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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Relembrar Teófilo Braga - Presidente da República que disse não ao automóvel


O Centenário da morte de Teófilo Braga (24.2.1843 - 28.1.1924) passou despercebido. Era açoriano e foi presidente da República durante dois mandatos, entre 1910 e 1915. Recusou automóvel oficial, considerando que isso seria um símbolo de ostentação e de distanciamento do povo. Ao tomar posse, recusou o automóvel oficial que lhe foi oferecido, preferindo usar o transporte público ou andar a pé, para poder estar mais próximo das pessoas. Excerto de um discurso de Teófilo Braga, em que ele explica a sua recusa do automóvel oficial: "Não quero automóvel. Não quero automóvel porque sou pobre. Não quero automóvel porque sou um homem do povo. Não quero automóvel porque não quero que me vejam como um aristocrata ou um monarca. Quero que me vejam como um companheiro, como um amigo, como um irmão."

A obra literária de Teófilo Braga é imensa e portanto impossível de a enumerar exaustivamente num documento resumo, como este pretende ser. Não queremos é deixar de mencionar alguns exemplos, quanto mais não seja para ilustrar a diversidade das áreas sobre que se debruçou. Assim, Folhas Verdes, de 1859, Stella Matutína, de 1863, Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras, de 1864, A Ondina do Lago, de 1866, Torrentes, em 1869, Miragens Seculares de 1884, representam incursões no campo da poesia. Ainda neste campo escreve a História da Poesia Popular Portuguesa, em 1867, abrangendo o Romanceiro Geral e Cancioneiro Popular e A Floresta de Vários Romances de 1868.

Como investigador das origens dos povos, seguiu a linha da análise dos elementos tradicionais desde os mitos, passando pelos costumes e terminando nos contos de tradição oral, que lhe permitiram escrever obras como Os Contos Tradicionais do Povo Português, de 1883, O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições, em 1885, e História da Poesia Portuguesa, que lhe levou anos a escrever, procurando as suas origens através das várias épocas e escolas.

As áreas restantes das suas 360 obras, abrangem campos tão diversos como o da História Universal, História do Direito, da Universidade de Coimbra, do Teatro Português, da influência de Gil Vicente naquela forma de manifestação artística, da Literatura Portuguesa, das Novelas Portuguesas de Cavalaria, do Romantismo em Portugal, das Ideias Republicanas em Portugal, passando pelos folhetos de polémica literária e política e ensaios biográficos, como o que respeita a Filinto Elísio.
Além desta verdadeira enxurrada literária, nem sempre abordada com o rigor exigido, o que lhe valeu várias críticas dos meios literários da época, não se pode esquecer o seu contributo para a coordenação das obras de Camões, Bocage, João de Deus e Garrett, os prefácios para tantas obras dos escritores mais representativos e um sem-número de artigos escritos para os jornais do seu tempo.

Protesto convocado por membros de movimentos de extrema-direita, em Lisboa - segue-se uma reflexão sobre o Chega, incitamento ao ódio (que é crime) e quem foi Salazar e o seu regime

O presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior pede aos residentes que não saiam de casa durante a manifestação. 
Um grupo de extrema-direita, que convocou um protesto contra muçulmanos no Martim Moniz para o próximo fim de semana, garante que vai sair à rua, apesar de não ter autorização da Câmara de Lisboa. Os imigrantes no Martim Moniz estão preocupados e prometem fechar as portas do comércio no dia da marcha. Saiba mais aqui


1º Ponto - O Tribunal Constitucional deve ilegalizar o Chega
O Tribunal Constitucional está a tentar (e bem) tudo por tudo para ilegalizar o Chega. Demora o seu tempo e entretanto o monstro cresceu com 16% de eleitorado, 3ª força política fascista e racista em menos de 4 anos.

2º Ponto - Um pouco de História do Salazar, pai do partido ilegal Chega
Salazar criou organizações repressivas para anular ou silenciar as oposições, retirando direitos e liberdades aos indivíduos que deviam obedecer ao chefe. Criou o Secretariado de Propaganda Nacional para difundir os ideais do Estado Novo, como o autoritarismo e/ou o totalitarismo, e mecanismos de controlo da população, que enquadravam as crianças e jovens, as mulheres e os homens.

O Estado Novo assentava em organizações repressivas e mecanismos de controlo da população criadas por Salazar, à semelhança do fascismo italiano, para garantir o culto da personalidade ou culto do chefe e a negação dos direitos e liberdades individuais.

Logo em 1933 foi criada a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE- futura PIDE) para controlar os opositores políticos ao regime, contando com uma vasta rede de informadores civis.

O preso político era detido, sem culpa formada e sem mandato, e sujeito a tortura física e psicológica, podendo a PVDE decidir alargar o tempo de prisão, que devia cumprir nas prisões políticas do Aljube, Caxias e Peniche.

A guerra civil espanhola (1936-39) fez endurecer o regime na defesa da ordem e disciplina, aumentando a repressão contra quem se opusesse ao Estado Novo. Em 1936 Salazar, com o intuito de perseguir sobretudo os comunistas e anarquistas, criou a Legião Portuguesa (milícia civil armada) e abriu o campo de concentração do Tarrafal.

Estabeleceu ainda a Censura prévia, conhecida como «lápis azul», sobre toda a produção intelectual, a rádio, a imprensa e o cinema, impedindo a divulgação de ideias contrárias ao regime e subordinando a cultura aos interesses do Estado.

O Estado Novo desenvolveu mecanismos de controlo da população, com o objetivo de difundir os valores do regime e influenciar a opinião pública.

Em 1933, foi criado o Secretariado de Propaganda Nacional, dirigido por António Ferro, que promoveu a «Política de Espírito» procurando conciliar vanguarda e tradição. A face mais visível da ação do Secretariado de Propaganda eram os cartazes com mensagens de glorificação da infalibilidade do chefe e de exaltação das realizações do Estado Novo (denegrindo a 1ª República).

Para valorizar a cultura popular e a grandeza do império António Ferro promoveu concursos, festivais de folclore e exposições, destacando-se a Exposição do Mundo Português (1940). Organizou ainda desfiles e comícios, onde Salazar discursava, embora preferisse fazê-lo através da rádio, porque ao contrário de Mussolini, Salazar evitava banhos de multidão.

A reforma do ensino, de 1936, contribuiu para a redução da taxa de analfabetismo (ainda que lenta), mas orientava-se sobretudo para a transmissão dos valores do regime incutindo a crianças e jovens o espírito de obediência ao chefe e de defesa da Nação. Desde cedo aprendiam a valorizá-la acima das outras, numa lógica de nacionalismo exacerbado, que aliado ao patriotismo e ao imperialismo, fomentava a ideia de superioridade da Nação, da raça e da religião católica.

Privilegiavam-se certos períodos da História, como a Reconquista e os Descobrimentos e enalteciam-se os heróis, como o Infante D. Henrique ou Nuno Álvares Pereira. Para garantir que não havia desvios ao ensino pretendido pelo regime adotou-se um manual escolar único (o mesmo conteúdo para todos) e controlavam-se os professores, que assinavam uma declaração em como não professavam ideologias contra o Estado Novo.

Desde pequenos, meninos e meninas, mesmo que não frequentassem a escola, eram enquadrados na Mocidade Portuguesa, também criada em 1936, para a prática de exercício físico, numa lógica militarista de educação para a guerra, fomentando-se os valores de disciplina e respeito às hierarquias.

Salazar preocupou-se também em controlar os tempos livres dos trabalhadores e das suas famílias, sobretudo os dos meios urbanos, tendo criado, em 1935, a Federação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT) para a promoção de atividades culturais, desportivas e recreativas.

Foi também criada, em 1936, uma organização de enquadramento das mulheres – a Obra das Mães pela Educação Nacional (OMEN) – para difundir o papel da mulher como mãe, zelosa da família e das tarefas domésticas e esposa obediente ao marido (chefe na família).

3º Ponto - Incitamento ao ódio (que é crime) 
O crime de incitamento ao ódio e à violência encontra-se previsto no n.º 2 do artigo 240.º do Código Penal e é punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos. [Diário da República]

O que John Clauser diz está errado. Travemos a desinformação climática e os negacionistas climáticos


Diz assim o texto no facebook
J𝐎𝐇𝐍 𝐂𝐋𝐀𝐔𝐒𝐄𝐑, 𝐕𝐄𝐍𝐂𝐄𝐃𝐎𝐑 𝐃𝐎 𝐏𝐑𝐄̂𝐌𝐈𝐎 𝐍𝐎𝐁𝐄𝐋 𝐃𝐄 𝐅𝐈́𝐒𝐈𝐂𝐀 𝐃𝐄 𝟐𝟎𝟐𝟐: 
“𝑃𝑜𝑠𝑠𝑜 𝑎𝑓𝑖𝑟𝑚𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑛𝑐̧𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑁𝐴̃𝑂 𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡𝑒 𝑒𝑚𝑒𝑟𝑔𝑒̂𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑙𝑖𝑚𝑎́𝑡𝑖𝑐𝑎”.
“... 𝑃𝑜𝑟 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑖𝑠𝑠𝑜 𝑝𝑜𝑠𝑠𝑎 𝑖𝑛𝑐𝑜𝑚𝑜𝑑𝑎𝑟 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑎𝑠 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠, 𝑎 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑒́ 𝑞𝑢𝑒 𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑒𝑡𝑎 𝑁𝐴̃𝑂 𝑒𝑠𝑡𝑎́ 𝑒𝑚 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑔𝑜. … 𝑂 𝐶𝑂2 𝑎𝑡𝑚𝑜𝑠𝑓𝑒́𝑟𝑖𝑐𝑜 𝑒 𝑜 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜 𝑡𝑒̂𝑚 𝑢𝑚 𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑠𝑖𝑔𝑛𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑜 𝑐𝑙𝑖𝑚𝑎.
𝐴𝑡𝑒́ 𝑎𝑔𝑜𝑟𝑎, 𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎́𝑚𝑜𝑠 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑚𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑎𝑙 𝑒́ 𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑑𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑙𝑖𝑚𝑎, 𝑒 𝑡𝑜𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑠 𝑣𝑎́𝑟𝑖𝑜𝑠 𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜𝑠 𝑏𝑎𝑠𝑒𝑖𝑎𝑚-𝑠𝑒 𝑒𝑚 𝑓𝑖́𝑠𝑖𝑐𝑎 𝑖𝑛𝑐𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑒 𝑖𝑛𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑐𝑡𝑎.
𝑂 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑑𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑒́ “𝑜 𝑚𝑒𝑐𝑎𝑛𝑖𝑠𝑚𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑙𝑒𝑥𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑛𝑢𝑣𝑒𝑚-𝑙𝑢𝑧 𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟.
𝐴𝑠 𝑛𝑢𝑣𝑒𝑛𝑠 𝑠𝑎̃𝑜 𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑏𝑟𝑎𝑛𝑐𝑎𝑠 𝑒 𝑏𝑟𝑖𝑙ℎ𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑙𝑒𝑡𝑒𝑚 90% 𝑑𝑎 𝑙𝑢𝑧 𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎 𝑎𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑎𝑐̧𝑜, 𝑡𝑜𝑟𝑛𝑎𝑛𝑑𝑜-𝑎𝑠 𝑜 𝑎𝑠𝑝𝑒𝑐𝑡𝑜 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑐𝑟𝑢𝑐𝑖𝑎𝑙, 𝑝𝑜𝑟𝑒́𝑚 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑛𝑒𝑔𝑙𝑖𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑑𝑜, 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 𝑐𝑙𝑖𝑚𝑎́𝑡𝑖𝑐𝑜.
𝐷𝑜𝑖𝑠 𝑡𝑒𝑟𝑐̧𝑜𝑠 𝑑𝑎 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 𝑠𝑎̃𝑜 𝑜𝑐𝑒𝑎𝑛𝑜𝑠. 𝑆𝑜́ 𝑜 𝑂𝑐𝑒𝑎𝑛𝑜 𝑃𝑎𝑐𝑖́𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑟𝑒𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑎 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎.
𝐴 𝑐𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑚𝑒́𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑛𝑢𝑣𝑒𝑛𝑠 𝑛𝑎 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 𝑒́ 𝑑𝑒 67%; 𝑐𝑒𝑟𝑐𝑎 𝑑𝑒 50% 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑎 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎 𝑒 75% 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜𝑠 𝑜𝑐𝑒𝑎𝑛𝑜𝑠.
𝐴𝑓𝑖𝑟𝑚𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑠 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑟𝑖𝑒𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑝𝑖́𝑐𝑢𝑎𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑢𝑣𝑒𝑛𝑠 𝑠𝑎̃𝑜 𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 𝑛𝑜 𝑞𝑢𝑒𝑏𝑟𝑎-𝑐𝑎𝑏𝑒𝑐̧𝑎.
𝑷𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒂𝒇𝒊𝒓𝒎𝒂𝒓 𝒄𝒐𝒎 𝒎𝒖𝒊𝒕𝒂 𝒄𝒐𝒏𝒇𝒊𝒂𝒏𝒄̧𝒂 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒉𝒂́ 𝒆𝒎𝒆𝒓𝒈𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒄𝒍𝒊𝒎𝒂́𝒕𝒊𝒄𝒂”.

O que John Clauser diz está errado. Não tem um artigo de revisão entre pares em questões de alterações climáticas e ainda: Anton Zeilinger, que venceu o Nobel com ele, afirma categoricamente, que Clauser não é um perito em alterações climáticas. 

Robin Monotti não tem credibilidade! A desinformação tem que ser travada. E mais, este negacionismo radical existe entre os membros dos partidos Chega e Iniciativa Liberal.

Aqui as respostas ao texto de Clauser, por 2 cientistas do clima, que estudam há anos esta questão:

1. Michael Mann, cientista climático da Universidade da Pensilvânia, disse que o argumento é “puro lixo” e “pseudociência”.
A “melhor evidência disponível” mostra que as nuvens realmente têm um efeito líquido de aquecimento, disse Mann por e-mail. “Em física, chamamos isso de ‘erro de sinal’ – é o tipo de erro que um calouro tem vergonha de ser apanhado ao cometê-lo”, disse ele.

2. Andrew Dessler, professor de ciências atmosféricas na Texas A&M University, concorda.
“As nuvens amplificam o aquecimento”, disse Dessler num e-mail, acrescentando: “A comunidade científica passou o último século a estudar [as alterações climáticas] e, neste momento, praticamente tudo o que está a acontecer foi previsto. John Clauser e sua turma ignoram isso porque não estão apresentando críticas científicas sérias.”

Se seguirem o link do realizador italiano na rede X vão dar de caras com a rede Deposit of Faith Coalition, ultra-católica, extrema-direita norte-americana. 

Saber mais:

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

I wasn't worried about climate change. Now I am. ECS: Equilibrium Climate Sensitivity


In this video I explain what climate sensitivity is and why it is important. Climate sensitivity is a number that roughly speaking tells us how fast climate change will get worse. A few years ago, after various software improvements, a bunch of climate models began having a much higher climate sensitivity than previously. Climate scientists have come up with reasons for why to ignore this. I think it's a bad idea to ignore this. 
The quiz for this video is here

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

O estado de Israel usa a lavagem rosa para demonizar a Palestina. Mas há quem o denuncie


A propaganda de Israel usa o pinkwashing para minimizar a homofobia no país e maximizá-la na Palestina. Quer criar uma oposição binária que, quando justaposta, demonstra a sua suposta superioridade civilizacional para ganhar apoio para levar a cabo o extermínio do povo palestiniano.

Multiplicam-se os crimes de guerra hediondos cometidos pelo Estado de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Já se cumpriram mais de 100 dias desde o início da fase mais recente e mortífera deste outrora chamado “conflito”, cuja dimensão genocida e colonialista se tornou difícil de ocultar aos olhos do mundo.

Entretanto, aguarda-se, da parte do Tribunal Internacional de Justiça, a decisão sobre a acusação de genocídio do povo palestiniano defendida pela África do Sul e apoiada por várias nações do Sul global. O desenlace será decisivo: ora dará carta branca a outras potências imperialistas para aniquilar populações a seu livre desígnio, ora criará mais uma condenação que Israel não tem incentivo para respeitar, erodindo ainda mais a autoridade dos órgãos internacionais.

Para largos setores da sociedade civil, é incompreensível que um genocídio possa ser levado a cabo com o conhecimento do mundo e o apoio tácito dos dirigentes políticos do Norte global, incluindo dos de Portugal. Para aqueles já próximos da causa palestiniana - que se distingue de outras lutas pela libertação precisamente pela sua relativa visibilidade há largas décadas -, esta incompreensão, mais do que frustrante, deve ser encarada como potente. A indizibilidade do terror a que assistimos força-nos a novos balanços que expliquem como aqui chegámos.

Como pode a “única democracia do Médio Oriente” revelar-se, afinal, o agente terrorista por excelência com o apoio das outras “democracias” que garantem o cumprir do direito e da ordem internacional?

Décadas de pinkwashing israelita
Será talvez surpreendente que no seio de alguns ativismos queer e LGBTQIA+ se tenha encontrado, em especial mas não exclusivamente nas últimas duas décadas, uma das resistências mais consistentes e combativas à propaganda imperialista. Pessoas e coletivos à margem da cisheteronormatividade denunciam, um pouco por todo o mundo, o pinkwashing (“lavagem a rosa”) do Estado de Israel tanto no seu próprio território como nas suas atividades no estrangeiro. Mas o que têm, concretamente, as questões de sexualidade e de género a ver com a ocupação israelita dos Territórios Palestinianos Ocupados (TPO)? Afinal, não é Tel Aviv um oásis de liberdade?

Recuemos no tempo. Israel partilha, na verdade, uma cronologia muito semelhante à de Portugal. O sexo entre adultos do mesmo género foi despenalizado em Portugal em 1982, enquanto em Israel aconteceu seis anos depois, em 1988. Em ambos os casos tratou-se de um ajuste nominal a leis que já não eram exercidas, mas abriu caminho para que os esforços de um novo movimento associativo dessem frutos.

Este ativismo, capaz de dialogar com as instituições e com a sociedade civil, despontou na década de 1990 e celebrou uma série de feitos: interditou a discriminação com base na orientação (1992), promoveu a total participação de soldados homossexuais nas forças armadas (1998), defendeu a adoção por casais homoparentais (2008) e a mudança de género legal sem requerimento de cirurgia de redesignação sexual (2015). Ambos os países superaram a sua imagem retrógrada e desajustada - no caso de Israel, particularmente veiculada ao fundamentalismo religioso - para serem vistas como inquestionavelmente integradas no Norte global, ícones do cosmopolitismo e da tolerância, destinos turísticos com o carimbo LGBT-friendly.

A Marcha do Orgulho de Jerusalém, que tem lugar desde 1997, foi palco de dois esfaqueamentos pela mão do mesmo atacante ultra-ortodoxo, dos quais resultaram vários feridos e a morte de uma adolescente. Em 2019 foram detidos outros 49 possíveis atacantes.

Estas vitórias são-no em ambos os casos porque não foram dadas de mão beijada. No caso israelita, a sua cooptação ofusca as tendências sociais mais reacionárias, bem como as suas próprias contradições enquanto Estado teocrático por definição.

Estas contradições não são menores, mas fundamentais à génese do projeto de Estado desde o seu início, entre forças democráticas e ultra-nacionalistas cuja influência é minimizada mas cujo domínio sobre a legislatura e a sociedade civil são reais. As tensões estão presentes mesmo nos momentos mais simbólicos da tolerância LGBTQIA+. A Marcha do Orgulho de Jerusalém, que tem lugar desde 1997, foi palco de dois esfaqueamentos (em 2005 e em 2015) pela mão do mesmo atacante ultra-ortodoxo, dos quais resultaram vários feridos e a morte de uma adolescente. E, na Marcha de 2019, foram detidos outros 49 possíveis atacantes.

Não nos esqueçamos da celebração do festival WorldPride em Jerusalém, também em 2005, que foi forçosamente adiado para o ano seguinte por causa da acérrima oposição de representantes das três religiões monoteístas e do próprio parlamento israelita. E, em 2009, duas pessoas foram mortas num ataque armado ao centro LGBT de Tel Aviv. São certamente exemplos extremos, mas ilustram um terreno mais complexo do que o de uma meca harmoniosa e isolada contraposta tanto ao fundamentalismo religioso como à violência do “restante” Médio Oriente.

A questão do casamento entre pessoas do mesmo género também é ilustrativa. A 11 de dezembro de 2023, a conta X (antigo Twitter) oficial do Estado de Israel publicou a foto de um casal de dois homens, um pedindo o outro, um soldado em uniforme, em casamento. O tweet congratulou “o lindo casal”, entre um emoji de coração, a bandeira arco-íris e a bandeira israelita. O post omitiu convenientemente que o casamento não poderá ser celebrado no país. É que projetos-lei foram rejeitados no Knesset (assembleia legislativa) cinco vezes e o desafio cultural, bem como o legislativo, que o casamento representa revela o tipo de complexidade que o pinkwashing nos tenta esconder: não existe simplesmente casamento civil num país que não separa a religião do Estado.

O pinkwashing é isto: uma lavagem a cor-de-rosa das realidades complexas em ambos os lados da ocupação. Em Queer Palestine and the Empire of Critique, o antropólogo Sa’ed Atshan sistematiza da seguinte forma os pilares desta retórica: minimizar a homofobia em Israel e maximizar a homofobia na Palestina, para dessa forma criar uma oposição binária que, quando justaposta, demonstra a superioridade civilizacional da primeira face à segunda para ganhar apoio para levar a cabo o seu extermínio. Ou, como o próprio primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o colocou: “o povo da luz contra o povo das trevas”, o “mal” contra a “liberdade e o progresso”.

Deveríamos ver os pontos críticos da Terra como bens comuns globais


Deveríamos olhar para os elementos do sistema Terra como bens comuns globais, argumentam os pesquisadores em um novo artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Os bens comuns globais não podem — como fazem atualmente — incluir apenas as partes do planeta fora das fronteiras nacionais, como o alto mar ou a Antártida. Devem também incluir todos os sistemas ambientais que regulam o funcionamento e o estado do planeta, nomeadamente todos os sistemas na Terra dos quais todos dependemos, independentemente de onde vivemos no mundo, de acordo com os investigadores por trás do artigo, incluindo os investigadores do Centro de Resiliência de Estocolmo Johan Rockström , Jonathan Donges e Carl Folke.

Isto exige um novo nível de cooperação transnacional. Para limitar os riscos para as sociedades humanas e garantir funções críticas do sistema terrestre, propõem um novo quadro de bens comuns planetários para orientar a governação do planeta.

“A estabilidade e a riqueza das nações e da nossa civilização dependem da estabilidade das funções críticas do sistema terrestre que operam além das fronteiras nacionais. Ao mesmo tempo, as atividades humanas pressionam cada vez mais as fronteiras planetárias destes sistemas fundamentais. Da floresta amazónica às massas de gelo da Gronelândia, existem riscos crescentes de desencadear mudanças irreversíveis e incontroláveis ​​no funcionamento do sistema terrestre. Como estas mudanças afectam pessoas em todo o mundo, argumentamos que os elementos de ruptura devem ser considerados como bens comuns planetários aos quais o mundo está confiado e, consequentemente, necessitados de governação colectiva”, explica Johan Rockström, director do Instituto Potsdam para Investigação do Impacto Climático (PIK). ) e professor de ciências da sustentabilidade no Centro.

A publicação é o resultado de um processo de pesquisa de quase dois anos envolvendo 22 importantes pesquisadores internacionais. Os cientistas jurídicos, políticos e do sistema terrestre defendem a sua posição com base na bem conhecida ideia dos bens comuns globais. Em seguida, expandem-no significativamente para conceber respostas jurídicas mais eficazes para governar melhor os sistemas biofísicos que regulam a resiliência planetária para além das fronteiras nacionais, tais como os sumidouros naturais de carbono e os principais sistemas florestais.

“Acreditamos que os bens comuns planetários têm o potencial de articular e criar obrigações de administração eficazes para os Estados-nação em todo o mundo através da governação do sistema terrestre que visa restaurar e fortalecer a resiliência planetária e promover a justiça. No entanto, uma vez que estes bens comuns estão frequentemente localizados em territórios soberanos, tais obrigações de administração também devem cumprir alguns critérios de justiça claros”, destaca a professora Joyeeta Gupta, da Universidade de Amesterdão.

Uma mudança planetária
Outros bens comuns globais ou bens públicos globais incluem o alto mar e os fundos marinhos profundos, o espaço sideral, a Antártida e a atmosfera. Estes são partilhados por todos os Estados e estão fora das fronteiras jurisdicionais e, portanto, dos direitos soberanos. Todos os estados e pessoas têm um interesse colectivo, especialmente quando se trata de extracção de recursos, que sejam protegidos e governados de forma eficaz para o bem colectivo. Os bens comuns planetários expandem a ideia dos bens comuns globais, acrescentando não só regiões geográficas globalmente partilhadas ao quadro dos bens comuns globais, mas também sistemas biofísicos críticos que regulam a resiliência e o estado, e portanto a habitabilidade, na Terra.

As consequências de uma tal “mudança planetária” na governação dos bens comuns globais são potencialmente profundas, argumentam os autores. A salvaguarda destas funções reguladoras críticas do sistema terrestre é um desafio numa escala planetária única de governação, caracterizada pela necessidade de soluções colectivas à escala global que transcendam as fronteiras nacionais.

Visitar a página Global Commons Alliance

domingo, 28 de janeiro de 2024

Senão neutralizarmos a decadência, o imperialismo líquido e sem sentido, vencerá sobre as nossas vidas


Numa série de estudos influentes, incluindo o marco histórico "Modernidade Líquida" (1999), Zygmunt Bauman teorizou a condição moderna como altamente volátil: "Incapaz de manter qualquer forma ou qualquer curso por muito tempo", com "nenhum 'estado final' à vista". "O estatuto de todas as normas (...) foi, sob a égide da modernidade 'líquida' (...), severamente abalado e tornou-se frágil", escreveu ele. Para que a sua metáfora não implique suavidade, Bauman reforça que "o líquido é tudo menos suave. Pensemos num dilúvio, numa inundação ou numa barragem rebentada".

Encontros Improváveis: Death in June e Rui Nunes


If we don’t neutralize decay,
We may run out of tomorrows.
Time tryeth truth,
And truth was found and fined.

Let’s break bread together,
Our honesty moves more than lies.
What do you mean “I need”?
In suffering you breed.

If we don’t neutralize decay,
We may run out of tomorrows.
Time tryeth truth,
And truth was found and fined.

I can hear the kiss fill me
Through the minds and warning signs.
Sounds of ghosts go further,
If you engage in a coven with crows.

If we don’t neutralize decay,
We may run out of tomorrows.
Time tryeth truth,
And truth was found and fined.[2X]

So if we don’t neutralize decay,
We may run out of tomorrows
Time tryeth truth,
And truth was found and fined.[2X]

I can hear the kiss fill me
Through the minds and warning signs.
Sounds of ghosts go further
If you engage in a coven with crows.

If we don’t neutralize decay,
We may run out of tomorrows.
Time tryeth truth,
And truth was found and fined.[2X]

"Qualquer palavra maligniza-se:
basta deixá-la crescer 
e tornar-se-á a palavra única do mundo: 
um fungo, um vírus." - Rui Nunes

Uma grande verdade. Muito isto que sinto, não tanto no Facebook, mas muito na rede X. Para isso nos alertou Laurie Anderson, com o seu tema fabuloso "Language is a virus".

As imagens deste vídeo são da obra-prima: Naqoyqatsi

sábado, 27 de janeiro de 2024

Amazónia sempre a surpreender-nos


Amazónia sempre a nos surpreender. Usando Lidars, pesquisadores descobriram grandes áreas urbanas e estradas na Amazónia equatoriana de 2.000 anos. Seria uma enorme comunidade, similar em tamanho às maiores cidades da época. Ruas com 10 metros de largura, atingindo 20 km de comprimento, com estimativas de uma população de cerca de 10.000 agricultores.
A Amazónia é muito rica de informações em todas as áreas de pesquisas, e esta é somente a primeira grande área urbana descoberta. Certamente teremos outras áreas, que estão só esperando ser desvendadas.

Artigo completo na Science.

Portugueses vão investigar alterações climáticas na Antártica a bordo de veleiro


Uma expedição científica portuguesa vai levar, em fevereiro, 11 investigadores de três universidades portuguesas, uma espanhola e outra chilena, até à Península Antártica para estudar os efeitos das alterações climáticas nas zonas costeiras da região.

Pela primeira vez, na fronteira entre o mar e a terra, durante 15 dias, uma expedição científica portuguesa vai estar a bordo de um veleiro de 24 metros, capaz de fazer chegar os investigadores até às baías da Península Antártica de mais difícil acesso.

Durante duas semanas, o El Doblón, veleiro turístico alugado para a missão, será o novo laboratório de uma equipa de investigadores das universidades de Lisboa, Algarve e Coimbra e das universidades Autónoma de Madrid, responsáveis por dez projetos que vão desde as ciências naturais até às ciências sociais. Pretende desvendar como as alterações climáticas estão a influenciar as temperaturas e os solos das zonas costeiras daquela península no hemisfério Sul.

O “COASTANTAR 2024” é a primeira expedição portuguesa de veleiro pelas baías escondias na “pontinha da vírgula” da Antártica, zonas onde os cientistas encontrarão áreas livres de gelo e rochosas. “Assistimos agora a um novo retorno do aquecimento nesta região. A temperatura tinha subido muito desde que há registo, entre 1950 e até ao ano 2000. Depois estabilizou, desceu um pouco, e começámos a ter verões com mais neve porque houve uma mudança da posição das cinturas de vento. Mas, a partir de 2015, voltámos à tendência rápida de aquecimento, pelo que será interessante observar os seus impactos”, sublinhou, em declarações ao JN, Gonçalo Vieira, coordenador da expedição e investigador do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT) da Universidade de Lisboa, à margem da apresentação da missão, esta sexta-feira, em Lisboa.

A primeira expedição do geógrafo físico foi em 2000, mas esta será a primeira vez que irá trabalhar a bordo de um veleiro. “Neste momento, estou curioso para ver de que maneira é que a fusão do solo gelado e, essencialmente, os episódios extremos de temperatura e precipitação, que estão a ser mais frequentes, estão a ter impactos ao nível da erosão. Mas também vamos trabalhar nos fluxos de contaminantes e olhar para as encostas, tentar começar a monitorizar essas áreas, ligando com imagens satélite para ver que impactos é que está a ter na paisagem”, explicou Gonçalo Vieira.

Os investigadores, cada um responsável por um projeto diferente, irá desenvolver as suas observações e recolher amostras de contaminantes na água, neve, gelo e solo, de microrganismos na atmosfera e em espécies marinhas, fitoplâncton e microplásticos pelas zonas costeiras. A missão decorrerá durante um mês, mas o sucesso de cada dia de trabalho no terreno irá depender das condições meteorológicas e do mar. Nesta altura do ano, a equipa de cientistas irá apanhar o verão na Antártica, com tempo frio a 1ºC e a água do mar com temperaturas a rondar os zero graus, apontou o coordenador durante a apresentação.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Documentário - Os Doze (The Twelve, por Le Ciel Foundation, 2019)


Versão Original (English version) here aqui


Doze líderes espirituais de povos indígenas de várias partes do mundo e de sabedorias ancestrais juntaram-se em novembro de 2017 na sede da ONU em Nova Iorque. Este filme dá-lhes a oportunidade de dizerem a sua verdade e de deixar o mundo saber, para o benefício de todos. É também um filme marcante porque salienta como as tradições de sabedoria podem ser uma fonte incrível de inspiração e soluções para nós e para a nossa sociedade moderna. 

Cada um dos doze anciãos partilha uma sabedoria e um conhecimento há muito esquecidos da nossa ligação eterna e complexa com a Natureza e com toda a humanidade, lembrando-nos o que significa ser humano e como viver em harmonia uns com os outros e com a Natureza.

Este filme traz-nos muitas informações importantes. Que no fundo, se condensam numa única e mesma mensagem, profunda e simples; apenas a forma de expressão é diferente - Fazer a Paz com a Mãe Natureza.

Também é interessante a palestra de Perguntas e Respostas aos realizadores deste bonito documentário.

Um guião de entrevista também está disponível em Português.

Na poeira da politiquice da IKEA, dos Andrés Venturas desta vida, do António Costa, do Marcelo R. Sousa, do Miguel Albuquerque, Tranquada Gomes, Paulo Cafôfo, etc...não me dizem nada. O respeito pela Mãe Terra e a sabedoria dos anciãos é o meu enfoque.

Visite o site Le Ciel Foundation e inspire-se. 

Autobiografia e Música do BioTerra: Humanos - A culpa é da vontade


A Lena D´Água me perdoe, mas esta versão é mais próxima do que António Variações queria dizer. E que me diz muito.

"A culpa não, não é do vento
Se a minha voz se calar
A culpa não, não é do vento
Se a minha voz se calar
A culpa é do lamento
Que sufoca o meu cantar

A culpa é da vontade
Que vive dentro de mim
E só morre com a idade
Com a idade do meu fim
A culpa é da vontade"

Eu, guerreiro, de muitas causas, até ao fim. Uma vontade que vive dentro de mim. E só morre com a idade do meu fim.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

O que é que as formigas nos dizem sobre a biodiversidade nas culturas para biocombustíveis?


Um estudo das comunidades de formigas mostra que a utilização de diversas fontes vegetais para a bioenergia é crucial para proteger os ecossistemas e, ao mesmo tempo, produzir combustíveis mais ecológicos.

Apesar de ser uma fonte de energia renovável, a utilização de biocombustível é controversa, uma vez que o cultivo de poucas culturas altamente produtivas para combustível pode levar à perda de biodiversidade nos sistemas de cultivo onde a biomassa é produzida. Um sistema de cultivo refere-se às culturas, à sua sequência e às práticas de gestão num determinado campo.

Agora, investigadores dos EUA compararam as comunidades de formigas em diferentes tipos de sistemas de cultivo de bioenergia para compreender melhor como estes sistemas moldam as comunidades bióticas e as suas funções. Os resultados foram publicados na revista Frontiers in Conservation Science.

“Encontrámos diferentes comunidades de formigas quando comparámos culturas anuais, sistemas perenes e diversas policulturas perenes com muitas espécies de plantas”, afirmou o primeiro autor, Nathan Haan, que recolheu dados para este estudo na Estação Biológica Kellogg da Universidade Estatal do Michigan e que atualmente investiga a ecologia de insetos como professor assistente na Universidade do Kentucky.

“Os sistemas perenes de cultivo de bioenergia, particularmente aqueles que incorporam maior diversidade de plantas, dão origem a uma comunidade de formigas diferente e mais diversificada do que os sistemas mais simples”, acrescentou.

Formigas e culturas
As formigas são atores abundantes e influentes nos prados e nos agroecossistemas. Podem ser importantes predadores, dispersores de sementes e engenheiros do solo. “Se uma grande parte das nossas paisagens se dedicar ao cultivo de culturas para combustível, as formigas são um candidato de topo para investigar como as comunidades de insetos podem diferir de cultura para cultura”, explicou Haan.

Os investigadores examinaram 10 sistemas de cultivo de bioenergia numa matriz experimental no Michigan. Os sistemas incluíam culturas anuais (milho e dois tipos de milho de vassoura), sistemas perenes simples (plurianuais) e sistemas perenes diversos (pradaria reconstruída, vegetação voluntária em sucessão e um sistema de talhadia de curta rotação com choupos).

Os investigadores capturaram quase 10.000 formigas individuais pertencentes a 22 espécies. Nos ecossistemas complexos, as formigas desempenhavam mais papéis funcionais – por exemplo, predador ou dispersor de sementes – do que nos sistemas simples. A riqueza de espécies era mais elevada nos sistemas diversificados e mais baixa nos sistemas simples. A composição da comunidade também diferiu: algumas espécies comuns de formigas foram encontradas em todos os sistemas de cultivo; espécies mais raras, no entanto, só apareceram em sistemas perenes com diversidade de plantas.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Quando a IKEA lançou um outdoor fascista

O outdoor da IKEA não é inocente. Extravasou toda a ética de marketing. Dia negro e bizarro.
 

Tem razão: não é para o debate partidário. É mesmo para o achincalhamento. Ou seja, é exatamente aquilo que os populistas do Chega fazem. O outdoor sai precisamente no dia em que sabemos das suspeitas na Madeira: tudo aponta para “uma situação tanto ou mais grave do que a operação Influencer”.
Miguel Albuquerque já anunciou a demissão?
A PGR já foi a Belém?
O PR já ditou um parágrafo?

Lembrete:
Fundador da IKEA foi recrutador do partido nazi sueco. Ingvar Kamprad, fundador da IKEA e um dos homens mais ricos do mundo, foi um membro activo do partido nazi sueco, como recrutador de novos membros, revela este livro da jornalista Elisabeth Åsbrink.

Um baixo-relevo para Frida Kahlo


Baixo-relevo lembra as civilizações antigas: gregas, assírios, persas, incas, maias, astecas, etc. 
Kahlo brilhou-nos com a sua arte colorida, o seu fogo interior, autorretratos plenos de simbologia e surrealistas. Única, irrepetível. Nascida em Coyoacán, bairro da Cidade do México, Frida era filha de um fotógrafo húngaro-judeu e de uma mãe mexicana descendente de indígenas e espanhóis. Essa mistura de culturas e origens étnicas teve um impacto significativo na sua identidade e na maneira como ela se expressou artisticamente. Embora os seus autorretratos sejam altamente pessoais, eles também têm uma qualidade universal. As emoções, as lutas e as questões que ela retratou nas suas pinturas ressoam em muitas pessoas. O seu trabalho tornou-se uma forma de comunicação que transcende culturas e gerações, tornando-a uma artista verdadeiramente global. 
Acho que este baixo-relevo é a minha singela homenagem a uma Pintora também activista pelos direitos dos povos indígenas e pelo empoderamento das mulheres. 
Se vivesse na nossa época certamente seria uma notável antifascita!

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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Tic tac. Estamos a 90 segundos do fim, continua a marcar Relógio do Apocalipse



O Relógio do Apocalipse diz, de novo, que estamos a 90 segundos da meia-noite, o que significa a destruição da humanidade.

Os especialistas da revista Bulletin of Atomic Scientist acertaram esta terça-feira os ponteiros e, tal como no ano passado, continuamos bem perto do dia do "juízo final", ou seja a 90 segundos da meia-noite, que é como quem diz para a auto-destruição da humanidade.

Pela 77ª vez, o Dooms Day Clock é acertado e representa um alerta que a comunidade científica faz à humanidade, uma chamada de atenção para o dia em que tudo termina.

"A humanidade continua a enfrentar um nível de perigo sem precedentes", refere a Bulletin of Atomic Scientist, responsável por acertar o relógio, que mantém-se a 90 segundos da meia-noite, tal como em 2023, ano em que a proximidade da humanidade ao dia da auto destruição foi justificada pela guerra na Ucrânia, mais concretamente a ameaça nuclear proveniente da Rússia.

Este ano, os ponteiros do relógio voltaram a ser acertados, mas mantemo-nos a 90 segundos, apenas um minuto e meio, da meia-noite. O que não significa estagnação. "A nossa decisão não deve ser tomada como um sinal de que a situação da segurança internacional se atenuou. Em vez disso, os líderes e os cidadãos de todo o mundo devem encarar esta declaração como um aviso severo e reagir com urgência, como se hoje fosse o momento mais perigoso da história moderna. Porque pode muito bem ser", alerta o Conselho de Ciência e Segurança do Boletim.

Aliás, o mundo enfrenta mais uma guerra, agora no Médio Oriente, entre Israel e o grupo extremista palestiniano Hamas.

Além da guerra na Ucrânia, o mundo enfrenta a ameaça das armas nucleares, com a deterioração dos acordos de redução deste tipo de armamento, as alterações climáticas, que levaram a que 2023 fosse considerado como o ano mais quente já registado. Os avanços nas tecnologias de engenharia genética, bem como os registados na área da Inteligência Artificial também preocupam.

"Não se deixem enganar: acertar o relógio a 90 segundos para a meia-noite não é uma indicação de que o mundo está estável. Muito pelo contrário. É urgente que os governos e as comunidades em todo o mundo ajam. E o Boletim continua esperançoso – e inspirado – em ver as gerações mais jovens liderar a luta”, refere Rachel Bronson, presidente e diretora executiva do Bulletin of Atomic Scientist, em comunicado.

Para Jerry Brown, presidente executivo do Boletim, é como se os líderes mundiais "estivessem no Titanic". Afinal, "estão a conduzir o mundo para a catástrofe – mais bombas nucleares, grandes emissões de carbono, patógenos perigosos e inteligência artificial". "Só as grandes potências como a China, a América e a Rússia podem fazer-nos recuar. Apesar dos antagonismos profundos, eles devem cooperar – ou estaremos condenados", conclui o responsável.

Fundado em 1945 por Albert Einstein, J. Robert Oppenheimer e cientistas da Universidade de Chicago que ajudaram a desenvolver as primeiras armas atómicas no âmbito do Projeto Manhattan, o Bulletin of the Atomic Scientists criou o Relógio do Apocalipse dois anos mais tarde, em 1947, "um indicador universalmente reconhecido da vulnerabilidade do mundo a catástrofes globais causadas por tecnologias criadas pelo homem".

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Universitários leem mais nas redes sociais do que nos sites noticiosos


Uma equipa de investigadores levou a cabo um projeto que pretendia conhecer os "Hábitos de Leitura dos Estudantes do Ensino Superior", mas num universo de quase 180 mil alunos de universidades e institutos politécnicos portugueses, responderam apenas 1.982 estudantes de nove universidades.

"Estes resultados não são representativos dos hábitos de leitura", salientou Filomena Oliveira, sub-diretora geral da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC), explicando que o estudo apresentado esta terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian acaba por ser apenas um "exercício piloto", apelando a "um maior envolvimento das Instituições de Ensino Superior" (IES) nos próximos estudos.

Apesar de não se poder extrapolar, mais de 90% dos inquiridos disseram ter hábitos de leitura sem fins académicos, lendo livros, jornais, revistas ou textos online.

"Entre as quatro modalidades de leitura possível, os textos online são os mais lidos (74%) e as revistas as menos escolhidas" (33%), contou Filomena Oliveira, acrescentando que os alunos usam sobretudo meios digitais (mais de 70%), sendo o papel a opção mais apontada para querem ler um livro.

É nas redes sociais que os alunos mais procuram textos online para ler (81%) mas também procuram informação em sites noticiosos (78%).

Entre as redes sociais, o estudo aponta o Instagram como a mais procurada (82%), seguindo-se o X (ex-Twitter) e o Facebook, acrescentou a diretora-geral da DGEEC.

Metade dos alunos disse ler jornais, mas os sinais dos tempos mostram que a maioria (61%) já prefere o formato digital e apenas 7% ainda prefere o papel.

O inquérito quis saber também se os alunos liam as bibliografias académicas e concluiu que 29% leva as recomendações a sério, mas muitos (23%) ignoram as sugestões dos professores e nunca leram qualquer bibliografia.

Entre os obstáculos à leitura das bibliografias, aparece a falta de tempo mas também "o nível de dificuldade dos textos", sublinhou Filomena Oliveira.

As bibliotecas das instituições são espaços poucos usados, com menos de 30% dos alunos a usá-las e, na maioria dos casos, apenas para fazer trabalhos ou estudar ".

A apresentação do estudo contou com a presença da comissária do Plano Nacional de Leitura, Regina Duarte, do secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, e da coordenadora do estudo e professora da Universidade de Coimbra, Cristina Robalo, que também criticou a dedicação das IES neste projeto, salientando apenas "honrosas exceções".

Além do pouco interesse mostrado pelas IES, Cristina Robalo apontou também os efeitos da pandemia e o tema do inquérito - focado nos "hábitos de leitura" - como motivos para dificultar a recolha de dados.

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segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Gronelândia perdeu mais de 5 mil quilómetros quadrados de gelo desde 1985


O manto de gelo da Gronelândia, o segundo maior do mundo, perdeu cerca de 5.091 quilómetros quadrados de gelo desde 1985, de acordo com um estudo publicado na revista Nature.

Embora esta quantidade tenha tido um impacto relativamente pequeno na subida do nível do mar, a perda de gelo pode ter implicações na circulação oceânica e, consequentemente, na distribuição da energia térmica global.

Os lençóis de gelo em todo o mundo sofreram um recuo nas últimas décadas, com o lençol de gelo da Gronelândia, em particular, a registar um período de perda de massa acelerada desde a década de 1990.

Os modelos climáticos preveem, com um elevado nível de certeza, que esta perda de gelo na Gronelândia irá continuar, mas a investigação sobre a forma como o manto de gelo recuou anteriormente poderá oferecer uma ideia do seu comportamento futuro.

Chad Greene e os seus colegas utilizaram imagens de satélite para estabelecer 236.328 posições de terminais glaciares de 1985 a 2022.

A partir daí, os autores quantificaram a extensão do parto – o processo de rutura do gelo na extremidade de um glaciar – e as alterações nos bordos do manto de gelo e, consequentemente, a área total de gelo perdida.

Os autores descobriram que o manto de gelo da Gronelândia tinha perdido cerca de 5.091 quilómetros quadrados de gelo nas últimas quatro décadas. Esta área equivale a cerca de 1.034 gigatoneladas (1.034 triliões de quilogramas) de gelo. Mais especificamente, a camada de gelo diminuiu em média 218 quilómetros quadrados por ano desde janeiro de 2000, segundo a análise.

Os autores observam ainda que este recuo não parece contribuir substancialmente para a subida do nível do mar, mas pode desempenhar um papel nos padrões de circulação oceânica e na forma como a energia térmica é distribuída pelo planeta.

Greene e os seus coautores descobriram também que alguns dos glaciares do manto de gelo da Gronelândia que registaram a maior diferença entre o crescimento no inverno e o recuo no verão num único ano (incluindo o Jakobshavn Isbræ e o Zachariæ Isstrøm) foram também os glaciares que mais recuaram entre 1985 e 2022. Isto indica que a variabilidade sazonal dos glaciares pode ser um fator de previsão do recuo a longo prazo.

domingo, 21 de janeiro de 2024

João Ribeiro-Bidaoui - Anatomia da Cunha Portuguesa


Uma abordagem social da cunha, a sua controvérsia, a percepção pelo outro, a sua justificação e os juízos sobre acções de favorecimento. É este o resultado de uma exaustiva investigação que o jurista, sociólogo e diplomata internacional João Ribeiro-Bidaoui levou a cabo nos últimos oito anos e que agora é publicado no livro Anatomia da Cunha Portuguesa.

Saber mais: 
Tese Doutoramento sobre a "cunha" em Portugal - João Ribeiro-Bidaoui

Música do BioTerra: The Fall - Free Range


Quem mais, em 1992, escrevia sobre as implicações geopolíticas da restauração capitalista na Europa Oriental? Ninguém, a não ser Mark E. Smith, e ainda hoje tem ressonância, 32 anos depois, com a
 guerra na Ucrânia.

In 2001
A Life code:
It pays to talk to no one.
Proliferating across the earth.
Also Sprach Zarathustra
Faction Europa
Free Range

2001
Also Sprach Zarathustra
Proliferating across the earth
Pressure guilt
Grudge match
12 cm flak unit
Range 1 stroke 35

This is the spring without end
This is the summer of malcontent
This is the winter of your mind

By 2001
Also Sprach Zarathustra
It pays to talk to no one
Europa, faction
Proliferating across the earth
Free Range

This is the spring without end
This is the summer of malcontent
This is the winter of your mind

Insect posse
will be crushed

Moravia, trouble
Moldavia
Europa
Every second third word
Europa
It pays to talk to no one.

Free Range

Tudo sobre a música [eng]. Tudo sobre a Guerra Civil da Jugoslávia

sábado, 20 de janeiro de 2024

Documentário: Cobalto - O Reverso do Sonho Elétrico


O carro elétrico promete uma transição ecológica limpa. O mercado automóvel global concentra esforços numa produção competitiva cuja chave é a exploração do ouro azul: o cobalto. O minério necessário para as baterias é encontrado principalmente no Congo. Mas a que preço?

“Uma Apple para ajudar. » É nestes termos que um coro de mineiros congoleses apela à comunidade internacional. Também lista os nomes de outros grandes grupos industriais ávidos por baterias eléctricas e, portanto, ávidos por cobalto, como Nokia, Samsung, Huawei, Tesla, BMW e General Motors. Essa música abre o documentário dirigido por Quentin Noirfalise e Arnaud Zajtman. Ele também fecha, dizendo: “Temos medo das suas baterias. »

Entretanto, o documentário leva-nos aos bastidores da mineração de cobalto. O lado negro do carro verde. Na verdade, este mineral azul é a chave para conduzir sem poluir. São necessários quase 10 quilos por bateria. No entanto, no meio de uma crise climática, o carro eléctrico traz a promessa de uma transição ecológica e está a tornar-se uma questão importante para os fabricantes de automóveis. Todos querem garantir o seu fornecimento dos chamados metais “estratégicos”, incluindo o cobalto. Sabendo que o subsolo da República Democrática do Congo (RDC) detém a maior parte.

Os administradores mostram-nos que esta riqueza, aumentada pelo aumento dos preços do cobalto, não beneficia a população congolesa. Com testemunhos de ONG internacionais e activistas locais, lançam luz sobre o custo ambiental e humano desta extracção mineira. Vamos com um “escavador” às profundezas das chamadas minas “artesanais”; ele fala do seu medo de uma tarefa perigosa e mal remunerada. Estas minas não oficiais foram apontadas pela Amnistia Internacional por utilizarem trabalho infantil. Uma investigação que causou alvoroço quando foi publicada.

Poluição e corrupção
Outros depoimentos vêm de agricultores cujos campos foram afetados pela poluição das águas dos rios, carregadas de resíduos de extração. Contaminação que afeta a saúde das populações. Finalmente, o documentário fala-nos sobre a corrupção que cercou a atribuição das ricas jazidas do país a grandes grupos mineiros internacionais, em detrimento das finanças da RDC.

Perante esta situação e o risco de dependência, a Europa tenta encontrar formas de aumentar a sua soberania. Uma fábrica de reciclagem belga colocou metais infinitamente recicláveis ​​de volta no circuito industrial. Uma mina finlandesa seria reiniciada para explorar um veio de cobalto – mas ONG denunciam as falhas do grupo mineiro, já condenado em 2012 a encerrar o local após poluição das águas circundantes. A soberania europeia também envolveu a construção de gigafábricas de baterias face à hegemonia chinesa. Uma abordagem ilustrada pelo projecto Northvolt na Suécia .

Depois de assistir a este documentário bastante completo, o espectador terá uma nova visão do carro elétrico.

Não há liberdade religiosa em um terço dos países do mundo


O relatório sobre liberdade religiosa no mundo de 2023 indica que, em cerca de um terço dos países do mundo, não há liberdade religiosa ou há uma violação, revelou hoje a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS).
"Dos 196 países analisados, em 61 há restrições à liberdade religiosa. Este relatório mostra-nos que em cerca de um terço dos países do mundo não há liberdade religiosa ou há uma violação da liberdade religiosa", destacou a diretora em Portugal da FAIS.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre apresenta na tarde de sábado, no Seminário Maior de Coimbra, o Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo 2023, um documento que costumam publicar de dois em dois anos.
Em declarações à agência Lusa, Catarina Martins de Bettencourt explicou que o documento analisou "todas as religiões em 196 países do mundo, na perspetiva da liberdade religiosa"."Outra conclusão muito importante deste relatório é que cerca de 62% da população mundial vive nestes 61 países, onde não há efetivamente liberdade religiosa", constatou.
Os países onde há ausência de liberdade religiosa situam-se "em África, Meio Oriente e Ásia" e, pela primeira vez, o relatório menciona o continente americano, "por causa da situação que se vive em Cuba, Venezuela e também na Nicarágua".
Segundo a diretora em Portugal da FAIS, o relatório distingue os países onde se verifica discriminação religiosa e os países onde há perseguição, com pessoas a serem presas ou mortas com base na sua fé.
"No caso da perseguição com base na religião, temos países como a Índia, Paquistão, Afeganistão, China, Arábia Saudita e Irão, no continente asiático. Se olharmos para a África, há perseguição em países como a Nigéria, Mali, Sudão, República Democrática do Congo e no norte de Moçambique", referiu.
Questionada sobre a realidade na Europa, Catarina Martins de Bettencourt evidenciou que no relatório não constam países da Europa, apesar de já existirem "alguns sinais de preocupação".
"Há, às vezes, alguma discriminação e a profanação de alguns símbolos religiosos no continente europeu. Mas, na nossa análise e tendo em conta toda a gravidade do que se vive no resto do mundo, nós consideramos que a Europa ainda é um continente onde há relativa liberdade religiosa", apontou.
No caso de Portugal, considerou que é um país onde se pode exercer livremente a fé, independentemente de qual seja.
"A realidade no mundo é diferente. Há muitas pessoas que, infelizmente, vivem em países onde não há essa possibilidade de viver livremente a sua fé. Há pessoas que são discriminadas em termos de acesso à educação, acesso à saúde, acesso ao mercado de trabalho, só porque são de determinada religião", sustentou.
À Lusa, Catarina Martins de Bettencourt frisou ainda a importância deste relatório, que pretendem apresentar em todas as dioceses do país, por pretender provocar uma reflexão.
"Descrevemos algumas situações que foram acontecendo, ao longo desse ano, e que precisamos refletir. Gostaríamos que os nossos governos olhassem para este relatório e para as suas conclusões e, de alguma forma, também tomassem medidas que evitem esta escalada", alertou.
O relatório aponta também no sentido da "importância da educação", inclusive em contexto escolar.
"É muito importante educarmos as crianças desde pequenas, no sentido de perceberem o que é que é cada religião, as diferenças entre todas as religiões e ensiná-las no sentido da tolerância. Ensinar a não discriminar ninguém, a não perseguir ninguém, apenas porque é de uma religião ou de outra", concluiu.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Filme de culto - Decoder (1984)


Decoder é um filme dramático de vigilância burocrática, proto-cyberpunk e bizarro da Alemanha Ocidental, apresentando FM Einheit da banda industrial alemã Einstürzende Neubauten como um jovem fanático por barulho com ambições de hacker empregado numa lanchonete. Ele descobre que substituir o Muzak (música de fundo tocada em lojas e elevadores) imposto pelo governo por ruído industrial alterará o comportamento das pessoas. Inspirado por um encontro com um sumo sacerdote pirata barulhento (interpretado por Genesis P-Orridge dos pioneiros industriais Throbbing Gristle), ele se rebela contra o governo por usar a música como arma de controle mental corporativo e sedação ambiental levando ao consumismo e à massificação. Ele então toca sua mixagem parcialmente composta pelo balido distorcido de um sapo gritando, apenas para se transformar no terrorista barulhento mais procurado do país por incitar tumultos.

Decoder é inspirado na Revolução Eletrónica (1970) de William S. Burroughs, que aparece no filme, tem uma forte mensagem anticonsumista, citações sobre Lady Di (Diana), metáforas bíblicas usando sapos como símbolos para a vagina.

O filme também é notável por não estrelar atores reais: Bill Rice (artista de vanguarda do East Village) é Jaeger, um homem de empresa obcecado por peep-shows encarregado de estrelar monitores de vigilância nevados o dia todo, é designado para pôr fim ao F.M. operação. Christian F. interpreta a namorada de FM, uma funcionária punk de um peepshow que prefere a companhia de seus sapos de estimação aos humanos.

Decoder (Descodificador) de Muscha é um clássico cult e uma obra-prima criminosamente subestimada da estranheza alemã, antes da Internet e da guerra cibernética, filmada em 16 mm, salpicada de tons brilhantes de rosa, azul e verde com trabalho de câmera da vienense / nova-iorquina Hannah Heer. 

Deve ser considerado obrigatório para quem ama os clássicos cyberpunks de Shinya Tsukamoto, Electric Dragon 80.000 V de Sogo Ishii e filmes como They Live, Vortex (1982) e Liquid Sky.

O filme é retalhado e golpeado pela cultura industrial/eletrónica dos anos 80 com uma trilha sonora intensa de nomes como Einsturzende Neubauten, Soft Cell, The The e Psychic Tv.

Borboletas-lobas estão a perder as suas manchas por causa do aquecimento global

Borboleta-loba sem qualquer uma das suas manchas características, incluindo a grande mancha em forma de olho das asas anteriores.

À medida que a temperatura do planeta aumenta, as borboletas-lobas (Maniola jurtina) estão a perder as manchas escuras que têm nas suas asas. Pensa-se que as manchas em forma de olho que têm nas asas anteriores sirvam para afugentar predadores e que as mais pequenas que têm nas asas posteriores sejam usadas como mecanismo de camuflagem.

Uma investigação liderada pela Universidade de Exeter, no Reino Unido, descobriu que as fêmeas dessa espécie de lepidópteros que se desenvolvem a uma temperatura ambiente de 11 graus Celsius têm seis manchas na face inferior das asas posteriores. Contudo, as que se desenvolvem a temperaturas mais elevadas apresentam menos manchas.

Os resultados do trabalho foram revelados num artigo publicado revista ‘Ecology and Evolution’. Richard ffrench-Constant, um dos principais autores, explica, em comunicado, que “cada vez menos destas manchas nas asas posteriores aparecem quando as fêmeas experienciam temperaturas mais elevadas durante a fase de pupa”, um estágio do desenvolvimento em que a futura borboleta está envolvida por uma crisálida.

Além da perda de manchas nas asas posteriores, os cientistas encontraram também fêmeas que perderam as grandes manchas em forma de olho das asas anteriores.

Com base nessas constatações, o investigador argumenta que “isso sugere que as borboletas adaptam a sua camuflagem com base nas condições”, detalhando que “com menos manchas podem ser mais difíceis de detetar na relva seca e acastanhada que seria mais comum num clima mais quente”.

Contudo, o mesmo não foi observado nos machos, e a equipa acredita que isso pode dever-se ao facto de as manchas desempenharem uma função importante na reprodução, para atrair as fêmeas.

Até agora pensava-se que as variações nas manchas nas asas das borboletas-lobas dentro de uma mesma população refletia o que é conhecido como polimorfismo genético, ou seja, “a coexistência de múltiplas formas genéticas numa mesma população”. Mas este estudo vem revelar que, afinal, as diferenças resultam de uma ‘plasticidade térmica’, uma capacidade através da qual as borboletas reagem e adaptam-se às mudanças de temperatura nos ambientes em que se desenvolvem.

Com um planeta cada vez mais quente, os investigadores preveem que as manchas das borboletas-lobas fêmeas diminuirão de ano para ano. E Richard ffrench-Constant confessa-se surpreendido pelo que encontraram: “esta é uma consequência inesperada das alterações climáticas”, no âmbito das quais “tendemos a pensar que as espécies se vão deslocando para norte, em vez de mudarem a sua aparência”.

Música do BioTerra: Siouxsie And The Banshees - Cascade

A canção "Cascade" de Siouxsie e os Banshees é sobre os altos e baixos do amor. Fala de como o ar pode brilhar por vezes e as coisas podem estar a correr bem, tal como um anel de noivado. Mas depois, pode rapidamente tornar-se bárbaro e cheio de tensão. A letra descreve uma montanha-russa de emoções que vêm com o estar apaixonado, desde momentos em que o amor se sente como uma cascata de líquido caindo a outros momentos em que se pode sentir como um revólver a ecoar na boca. Em última análise, a canção trata de apreciar os bons e os maus momentos e de rir mesmo nos momentos mais sombrios dos tempos de paixão.

Live Angel Casas Show (1984)

Estúdio

[Verse 1]
Oh the air was shining
Shining like a wedding ring
Barbed like sex, I felt 10,000 volts
My chest was full of eels, pushing through my usual skin
I opened up new wounds
Pouting, shouting

[Chorus]
Oh, love like liquid falling
Falling in cascades
Oh, lovelorn victims
Laughing in cascades