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sábado, 12 de julho de 2025

Marci Shore saiu dos EUA e agora deixa o aviso: "A Europa não deve absolutamente confiar em nós"



A grande questão neste momento, defende Marci Shore, "é saber quem vai forçar quem" na "situação sem precedentes" em que os Estados Unidos se encontram. "Trump e Vance não são omnipotentes nem imortais, são habilitados por muitas outras pessoas, incluindo quase todos os republicanos".

Isso é notório, por exemplo, na recente aprovação da "lei grande e bela" que vai enriquecer os mais ricos e empobrecer os mais pobres, num país que está a resvalar para o autoritarismo. "O terror atomiza-nos, e os regimes tirânicos alimentam-se dessa atomização – e o único antídoto é a solidariedade ", ressalta a historiadora especializada em fascismo.

Aos que dizem que a América será salva pelos "pesos e contrapesos" que sempre orientaram a política norte-americana, Shore deixa um aviso. "As estruturas e instituições não são proteções mágicas e sobrenaturais, são criadas e geridas por pessoas" – e se a História nos mostra algo, é a facilidade com que coisas impensáveis são normalizadas. "Os seres humanos têm uma capacidade extraordinária de normalizar o anormal; o que parecia inconcebível num dado momento pode tornar-se o novo normal alguns meses mais tarde, e mal nos apercebemos de como as fronteiras recuaram."

Com uma carreira de décadas dedicada à cultura eslava e à Europa Central e de Leste, Shore trocou a Universidade de Yale, nos EUA, pela Universidade de Toronto, no Canadá, uma decisão que, garante, foi tomada após muita ponderação em família. Se dependesse do marido, o historiador e escritor Timothy Snyder, é possível que a mudança nunca tivesse acontecido. "O meu marido não é uma pessoa ansiosa por natureza. Se estivesse sozinho, teria regressado a New Haven, não apesar, mas precisamente por causa da vitória de Trump, para lutar pela democracia dos Estados Unidos."

Ao ver o vídeo que o NYT fez consigo e com outros dois especialistas em Fascismo da Universidade de Yale, Jason Stanley e o seu marido, Timothy Snyder, achei muito marcante a analogia que faz com o Titanic, em relação a esta ideia do ‘excecionalismo americano’. Continua a haver muita gente, dentro e fora dos Estados Unidos, a acreditar que os pesos e contrapesos vão impedir o navio de se afundar, apesar de a realidade apontar na direção oposta. Vislumbra alguma forma de esses pesos e contrapesos prevalecerem, por exemplo, por via das eleições intercalares no próximo ano ou do ramo judiciário? Ou estamos destinados a ver o navio afundar-se?
Não existe nada “destinado”. Os “pesos e contrapesos” referem-se a estruturas e instituições – não são proteções mágicas e sobrenaturais, são criadas e geridas por pessoas. Há certamente juízes que estão a recuar e a dizer ‘não’ – e a administração Trump está, muitas vezes, a recusar-se a honrar essas decisões judiciais. Torna-se então uma questão de saber quem vai forçar quem. Esta é, de certa forma, uma situação sem precedentes nos Estados Unidos.

E como se sai dessa situação?
Tudo depende das pessoas. Trump não é omnipotente nem imortal – e JD Vance também não. Eles são habilitados por muitas outras pessoas – incluindo quase todos os membros republicanos do Congresso, que fizeram barganhas faustianas. Esta “Lei Grande e Bela”, que priva milhões de americanos de cuidados de saúde e milhões de crianças de comida, não teria sido aprovada se o Partido Republicano não tivesse alinhado com Trump. Eles podiam dizer ‘não’.

A votação no Senado estava a 50-50 antes de JD Vance ter dado o voto de desempate na sua qualidade de vice-presidente. Juntamente com todos os democratas, três senadores republicanos votaram contra. Se mais um senador republicano tivesse votado contra, o projeto de lei não teria sido aprovado.

Logo após o voto, o meu irmão, que é compositor de ópera, publicou este vídeo [uma música chamada “Na noite passada sonhei que vi Jesus”, que termina com o verso “E ele disse-me que eu podia ir para o inferno” e com a adenda: “Mantenham-se seguros, amigos – e não fiquem doentes”. Desde a eleição de Trump, Dan Shore tem usado os seus dotes musicais para compor sátiras políticas de protesto contra as políticas da administração.]

Em tempos como estes, as pessoas tentam encontrar esperança onde quer que seja e muitas estão algo esperançosas perante notícias recentes como a libertação de Mahmoud Khalil, ativista da Universidade de Columbia, e a vitória de Zohran Mamdani nas primárias democratas à Câmara Municipal de Nova Iorque. O que podem estes eventos indiciar no contexto da busca por um caminho alternativo para os EUA?
Os Estados Unidos são um país profundamente dividido, é por isso que todas as eleições presidenciais são uma competição por um grupo demográfico relativamente mínimo, os chamados “swing voters”, ou eleitores indecisos. Há uma verdadeira resistência, há momentos de esperança, e é importante estar ciente e reconhecer esses momentos.

Estou a participar numa iniciativa do Seminário de Democracia da New School para documentar “pequenos atos de resistência democrática”. Este site pretende ser uma plataforma de solidariedade, reconhecimento e apoio moral, mas também um recurso para jornalistas, especialmente jornalistas fora dos Estados Unidos.

Recentemente, deu uma palestra na Universidade Metropolitana de Toronto onde avisou os canadianos – numa mensagem também dirigida, presumo, aos europeus e a outras sociedades – que “não podem confiar” no atual governo americano e que, por conseguinte, não podem confiar nos Estados Unidos. A verdade, porém, é que a arquitetura da relação transatlântica assenta nesta dependência europeia dos EUA, por exemplo, em matéria de defesa e segurança. Quão exequível seria “sair” desta relação? Ou existe outra forma de negociar (e fazer acordos) com os EUA, reduzindo essa dependência?

Eu nem sequer o descreveria como uma mudança de paradigma, mas sim como um salto para o niilismo. Para Trump, não existe a verdade versus a mentira ou o bem versus o mal; existe apenas o que é vantajoso ou desvantajoso para si próprio num dado momento. Todas as relações são puramente transacionais. Não existem valores ou princípios.

Estamos a olhar para um abismo. Pode acontecer, claro, que algo que Trump entenda como sendo do seu interesse num determinado momento tenha, por acaso, efeitos positivos – mas isso não deve ser mal interpretado como uma política coerente ou um paradigma que reflita qualquer tipo de valores consistentes.

A Europa não deve absolutamente confiar em nós. É isto mesmo: o fim do namoro.

Num artigo que escreveu em maio, afirmava que se deve “evitar fetichizar” conceitos como autocracia, fascismo, autoritarismo, etc., porque “nenhuma situação histórica é exatamente igual a outra”. Ainda assim, impõe-se a pergunta: que lições é que o passado pode ensinar-nos no que toca a lutar contra este sentimento de paralisia da sociedade?
Conceitos como o fascismo são muito úteis, só não devem ser fetichizados. Quanto às lições: os seres humanos têm uma capacidade extraordinária de normalizar o anormal. O que parecia inconcebível num dado momento pode tornar-se o novo normal alguns meses mais tarde, e mal nos apercebemos de como as fronteiras recuaram. Habituamo-nos a uma nova realidade e depois não conseguimos ver verdadeiramente o que está a acontecer à nossa volta.

Após as eleições de novembro de 2016, o comediante John Oliver disse ao seu público televisivo: "Vai ser demasiado fácil as coisas começarem a parecer normais – especialmente se se for alguém que não é diretamente afetado pelas ações [da administração Trump]. Por isso, lembrem-se: isto não é normal. Escreva-o num post-it e cole-o no seu frigorífico." O contexto era um programa de comédia política, mas isto não era uma piada, e o conselho de John Oliver foi absolutamente correto.

Há aqui dois desafios: abanar a sociedade, para que reconheça as implicações aterradoras da livre expressão da violência e da crueldade, e encontrar métodos para fundamentar o nosso discurso na verdade empírica"

É essencial não normalizar o anormal. É também essencial insistir na verdade – procurando-a, dizendo-a em voz alta. O terror atomiza-nos, e os regimes tirânicos alimentam-se dessa atomização. O único antídoto para isso é a solidariedade. Conhecemos a famosa citação de Martin Niemöller, o simpatizante da direita alemã que se tornou prisioneiro político dos nazis: "Primeiro vieram atrás dos socialistas, e eu não me pronunciei – porque não era socialista. Depois vieram atrás dos sindicalistas, e eu não falei – porque não era sindicalista. Depois vieram buscar os judeus, e eu não falei – porque não era judeu. Depois vieram atrás de mim – e já não havia ninguém para falar por mim".

Líderes como Donald Trump são regularmente aplaudidos pela sua “honestidade”, mas essa honestidade não corresponde à ideia de falar verdade no sentido do que se pode empiricamente provar como verdadeiro – corresponde, antes, a falar sem qualquer filtro, mesmo quando o que se está a dizer é o oposto do que é verdadeiro. Isto coloca um desafio aos cidadãos em geral, e aos jornalistas em particular, tornando ainda mais difícil navegar a realidade e reportá-la nos dias que correm. Desde que Trump anunciou a sua primeira candidatura à presidência, há uma década, os jornalistas têm tentado combater a desinformação com factos, mas isso não parece ser suficiente, nem nos EUA, nem na Europa. Qual é o caminho?
O que os apoiantes de Trump entendem como “honestidade” é o tipo de libertação da repressão que Freud descreveu em “A Civilização e os seus Descontentamentos: a livre expressão de Eros e Thanatos”. Hoje, se virmos uma mulher a andar na rua e desejarmos violá-la, é perfeitamente admissível expressá-lo em voz alta. Freud dir-nos-ia que a civilização se baseia na repressão. A libertação dessa repressão é a verdadeira libertação – pela qual pagamos o pequeno preço da destruição da civilização. E estamos a pagar esse preço.

As possibilidades tecnológicas de disseminação e consumo de informação – e desinformação – não têm precedentes. É um alvo em movimento: a tecnologia acelera mais rapidamente do que conseguimos compreender o problema e formular soluções. Em 2016, os jornalistas americanos ficaram sem saber o que fazer. Estavam habituados a verificar factos individuais – não estavam habituados a um completo afastamento da realidade empírica. E ninguém conseguia verificar os factos tão rapidamente quanto Trump conseguia mentir.

Portanto, há aqui dois desafios. Um é abanar a sociedade, para que reconheça as implicações aterradoras da livre expressão da violência e da crueldade. O outro é encontrar métodos para fundamentar o nosso discurso na verdade empírica.

Diz que “a grande lição de 1933 é que se deve sair mais cedo do que tarde”, num paralelismo entre o que aconteceu na Alemanha, com a ascensão de Adolf Hitler ao poder, e o que está a acontecer agora nos EUA. Porque é que decidiu abandonar o seu país-natal?
Receio que a mudança da minha família para Toronto tenha sido um pouco dramatizada de forma absurda. Na verdade, não é assim tão dramática. Foi uma decisão familiar muito gradual e complexa, que começou muito antes das eleições. Por um lado, Yale é uma instituição excecional; adorei ensinar em Yale, tenho lá amigos e colegas de quem sentirei muitas saudades. Por outro lado, nunca pensei ficar tanto tempo na mesma cidade ou na mesma instituição; parecia que estava na altura de mudar a meio da carreira.

Há muito que queria criar os meus filhos num lugar onde não houvesse tanta violência armada – mesmo em tempos muito melhores politicamente, a quantidade de violência armada nos Estados Unidos é horrível. New Haven [a cidade do Connecticut que alberga a Universidade de Yale] fica a menos de uma hora de Sandy Hook, onde uma turma inteira de alunos do primeiro ano foi assassinada por um atirador numa escola primária há pouco mais de 12 anos. Na altura, um dos meus alunos de licenciatura trabalhava como paramédico a tempo parcial e foi um dos primeiros a responder. Chegou ao local e não havia nada a fazer – estavam todos mortos.

A posse de armas per capita é mais elevada nos Estados Unidos do que em qualquer outra parte do mundo. Sou eslava e sabe o que Anton Chekhov disse sobre as armas? "Quando a arma está em cena, tem de disparar até ao fim do último ato." Receio que isso seja verdade tanto na vida quanto no teatro. Em qualquer sábado à noite em New Haven, as urgências estão cheias de vítimas de ferimentos provocados por armas de fogo.

Foi por isso que decidiu ir dar aulas na Universidade de Toronto?
A Munk School for Global Affairs começou a recrutar-me a mim e ao meu marido, Tim Snyder, há cerca de três anos. E há muitas razões pelas quais não só Toronto em geral, mas também a Munk School da Universidade de Toronto em particular, eram especialmente atrativas. Estudei na Universidade de Toronto nos anos 90 e adorei tanto a cidade como a universidade. A Munk foi concebida para promover e apoiar a interdisciplinaridade, o envolvimento, tanto académico como público. Há lá um grupo fantástico de académicos, liderado pela extraordinária cientista política Janice Stein, muito inspiradora para mim.

O Tim e eu viemos para Toronto em agosto de 2024 com os nossos filhos, num ano sabático de Yale. Por isso, já estávamos a viver aqui durante as eleições de novembro. E é muito provável que tivéssemos ficado em Toronto e aceitado as ofertas da Munk mesmo que Kamala Harris tivesse vencido. O meu marido não é uma pessoa ansiosa por natureza; se estivesse sozinho, teria regressado a New Haven, não apesar, mas precisamente por causa da vitória de Trump, para lutar pela democracia dos Estados Unidos.

Mas aceitou mudar-se pela família?
Sim, concordou em ficar em Toronto por mim e pelos nossos filhos. Estou muito disposta a assumir a minha própria ansiedade, mas encolho-me quando vejo a imprensa infligir-lhe a minha ansiedade e cobardia. “Fugir” é o tipo de palavra que quer Jason Stanley quer eu, enquanto judeus neuróticos, usaríamos – mas o Tim não foge.

A minha posição é influenciada pelo facto de, apesar de ser americana, não ser uma americanista – ou seja, o meu trabalho intelectual sempre se centrou na Europa Central e de Leste. Há muito que estou mais empenhada na Ucrânia do que nos Estados Unidos, e muito do que faço é desempenhar o papel de mediadora cultural, ajudando os americanos a compreender a Europa de Leste.

A minha vida intelectual nunca esteve centrada no meu próprio país, o que talvez contribua para o meu sentimento geral de que é possível trabalhar em prol do bem a partir de onde quer que seja – ainda que de formas diferentes. Além disso, tendo saído dos Estados Unidos, sinto-me ainda mais obrigada a falar sobre o que se está a passar lá, em nome dos meus amigos e colegas que se encontram em posições mais vulneráveis.

A relevância da Educação Ambiental

Margaret Raven (artista plástica nascida em 1962, na Polónia)

Sobre a relevância da educação ambiental para enfrentar estes tempos de decisões desastrosas e enfrentar os lóbis sem que pessoalmente vamos abaixo.

EIXO 3 – Educação e literacia ambientais: com este eixo pretende-se a definição de um modelo de educação ambiental liderado pela autarquia e articulado entre os vários setores da sociedade. (ODS, Agenda 2030)

Por que a educação ambiental ainda é tão desvalorizada?
Em tempos de crise climática, desastres ambientais cada vez mais frequentes e perda acelerada da biodiversidade, seria natural supor que a educação ambiental ocupasse um lugar central na formação de cidadãos conscientes e responsáveis. No entanto, a realidade é outra: ela continua à margem, tratada como algo secundário, quando deveria ser uma das bases do nosso futuro coletivo.

Por que é que isso acontece?
Em primeiro lugar, há um desinteresse estrutural por parte de muitos governos, autarquias, programas eleitorais e mesmo até nos sistemas de ensino. A educação ambiental costuma ser mencionada apenas como um “tema transversal”, o que, na prática, significa que não tem espaço nem tempo dedicados. Muitas escolas falam e fazem reciclagem ao longo do ano e acreditam ter cumprido o seu papel. Mas a educação ambiental vai muito além de plantar árvores ou recolher lixo. Trata-se de formar pensamento crítico, compreender relações ecológicas, refletir sobre consumo, justiça social e os limites do planeta.

Outro problema é a visão simplista e despolitizada com que o tema é tratado. Fala-se de meio ambiente como se fosse uma questão neutra, técnica, quando na verdade está profundamente ligada à política, à economia e às desigualdades sociais. Falar de educação ambiental é também falar de poder, de escolhas coletivas e do modelo de desenvolvimento que queremos.

Além disso, a sociedade de consumo — amplamente reforçada pela media — cria uma cultura de individualismo e imediatismo, que mina qualquer esforço educativo voltado para a coletividade e o longo prazo. É difícil competir com um mundo onde o valor está em “ter”, e não em “ser” ou “pertencer”. A educação ambiental exige tempo, reflexão e ação, tudo o que a lógica apressada do consumismo não incentiva.

Também não podemos ignorar o desconhecimento ou cepticismo de muitos diante da gravidade da crise ambiental. Há quem acredite que tudo será resolvido pela tecnologia, ou pior, que tudo é exagero. Essa visão conforta, mas é perigosa. Sem consciência ambiental, as soluções que a ciência propõe não encontram solo fértil na sociedade.

O que falta, portanto, é valorizar a educação ambiental como prática transformadora, conectada à realidade local, ao território, ao quotidiano das pessoas. Quando ela é vivida na prática — em projetos escolares, ações comunitárias, hortas urbanas, defesa de rios e matas — ela deixa de ser abstrata e torna-se urgente, palpável, viva.

Reconhecer o papel da educação ambiental é mais do que uma escolha pedagógica: é um acto político, ético e existencial. Quem não a reconhece, talvez ainda não tenha entendido que não haverá futuro viável sem ela.

Bons exemplos
1. A resiliência de Idanha-a-Nova. Idanha-a-Nova integrou o primeiro geoparque português, da rede geoparques reconhecidos pela UNESCO. Foi a primeira Reserva da Biosfera em Portugal. Sendo uma vila, foi a primeira Cidade Criativa portuguesa, igualmente com a chancela da UNESCO, para a área da Música. Em 2018, tornou-se na primeira Bio-região portuguesa. E em 2013 a UE elegeu-a como a melhor Bio-região da Europa. Eis como a periferia se tornou centro.

2. 90% dos portugueses ‘desconfia’ da sustentabilidade das marcas. 90% dos consumidores portugueses acreditam que as marcas afirmam ser sustentáveis apenas para fins promocionais, concluiu o 3º Relatório Global de Consumo MARCO 2024, promovido pela MARCO em parceria com a Cint, empresa de investigação tecnológica.

Depois de Portugal, segue-se a África do Sul com 86% e o México com 85%, indica a análise.

De acordo com o estudo, este sentimento é particularmente significativo nos países ocidentais, onde existe uma tendência para exigir maior transparência e responsabilidade por parte das marcas. A análise revelou que a grande maioria dos consumidores a nível global (81%) suspeita que as empresas estão a utilizar as suas credenciais de sustentabilidade como instrumentos de marketing, em vez de demonstrarem um compromisso genuíno com a responsabilidade ambiental e social. 

O relatório revelou também que os consumidores estão cada vez mais motivados a fazer escolhas sustentáveis no dia a dia, com mais de metade dos inquiridos portugueses (58%, valor semelhante à média global) a revelarem comprar produtos em segunda mão para promover práticas de consumo mais sustentáveis; 95% assume a importância da reciclagem para poupar recursos naturais, contra 90% a nível global; e 66% consideram positiva a utilização de automóveis elétricos para proteger o ambiente, em linha com a média global de 67%. 

Além disso, 44% dos portugueses assumiu que consideraria deixar de andar de avião por questões de consciência ambiental, um valor que contrasta com a média global de 53%.

“Estas conclusões sublinham a importância da transparência e da responsabilidade nas iniciativas de sustentabilidade das empresas. À medida que os consumidores se tornam mais exigentes e esperam provas de um compromisso genuíno, as empresas devem navegar cuidadosamente neste novo cenário. Uma comunicação eficaz e ações tangíveis são mais cruciais do que nunca para criar e manter a confiança dos consumidores”, referiu Diana Castilho, Head of Portugal da MARCO.

Trentemøller: Candy Tongue (feat. Marie Fisker)


Vídeo original aqui

A fountain of loveThe beginning of a touchSafe In the eye of a stormAs your mind leavesThe house
Morning is breaking upYour body's stirredAnd your house is burning up
Candy Tongue...
The funny things you wantIs never never gonna be enoughHunting on a blood buzz
Candy Tongue, Dandy tongueI believe it's coming onOh Clarice, Oh ClariceTell tail of epiphanyCandy Tongue
Spirit of one animalStronger than me, Candy tongueFor better or worse you're falling offSkyscrapers high your line
Candy Tongue, Dandy tongueI believe it's coming onOh Clarice, Oh ClariceTell tail of epiphanyCandy Tongue, Candy tongueTurn the pages and be doneBe with me, be with meTrick the tricks of memory
Be with me, be with meTrick the tricks of memory
Candy tongue...

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Nosso Planeta, Nosso Legado - Iann Arthus-Bertrand 2020


"Nosso Planeta, Nosso Legado" (Legacy - Notre Héritage), lançado em 2020, é um documentário dirigido por Yann Arthus-Bertrand que explora a relação entre a humanidade e o planeta, com um foco especial na crise ambiental. O filme apresenta uma visão sensível e radical do mundo, destacando a beleza da natureza e os danos causados pela ação humana, ao mesmo tempo em que oferece esperança e soluções para um futuro mais sustentável. 

Em "Nosso Planeta, Nosso Legado", Arthus-Bertrand compartilha suas próprias experiências e reflexões sobre a natureza e a humanidade, buscando despertar a consciência sobre a urgência da crise ambiental e a necessidade de ações individuais e coletivas para proteger o planeta. O filme aborda temas como o desmatamento, as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a importância da água doce, utilizando imagens impactantes e uma narrativa envolvente. 

O documentário também apresenta soluções e caminhos para a reconciliação com a natureza, mostrando exemplos de práticas sustentáveis e iniciativas de conservação. Arthus-Bertrand enfatiza que a mudança é possível e que cada indivíduo pode fazer a diferença por meio de escolhas conscientes e ações responsáveis. 

"Nosso Planeta, Nosso Legado" não é apenas um filme sobre a crise ambiental, mas também um apelo à ação e um convite à esperança, mostrando que um futuro mais sustentável e equilibrado é possível se a humanidade se unir para proteger o planeta

Dia Mundial da População


Crónica de Pedro Vieira

não é não.
não, filha, a imigração não está no topo dos problemas deste retângulo amaldiçoado e abençoado; a desigualdade, o acesso à habitação, à saúde e a educação de qualidade, sim.

não, amor, não são os imigrantes amontoados em camaratas que andam a destruir o teu direito constitucional à habitação; são os "imigrantes" dos vistos gold, os fundos imobiliários predadores e os autarcas amigos de hotéis de 5 estrelas e alojamentos locais e fantasias de equídeos com chifres que estão a rebentar com o tecido social das cidades.

não, miga, os imigrantes não estão cá a mamar subsídios e a viver à tua conta; eles andam a contribuir para um sistema que é desbaratado pelos destruidores de bancos e pelas multinacionais à boleia de borlas fiscais e pelos liberais com pés de barro que se agarram às tetas do estado que adoram vilipendiar.

não, fofo, a imigração nunca foi tão alta como agora; continua a haver 3% de deslocados no mundo, valor igual desde o final da segunda guerra mundial, lançada pelos tiranos que o teu novo partido favorito gosta de glosar.

não, meu bem, o teu novo partido favorito não existe para te defender e gritar "vergonha"; existe para te convencer que a culpa é dos de baixo, enquanto mama nos de cima.

não, mor, os imigrantes não roubam empregos e puxam os salários para baixo; eles deslocam-se para os lugares onde há trabalho disponível, mesmo por valores indecentes, e muitos regressam às famílias e lugares de origem quando têm a vida mais orientada.

não, coração, não és só tu que preferes estar junto dos teus; eles também.

não, querido, os imigrantes não têm sangue de monhé ou de preto; têm sangue com hemoglobina como o teu.

não, riqueza, os imigrantes não matam mais do que o teu companheiro violento e abusador.

não, minha jóia, os imigrantes não estão a invadir-nos; em muitos lugares, estão a repor vida, num país que adora exportar cortiça, conservas e jovens sem futuro.

não, cariño, tu não és descendente de um pastor de cabras da zona de Viseu com pouco jeito para escolher guarda-costas; és descendente de iberos que ninguém sabe de onde vieram, de celtas e de romanos, de fenícios, cartagineses, mouros, castelhanos e de franceses, mais os negros de África e de europeus de fracas sortes e de gente dos orientes. e de neandertais, também, e às vezes nota-se. és como um daqueles pratos do honest greens - cantina preferida dos colarinhos brancos jovens e dos empreendedores, na qual são os imigrantes que cozinham - aqueles pratos com muitas cores e paladares, sem perceberes bem o que lá está.

não, meu doce, os imigrantes não são os teus inimigos de classe; esses são os que enviam anualmente o valor de um SNS para offshores, enquanto se riem da tua fúria (e das tuas filas de espera e das tuas crianças nascidas em ambulâncias) no deck de um iate.

não é não é não

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Mariana Mortágua e Gary Stevenson à conversa



Gary Stevenson — Economista britânico, ex-trader e YouTuber
Nascimento: 1986, Ilford, Leste de Londres
Origem: Cresceu numa família da classe trabalhadora; o pai trabalhava nos correios.

🎓 Formação Académica
Estudou Matemática e Economia na London School of Economics (LSE)
Mais tarde fez um mestrado (MPhil) em Economia na Universidade de Oxford

💼 Carreira como Trader
Entrou para o Citibank em 2008 através de uma competição baseada num jogo de cartas (uma forma pouco convencional de recrutamento)
Em poucos anos, tornou-se milionário. Em 2011, foi alegadamente o trader mais lucrativo do Citibank, com lucros estimados em cerca de 35 milhões de dólares (embora essa cifra seja contestada)
Abandonou o setor financeiro em 2014 devido a exaustão e ao desencanto com o sistema económico

📢 Ativismo e YouTube
Criou o canal GarysEconomics no YouTube em 2020
O canal tem mais de 1,3 milhões de subscritores
Explica temas complexos de economia, com foco em desigualdade, inflação e crítica ao sistema económico atual
Contribui regularmente com comentários económicos para a imprensa britânica, como a BBC e o The Guardian
 
📚 Livro
Autor de The Trading Game: A Confession (2024)
Um memorial autobiográfico que narra a sua ascensão no mundo financeiro, o colapso emocional, e as suas críticas ao sistema económico
Foi muito elogiado por oferecer uma visão interna rara e honesta da alta finança

💰 Política Económica
Defensor de impostos sobre grandes fortunas (acima de £10 milhões) como forma de combater a desigualdade extrema


Suécia abandona educação digital: retorno aos livros impressos na escola


Gesto e política louvável: a Suécia, único país que, desde a década de 1990, buscou implementar a educação 100% digital nas escolas, voltou atrás e decidiu investir, ao longo de 2023, 45 milhões de euros na distribuição de livros didáticos impressos.

A leitura e os livros trazem uma série de vantagens para o desenvolvimento pessoal, intelectual e emocional. Aqui estão as principais:

1. Expansão do conhecimento
Livros são fontes ricas de informação e sabedoria.
Permitem aprender sobre qualquer tema: ciência, história, arte, psicologia, entre outros.

2. Estimulação mental
Ler exercita o cérebro, melhora a memória e previne o declínio cognitivo.
A leitura regular está associada a maior agilidade mental.

3. Redução do stress
Ler um bom livro pode funcionar como uma forma de escapismo saudável.
A imersão numa história ajuda a relaxar e a desligar-se das preocupações do dia a dia.

4. Melhoria do vocabulário e da comunicação
Quanto mais se lê, mais palavras se aprende.
A leitura melhora a capacidade de expressão oral e escrita.

5. Desenvolvimento do foco e da concentração
Ler exige atenção contínua, o que treina a capacidade de concentração num mundo cheio de distrações.

6. Abertura para novas perspectivas
Os livros permitem viver outras vidas, conhecer culturas e realidades diferentes.
Aumentam a empatia e a compreensão do mundo.

7. Estímulo à criatividade e imaginação
Especialmente em crianças, a leitura desenvolve a imaginação e incentiva a criação de novas ideias.

8. Uso produtivo do tempo
Em vez de gastar tempo com conteúdos superficiais, a leitura oferece crescimento pessoal e intelectual.

Prémio Gulbenkian atribuído à Antarctic and Southern Ocean Coalition



A vencedora do Prémio Gulbenkian para a Humanidade 2025, que distingue" contribuições notáveis para a ação climática e soluções que inspiram esperança e novas possibilidades", é a Antarctic and Southern Ocean Coalition (ASOC).

A Antarctic and Southern Ocean Coalition conquistou este reconhecimento, refere a Fundação Gulbenkian pelo ”trabalho na proteção de uma das regiões do mundo mais sensíveis às alterações climáticas".

“Numa fronteira crítica do sistema climático global, a ASOC é um exemplo da forma como a colaboração internacional duradoura, a advocacy alicerçada na ciência e uma gestão ambiental responsável são essenciais para garantir um futuro sustentável para todos”; lê-se no comunicado da fundação.

O júri, presidido pela antiga chanceler alemã, Angela Merkel, selecionou o vencedor de entre 212 nomeações de 115 países. O prémio tem um valor monetário de um milhão de euros.

Fundada em 1978, “a ASOC reuniu organizações ambientais de prestígio de mais de 10 países, formando uma coligação resiliente e articulada de membros, parceiros, ativistas e apoiantes. Visto que a Antártida se encontra fora da jurisdição de uma só nação, a cooperação multilateral tem sido essencial para a sua proteção", refere a Gulbenkian.

A diretora Executiva da ASOC, Claire Christian, salienta a “honra” que esta distinção confere à ASOC porque afirma e reconhece “o poder da ação coletiva e a importância vital de proteger o Antártico e o Oceano Austral. Estas regiões podem parecer distantes, mas são fundamentais para a saúde e o futuro do planeta”.

A região da Antártida, lembra Angela Merkel, “é um ecossistema único e frágil, particularmente vulnerável aos efeitos das alterações climáticas. Ao situar-se fora da jurisdição de um só país, a região precisa de um nível extraordinário de cooperação internacional para proteger e preservar este recurso precioso”.

Foi, por isso, que "o júri quis reconhecer as conquistas da Antarctic and Southern Ocean Coalition e a forma como tem demonstrado que a colaboração global é possível. A Antarctic and Southern Ocean Coalition transmite esperança às gerações vindouras e é uma justa vencedora deste prémio.”

“Para Miguel Bastos Araújo, biogeógrafo e vice-presidente do júri do Prémio Gulbenkian para a Humanidade, “a Antártida e o seu oceano são o ‘anel único’ do planeta, tal como o mítico anel de Tolkien em ‘O Senhor dos Anéis’, que concentra um poder que molda o destino de todos”. A imagem deve-se ao facto de “a Antártida e o Oceano Austral concentrarem funções essenciais para o equilíbrio do clima, da biodiversidade e do nível do mar”, refletindo radiação solar, atuando como sumidouro de carbono ou moderando os ventos e os sistemas atmosféricos globais. “Sem a integridade deste ‘anel’, o mundo entra em descompasso climática, ecológica e politicamente”, reforçou, frisando que “a ação incansável da ASOC merece, de forma inequívoca, o Prémio.”

Lembra ainda a Fundação Gulbenkian que este prémio é atribuído “numa altura em que as Nações Unidas declararam 2025 como o Ano Internacional da Preservação dos Glaciares” e que a “comunidade internacional está finalmente a reconhecer o papel essencial da criosfera — os mantos de gelo, os glaciares e as calotes polares da Terra — na regulação do clima”.

A importância da distante Antártida
"Ao longo dos últimos 50 anos, a ASOC tem demonstrado, de forma consistente, como uma voz única, assente num objetivo partilhado e num compromisso a longo prazo, pode influenciar a governação e a preservação de um dos ambientes mais intocados do planeta”.

Apesar da sua localização remota, a Antártida é um pilar da estabilidade global. O Tratado da Antártida, assinado em 1959, atribuiu-lhe a designação de continente de paz e cooperação, tornando-a reserva para fins pacíficos e de investigação científica.

Com cerca de 90% do gelo terrestre e cerca de 70% da água doce do planeta, a Antártida é fundamental para este esforço. O Oceano Antártico representa, por si só, cerca de 10% do oceano global e alberga quase 10.000 espécies únicas.

As suas poderosas correntes regulam as temperaturas do planeta, impulsionam os ciclos de nutrientes e sustentam a biodiversidade marinha que constitui a base da cadeia alimentar global.

Contudo, lembra a Gulbenkian, a região encontra-se atualmente num momento crítico, enfrentando impactos climáticos acelerados, nomeadamente anomalias extremas na temperatura, ondas de calor marinhas e diminuição do gelo marinho, com partes da Antártida a aquecerem mais do dobro da média global


Sobre o Diquato


O diquato, substância ativa utilizada para substituir o glifosato no Roundup e noutros herbicidas, pode matar as bactérias intestinais e danificar os órgãos de várias formas, segundo uma nova investigação. É comercializado em Portugal pela Sapec. CUIDADO!

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Kristin Hersh - In Stitches


Slink past the stoned rasta painters on baronne
Blink and the walmart of the dead blurs on baronne

Found you
Look around you
Wild parrots and gin in the air
Don't know where to go
Don't know where to go from here
Don't know where to go to disappear

Tangerine and seasick green
Us in pieces
Like when wolverine
Big red's king
Caught us hiding
We just drove away into the day
In stitches

Vivem da mentira



Vivem da mentira.
Não, não há mais miúdos de 3 e 6 anos do que crianças portuguesas, no pré-escolar e no 1.º ano de escolaridade. Só 11,3% dos alunos são filhos de mãe estrangeira.

Vivem da mentira
Não, não há nenhuma criança filha de imigrantes que passem à frente de portugueses. Os critérios estão fixados no Despacho Normativo n.º 6/2018 e não dão preferência a estrangeiros, mas às crianças de 5 e 4 anos sobre as de 3 anos. Ou com necessidades educativas especiais. Ou filhos de pais menores estudantes. Ou com necessidade de apoio social escolar.

Vivem da mentira.
Não, não há nenhuma pressão sobre as escolas pública, nem elas têm mais alunos do que tinham anteriormente. Em 2006/2007, havia 263.887 crianças no ensino pré-escolar. Em 2022/2023, havia 265.025. Em 2006/2007, 500.823 crianças no ensino primário. Em 2022/2023, havia 388.316. Acresce que há mais educadoras de infância (hoje, 17.346) e professores do ensino básico (hoje, 31.360) do que 2014/2015 (respetivamente, 16.079 e 28.095).

Vivem da mentira.
Não, não há crianças portuguesas excluídas do ensino pré-escolar e do ensino básico. A taxa de escolarização no ensino básico é hoje de 100% e no pré-escolar de 94%.

Vivem da mentira.
Não, não há crianças a mais. Em 1975, nasceram 177 mil crianças, representando uma taxa de 19,8 por cada 1.000 habitantes. Em 2001, nasceram apenas 112.825, equivalente a 10,9 por 1.000. Em 2024, o número desce drasticamente para 86.642 crianças, equivalente a 7,9 nascimentos por 1.000. Os filhos de mães estrangeiras representam, hoje, 33% do total de crianças nascidas. Sem filhos de imigrantes, a nossa pirâmide demográfica estaria completamente invertida e o país estaria privado de futura população ativa e sem possibilidade de financiar os serviços públicos que beneficiam todos, incluindo os idosos.

Vivem da mentira.
Não, não são “pró-vida”, nem querem proteger a vida de todos e, muito menos, acreditam no “Deixem as nossas crianças em paz”. Foram deputados, membros do governo e dirigentes do PSD e do CDS e não fizeram nada para que fosse criado o ensino pré-escolar ou para que fossem construídas mais creches, jardins de infância ou escolas primárias. Ou para que fossem contratadas mais educadoras de infância, assistentes operacionais ou professoras. A vida (dos outros) só lhes convém enquanto está no útero de mães pobres. Quando os seus filhos nascem, querem é deixá-los na rua, impedidos de ir à escola e de se alimentarem.

Não dá para calar mais.
Gente que nunca teve filhos ou sabe o que é criar uma criança a atirar bitaites para o ar. Sem ter a mínima noção da realidade. Ou um pingo de noção.
O ensino pré-escolar foi criado, em 1997, pelo governo de António Guterres e pelo ministro Marçal Grilo. A taxa de cobertura do pré-escolar, em 1998, era de apenas 32%, 55% e 92%, respetivamente para crianças de 3, 4 e 5 anos. Hoje, é de 94%. Entre 2005 e 2009, outro governo PS, levou a cabo o Plano de Expansão e Desenvolvimento do Pré-Escolar, financiado pelo QREN, que construiu mais de 400 escolas públicas. Em 2006, foram criadas as atividades de prolongamento do tempo escolar para apoio gratuito às famílias (CAF´s) e as atividades extra-curiculares (AEC´s). Em 2009, foi garantidade a universalidade do acesso ao pré-escolar para crianças de 5 anos. Em 2012, o governo PSD/CDS retirou a obrigação legal de ter uma assistente operacional por cada sala de pré-escolar, deixando as educadores de infância sozinhas com 15 (ou mais) crianças. O governo PS repôs essa obrigatoriedade, em 2016. Entre 2015 e 2024, o governo PS criou mais 500 salas e turmas no ensino pré-escolar. Em 2022, foi criado o programa Creche Feliz que permite a todos os pais, independentemente dos seus rendimentos, obter um cofinanciamento até 460 € das despesas com creches para crianças até 3 anos. Esse programa abrange, hoje, cerca de 98 mil crianças e 2.391 creches.

Vivem da mentira.
Não, não é verdade que os governos de esquerda não tenham feito reformas. Fizeram aquelas que importam. Não fizeram – e recusam a fazer – é aquelas que alimentam os grupos de interesses e a fome de quem quer aproveitar-se do dinheiro dos contribuintes para fazer lucro fácil.
Há que falar claro: o que estes demagogos populista querem é atacar a gente pobre. Discriminar quem tem uma cor de pele diferente.

Vivem da mentira.
Não, não há crianças subsidiopendentes. A ação social escolar garante que meninos e meninas pobres e com fome possam comer e ter acesso aos bens mais essenciais: ensino, alimentação e dignidade. Para que todos percebam, só tem acesso a ação social escolar as famílias que ganhem 3.363,01 € por ano (!!!), no escalão A do Abono de Família, 6.726,02 € por ano, no escalão B, e 11.434,23 €, no escalão C. Já imaginaram o que é viver com 240,21 € por ano?... E sabem que apoios “incríveis” têm essas crianças? 100% do custo de 1,46 € das refeições escolares, no escalão A, e 50% no escalão B. Os pobres do escalão C paguem as refeições, por inteiro. Sabem quanto recebem para material escolar que tem de durar o ano interior? 16 € para as crianças do escalão A e 8 € para as do escalão b. As do escalão C pagam tudo.

O Chega não quer saber da vida. Só da vida deles. A vida das crianças pobres, dos imigrantes, das pessoas racializadas, das pessoas que não são heterossexuais, das gentes da cultura, de quem pensa, desses “malandros” da esquerda não vale nada.

As pessoas concretas não valem nada para eles.
Em contrapartida, para poderem viralizar “Tik-Toks”, vale tudo.
Incluindo mentir com todos os dentes que têm.

Para quem finge acreditar no Juízo Final, aparentam ter uma elevada fé na sua resistência às altas e incinerantes temperaturas.

Diferença entre ecologia integral e ecologia espiritual

E-Livro aqui

A ecologia integral e a ecologia espiritual são conceitos que se interligam, mas possuem focos distintos. Abaixo explico as principais diferenças:


🌱 Ecologia Integral

  • Origem e conceito: Popularizada pela encíclica Laudato Si’ (2015) do Papa Francisco.

  • Perspectiva: Holística, interdisciplinar.

  • Abrangência:

    • Integra as dimensões ambiental, social, econômica, cultural e espiritual.

    • Defende que tudo está interligado: ser humano, natureza, estruturas sociais e economia.

  • Foco principal: Justiça socioambiental. Mostra que os problemas ambientais estão conectados com as injustiças sociais e a degradação humana.

  • Exemplo de aplicação: Uma política de desenvolvimento sustentável que respeite tanto o meio ambiente quanto os direitos dos povos tradicionais.


🕊️ Ecologia Espiritual

  • Origem e conceito: Enraizada em tradições espirituais e filosóficas (cristãs, indígenas, orientais etc.).

  • Perspectiva: Contemplativa, ética, interior.

  • Abrangência:

    • Foca na relação interior do ser humano com a natureza, o cosmos e o sagrado.

    • Desenvolve uma consciência espiritual ecológica — sentimento de reverência, gratidão e interdependência com a vida.

  • Foco principal: Transformação interior e reconexão com o sagrado na natureza.

  • Exemplo de aplicação: Retiros ecológicos, práticas meditativas na natureza, espiritualidade ecológica indígena.


📌 Em resumo:

Aspecto Ecologia Integral Ecologia Espiritual
Ênfase Sistémica, ética social Interior, contemplativa
Origem Encíclica Laudato Si’ e pensamento holístico Tradições espirituais e religiosas
Objetivo Justiça ecológica e social Reconexão com o sagrado na natureza
Aplicação Políticas públicas, educação ambiental Retiros, meditação, espiritualidade ecológica

terça-feira, 8 de julho de 2025

Mais graves e mais duradouras: alergias vão piorar por causa das alterações climáticas


De acordo com a imunoalergologista, as alterações climáticas “promovem ainda mais a poluição exterior, períodos mais longos de exposição aos pólenes e maior suscetibilidade a infeções, aumentando a expressão, duração e gravidade da doença alérgica”.

A Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) alertou esta segunda-feira para o aumento da incidência e da gravidade das alergias nos próximos anos devido a períodos de polinização mais longos, provocados pelas alterações climáticas.

“As recentes alterações climáticas do nosso planeta, sobretudo o aquecimento global, provocam inícios e picos de floração cada vez mais precoces e períodos de polinização mais longos com aumento dos totais anuais de pólenes”, afirma a presidente da SPAIC, citada em comunicado, no âmbito do Dia Mundial da Alergia que se assinala hoje 08 de julho.

Ana Môrete explica que “a tendência nos próximos anos é a de aumento da incidência e da gravidade das alergias”, face aos fatores ambientais e ao estilo de vida.

“Isto traduz-se numa temporada de alergias mais longa e mais difícil com a presença importante de pólenes no outono”, destaca a responsável, sublinhando que eventos climáticos, como tempestades de areia, “libertam partículas finas que levam a um risco acrescido de patologia alérgica e respiratória”.


Ana Môrete indica também que o maior consumo de alimentos processados “pode estar a contribuir para o aumento das alergias alimentares”.

Estimando que mais de três milhões de portugueses convivam com algum tipo de manifestação de doença alérgica, a presidente da SPAIC salienta que “algumas alergias podem mesmo ser fatais, sobretudo quando causam anafilaxia”.

“A anafilaxia é, muitas vezes, subdiagnosticada e subvalorizada, sendo muito importante reconhecer os sinais precoces, educar doentes, cuidadores e profissionais de saúde sobre como agir rapidamente e reforçar a utilização de adrenalina autoinjectável que pode salvar vidas e reduzir o estigma e o medo, capacitando os doentes a viver com segurança”, realça.

Esta é a reação alérgica “mais temida por ser súbita e potencialmente fatal, podendo afetar simultaneamente a pele, vias respiratórias, sistema cardiovascular e gastrointestinal”, segundo a presidente da SPAIC, que acrescenta ser “uma ameaça evitável”.

A anafilaxia pode ser desencadeada por alimentos - como leite, ovo, amendoins, frutos secos, marisco e peixe -, medicamentos - especialmente anti-inflamatórios e antibióticos betalactâmicos – ou por picadas de himenópteros.

Dados de estudos epidemiológicos estimam que, entre as alergias mais comuns, estão a rinite, que tem uma prevalência global em 30% da população, asma alérgica em 10%, alergias alimentares e medicamentosas em até 5%, e anafilaxia e alergia aos venenos de himenópteros (abelhas e vespas) entre 1% e 2%.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Hammock - Procession / Love in the Void


Desde 2023 que recorro a este álbum e esta música em particular. Tudo é perfeito. Resquícios da geração beat, biofilia, o olhar de  Christine Byrd’ que vem direito à nossa alma. Por vezes, deito-me ao ar livre numa noite clara e observo as estrelas enquanto ouço este álbum. Não sei para onde me leva a minha mente, mas é a um milhão de quilómetros desta rocha que chamamos casa. Se procura uma experiência especial, recomendo que experimente, dá uma sensação de alegria indescritível! 

"Love in the Void", de Hammock, explora a ideia de que mesmo em tempos de vazio ou isolamento, existe uma capacidade de amor e de conexão. "Procession" serve como abertura do álbum, simbolizando um movimento para a frente, uma viagem ou uma transição para este "vazio" onde o amor pode ser encontrado. Trata-se de encontrar beleza e significado no meio do que pode parecer o nada, e reconhecer que a vulnerabilidade e a conexão podem emergir do reconhecimento do próprio "vazio".

Aqui está uma análise mais detalhada:
Love in the Void:
O título e o conceito do álbum sugerem que, mesmo em sentimentos de vazio ou isolamento ("o vazio"), existe um potencial para que o amor e a conexão sejam descobertos.

Procession:
Como faixa de abertura, "Procession" actua como uma introdução, uma "cerimónia" ou um movimento para este potencial espaço de amor. Representa uma viagem, um impulso para a frente ou uma transição para o tema central do álbum.

Finding Love in the Void:
O álbum incentiva os ouvintes a procurarem aqueles momentos de beleza e conexão, mesmo quando se sentem isolados ou perdidos. Sugere que, ao reconhecer um "vazio" pessoal, podemos tornar-nos mais abertos à vulnerabilidade e a relações significativas.
Para além da Negatividade:
"Love in the Void" não é uma afirmação existencial sombria ou negativa. Em vez disso, trata-se de encontrar positividade e resiliência em circunstâncias desafiantes.

Créditos
Deejay.de
Destroy/Exist
Metal Temple
Progressive Rock Journal
[sic] Magazine

É urgente um mundo mais compassivo e progressista

Celebremos a vida, a arte, a literatura, o ensino, a natureza. Os amigos. Num mundo muito polarizado, contaminado por discursos de ódio, é importante refocar e questionar se vale a pena insistir nesta vivência tóxica. Ainda em 3 de julho fomos abalados pela trágica morte de Diogo Jota e seu irmão André Silva. Que seja ímpeto para um mundo mais compassivo e progressista.

🎨 Sabine Ziegler (nasceu em 1968, em Memmingen, na Alemanha)

Asas de Sol
No topo da folha, tão pequenina,
brilha uma joaninha, jóia que caminha.
Vermelha e preta, com graça serena,
traz no seu voo a beleza da cena.

Desliza o dia nas asas douradas,
pousa nos sonhos, nas flores caladas.
Entre silêncios, canta baixinho:
“Sou mensageira do bem e do carinho.”

João Paulo Soares, 4 de julho de 2025

domingo, 6 de julho de 2025

“Na alimentação, há uma tempestade perfeita a formar-se. Chama-se sindemia”, sublinha nutricionista


A alimentação é mais do que o ato de ingerirmos nutrientes essenciais à vida. Estar à mesa é, também, convivialidade e prazer. Mais, “a forma como comemos tem impacto nas questões da sustentabilidade”. Com esta frase, a nutricionista e docente Cláudia Viegas dá o mote para uma questão premente nos nossos dias: As escolhas alimentares das famílias e a sustentabilidade do planeta e do ser humano.

“Há muito que a revista The Lancet, apontou os três fenómenos cruciais com um impacto brutal sobre o futuro do planeta e das pessoas”. De acordo com a docente, um trio que se prende com a “malnutrição, sob duas formas, a desnutrição e a obesidade, a que se acrescem as alterações climáticas”.

“A malnutrição é, neste momento, a maior causa de perda de saúde em todo o mundo, seja por via da falta de alimentos, seja por via do consumo excessivo de alimentos de baixo valor nutricional”, sustenta a nutricionista.

Para Cláudia Viegas, “as alterações climáticas vão levar à produção de alimentos com menor conteúdo nutricional, diminuição da produção de alimentos o que vai encarecer o preço dos produtos”. Um caminho que “reforçará, quer a insegurança alimentar, quer a desnutrição, assim como o desvio para o consumo de alimentos processados, de elevada densidade energética”. Deste último caso podemos concluir, de acordo com a nutricionista, que “vai sair reforçado o fenómeno da obesidade”.

“Na alimentação, há uma tempestade perfeita a formar-se. Chama-se sindemia, uma sinergia de epidemias, pois os três fenómenos que elenquei ocorrem em simultâneo no tempo e no espaço”, adianta Cláudia Viegas

É uma arma para o nosso planeta todo o processo industrial por detrás da produção
“É uma arma para o nosso planeta todo o processo industrial que está por detrás da produção. A agricultura representa 15 a 23% da emissão de gases com efeito de estufa. Contudo, nesta, 12 a 19% prende-se com a produção animal”, refere a docente.

“A nossa alimentação assenta, hoje, no consumo exagerado de carne. Muito além daquilo que é admissível, com 180 a 200 gramas por refeição. Um requisito por parte do público que entende que uma grande dose de carne é uma refeição bem servida. Por exemplo, o que preocupa as famílias é que à refeição a criança coma a carne até ao fim. Não temos a mesma perceção em relação aos hortícolas”.

No que respeita à restauração Cláudia Viegas deixa uma sugestão: “As ementas ao invés de destacarem a carne ou o peixe, os refira como acompanhamentos. Aliás, chamemos-lhes isso mesmo, acompanhamentos, porque não são o componente principal, o mais importante”.

A obesidade, um grande problema
No que respeita à obesidade, “um grande problema mundial”, as recomendações da Organização Mundial da Saúde “chegam-nos desde há mais de 30 anos. Todos os países aderem. Mas, na realidade, não há mudanças que sejam consideráveis e significativas”, sustenta Cláudia, para quem “há vários motivos para que isso aconteça e, algo com um peso muito forte, a oposição por parte daqueles que são os interesses comerciais e económicos”.

Somos um público pouco exigente ou pouco consciente do impacto que a alimentação tem nas nossas vidas.
“Todos nos lembramos da polémica em torno da lei que procurava regular o conteúdo do sal dos alimentos e que acabou chumbada pela pressão dos grupos económicos. São muito poucas, mas muito poderosas as empresas que gerem grande parte daquilo que temos disponível no mercado”.

Para a docente na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, “somos um público pouco exigente ou pouco consciente do impacto que a alimentação tem nas nossas vidas. Adultos e crianças têm cada vez menos literacia sobre aquilo que comemos, estando a perder-se a ligação entre o que nos aparece no prato e a origem do alimento”.

Neste âmbito, a nutricionista não poupa a indústria alimentar: “Passa-nos a ideia de que uma fruta e a congénere sob a forma bebível, em pacote, são a mesma coisa. Não o são, nem do ponto de vista nutricional, nem do ponto de vista do impacto sobre o planeta, ou mesmo naquilo que se entende sobre o que é um alimento”.

sábado, 5 de julho de 2025

Borboletas e insetos num prato – arte de Johann Zacharias Quast


O artista desta peça é Johann Zacharias Quast, e a etiqueta informativa do Clark Institute of Art (Williamstown, Massachusetts, EUA) descreve-o como "Boémio, 1814-1891", e que o prato foi pintado em 1840, provavelmente destinado a ser um item de colecção e não para uso em jantares.

Um pensamento comum sobre os "boémios" é que descreve um artista ou escritor não convencional, mas, neste contexto, Quast ser "boémio" significa que nasceu na Boémia, que durante a sua vida era uma região na parte ocidental da atual República Checa. As suas pinturas de borboletas, escaravelhos, aranhas, moscas e outros insetos eram conhecidas por serem uma representação completa do ser vivo original, até ao mais ínfimo pormenor, e foram provavelmente pintadas com exemplos emprestados de coleções de amostras preservadas. Se observarem atentamente a imagem acima, verão que ele até pintou sombras para cada ser vivo, de modo a que estes pareçam estar em 3D na superfície do prato.

O partido Chega que rasga as vestes a berrar para salvarem as nossas crianças é o mesmo partido que usa menores para “fazer propaganda” de ódio


Apesar da imunidade parlamentar, este depoimento da deputada Rita Matias configura um crime, previsto no Código Penal, com pena de prisão de seis meses a cinco anos visto ser clara a incitação ao ódio motivada por racismo, xenofobia, entre outras formas de discriminação (nomes estrangeiros).

Aliás o o nome completo da deputada é Rita Maria Cid Matias. Cid é um nome de origem muçulmana.
Basta procurar no Google para perceber que a origem deste apelido é marroquino, uma etnia de esmagadora maioria muçulmana. Derivado de "seid" ou "sayyid", que significa "chefe" ou "senhor".


Além disso depois de usar crianças para estimular o ódio, eis o jogo preferido do Chega: fomentar a divisão entre trabalhadores enquanto lhes negam direitos (creches públicas + vagas; reforço da proteção na maternidade). Nem a lama em que gostam de chafurdar consegue esconder a vossa hipocrisia.


sexta-feira, 4 de julho de 2025

Google’s data center energy use grew 27% in one year, plus eight more takeaways from its 2025 environmental report


In Google’s 10th annual report, the company said it reduced emissions even as its data center electricity consumption rose by 27% in one year

‘Tis the season for environmental sustainability reports, it seems, with the GSMA recently releasing its Mobile Net Zero report on telecom operators’ sustainability progress and Google putting out the tenth annual edition of its company environmental report.

The good news across both of those reports? Emissions are down, as telecom and tech companies purchase more clean energy to meet their growing needs. The downside is that those power needs are growing so fast that they need to pick up the pace if they actually want to make progress on sustainability. Available power isn’t keeping up with demand, creating a major bottleneck for cloud, AI and data center proliferation.

The Google environmental report puts numbers out (though some researchers have questioned whether they are accurate), but it also illustrates some of the company’s efforts to push against the prevailing trends in energy type and availability.

Here are nine key takeaways from the 2025 report.

–Power use grew by 27% in just one year. It was up 17% the prior year and doubled over the past four years. The increase should come as no surprise, with the insatiable demand for power-hungry data centers and the scramble across industries to develop and adopt even more power-intense artificial intelligence-based applications. However, the company took pains to note that its “growing electricity needs aren’t solely driven by AI. The accelerating growth of Google Cloud, continued investments in Search, the expanding reach of YouTube, and more, have also contributed to this overall growth.”

–Increased efficiency offset some impacts. Google says that its data centers “are some of the most efficient in the world” and are delivering more than six times the computing power per unit of electricity than they did five years ago. The company credited its hardware engineering progress in creating chips like its Ironwood Tensor Processing Unit (TPU), which it says is nearly 30 times more power efficient than its first Cloud TPU from 2018.

–Emissions are down. Google calculated that it reduced data center emissions by 12% despite the overall increase in data center energy usage, meaning that it is successfully shifting toward less carbon-intense energy sources.

– Water usage was up 28% in one year. Data centers also rely heavily on water use for cooling purposes. Between 2023 and 2024, Google saw its water usage rise 28% to 8.1 billion gallons — which it says would be the equivalent of annual watering for 54 golf courses in the arid U.S. Southwest. It’s trying to balance out those impacts with water stewardship projects that it says helped to safeguard 4.5 billion gallons of water, or about 64% of its usage.

–Clean energy purchases and projects hit a record high. Last year alone, Google said that it signed 60 new clean energy generation contracts to purchase more than 8 GW. That number is the largest annual total in its history and twice what is contracted for the previous year. Google has purchased renewable energy matching 100% of its usage since 2017, and it is working toward its “climate moonshot” goal of 24/7 carbon-free energy (CFE). In 2023, it was at 64% CFE overall and it increased that percentage by 2% to 66% — but notably, some of its data center regions achieved at least 80% CFE.