Em entrevista ao jornal “La Repubblica”, o papa Francisco comparou os comunistas aos cristãos e defendeu que os movimentos cívicos devem entrar na política
O papa Francisco disse que os comunistas "pensam como os cristãos", numa entrevista publicada esta sexta-feira pelo jornal italiano "La Repubblica".
"São os comunistas que pensam como os cristãos. Cristo falou de uma sociedade em que os pobres, os débeis e os excluídos é que decidem. Não os demagogos, os Barrabás, mas o povo, os pobres, tenham fé em Deus ou não, mas são eles que temos de ajudar a obter a igualdade e a liberdade", afirmou o papa, na entrevista.
Francisco disse esperar, por isso, que os movimentos cívicos entrem na política.
"Não na politiquice, nas lutas de poder, no egoísmo, na demagogia, no dinheiro, mas na alta política, criativa e de grandes visões", salientou.
O papa evitou falar, ao jornal, sobre o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e assegurou que, em relação aos políticos, só lhe interessa "os sofrimentos que a sua maneira de agir podem causar aos pobres e aos excluídos".
Francisco disse que a sua maior preocupação é o drama dos refugiados e imigrantes e reiterou que é necessário "abater os muros que dividem, tentar aumentar e estender o bem-estar".
"E para isso é necessário derrubar muros e construir pontes que permitam diminuir as desigualdades e dar mais liberdade de direitos", concluiu.
O papa pediu ainda aos sem-abrigo que perdoem todos os cristãos que lhes viram as costas em vez de os ajudar.
O apelo ressoou pelo auditório do Vaticano onde Francisco ficou de pé, em silêncio, durante vários minutos, perante cerca de 4.000 pessoas oriundas de 22 países, que não têm casa ou passaram anos a viver nas ruas.
Durantes esse momento de recolhimento, muitas dessas pessoas aproximaram-se de Francisco e tocaram-lhe nos ombros ou na sotaina.
"Peço perdão", disse o Papa em nome dos cristãos que, "confrontados com uma pessoa pobre, olham para o outro lado".
A audiência de Francisco com os sem-abrigo decorreu no dia em que a Igreja honra São Martinho, famoso por ter partilhado a sua capa com um mendigo que tremia de frio na estrada.
O Ano Santo da Misericórdia da Igreja Católica, que pôs o foco naqueles que vivem nas margens da sociedade, termina no dia 20 com uma missa celebrada por Francisco.
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