimento da economia, o que faz com que o impacto ambiental global continue a crescer em termos absolutos.
Algumas evidências sugerem essa hipótese. Por exemplo, a quantidade de energia primária necessária para produzir cada unidade de produção econômica mundial caiu mais ou menos continuamente durante a maior parte dos últimos cinquenta anos. A "intensidade energética" global – quantidade de energia necessária para produzir uma unidade de valor monetário do PIB global – é agora 33% menor do que era em 1970. No caso da "intensidade material", embora esta tenha diminuído 26% de 1980 a 2007, o PIB global aumentou em 120% e a população mundial aumentou em 50% o que resultou em aumento absoluto de 62% na extração global de recursos . Para provar isso, Georgescu provavelmente apontaria o relatório Living Planet de 2010 que revela que a Pegada Ecológica da humanidade mais que duplicou desde 1966. Em 2007, o último ano para o qual se têm dados, a humanidade usava o equivalente a um planeta e meio para suportar suas atividades. Ou seja, estamos usando em um ano o que a natureza demora um ano e meio para recompor. Essa economia é qualquer coisa menos sustentável.
IHU On-Line – Quais as implicações do pensamento de Nicholas Georgescu-Roegen para a ciência econômica de forma geral e para o debate sobre desenvolvimento sustentável nos dias atuais?
Andrei Cechin – A implicação mais direta para a ciência econômica é a de que o processo econômico não pode contrariar as leis da física, entre elas a Lei da Entropia. Por isso, não pode ser mais representado como um digrama circular isolado do ambiente material. Deve ser encarado como um sistema aberto trocando energia e matéria com o ambiente, ou melhor, degradando energia e matéria para manter a própria organização. Como ele é um subsistema, o custo de manter a própria organização é o aumento na entropia, a desorganização do sistema maior no qual está inserido – o ambiente. Entender a economia como um subsistema faz com que se preste atenção ao seu tamanho, à sua escala. Há, num nível mais abstrato, implicações epistemológicas mais gerais da Lei da Entropia para a ciência. Uma delas é o reconhecimento do tempo como algo irreversível. A corrente chamada de neoclássica foi construída com base em modelos da Física pré-entropia, por isso não poderia deixar de estudar os fenômenos socioeconômicos como se fossem totalmente reversíveis, e de considerar irrelevante o estudo da história para a compreensão dos fenômenos econômicos de hoje.
Desenvolvimento sustentável
Quanto ao debate sobre o desenvolvimento sustentável, além de tudo que já foi dito nas respostas anteriores, se desenvolvimento exige necessariamente expansão econômica da produção e do consumo, a expressão "desenvolvimento sustentável" é uma contradição em termos, uma vez que a expansão da escala da economia provoca processos irreversíveis de degradação do mundo físico. Por isso, é preciso que o otimismo contido no ideal de desenvolvimento sustentável, ou de economia verde, seja aliado ao ceticismo da razão. O pensamento de Georgescu traz ceticismo quanto à capacidade de as economias continuarem crescendo sem solapar a base biofísica que permite a reprodução material das sociedades. Seu pensamento significou uma ruptura, uma vez que admitiu que o processo de produção econômica vem necessariamente acompanhado da geração de resíduo e poluição, sejam estes fenômenos locais ou globais, como as mudanças climáticas antropogênicas. Finalmente, uma importante implicação do pensamento de Georgescu para o debate sobre desenvolvimento sustentável é que, no fundo, qualquer tentativa de solucionar o problema da distribuição de recursos naturais entre as gerações depende da postura ética das atuais gerações em relação às gerações que ainda estão por vir.
Andrei Cechin é doutorando em Administração na Universidade de Wageningen, na Holanda, mestre em Ciência Ambiental pelo Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo – USP, e economista formado na FEA-USP.
Andrei Cechin é autor do livro A Natureza Como Limite da Economia: A Contribuição De Nicholas Georgescu-Roegen (São Paulo: EDUSP, 2010).
domingo, 20 de novembro de 2016
sábado, 19 de novembro de 2016
Arte de rua - Arte e natureza de mãos dadas
"A arte contribui com a natureza quando por meio de uma pintura, ilustração botânica ou até um objeto de artesanato, tem-se a sensação de que tudo no meio ambiente pode ser reutilizado sem que nada seja prejudicado." Dulce Nascimento (in Pinturas da Natureza)
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Paris permite por lei que qualquer cidadão cultive comida sã e sustentável em qualquer lugar da cidade
Telhado verde em Paris. Fonte: Muhimu |
Foi no mês de Abril de 2015 quando a Câmara de Paris anunciou a implementação de uma nova economia circular com o objetivo de proteger os jardins e promover o desenvolvimento de ações ecológicas na cidade.
O objectivo era fomentar um ecossistema em que nada se perde e tudo se transforma e dar um passo para acabar com a imagem das cidades como uma devoradora de recursos. Pretendia-se promover o eco-design (produtos cujo ciclo de vida tem o menor impacto ambiental), a ecologia industrial (que os resíduos de uma empresa fossem uma fonte de outros) e a economia da funcionalidade (a proposta é aliar inovação e desenvolvimento sustentável, oferecendo serviços como valor agregado ao produto e trabalhando o conceito de utilização em vez de posse ).
Entre outros temas a autarquia disponibilizou oito milhões de euros para promover a agricultura urbana.
Assim, a Câmara Municipal de Paris aprovou, a 1 de Julho uma medida tanto inédita como revolucionária. Qualquer cidadão da capital francesa pode verdejar a sua localidade e produzir alimentos em qualquer ponto da cidade, seja em casa, no escritório, nos jardins públicos, nas paredes, nos telhados ou nas jardineiras de árvores na rua. Trata-se de introduzir mais verde na cidade e promover a cultura de hortas urbanas em toda a capital.
O governo da cidade francesa vai permitir que qualquer cidadão se torne num jardineiro, mas define uma série de condições: eles devem usar métodos sustentáveis, evitando o uso de pesticidas tóxicos e promover a biodiversidade na cidade.
O objectivo era fomentar um ecossistema em que nada se perde e tudo se transforma e dar um passo para acabar com a imagem das cidades como uma devoradora de recursos. Pretendia-se promover o eco-design (produtos cujo ciclo de vida tem o menor impacto ambiental), a ecologia industrial (que os resíduos de uma empresa fossem uma fonte de outros) e a economia da funcionalidade (a proposta é aliar inovação e desenvolvimento sustentável, oferecendo serviços como valor agregado ao produto e trabalhando o conceito de utilização em vez de posse ).
Entre outros temas a autarquia disponibilizou oito milhões de euros para promover a agricultura urbana.
Assim, a Câmara Municipal de Paris aprovou, a 1 de Julho uma medida tanto inédita como revolucionária. Qualquer cidadão da capital francesa pode verdejar a sua localidade e produzir alimentos em qualquer ponto da cidade, seja em casa, no escritório, nos jardins públicos, nas paredes, nos telhados ou nas jardineiras de árvores na rua. Trata-se de introduzir mais verde na cidade e promover a cultura de hortas urbanas em toda a capital.
O governo da cidade francesa vai permitir que qualquer cidadão se torne num jardineiro, mas define uma série de condições: eles devem usar métodos sustentáveis, evitando o uso de pesticidas tóxicos e promover a biodiversidade na cidade.
É ainda necessária uma licença da Câmara Municipal- que demora cerca de um mês a analisar e ser aprovado- em que o cidadão se compromete manter adequadamente os seus jardins urbanos e garantir que a vegetação melhora a estética da cidade.
Jardim agrícola partilhado. Fonte: Invité du Jour |
Depois de aprovado o governo local em Paris emite licenças por três anos com opção de renovação. Em troca, o governo local irá proporcionar-lhes um "kit de sementes" com sementes e solo.
Esta medida visa melhorar a qualidade de vida dos cidadãos parisienses, dando liberdade aos seus "jardineiros" e permitir-lhes voar a sua imaginação, para que eles possam ser criativos nas suas práticas ,reforçando a coesão social e transformar Paris numa cidade mais verde e habitável.
Tradução a partir de Muhimu
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Podas radicais nunca mais
Na época do ano em que por todo o país se multiplicam os trabalhos de poda, quer nos espaços privados quer nos públicos, a bióloga da Universidade de Aveiro Rosa Pinho deixa o alerta contra “as podas radicais a que as árvores são sujeitas, que lhes tiram a beleza e reduzem drasticamente as suas funções ecológicas”. Um cenário frequente que a responsável pelo herbário da academia de Aveiro quer ver alterado: "as nossas árvores continuam à mercê das vontades e não do conhecimento”.
No início do novo milénio cerca de 45 por cento da população mundial vivia nas cidades, um fenómeno de notável tendência crescente que exige a tomada urgente de medidas que promovam o desenvolvimento sustentável das cidades. Neste contexto, os espaços verdes urbanos, muitas vezes ameaçados, em favor de áreas de património construído, desempenham um papel extremamente importante na qualidade de vida do meio urbano.
São sobretudo as árvores existentes nos espaços verdes e arruamentos as principais responsáveis pela qualidade de vida das cidades, pois para além de adornarem a urbe, possuem um elevado valor ecológico devido nomeadamente ao seu contributo para a purificação do ar, para a diminuição da poluição sonora e diminuição do impacto das chuvas. Favorecem o microclima da cidade, promovendo a conveniente circulação da água e do ar, proporcionam sombra e refúgio para inúmeras espécies de animais, atraindo especialmente a avifauna, mantendo assim o equilíbrio dos ecossistemas, contrabalançam com a sua presença o artificialismo do meio urbano que tanto afeta a saúde psicossomática das populações, valorizando muito a qualidade de vida local.
Embora com todos estes e mais alguns atributos é notória a falta de sensibilidade para o importante papel da árvore no meio urbano. Comprovam isto as podas radicais a que são sujeitas, que lhes tiram a beleza e reduzem drasticamente as suas funções ecológicas.
A poda de árvores é uma agressão a um organismo vivo, que possui estrutura e funções bem definidas e alguns mecanismos e processos de defesa contra seus inimigos naturais. Contra a poda e suas consequências danosas não existe defesa, a não ser a tentativa desesperada de recompor a estrutura original, definida geneticamente.
A poda é sempre uma operação desvitalizante, elimina uma grande parte da copa das árvores chegando nos casos mais drásticos à eliminação total. Como consequência, a superfície fotossinteticamente ativa é parcial ou totalmente eliminada, pelo que a árvore fica bastante debilitada. Esta gravidade, causada pela poda, estimula um tipo de mecanismo de sobrevivência no sentido da árvore se recompor do traumatismo sofrido, recorrendo para tal às suas reservas energéticas. Se a árvore não dispõe de tais reservas em abundância, ficará gravemente debilitada, podendo em muitos casos morrer.
Uma árvore debilitada fica mais vulnerável ao ataque de pragas e doenças, sendo que alguns insetos e fungos acabam por se aproveitar destas fragilidades e instalam-se, acelerando nalguns casos a morte das árvores. Uma árvore decapitada fica completamente desfigurada e debilitada, e jamais recuperará por completo a sua forma natural. A decapitação é uma prática incoerente com a fisiologia das árvores, cientificamente errada e socialmente inaceitável.
Outro mecanismo de sobrevivência das árvores, como resposta a esta operação traumática, é a produção de múltiplos rebentos, o que lhes causa um grande desgaste. Isto é interpretado muitas vezes e erradamente como um rejuvenescimento da árvore, mas não passa de uma tentativa desesperada e inglória de reposição da copa inicial. Os novos rebentos crescem muito rapidamente, podendo nalgumas espécies alcançar 6 metros no primeiro ano. Infelizmente, estes novos ramos de grande fragilidade mecânica têm tendência para partir com facilidade, principalmente por ação de ventos fortes. Neste caso, vira-se o feitiço contra o feiticeiro, em que a mutilação vista como uma forma de proporcionar segurança, torna-se numa forte ameaça para os transeuntes. A mutilação fará uma árvore mais perigosa a médio e longo prazo.
Além da falta de estética que as árvores passam a apresentar, com a "poda radical" a que são sujeitas, as feridas deixadas pelos cortes, às vezes de difícil cicatrização, são um perigo permanente de entrada de organismos patogénicas, além disso, os gomos dormentes que as árvores possuem e que normalmente não rebentariam vão provavelmente rebentar e deformar a própria árvore. Alguns tumores, que muitas vezes são observados nas árvores ornamentais, resultam de muitas podas sucessivas.
Decapitando árvores frondosas, estas estarão à partida condenadas a não cumprir a sua função ambiental de purificar o ambiente, proporcionar sombra e frescura, servir de habitat para pequenas aves que ali nidificavam.
A poda não é uma operação cultural normal em árvores ornamentais ou florestais, mas sim em árvores de fruto. A poda em árvores ornamentais é necessária apenas em casos de emergência.
A propósito das podas radicais nas árvores o saudoso Eng. Agrónomo e Silvicultor Joaquim Vieira da Natividade dizia: o podador domina porque enfraquece, vence porque suprime, em boa verdade a vitória não é brilhante!
No livro A Árvore em Portugal de Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Telles, cuja 1ª edição foi publicada em 1960, podemos encontrar várias referências que condenam o uso de podas radicais: Qualquer supressão de que resulta um aspeto definitivamente mutilado da árvore, deve considerar-se inadmissível visto comprometer definitivamente a finalidade estética da planta ornamental. Passados 56 anos desta publicação, a evolução nas mentalidades e sensibilidades ainda não atingiu o patamar da excelência e as nossas árvores continuam à mercê das vontades e não do conhecimento.
Fonte: Jornal Online Universidade de Aveiro, 29.1.2016
Outras Leituras Podas camarárias e a Arte de lidar com as Árvores em Portugal- Que justificação para o exagero?
Consequências da mutilação das árvores
No início do novo milénio cerca de 45 por cento da população mundial vivia nas cidades, um fenómeno de notável tendência crescente que exige a tomada urgente de medidas que promovam o desenvolvimento sustentável das cidades. Neste contexto, os espaços verdes urbanos, muitas vezes ameaçados, em favor de áreas de património construído, desempenham um papel extremamente importante na qualidade de vida do meio urbano.
São sobretudo as árvores existentes nos espaços verdes e arruamentos as principais responsáveis pela qualidade de vida das cidades, pois para além de adornarem a urbe, possuem um elevado valor ecológico devido nomeadamente ao seu contributo para a purificação do ar, para a diminuição da poluição sonora e diminuição do impacto das chuvas. Favorecem o microclima da cidade, promovendo a conveniente circulação da água e do ar, proporcionam sombra e refúgio para inúmeras espécies de animais, atraindo especialmente a avifauna, mantendo assim o equilíbrio dos ecossistemas, contrabalançam com a sua presença o artificialismo do meio urbano que tanto afeta a saúde psicossomática das populações, valorizando muito a qualidade de vida local.
Embora com todos estes e mais alguns atributos é notória a falta de sensibilidade para o importante papel da árvore no meio urbano. Comprovam isto as podas radicais a que são sujeitas, que lhes tiram a beleza e reduzem drasticamente as suas funções ecológicas.
A poda de árvores é uma agressão a um organismo vivo, que possui estrutura e funções bem definidas e alguns mecanismos e processos de defesa contra seus inimigos naturais. Contra a poda e suas consequências danosas não existe defesa, a não ser a tentativa desesperada de recompor a estrutura original, definida geneticamente.
A poda é sempre uma operação desvitalizante, elimina uma grande parte da copa das árvores chegando nos casos mais drásticos à eliminação total. Como consequência, a superfície fotossinteticamente ativa é parcial ou totalmente eliminada, pelo que a árvore fica bastante debilitada. Esta gravidade, causada pela poda, estimula um tipo de mecanismo de sobrevivência no sentido da árvore se recompor do traumatismo sofrido, recorrendo para tal às suas reservas energéticas. Se a árvore não dispõe de tais reservas em abundância, ficará gravemente debilitada, podendo em muitos casos morrer.
Uma árvore debilitada fica mais vulnerável ao ataque de pragas e doenças, sendo que alguns insetos e fungos acabam por se aproveitar destas fragilidades e instalam-se, acelerando nalguns casos a morte das árvores. Uma árvore decapitada fica completamente desfigurada e debilitada, e jamais recuperará por completo a sua forma natural. A decapitação é uma prática incoerente com a fisiologia das árvores, cientificamente errada e socialmente inaceitável.
Outro mecanismo de sobrevivência das árvores, como resposta a esta operação traumática, é a produção de múltiplos rebentos, o que lhes causa um grande desgaste. Isto é interpretado muitas vezes e erradamente como um rejuvenescimento da árvore, mas não passa de uma tentativa desesperada e inglória de reposição da copa inicial. Os novos rebentos crescem muito rapidamente, podendo nalgumas espécies alcançar 6 metros no primeiro ano. Infelizmente, estes novos ramos de grande fragilidade mecânica têm tendência para partir com facilidade, principalmente por ação de ventos fortes. Neste caso, vira-se o feitiço contra o feiticeiro, em que a mutilação vista como uma forma de proporcionar segurança, torna-se numa forte ameaça para os transeuntes. A mutilação fará uma árvore mais perigosa a médio e longo prazo.
Além da falta de estética que as árvores passam a apresentar, com a "poda radical" a que são sujeitas, as feridas deixadas pelos cortes, às vezes de difícil cicatrização, são um perigo permanente de entrada de organismos patogénicas, além disso, os gomos dormentes que as árvores possuem e que normalmente não rebentariam vão provavelmente rebentar e deformar a própria árvore. Alguns tumores, que muitas vezes são observados nas árvores ornamentais, resultam de muitas podas sucessivas.
Decapitando árvores frondosas, estas estarão à partida condenadas a não cumprir a sua função ambiental de purificar o ambiente, proporcionar sombra e frescura, servir de habitat para pequenas aves que ali nidificavam.
A poda não é uma operação cultural normal em árvores ornamentais ou florestais, mas sim em árvores de fruto. A poda em árvores ornamentais é necessária apenas em casos de emergência.
A propósito das podas radicais nas árvores o saudoso Eng. Agrónomo e Silvicultor Joaquim Vieira da Natividade dizia: o podador domina porque enfraquece, vence porque suprime, em boa verdade a vitória não é brilhante!
No livro A Árvore em Portugal de Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Telles, cuja 1ª edição foi publicada em 1960, podemos encontrar várias referências que condenam o uso de podas radicais: Qualquer supressão de que resulta um aspeto definitivamente mutilado da árvore, deve considerar-se inadmissível visto comprometer definitivamente a finalidade estética da planta ornamental. Passados 56 anos desta publicação, a evolução nas mentalidades e sensibilidades ainda não atingiu o patamar da excelência e as nossas árvores continuam à mercê das vontades e não do conhecimento.
Fonte: Jornal Online Universidade de Aveiro, 29.1.2016
Outras Leituras Podas camarárias e a Arte de lidar com as Árvores em Portugal- Que justificação para o exagero?
Consequências da mutilação das árvores
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
Encontros Improváveis: Dadi Janki e Kled Mone - Insane People
"Fraternidade significa entender que um grito de dor é igual em todas as línguas, e o mesmo se aplica a um sorriso" - Dadi Janki
“What kind of world is forming now, beyond this winter of war and sorrow, of poverty, pollution and death? In the winter, we foresee the spring. Those with a positive vision of the future give us an image of a world on this planet where all things are given freely, where the highest human potential is fully realised. But we can get to that stage only when there are leaders to take us there.” - Dadi Janki
Mais Informações
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Calendário Agrícola Anual
Janeiro
Prepare a terra de maneira ficar muito limpa, fofa e sem torrões. Como neste mês são frequentes as geadas, as plantas devem ser cobertas de noite com giestas, urzes, pequenos galhos de árvores etc.
Semeiam-se favas, ervilhas, alfaces, rabanetes, couve-flor, brócolos, repolhos, cebolas, cenouras.
Fevereiro
Cavar, ou lavrar fundo os terrenos que estejam desocupados e em bom estado para enterrar húmus ou estrume.
Semear: aipo branco, abóboras, alcachofras, alface, alho-francês, beterraba, cebola, cenouras, coentros, couves diversas, espargos, ervilhas, espinafres, favas, feijão, malaguetas, melancia, nabiças, pimentos, repolho, salsa, tomate, tronchudas / pencas.
Semear batatas.
Março
Os terrenos lavrados em fevereiro, devem agora ser fresados. Antes de fresar ou gradear a terra verificar os valores do ph, certifique-se que se encontram entre 6 e 7.5 para evitar problemas.
Proceder, se o tempo o permitir, às primeiras sachas das alfaces, alhos e outras culturas em desenvolvimento.
Semear na horta: abóboras, milho, trigo de primavera, cevada, luzerna e outras forragens, linho, abóboras, alfaces, beterraba, cenouras, ervilhas, espinafres, feijão de trepar, melancias, melões, nabiças, rabanetes, salsa, tomates e pepinos.
Plantar ou transplantar: cebolas, couves e espargos.
Abril
Sachar, mondar e, se necessário, regar a horta de preferência nas primeiras horas da manhã, preferencialmente antes do sol nascer.
Estar atento ao ataque de insectos lesmas, e caracóis à horta.
Semear: abóboras, alfaces, couve-galega, espinafres, ervilhas, feijões, melancias, melões, nabiças, pepino, acelgas, cenouras, rabanetes, coentros, salsa etc.
Plantar: alfaces, cebolas, couves, pepinos, pimentos e tomates.
Maio
Prosseguem as sementeiras periódicas (quinzenais) de feijão (para colher em vagem) e de ervilhas. Assim se consegue ter feijão-verde e ervilhas durante alguns meses.
Continuar a sementeira de plantas na horta e monda-se, sacha-se e rega-se os alfobres.
Regam-se as hortas de preferência à tardinha, para que a terra conserve por mais tempo a água absorvida e ser mais facilmente aproveitada pelas plantas.
Junho
Prosseguir com a preparação dos canteiros – regas, sachas, mondas, incorporação de estrumes, etc.
Plantar ou transplantar para a horta: alface, chicória, couve galega.
Colheita de: alface, batata, chicória, couves, espinafres, nabiças e rabanetes.
Julho
Semear: acelgas, agriões, alface de Outono e Inverno, beldroegas, bróculos tardios, cenouras, chicória, couve-de-bruxelas, couve-nabo, couve-flor tardia, ervilhas, feijão (de trepar e anão), nabo, rabanetes, repolho de Inverno, salsa.
Agosto
Preparar o terreno da horta para as sementeiras e plantações do próximo Outono.
Regar pela fresca e sachar.
Limpar os morangueiros, cortando-lhes os estolhos ou deixando só os necessários para a multiplicação. Fazer a sulfatação e enxofra dos tomateiros.
Semear: acelgas, agriões, alface, beldroegas, cebolas, cenouras, couve-nabo, espinafres, favas, feijão, nabo, rabanetes, ervilhas, repolho de Inverno, salsa.
Setembro
Continuar a preparação dos talhões da horta para as próximas sementeiras e plantações de Outono-Inverno, efectuando cavas fundas e procedendo ao enterramento do estrume e dos adubos.
Cuidar das hortaliças (bróculo, couve-flor, penca e repolho), que deverão ser estrumadas ou tapadas a meio do mês, se o não tiverem sido antes.
Semear: agriões, alfaces, azedas, beldroegas, cebolas, cenouras, chicórias, coentros, couves-flor, repolho, ervilhas, espinafres, favas, nabos, rabanetes, salsa, segurelha, etc.
Outubro
Prosseguir a preparação dos terrenos da horta, cavando-os ou arando-os e estrumando-os abundantemente.
Defender as hortaliças contra a possível aparição de geadas, por meio de folhas secas, caruma, palha, feno, etc.
Semear: ervilhas, favas, lentilhas, nabos, rabanetes, cenouras, espinafres (que se colhem pelo Natal), coentros e agriões.
Plantar: espargos, couves, beterrabas, morangueiros e alhos.
Os alhos devem plantar-se cedo e agradecem uma boa adubação potássica.
Novembro
Preparar os talhões e os canteiros destinados às sementeiras e plantações de Primavera. As estrumações são indispensáveis.
Desbastam-se os nabais, aproveitando o produto do desbaste para dar ao gado.
Semear: alface, beterraba, cebola, chicória, tomates, couve galega, nabiças de grelo, nabo redondo, rabanetes, ervilhas, favas e salsa.
Proteger contra as geadas as plantas mais susceptíveis, com abrigos plásticos, esteiras, etc.
Dezembro
Preparam-se talhões e canteiros da horta para as culturas próprias da época e, também, para as da próxima Primavera.
A terra da horta tem de ficar bem afogada e sem torrões, incorporando-se nessa altura o estrume, que convém não estar completamente curtido, no caso de se tratar de canteiros destinados às culturas de Primavera.
Semear: cebola, couves, nabiças, rabanetes, espinafres, agriões, alfaces, favas, ervilhas e cenouras.
Plantam-se na horta: chicórias, couves diversas (nomeadamente repolho e couve-flor), estolhos de morangueiros, alhos e cebolas.
domingo, 13 de novembro de 2016
Música do Bioterra: Damien Jurado - I Am Still Here
I stood alone there in the driveway
Till I saw your headlights fade
Disappear
Burn out like stars
A Chevrolet train that rolls in the night
Till I saw your headlights fade
Disappear
Burn out like stars
A Chevrolet train that rolls in the night
I must have had a hundred nightmares
Of you falling asleep at the wheel
I send my prayers
Where are you now?
I am still here and going nowhere
Here is a photo of our first baby
Here is a photo of our wedding day
Nothing has changed
My love still the same
I am still here and here I remain
When you come back we'll have a party
We'll hang up the christmas lights
You'll be my bride
I'll be your groom
I miss you so much please make it home soon
Your mother said that you called this morning
"Tell him I love him, but won't be returning"
sábado, 12 de novembro de 2016
Documentário: As Sementes, por Beto Novaes. Mulheres e agroecologia.
Esta curta-metragem "As Sementes" (2015), do diretor Beto Novaes, retrata a história de mulheres que, de diversas maneiras, têm actuado em defesa da agroecologia no Brasil.
Inspirado no livro "Mulheres e Agroecologia: transformando o campo, as florestas e as pessoas", de Emma Siliprandi [1], o documentário é um mergulho nas trajetórias de vida de quatro agricultoras que participam ativamente dos movimentos agroecológicos no Brasil e que se tornaram referências e/ou lideranças sociais e políticas em seus territórios.
Este filme mostra o quanto as práticas agroecológicas potencializam a participação das mulheres na unidade produtiva – desde o plantio até a comercialização – propondo relações de gênero igualitárias no campo. Um trabalho de coleta e manejo da natureza que contribui para a soberania alimentar, a preservação da biodiversidade e para o resgate das sementes crioulas!
- [1]- E-Livro "Mulheres e Agroecologia: transformando o campo, as florestas e as pessoas", de Emma Siliprandi
- Alguns fragmentos dos depoimentos das agricultoras
- Filmografia Beto Novaes
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
“São os comunistas que pensam como os cristãos”, diz o papa
Em entrevista ao jornal “La Repubblica”, o papa Francisco comparou os comunistas aos cristãos e defendeu que os movimentos cívicos devem entrar na política
O papa Francisco disse que os comunistas "pensam como os cristãos", numa entrevista publicada esta sexta-feira pelo jornal italiano "La Repubblica".
"São os comunistas que pensam como os cristãos. Cristo falou de uma sociedade em que os pobres, os débeis e os excluídos é que decidem. Não os demagogos, os Barrabás, mas o povo, os pobres, tenham fé em Deus ou não, mas são eles que temos de ajudar a obter a igualdade e a liberdade", afirmou o papa, na entrevista.
Francisco disse esperar, por isso, que os movimentos cívicos entrem na política.
"Não na politiquice, nas lutas de poder, no egoísmo, na demagogia, no dinheiro, mas na alta política, criativa e de grandes visões", salientou.
O papa evitou falar, ao jornal, sobre o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e assegurou que, em relação aos políticos, só lhe interessa "os sofrimentos que a sua maneira de agir podem causar aos pobres e aos excluídos".
Francisco disse que a sua maior preocupação é o drama dos refugiados e imigrantes e reiterou que é necessário "abater os muros que dividem, tentar aumentar e estender o bem-estar".
"E para isso é necessário derrubar muros e construir pontes que permitam diminuir as desigualdades e dar mais liberdade de direitos", concluiu.
O papa pediu ainda aos sem-abrigo que perdoem todos os cristãos que lhes viram as costas em vez de os ajudar.
O apelo ressoou pelo auditório do Vaticano onde Francisco ficou de pé, em silêncio, durante vários minutos, perante cerca de 4.000 pessoas oriundas de 22 países, que não têm casa ou passaram anos a viver nas ruas.
Durantes esse momento de recolhimento, muitas dessas pessoas aproximaram-se de Francisco e tocaram-lhe nos ombros ou na sotaina.
"Peço perdão", disse o Papa em nome dos cristãos que, "confrontados com uma pessoa pobre, olham para o outro lado".
A audiência de Francisco com os sem-abrigo decorreu no dia em que a Igreja honra São Martinho, famoso por ter partilhado a sua capa com um mendigo que tremia de frio na estrada.
O Ano Santo da Misericórdia da Igreja Católica, que pôs o foco naqueles que vivem nas margens da sociedade, termina no dia 20 com uma missa celebrada por Francisco.
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
A comida dos astronautas ajuda pessoas na Terra
Durante centenas de anos, as pessoas na América do Sul e África têm colhido um tipo especial de bactéria chamada spirulina. Esta transforma dióxido de carbono em oxigénio, cresce muito rapidamente e, talvez o melhor de tudo, pode ser combinada com outros alimentos para impulsionar os seus níveis proteicos. Os cientistas da equipa do ‘Sistema Alternativo de Apoio à Vida Micro-Ecológica’ da ESA (ou MELiSSA) têm vindo a pesquisar tudo o que podem sobre a spirulina. Poderia ser o alimento ideal para o espaço, pois pode ser transformado em lanches para manter os astronautas felizes e saudáveis. Os astronautas da ESA Samantha Cristoforetti e Andreas Mogensen já comeram barras de cereais de spirulina no espaço!
Agora esta informação sobre a spirulina está a ser usada para ajudar as pessoas na Terra. No Congo situa-se uma cidade chamada Bikoro. Os seus habitantes comem uma planta chamada mandioca mas, infelizmente, isto não fornece proteína suficiente na sua dieta. Poderia a spirulina ajudar?
Agora esta informação sobre a spirulina está a ser usada para ajudar as pessoas na Terra. No Congo situa-se uma cidade chamada Bikoro. Os seus habitantes comem uma planta chamada mandioca mas, infelizmente, isto não fornece proteína suficiente na sua dieta. Poderia a spirulina ajudar?
Um grupo de cientistas do MELiSSA certamente pensam que sim. Estabeleceram uma base na cidade e estão a crescer culturas de spirulina em grandes banheiras de água. Ao adicionar uma substância química chamada bicarbonato de potássio na água, juntamente com alguns outros ingredientes fáceis de encontrar, a spirulina cresce muito rapidamente. Pode, então, ser transformada em pó e polvilhada sobre a comida feita com mandioca, acrescentando a tão necessária proteína - e como bónus, vitamina A e ferro!
Spirulina vista ao microscópio. |
Fato interessante: a spirulina é também muito resistente à radiação encontrada no espaço!
Fonte: ESA
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
Descobertas 60 espécies marinhas na Arrábida
Campanha oceanográfica de levantamento da biodiversidade marinha mobilizou quatro navios e 200 pessoas em duas semanas. [Expresso, 13.10.2014]
Investigar 2000 amostras biológicas A expedição científica continua agora em terra, com o arranque das investigações laboratoriais das mais de 2000 amostras biológicas recolhidas, do processamento dos dados e da análise minuciosa dos registos de fotografia e vídeo. Os navios mobilizados foram o "Creoula", da Marinha Portuguesa; a caravela "Vera Cruz", da Aporvela (Associação Portuguesa de Treino de Vela); o veleiro "Blaus VII", da Escola Naval; e o "Santa Maria Manuela", da empresa Pascoal.
Mais de 60 espécies marinhas, cuja presença na região da Arrábida era desconhecida até agora, foram identificadas pela quinta campanha oceanográfica dedicada ao levantamento da biodiversidade marinha realizada pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC).
A expedição científica foi realizada entre 20 de setembro e 4 de outubro entre o Outão e o Cabo Espichel, mobilizou quatro navios e envolveu mais de 200 pessoas - cientistas, estudantes de doutoramento, mestrado e licenciatura, técnicos, instrutores de mergulho, alunos do ensino secundário e tripulações dos navios. Participaram na campanha universidades, Laboratórios Associados e centros de investigação nacionais e internacionais. Ao mesmo tempo, oito equipas de mergulhadores integrando biólogos marinhos, realizaram um total de 244 mergulhos entre os três metros e os 43 metros de profundidade, tendo recolhido amostras e feito registos fotográficos e em vídeo das espécies observadas.
As imagens de vídeo foram recolhidas através de um mini-ROV (pequeno submarino operado à distância) e permitiram investigar os fundos marinhos ao largo da Serra da Arrábida até aos 100 metros de profundidade. Entre as espécies identificadas figuram 30 briozoários (pequenos animais que formam colónias, com esqueleto microscópico em forma de caixa, cada um albergando um animal individual), um hidrozoário (organismo invertebrado com tentáculos, que forma colónias onde cada elemento tem uma função específica), quatro esponjas, três moluscos, 14 algas e um peixe, o caboz (Gobius buchichi).
Na Baía de Sesimbra foi também descoberto um campo de anémonas a 50 metros de profundidade e um jardim de esponjas e corais a 60 metros de profundidade.
Investigar 2000 amostras biológicas A expedição científica continua agora em terra, com o arranque das investigações laboratoriais das mais de 2000 amostras biológicas recolhidas, do processamento dos dados e da análise minuciosa dos registos de fotografia e vídeo. Os navios mobilizados foram o "Creoula", da Marinha Portuguesa; a caravela "Vera Cruz", da Aporvela (Associação Portuguesa de Treino de Vela); o veleiro "Blaus VII", da Escola Naval; e o "Santa Maria Manuela", da empresa Pascoal.
Neste barco foi feito o lançamento do Visualizador M@rBis, primeira fase da versão online de acesso público do M@rBis, uma base de dados que incorpora um sistema de informação georeferenciada da biodiversidade marinha nacional. O sistema foi desenvolvido para fornecer as informações necessárias à concretização dos compromissos de Portugal relativos ao processo da União Europeia de extensão da Rede Natura 2000 ao meio marinho, nas águas sob jurisdição portuguesa.
E contempla também os dados relativos à biodiversidade do oceano profundo obtidos nas campanhas realizadas pela EMEPC no âmbito do Projeto de Extensão da Plataforma Continental portuguesa, que se encontra em apreciação final nas Nações Unidas. O Visualizador M@rBis pode ser acedido por qualquer pessoa a partir do site da EMEPC ou directamente aqui