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segunda-feira, 31 de maio de 2004

Preciso Preservar o Rio Minho

Um Bem Que É de Todos e É Preciso Preservar
Por CARLOS ANTUNES, Biólogo, responsável técnico pelo projecto do Aquamuseu do
Rio Minho
Domingo, 30 de Maio de 2004

A importância do rio Minho em termos dos seus recursos naturais e culturais foi
tema abordado em diversas intervenções no âmbito do Congresso Internacional do Rio Minho, realizado em Melgaço. Este tema, ganhou uma ênfase especial em virtude das notícias que têm vindo a público sobre a intenção da construção de três barragens na porção internacional do rio. Com efeito,as barreiras físicas foram apontadas como um dos factores de risco para afauna piscícola. Não podemos esquecer que a pesca artesanal, no rio Minho,representa um factor importante em termos económicos para a região, não só pela comercialização do produto da pesca mas também pelo que representa emtermos turísticos, particularmente no campo cultural e gastronómico. O rio Minho corresponde ao limite Sul da distribuição do salmão do Atlântico (Salmo salar) na Europa. Tem havido, nos últimos anos, indícios de recuperação desta espécie neste rio. Outras espécies com o mesmo
comportamento migratório, como o sável (Alosa alosa), a savelha (Alosa fallax), a truta marisca (Salmo trutta trutta) e a lampreia (Petromyzon marinus) são afectadas directamente quando são impossibilitadas de prosseguir a sua viagem até aos locais de postura. Outro grande migrador, a enguia(Anguilla anguilla), fica limitado a um espaço cada vez mais reduzido para crescer, aquando da sua chegada do oceano na fase juvenil (meixão). Acresce a tudo isto, a falta de medidas efectivamente praticadas na execução deste tipo de projectos, que visem minimizar os impactos negativos sobre as diversas
populações de peixes. Outros factores, como a poluição, a extracção de inertes, a introdução de espécies exóticas e uma gestão da pesca desajustada da realidade regional podem igualmente afectar não só as espécies com valor comercial mas também as ecologicamente importantes. Estão inventariadas, no rio Minho, 45 espécies de peixes, das quais 13 têm estatuto de conservação. A falta de conhecimento da estrutura e dinâmica de muitas destas espécies, das relações alimentares entre elas, dos efeitos dos
factores de risco já mencionados em termos da realidade local, são os principais inimigos de qualquer estratégia de conservação. A promoção do conhecimento e divulgação deste património, nas suas múltiplas vertentes, nomeadamente a nível da população local e visitante, da comunidade escolar e científica é seguramente uma estratégia que dará os seus frutos num futuro próximo.
O Aquamuseu do Rio Minho, projecto promovido pela Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira, cuja abertura ao público acontecerá até final do ano, representa um passo importante neste caminho a percorrer para um mais e melhor saber, aumentando a responsabilidade colectiva sobre a conservação de um bem que é de todos.
Muitas imagens fantásticas da bacia do Minho através do Centro de Geologia FCUL

domingo, 30 de maio de 2004

Rumo ao petro-apocalipse

Termino hoje a problemática sobre Energia, Ambiente, Sociedade, Educação Ambiental e Política com este ( mais um ) excelente artigo da revista Resistir. Merece uma leitura MUITO ATENTA. 
Rumo ao petro-apocalipse por Yves Cochet 


Dentro de alguns anos, a produção mundial de petróleo convencional declinará enquanto a procura mundial não cessa de crescer. O choque resultante desta fome petroleira estrutural é inevitável, tão importantes são a dependência das nossas economias em relação ao petróleo barato e a impossibilidade simultânea de desmamá-las rapidamente. Podemos esperar apenas amortecer este choque, desde que esta perspectiva próxima se torne a partir de hoje a referência única de uma mobilização geral das nossas sociedades, impondo consequências drásticas a todos os sectores sob a pena do caos. 
Esta antecipação é fundamentada no método do geólogo americano King Hubbert, que em 1956 havia previsto o pico da produção petrolífera interna dos Estados Unidos para 1970. Foi exactamente isso que aconteceu. A transposição do método de Hubbert a outros países deu uma previsão de resultados semelhante: hoje, todos os campos petrolíferos gigantes — os únicos que contam — vêm a sua produção diminuir, salvo no "triângulo negro" Iraque-Irão-Arábia Saudita. 
O pico de Hubbert deste Médio Oriente petrolífero deveria ser atingido por volta de 2010, conforme a retomada mais ou menos tardia da plena produção iraquiana e conforme a taxa de crescimento da procura chinesa. Os sectores mais afectados pela alta contínua da cotação do petróleo bruto serão em primeiro lugar a aviação e a agricultura produtivista, pois os preços do querosene para uma e dos fertilizantes azotados e do gasóleo para a outra estão muito directamente ligados aos preços do bruto. Isto sem a flexibilidade política estabilizadora que permite, por algum tempo e nos outros sectores, baixar os impostos sobre o petróleo quando os preços sobem. 
A seguir, os transportes terrestres, o turismo, a petroquímica e a indústria automóvel sofrerão os efeitos depressivos da diminuição da quantidade de petróleo (esgotamento). Até que ponto esta situação conduzirá a uma recessão geral? Ninguém sabe, mas a cegueira dos políticos e habitual o panurgismo pânico dos mercados fazem-nos temer o pior.(...) 
Regressarei certamente a este complexo tema. Nesta semana irei abordar a Água, seguindo o mesmo rumo: disponibilizar pontes de articulação transversal, propor alternativas, promover algum debate e (espero conseguir) atrair mais pessoas para a Eco-Consciência colectiva e individual e por uma Ecologia Integral.

sábado, 29 de maio de 2004

Inacreditável!! o Mundo estará a involuir de vez??

Energia nuclear pode combater efeito estufa, diz cientista

Um dos primeiros cientistas a alertar para o efeito estufa, o britânico James Lovelock, considera, num artigo publicado esta segunda-feira pelo jornal The Independent, que o aquecimento global do planeta apenas pode ser combatido através da utilização da energia nuclear.

Para o cientista, a única fonte energética não poluente que está imediatamente disponível para a utilização humana é a energia nuclear. «Não temos tempo para experimentar fontes energéticas visionárias, a civilização está em risco iminente», alerta James Lovelock.

No artigo do diário britânico, Lovelock alerta para o facto das fontes energéticas não poluentes não estarem a ser desenvolvidas com a rapidez suficiente para substituir o carvão, o gás e o petróleo, cujas emissões de dióxido de carbono estão na origem do efeito estufa.

«A oposição à energia nuclear é baseada em medos irracionais, alimentados pela ficção de Hollywood, pelo lobby dos ecologistas e pelos media», considera o cientista, acrescentando que «desde o início, em 1952, a energia nuclear provou ser a mais segura de todas as fontes».

24-05-2004 20:36:32
Mais detalhes

sexta-feira, 28 de maio de 2004

Tanto Sol


Dia da Energia
Tanto Sol.
no Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva


Amanhã, sábado, 29 de Maio, comemora-se o Dia da Energia. A Sociedade Portuguesa de Energia Solar (SPES), o INETI e a Ciência Viva convidam o público em geral, particularmente os jovens, a debater o aproveitamento da energia solar, no ano em que se comemora o centenário da atribuição do 1º prémio na Exposição Universal de St. Louis nos EUA ao Padre Himalaya pela sua invenção de um concentrador solar. No engenho construído pelo Padre Himalaya em 1904, que ele designou por pirelióforo, eram atingidas temperaturas acima dos 3000 graus centígrados.
É urgente sensibilizar o público para a energia solar como recurso natural estratégico.
Na sessão será divulgado o Programa Nacional de Água Quente Solar e será abordada a tecnologia actual, que permite produzir electricidade a partir da energia solar, quer por via termoeléctrica, quer por via fotovoltaica, como irá ser feito por exemplo na maior central solar do mundo, projectada para o Alentejo.

A equipa "A cozinha é um laboratório" aderiu já à energia solar e vão ser cozidos pãezinhos para oferecer aos participantes no exterior do Pavilhão do Conhecimento-Ciência Viva, com o apoio do INETI e da empresa Sun Co.

Portugal, tão fértil em recursos renováveis, contínua a importar mais de 80% da energia que consome. E temos tanto sol!

Um bom fim de semana...com energia...e renovável!

quinta-feira, 27 de maio de 2004

Estreia hoje: «O Dia Depois de Amanhã»

A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza considera que o filme do realizador Roland Emmerich - “O dia depois de amanhã” que hoje estreia nos ecrãs de muitos cinemas em Portugal, pode ser uma importante forma de sensibilização e alerta para o problema inevitável do aquecimento global e das consequentes alterações climáticas. Tratando-se de uma ficção exagerada do problema ambiental em questão, não deixa de ser mais uma forma de pressão para que Governos como o dos Estados Unidos da América, Austrália e Rússia ratifiquem o Protocolo de Quioto (a Rússia assumiu há poucos dias pela primeira vez na voz do seu Presidente que o iria fazer), como primeiro pequeno passo na concertação mundial na redução do aquecimento global. A Quercus espera porém que haja ainda capacidade de concertação e antecipação para que se minimizem os efeitos e os consequentes custos sociais, económicos e ambientais à escala global que este problema ambiental acarreta, não sendo necessário recorrer de forma inevitável como este filme já o faz, à pedagogia da catástrofe. No que respeita a Portugal, talvez a população perceba melhor a responsabilidade de todos os países, incluindo o nosso, em reduzir as emissões de gases de efeito de estufa, nomeadamente a necessidade do governo aprovar de vez o Plano Nacional para as Alterações Climáticas e aplicar e monitorizar as medidas previstas. Se o filme tem um argumento que apresenta situações porventura ampliadas em termos técnicos e científicos, não é por demais lembrar o que os cientistas mundiais do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) e os cientistas portugueses através do projecto SIAM apresentam como as consequências das alterações climáticas nos próximos cem anos:
 O que se já está a passar à escala mundial: • aumento na temperatura média global (0,6 ºC) desde que há registos (1861); • ano mais quente: 1998 (2003 na Europa); • 2002 foi o segundo ano mais quente; • década mais quente: 90; • os últimos 6 anos estão nos 8 mais quentes de sempre (excluíndo 2003); • os nove anos mais quentes ocorreram desde 1990; • redução das áreas glaciares e da espessura do gelo. O que já se está a passar em Portugal: • temperatura média do ar: tendência crescente desde 1970; • ano mais quente: 1997 (temp. méd. anual 16,6ºC); • precipitação: tendência decrescente embora fraca no período 1931-2000; redução significativa durante a Primavera; • tendência para o aumento de eventos meteorológicos extremos: secas e cheias; • aumento do nível do mar: 1 a 2 cm/década. As consequências à escala mundial: • aumento de 1,4 a 5,8 ºC entre 1990 e 2100; • maior concentração de vapor de água e de precipitação, principalmente no hemisfério Norte; • maior frequência de ocorrência de fenómenos climáticos extremos (ex.: cheias, secas, freq. de dias muito quentes); • aumento do nível do mar de 9 a 88 cm entre 1990 e 2100; • fusão dos glaciares; redução do gelo nos cursos de água, lagos e mares; • aumento da frequência e intensidade de eventos meteorológicos extremos; • aumento do risco de extinção de plantas e animais (perda provável de metade da biodiversidade mundial); • aumento da vulnerabilidade das infraestruturas e dos sistemas produtivos e de lazer associados às actividades humanas; • aumento do risco de ocorrência de impactes a larga escala e com efeitos irreversíveis associados a alterações das correntes marítimas; • aumento do risco de ocorrência de conflitos sociais e de migrações de populações. As consequências para Portugal: • aumento de 4 a 7 ºC na temperatura média do ar entre 2000-2100; • redução das disponibilidades de água; aumento de cheias e pior qualidade da água; • risco de perda de terreno em cerca de 67% das zonas costeiras; • aumento do nível do mar entre 25 e 110 cm até 2080. A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza Lisboa, 27 de Maio de 2004

quarta-feira, 26 de maio de 2004

Resistir- " No more War for Oil"

O Instituto Nacional de Estatística divulgou recentemente uma publicação importante com o titulo “Um Retrato Territorial de Portugal 2002” que permite analisar, de uma forma fundamentada a forma como a riqueza, o investimento, o emprego e as remunerações se distribuem pelas diferentes regiões do País.
Análise feita por Dr. Eugénio Rosa
consultem aqui, acrescenta mais uma evidência da acentuada clivagem socio-economica portuguesa,em particular os problemas dos transportes e efeitos no consumo desequilibrado de combustíveis fósseis, por sua vez com implicações no Ambiente e Qualidade de Vida de todos.
Perante a crise energética que estamos a assistir,nós e o mundo, há que
Resistir.
Conheçam os artigos e a comissão editorial desta ONG, baseada na Palavra de Ordem " No War For Oil"/" Não Mais Guerras pelo Petróleo", em prol de um mundo mais Justo, Livre e Verde.

terça-feira, 25 de maio de 2004

Eficiência Energética- o que é; como fazer; a sua importância no desenvolvimento sustentável

Produção de Energia Eléctrica em Portugal:
Aposta indispensável na Economia e na Eficiência energéticas!

16 de Fevereiro de 2004
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Excelente artigo publicado pelo Geota que passo na íntegra!Obrigatório ler, conhecer e agir!
O GEOTA esteve hoje representado, dia 16 de Fevereiro, junto com várias outras ONGA nacionais, numa reunião na Assembleia da República, com deputadas do partido “Os Verdes”, com o motivo de discutir assuntos relacionados com o cumprimento do Acordo de Partilha de Responsabilidades da União Europeia e sobre as declarações do Sr.MCOTA na última Comissão Parlamentar de Poder local, do Ordenamento do Território e Ambiente relativas às dificuldades nacionais no cumprimento do Protocolo de Quioto.
A discussão visou também as Medidas Adicionais ao Programa Nacional de Alterações Climáticas. Tratou-se, nomeadamente, a necessidade de incentivar a eficiência energética e a gestão da procura para a produção de energia Não foram esquecidas as relações entre os problemas das emissões e congestionamento urbano associado aos transportes, ao incorrecto ordenamento do território e à falta de uma Reforma Fiscal Ecológica que integre os aspectos ambientais nas decisões e projectos de desenvolvimento e na actividade económica. Foi referido igualmente o Programa Nacional de Alocação de Emissões e o seu atraso.

No capítulo da eficiência energética e da gestão da procura, o GEOTA vem ainda emitir a presente nota de imprensa nos termos que se seguem.

O nosso país tem de arrepiar caminho em matéria de emissões de CO2, porque já ultrapassou os níveis de emissão permitidos para 2012.

Por outro lado, a produção de energia eléctrica encontra-se fortemente condicionada pela aplicação da Directiva 2001/77/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Setembro 2001, relativa à promoção da electricidade produzida a partir de fontes renováveis de energia no mercado interno da electricidade [Jornal Oficial, 283 de 27.10.2001].

A promoção da electricidade produzida a partir de fontes renováveis de energia (FRE) é assumida como uma das principais prioridades da Comunidade, por motivos de segurança e de diversificação do aprovisionamento energético e de protecção do ambiente, bem como por razões relacionadas com a coesão económica e social.

Para cumprir a meta de 39% de produção de energia eléctrica com base em fontes renováveis é indispensável investir em duas frentes, pela seguinte ordem de prioridade:

primeiro, no controlo da procura, ou seja, na promoção da eficiência energética no consumidor;
segundo, no controlo da oferta, ou seja, na substituição de fontes energéticas não renováveis por renováveis na produção de electricidade.
Nesse sentido, consideramos que:

1. É necessária a substituição de fontes energéticas para tornar a produção de electricidade mais amiga do ambiente, mas deve ser considerada como segunda prioridade, por três ordens de razão:

A melhoria de eficiência é a única forma de energia verdadeiramente limpa e estratégica para melhorar a segurança do abastecimento de energia, enquanto a substituição de fontes causa impactes ambientais adicionais e não traz outras vantagens;
A substituição de fontes é bastante mais cara do que os investimentos em eficiência e uso racional da energia, dado o estado calamitoso dos níveis de eficiência energética em Portugal;
Ao actual ritmo de aumento dos consumos (6% ao ano, muito acima do PIB) nunca o problema poderá ser resolvido apenas através da substituição ou da criação de novos centros electroprodutores.
2. A análise efectuada pelo GEOTA da informação disponível (estatísticas oficiais e estudos publicados pela REN – Rede Eléctrica Nacional) indicam que no sector eléctrico seria possível poupar, a curto prazo, 10% do total de consumos, apenas com investimentos em tecnologias já disponíveis no mercado (construção bioclimática, iluminação ecológica, equipamentos mais eficientes, sistemas passivos, entre muitas outras possibilidades), com períodos de retorno do investimento inferiores a 3 anos. Por outras palavras, esta meta é alcançável a baixo custo, apostando, essencialmente, na informação. O potencial teórico de poupança, com a tecnologia actualmente disponível, ascende a 25% dos consumos (embora tal nível de poupança necessite de incentivos financeiros e fiscais). Nenhuma outra fonte de electricidade, nova ou de substituição, tem perspectivas tão boas e promissoras como a aposta na eficiência energética.

3. A gestão da procura tem como princípio a satisfação de necessidades do uso da energia da forma mais eficiente possível. Implica a intervenção em diversos sectores (principalmente os serviços, a habitação, o comércio e a indústria) e o recurso a diversos instrumentos, designadamente a informação e o apoio técnico aos consumidores (empresas, instituições e famílias), a redefinição de instrumentos económicos (taxas e impostos sobre a energia) e regulamentação selectiva (rotulagem e requisitos técnicos de equipamentos). Genericamente, os equipamentos e instalações mais eficientes devem tornar-se mais baratos, e o consumo unitário de energia mais caro, de forma que a factura energética global dos consumidores e do País vá diminuindo.

4. As energias renováveis devem ter como principal objectivo a substituição da electroprodução baseada em combustíveis fósseis, em vez de servirem, como actualmente, para aumentar a capacidade global de produção. No entanto, mais barragens hidroeléctricas não representam uma opção viável, porque as hipóteses remanescentes em Portugal implicariam impactes ambientais inaceitáveis e custos de investimento elevados, com uma rentabilidade económica muito fraca (caso p.e. do proposto aproveitamento do Baixo Sabor com custo da electricidade da ordem de 9,8 ¢€/kWh, superiores aos custos de medidas de economia de energia, da produção com base em biomassa e da energia eólica).

5. De entre as fontes renováveis para electroprodução, a energia eólica é a que apresenta hoje em dia em Portugal maior potencial, com viabilidade económica interessante e impactes ambientais moderados. Refira-se no entanto que a energia eólica tem uma condicionante intrínseca: a potência disponível sofre de elevada variabilidade em função da meteorologia, implicando sempre a existência de sistemas produtores alternativos. Por outro lado, esta forma de energia não é isenta de problemas ambientais: são frequentes os conflitos de uso do território (por motivos ecológicos ou sociais), a ligação dos parques eólicos à rede pública exige muitas vezes o reforço da rede, e os acessos e linhas causam mais impactes que os aerogeradores em si. Estas condicionantes, somadas à tradicional burocracia nacional, resultam em que cada projecto de energia eólica demore, em média, cinco a seis anos a ser aprovado (quando o normal noutros países é um ano)!

6. Para ultrapassar estes problemas, o GEOTA propõe que o Governo promova estudos conjuntos de potencial eólico e compatibilidade de usos, por forma a definir sítios prioritários para a instalação destes equipamentos, preferencialmente fora de áreas protegidas e sensíveis. Não é aceitável que seja posta em causa a salvaguarda de valores patrimoniais e paisagísticos, mas também não é razoável que o Estado, por um lado promova a energia eólica e por outro dificulte a sua concretização, com entraves muito além das precauções razoáveis.

Tendo em conta as limitações da energia hídrica e eólica, o País tem que apostar noutras fontes renováveis de electroprodução. A fonte mais segura e interessante a prazo será inquestionavelmente a radiação solar, regular e abundante todo o ano em todo o território nacional (de dia e principalmente em época estival, exactamente quando a produção eléctrica por via térmica é hoje maior).

A energia fotovoltaica tem um elevado potencial apesar do seu actual elevado custo de investimento, ainda não competitivo com os métodos clássicos de electroprodução. Por outro lado, a generalização da energia fotovoltaica descentralizada reduziria substancialmente os custos de transporte da electricidade. Tendo em conta o enorme potencial por explorar, o baixo impacte, a vantagem estratégica de auto-suficiência e dispersão, bem como as perspectivas de evolução tecnológica, a energia solar deveria merecer o máximo apoio e atenção das políticas públicas sobre energia, nomeadamente em instalações de pequena dimensão em escolas e em edifícios públicos; o que infelizmente até agora não aconteceu.

"Eficiência energética conhecer e apoiar para o ambiente do mundo melhorar" Foi o Eco-Código seleccionado pelos meus alunos quando foi discutido este tema muito recentemente nos princípios de Maio.

Perante os factos, só nos resta uma atitude:

i. Sinal Verde para a economia de energia;

ii. Sinal Amarelo para novos empreendimentos de energias renováveis;

iii. Sinal Vermelho para novos centros electroprodutores com base em combustíveis fósseis e grandes barragens.


segunda-feira, 24 de maio de 2004

Por uma eficiência energética ( p.ex.nas cidades)

DECLARAÇÃO DE BRUXELAS


POR UMA POLÍTICA ENERGÉTICA SUSTENTÁVEL NAS CIDADES


Os municípios e autoridades locais reunidos no seminário da "Energie-Cités",
em Bruxelas, dias 22 e 23 de Abril de 1999:



Tendo em consideração o facto de que a energia é uma necessidade vital para todas as funções da vida urbana: aquecimento, iluminação, utilização dos equipamentos, produção, actividades de lazer, transportes, etc.

Sublinhando que a energia, desde a sua extracção ou produção até à sua utilização, traz geralmente danos para o ambiente, polui o ar ou é fonte de riscos para a população;

Lembram que tal requer a implementação de uma política energética sustentável nas cidades que:

satisfaça as necessidades económicas da população e dos agentes de intervenção urbana,

seja económica em recursos, resíduos e descargas,

melhore o ambiente urbano, a qualidade de vida e a coesão social,

não traga prejuízo aos interesses das gerações futuras.



Consideram que, no domínio da eficiência energética, das energias renováveis e da protecção do ambiente, as cidades – que concentram 80% da população, das actividades e dos consumos de energia – são um elo vital na implementação dos objectivos da União Europeia até ao ano 2010:

redução da intensidade energética e duplicação da parte da cogeração,

duplicação da parte das energias renováveis no balanço energético,

protecção acrescida do ambiente:

redução das emissões de gás de efeito de estufa de 8% em média, de acordo com os compromissos de Kyoto,
melhoria da qualidade do ar ambiente das cidades.


Estão conscientes de que atingir tais objectivos no plano local significa enfrentar contradições que terão de ser ultrapassadas, por exemplo:

a impressão de "abundância de energia" é forte entre os decisores a todos os níveis e influencia os seus comportamentos. Ora, uma tal atitude não favorece uma tomada em conta, a montante dos projectos, da incidência das diferentes opções possíveis sobre os consumos energéticos futuros...
o baixo nível dos preços da energia conduz a uma rentabilidade por vezes fraca dos investimentos em economia de energia; de onde vem a proposta de taxar a energia para elevar o seu preço. Mas devemos ao mesmo tempo evitar penalizar as famílias em dificulades financeiras...
uma parte da população deseja habitar na proximidade de um centro urbano, mas fora dele. Esta procura é reforçada pelo preço elevado dos terrenos em zona urbana. Ora, devemos controlar a expansão desordenada das cidades para evitar o alongamento das deslocações pendulares, consumidoras de energia e geradoras de poluição...
a estrutura vertical das administrações conduz muitas vezes a uma "compartimentalização" da vida urbana, a qual prejudica uma aproximação horizontal, intersectorial e multidisciplinar. Contudo a energia não pode ser gerida se não for tomada em conta no conjunto de todos os domínios...
as empresas de energia estão geralmente ainda longe de ter uma abordagem sustentável da sua actividade, algumas delas fazendo do crescimento das vendas de energia a sua principal razão de ser, por vezes com a ajuda de meios publicitários muito importantes. Ora, a gestão dos consumos energéticos na Europa passa por uma mais fraca intensidade energética de todas as actividades produtivas e domésticas...
a desregulamentação desenvolve-se em numerosos domínios, entre os quais os serviços urbanos e a energia, e as lógicas financeiras de curto prazo estão a ter um papel cada vez mais predominante. Contudo, o desenvolvimento urbano sustentável implica que as escolhas sejam tomadas na base do longo prazo...

Apreciam o facto de que, ao nível comunitário, as orientações políticas e os programas estão a ir de encontro a uma maior integração entre a política energética e as outras políticas, tanto ao nível global como ao nível local. Além das acções já empreendidas há alguns anos (Cidades Sustentáveis, Agências Locais de Gestão de Energia, etc.), elas anotam particularmente as seguintes iniciativas:

o 5º Programa-Quadro de Investigação, Desenvolvimento Tecnológico e Demonstração, a sua acção-chave "Cidade de Amanhã e Herança Cultural" , inteiramente orientada para a integração das políticas urbanas, em complemento de duas acções-chave sobre a energia (uma sobre as energias renováveis e outra sobre a eficiência energética), e duas sobre os transportes e a mobilidade;

o Quadro de Acção para um Desenvolvimento Urbano Sustentável na União Europeia, que se apoia sobre uma aproximação global e integrada do desenvolvimento urbano, assim como os documentos preparatórios para os próximos Fundos Estruturais que insistem na integração da eficiência energética e das energias renováveis em futuros projectos;

a "Integração da dimensão ambiental na política energética comunitária" , que foi objecto de uma Comunicação da Comissão Europeia, e o "Plano de Acção para a eficiência Energética" , actualmente em preparação;

a Directiva-Quadro sobre a qualidade do ar ambiente: "Ar puro para as Cidades Europeias" que estabelece "pontes" importantes entre esta política, a política energética e a do transporte.

Constatam com satisfação que numerosos exemplos de práticas locais , mostram ser possível empreender políticas energéticas sustentáveis, que têm realmente em conta as relações entre a energia e outros domínios da vida urbana, por exemplo:

a educação e a participação dos cidadãos
a qualidade do ar e a mudança climática
a gestão dos resíduos e dos recursos naturais
a dimensão do género e as necessidades específicas das mulheres
a mobilidade, o transporte e a organização intersectorial
a exclusão social e a precaridade energética
a planificação urbana e as infraestruturas
as novas tecnologias


Reafirmam que a troca de experiências e a transferência de know-how são trunfos preciosos e insubstituíveis para todos os actores locais envolvidos nas políticas energéticas sustentáveis. Em consequência, pedem às instituições comunitárias que as redes de trocas de experiências, tais como Energie-Cités disponham de meios adequados, numa base plurianual, permitindo-lhes realizar esta missão de interesse geral: informação sobre as orientações e programas comunitários, difusão e trocas de informação sobre boas práticas, encontros de agentes locais, etc.

Lançam um apelo ao conjunto dos intervenientes na cidade – do nível local ao nível europeu – para construírem uma política energética sustentável nas cidades europeias: às empresas municipais, às empresas de construção, às companhias de energia e de transportes públicos, aos urbanistas, aos arquitectos, às associações de protecção do ambiente, de consumidores, de cidadãos, de mulheres, etc., assim como aos Estados que fixam os seus quadros legais.

Comprometem-se, no que lhes compete, a iniciar, prosseguir ou ampliar uma política energética local sustentável, e a participar em debates e trocas de experiências que se inscrevam neste quadro e pedem às instituições europeias que as apoiem nas suas acções.

sábado, 22 de maio de 2004

É preciso politizar a educação

A propósito de algumas intervenções minhas de caracter mais político, tentando esclarecer certos conceitos como genocídio, ecocídio e as relações iniciativa privada/interesses colectivos, Comércio/Ambiente e Fiscalidade/Ecologia, mais uma vez a aposta do BioTerra está na Educação . Juntos para um futuro menos frágil, fui buscar então aos meus arquivos este texto de Prof. Manuel Sérgio, que esclarece a filosofia de educação de Paulo Freire - ver nos meus links a sua Fundação- e que julgo de leitura obrigatória e vai de encontro ao feed-back já positivo que tenho encontrado por parte dos meus leitores.

Texto completo

(...) conheci, pessoalmente, pela primeira vez, o notável pedagogo Paulo Freire, em Agosto de 1987. Isso me bastou para em encontros casuais (um deles, na Avenida Paulista, lembro-me bem) ter admirado, nele, a paciência para aceitar a minha pimpante impertinência de pretenso filósofo da educação e ainda a clareza e a elegância expositiva, ao explicar-me as suas principais ideias que desnudavam a metodologia obsoleta de uma educação vista unicamente como transmissão de ideias prontas e acabadas, ou seja, de uma “educação bancária e domesticadora”, onde valem mais o conteúdo e o produto do que o processo de construção do conhecimento. “Por isso (dizia o Mestre) a educação, hoje, é muito mais interessante fora da Escola, a qual prossegue, teimosamente, na reprodução de modelos antiquados e gastos”. Sobre o mais, pareceu-me uma pessoa fundamentalmente boa, um S. Francisco de Assis dos nossos tempos. Mas o que eu pretendo realçar, neste momento, é que Paulo Freire alimentava a forte convicção que a prática educacional enfermava dos seguintes defeitos: compartimentação do conhecimento, através de disciplinas que recusam a interdisciplinaridade; comportamentos pré-estabelecidos, que ensinam a não questionar, a não exprimir os próprios pensamentos, levando à passividade e à reprodução; ênfase concedida à racionalidade, onde se estimula bem pouco a criatividade, a comunicação, a educação motora; obsoleta metodologia, onde o professor é o proprietário exclusivo do saber; ausência de educação política, que não se confunde com partidarização, já que tem em vista a formação de cidadãos livres, críticos, capazes de levantar o pendão da sua ideologia, responsavelmente assumida e com a necessária tolerância por todas as ideologias democráticas. De facto, a ausência de educação política é uma das grandes lacunas do sistema educativo, não aprendendo o educando que ter ideias implica agir por elas e com elas. Poderia citar-se, a propósito, a Carta sobre o Humanismo, de Heidegger: “Pensar a verdade do ser significa, ao mesmo tempo, pensar a humanitas do homo humanus”.
A Escola não pode ser apolítica (as aulas não devem ser apolíticas), por esta simples razão: o homem culto, isto é, que se cultiva, é essencialmente um homem político, alguém que se sabe o criador do seu destino histórico, que teoriza o real, porque o sente e o vive e o quer transformar. Hanna Arendt não hesita, ao afirmar que reside no bios politikós e não no bios theôretikós o radical fundante do verdadeiro pensamento. Hoje, porém, não há democracia, sem laicidade (todo o fundamentalismo religioso é de uma infeliz apologética, ao mesmo tempo que rejeita a democracia e a tolerância); hoje, também, torna-se perniciosa a economia de mercado, se dela não emerge a solidariedade e se não procede do reconhecimento da realidade lamentável dos miseráveis e do ecocídio (o neo-liberalismo mundial é explorador do Homem e depredador da Natureza); hoje, ainda, o Direito à Educação significa, acima do mais, que o educando é sujeito e não objecto da Educação e que portanto ele tem o direito a aprender a ser livre, diferente e melhor; por fim, sabe-se, hoje, que a pedagogia do Direito à Educação deve ser assente no diálogo, na comunicação “fundamentalmente ético-comunicacional e não principalmente científico-didáctica”, como o assinala Manuel Reis, no seu oportuníssimo livro, onde se associam o valor intelectual e a emoção humana do seu autor, Ética Profissional para Professores e Educadores (p.99). Ora, tudo isto deve circular, como seiva, em todas as aulas e em tudo isto transluz uma irrefutável formação política, anunciadora do Homem Novo, semente do Mundo Novo que é preciso construir. É na Escola que o aluno deve aprender a apreender-se, transfigurando a realidade em sonho para que o sonho possa ainda ser realidade. Ora, tudo isto deve circular, como seiva, em todas as aulas e em tudo isto transluz uma irrefutável formação política, anunciadora do Homem Novo, semente do Mundo Novo que é preciso construir. E neste labor as aulas de Educação Física (onde se trabalha e estimula a motricidade humana) são também chamadas a assumir o papel de contra-poder ao poder de algumas taras que vão persistindo, tais como o de fazer da educação um espaço de férrea domesticação e manipulação, ou inquinar o currículo escolar de um pragmatismo desprovido de princípios e valores.
Poderíamos evocar, aqui e agora, a Teologia da Libertação, para sugerirmos a construção de uma Escola da Libertação, onde o Desporto não se esgota num naturalismo bio-médico, ou na sobrevivência da lei do mais forte e do mais apto, nem as demais disciplinas num intelectualismo platónico, porque, numa escola democrática e laica, tudo deve ser responsavelmente (sem arbitrariedade, portanto) livre e solidariamente (empenhado, por isso) libertador, na formação ou edificação de uma Cultura que se estabeleça, em diálogo igualitário e permanente com os explorados e marginalizados. E que esta Cultura (e só esta) se transforme, na nossa segunda natureza.

sexta-feira, 21 de maio de 2004

Dia Mundial da Migração dos Peixes



O Dia Mundial da Migração dos Peixes comemora-se a 21 de maio em 2016.

 A data bienal celebra-se no penúltimo sábado de maio, tendo sido criada em 2014, pela World Fish Migration Foundation.

O objetivo do Dia Mundial da Migração é proteger e conservar os peixes migratórios de água doce, assim como os rios, criando atenção global para a migração dos peixes e inspirando pessoas a ligaram-se à proteção ambiental.

Este é um evento internacional que junta centenas de cidades e um milhar de instituições ligadas ao ambiente, na organização de atividades relacionadas com os peixes, os rios e a natureza.

(Actualizado para 2016)
O tema do Dia Mundial da Migração dos Peixes 2016 é “Ligando peixes, rios e pessoas”, chamando a atenção para a gestão sustentável das comunidades piscícolas e dos ecossistemas fluviais.
Em Portugal realizam-se atividades que facilitam a passagem dos peixes no Rio Mondego, entre outras que podem ser conhecidas no site World Fish Migration Day.

Espécies de peixes migratórios

  • Lampreia-marinha
  • Sável
  • Savelha
  • Enguia-europeia
  • Truta-marisca
  • Barbos
  • Bogas-de-boca-recta

quinta-feira, 20 de maio de 2004

O discurso económico dos poderes públicos e as empresas têem que incluir o Ambiente nas suas decisões


Os empresários e as decisões económicas dos poderes públicos nacionais e internacionais devem perceber que " ser eco-eficiente é rentável, já que a eficiência económica por eliminação de custos em desperdícios de recursos, diminuição de resíduos ou de consumo de energia" (Jorge Marques dos Santos, Engenheiro Químico, Coordenador do secretariado executivo do World Business Council for Sustainable Development e Presidente do Fórum Ambiente da Sonae S.G.P.S.). 
Por outro lado, a atenção para a preservação do ambiente, sobre a eficácia dos sistemas governativos com menor impacto ambiental e para o (in)cumprimento de normas/leis/convenções internacionais sobre ambiente, tem de fazer parte do nosso comportamento social habitual. 
Entre as muitas encruzilhadas, há que ter a coragem de priveligiar a qualidade global à quantidade rentável,fácil e imediata e há que apostar em medidas a médio e longo prazo, pois são as que mais se coadunam com a correcção de erros ambientais gravíssimos que temos assistido ao longo destes últimos 40 anos!! 
Será que desejamos caminhar para o ecocídio? Haverá em todos nós um espectro de esperança, ou desejamos realmente mudar este estrago todo antes que seja muito tarde?? 
Os ambientalistas (incluindo educadores, investigadores,empresários, cientistas, filósofos, etc) há muito que debatem estas questões e esperam por uma resposta menos ténue da sociedade política e financeira nacional e global. 

Sugestões de leitura:
Reforma Fiscal Ecológica

Guia para Gestores de turismo Sustentável-Pdf
Passa a Palvra - Projecto do GEOTA para Educação Ambiental

quarta-feira, 19 de maio de 2004

PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL- o que são; quais são ; sua importância


O Direito ambiental é a ciência que estuda os problemas ambientais e suas interligações com o homem, para a conservação do meio ambiente sadio e equilibrado, essencial para a manutenção da qualidade de vida e sobrevivência do planeta como um todo. Os princípios do Direito Ambiental são os mandamentos básicos e fundamentais que dão subsídios e orientam esta ciência.

Sempre que seja necessária uma interpretação entre a validade de duas normas, prevalece aquela que está de acordo com os princípios da ciência, pois os princípios são considerados normas hierarquicamente superiores às demais normas que regem uma ciência.

É possível encontrar divergências em relação aos nomes de alguns princípios, dependendo do autor que se pesquise, porém, o Direito Ambiental já conta com princípios específicos que o diferenciam dos demais ramos do direito.

Como exemplos podemos citar: “Princípio da Legalidade”, isto é, da necessidade de suporte legal para obrigar-se a algo; O “Princípio da Supremacia do Interesse Público” onde a protecção ambiental é um direito de todos, ao mesmo tempo em que é uma obrigação de todos; “Princípio da Obrigatoriedade da Protecção Ambiental”, que está estampado no art.225, caput, da Constituição Federal, que diz que o Poder Público e a colectividade devem assegurar a efectividade do direito ao meio ambiente sadio e equilibrado; ou até mesmo o “Princípio da Educação Ambiental” que prevê o princípio da educação ambiental ao dizer que compete ao Poder Público promove-la em todos os níveis de ensino e a consciencialização pública para a preservação do meio ambiente.

Podemos também citar os demais, como por exemplo: Princípio da Prevenção ou Precaução; Princípio da Obrigatoriedade da Avaliação Prévia em Obras Potencialmente Danosas ao Meio Ambiente; Princípio da Publicidade; Princípio da Reparabilidade do Dano Ambiental; Princípio da Participação; Princípio da Informação; Princípio da Função Sócio-ambiental da Propriedade; Princípio do Poluidor-Pagador; Princípio da Compensação; Princípio Da Responsabilidade; Princípio do Desenvolvimento Sustentável; Princípio Da Cooperação Internacional; Princípio Da Soberania Dos Estados Na Política Ambiental

A diversidade biológica é condição da harmonia entre o homem e a natureza. a extinção das espécies deve ser evitada, por isso o acesso aos recursos naturais deve ser equitativo e razoável;

Analisando mais atentamente o conteúdo destes princípios, percebemos que a maioria é apenas uma questão de bom senso, de respeito não só a natureza, mas à própria vida.

Por Olimpio Araujo Junior (Brasil)

terça-feira, 18 de maio de 2004

A Filosofia do BioTerra

O meu amigo filósofo, Porfírio Silva, editor da Máquina de Touring fez uma avaliação que considero muito isenta e profunda dos blogs "ambientalistas". Eu defendo uma Ecologia Integral e Transversal, poque o Ambiente é de todos nós e todos devemos decidir e agir o melhor possível, garantindo que o património se perpetue para as gerações seguintes. Há um tempo próprio da Biologia, da Geologia, da Ecologia que não se coaduna com as agressões quase instantâneas provocadas principalmente pelas decisões financeira e económicas...Por isso e porque acredito na prevenção e educação que o BioTerra existe.
Além disso o BioTerra nasceu para colmatar as dificuldades que eu verifico nos meus alunos quando pretendo incutir neles essa perspectiva de uma Ecologia Integral, pois treino muito com eles hábitos de pesquisa e verifiquei ao longo da minha carreira docente que a visão mais completa das variantes em jogo fica muito amputada se a pesquisa feita pelos alunos, foi "googlada", digamos assim.O conhechimento fica parcelado e muito redutor, criando-lhes desvios e menos rigor acerca da Conservação da Natureza e Futuro Sustentável. Por isso é que BioTerra também é blog com sites mais ou menos distribuídos de acordo com essa Pedagogia da Ecologia Integral que já referi.

segunda-feira, 17 de maio de 2004

Perto de 30 por cento da costa portuguesa sofre de erosão !

Estudo da Comissão Europeia
(última Hora Público-17/05 | 20:09)

A erosão está a ameaçar cada vez mais a costa da Europa, revela o mais completo estudo sobre a erosão provocada pelas actividades humanas, elaborado pela Comissão Europeia. Portugal tem 28,5 por cento de costa em perigo, surgindo em quarto lugar nesta lista dos países da UE.


De acordo com o estudo "Living with Coastal Erosion in Europe: Sediment and Space for Sustainability", um quinto da Europa alargada já está gravemente afectado, com um recuo médio da costa entre os 0,5 e dois metros por ano. Mas existem "casos dramáticos" onde essa percentagem chega aos 15 metros.

Bruxelas aproveita para alertar que "a erosão costeira tem efeitos dramáticos no ambiente e nas actividades humanas", entre eles a destruição de casas, estradas e habitats vitais para a vida selvagem. Além disso, a segurança das populações que vivem junto ao mar não está garantida.

Nos últimos 50 anos, a população que vive em localidades costeiras na UE mais do que duplicou para 70 milhões, ou seja, 16 por cento da população da UE).

A Comissão Europeia atribui esta ameaça ao "desenvolvimento intensivo e uso dos solos". Para agravar o problema, a frequência de tempestades e inundações aumentou.

Amanhã serão debatidas em Bruxelas numa conferência internacional as recomendações da Comissão, integradas na "Estratégia Temática para os Solos", da União Europeia.

"Precisamos de salvaguardar melhor a nossa costa", considerou Margot Wallström, comissária europeia para o Ambiente. "A costa protege as pessoas das forças do mar, é um importante habitat para muitas plantas e animais e é economicamente importante, principalmente devido ao turismo", continuou.

A comissária pediu uma maior cooperação transfronteiriça para uma gestão mais sustentável da costa, nomeadamente no que se refere a infraestruturas. Em 2001, foram gastos 3,2 mil milhões de euros na Europa em tentativas para reduzir a erosão costeira.

O estudo, que utilizou um Sistema de Informação Geográfica especial, pretendeu avaliar os impactes sociais, económicos e ecológicos da erosão costeira na Europa e definir medidas de acção.



domingo, 16 de maio de 2004

O descaminho da Educação em Portugal

Esta semana o parlamento vota a contestada Nova Lei de Bases da Educação.... No que se refere ao Novo Sistema de Certificação de Competências, recolhi este depoimento de um leitor do Público, que edito na íntegra, pois concordo em absoluto com a sua opinião.
Novo Sistema de Certificação de Competências
Sábado, 15 de Maio de 2004

Durante a recente Presidência Aberta da Educação promovida pelo senhor Presidente da República, teve o país a oportunidade de conhecer um sistema denominado Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (CRVCC). Como o próprio nome indica, é um sistema criado com o objectivo de validar e certificar competências adquiridas ao longo da vida por adultos e que se irá traduzir na emissão de certificados de equivalência aos 4º, 6º e 9º anos. Analisando com alguma ponderação este sistema, o que representa ele para o país? Mais saber e cultura para os cidadãos? Não.

Na realidade, ao valorizar somente os conhecimentos e as competências adquiridas ao longo da vida, desvaloriza a aquisição do saber sistematizado e organizado de forma pedagógica e científica. Por outro lado, ao restringir o conhecimento a quatro áreas básicas - matemática, cidadania, comunicação e novas tecnologias de informação -, torna-se também num sistema redutor do saber, desvalorizando ciências/disciplinas como a Língua e Literatura Portuguesas, Francês, Inglês, História, Geografia, Ciências Naturais e Físicas/Químicas, entre outras.

No fundo, o que o CRVCC desvaloriza é a escola e a aprendizagem nela realizada. Em síntese, estamos perante um sistema que se move em função de dois interesses. O interesse de alguns cidadãos em obter com facilidade e rapidez um certificado de um determinado nível de escolaridade e o interesse do Estado português em melhorar as suas "performances" estatísticas no que concerne aos níveis de escolaridade que o país apresenta.

Pergunto: como é que um aluno com baixas expectativas escolares e que conheça este sistema poderá ser motivado para a aprendizagem se sabe que dentro de alguns anos a sua experiência de vida lhe vai permitir alcançar, rápida e facilmente, o tão almejado certificado de habilitações?

Paulo Henrique Santos Fonseca

Ourém


sábado, 15 de maio de 2004

A "Sanha Assassina" Virou-se para a Rotunda da Boavista

Por ANA CARNEIRO, leitora do Porto
Quinta-feira, 13 de Maio de 2004

Depois do homicídio qualificado de que foram alvo o Jardim da Cordoaria e
os jardins da Avenida Montevideu, no Porto, a sanha assassina virou-se
agora para a Rotunda da Boavista. Que fique desde já esclarecido que não
professo nenhum amor particular por aquele espaço. Isto não quer dizer, no
entanto, que me agrade que o espezinhem como estão a fazer.

Tenho acompanhado vagamente nos jornais o processo de intervenção naquela
zona da cidade, intervenção esta que, se não estou em erro, implica uma
passagem subterrânea que ligue aquela zona ao metro da Avenida de França e
também umas intervenções dos arquitectos Siza Vieira e Souto de Moura no
próprio jardim. Estas, segundo li, seriam pontuais e não interfeririam com
as áreas plantadas.

Tudo mentira. Ainda lá passei umas vezes de autocarro pelo meio da rotunda,
e os espaços ajardinados lá estavam, como pequenas ilhotas verdes e
coloridas no meio do trânsito. Até eram engraçadas. Eram, digo bem. Ao
passar lá hoje fiquei estarrecida: onde antes havia verde existe agora
terra remexida e uma espécie de caleiros de pedra e betão. Da relva nem
sombra, flores nem vê-las.

Como não acredito nas boas intenções de ninguém, quer se trate de
indivíduos ou instituições, depois de ver o que aconteceu nos dois exemplos
citados no início deste texto, receio que venhamos a herdar mais uma
paisagem lunar, semeada aqui e ali por uns edifícios rodeados de calhaus -
a não ser que, a exemplo do arquitecto Solà-Morales, espalhem cascas de
mexilhão nos canteiros.

Gostos não se discutem, é verdade. Aquando da minha descoberta das cascas
de mexilhão nos canteiros do Homem do Leme, um jovem arquitecto paisagista
recém-licenciado argumentou que o modelo de jardim até então presente
naquela zona era antiquado, já não se usava. Pode ser que sim, mas sempre
era mais agradável conviver com os goivos e com as zínias do que com as
cascas de mexilhão do arquitecto catalão, ou com os becos sem saída
existentes no Jardim da Cordoaria que me obrigam a percursos irracionais
para chegar de uma ponta à outra daquele espaço. Portanto, depois destes
belos exemplos, não tenho qualquer fé no resultado da intervenção na
Rotunda. Vamos mais uma vez perder espaços verdes e respirar poeira em prol
do progresso.

De acordo com uma informação "online" da Câmara Municipal do Porto, que
acabo de ler, "Tanto Ricardo Figueiredo como Siza Vieira e Rui Sá
salientaram como propósito dominante o não desvirtuamento de um jardim
emblemático da cidade, bem pelo contrário. Será, pois, mantida toda a sua
estrutura, bem como o seu traçado." Belas intenções. No entanto, umas
frases mais abaixo pode ler-se: "Quanto à arborização do jardim, Rui Sá
revelou que serão mantidas 195 árvores e abatidas nove, enquanto 24 de
pequeno porte serão transplantadas para dar lugar a outras de maior
dimensão. A situação de 17 árvores ainda não se encontra definida, estando
neste momento a ser tecnicamente avaliadas quanto ao seu estado. A zona de
relvados será também aumentada."

Na minha opinião, estão lançados os dados para fazerem daquilo o que muito
bem entenderem e, quando dermos pela pancada, já será tarde e a Inês estará
mais que morta.

sexta-feira, 14 de maio de 2004

Ricardo Garcia- "Sobre a Terra"


Hoje comprei, finalmente, o livro do jornalista Ricardo Garcia: " Sobre a Terra". Tenho a certeza que é um livro marcante. Racionaliza e interliga vários problemas ambientais com os aspectos sociais, políticos e ( principalmente...) económicos e que irá atrair mais pessoas para o ambientalismo. 

O texto é muito atractivo e pelos cabeçalhos denota-se uma grande preocupação com o leitor. O autor coloca frases que estimulam a sensibilidade deste, tornando-o mais atento aos problemas do Ambiente. 
Embora parecendo dirigido aos jornalistas do ambiente, considero uma obra igualmente instrumental para os profissionais da Educação Ambiental. 
Pela primeira passagem tem dados muitos precisos, aborda diversos temas,colocando ao longo das páginas centenas de referências a instituições, protocolos, estatísticas, etc. 
Parabéns ao autor. Mais uma grande iniciativa para mudar o Estado do Ambiente.


Crónicas do autor no Público

quinta-feira, 13 de maio de 2004

Denúncias S.O.S Ambiente já está Online

Novo Serviço Online de denúncia S.O.S Ambiente
Clique aqui

Serviço da Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR 

No decorrer das suas actividades diárias, o SEPNA desenvolve as seguintes acções: 
  • A protecção dos suportes naturais: solo, água e atmosfera 
  • A protecção das espécies vivas, tanto em território nacional como na entrada e saída do mesmo 
  • A prevenção da contaminação do meio natural, através da vigilância e controlo das actividades potencialmente degradantes, e a verificação dos níveis de contaminação 
  • A repressão de condutas ilícitas contra a natureza e ambiente, nomeadamente violações graves e irreparáveis 
  • A averiguação das infracções cometidas, a prática das pesquisas necessárias para a sua comprovação e a descoberta dos seus autores

quarta-feira, 12 de maio de 2004

Manifesto "Pela História"

To: Presidente da República; Presidente da Assembleia da República; Primeiro Ministro; Ministro da Educação; Ministra da Ciência e do Ensino Superior; Ministro da Cultura


A HISTÓRIA preserva a memória, contribuindo para o desenvolvimento da consciência social;
A HISTÓRIA alia permanências e mudanças, perenidade e relatividade, fundamentando a construção de uma identidade inclusiva (local, nacional e global);
A HISTÓRIA recorda o passado colectivo e, como diz José Mattoso, recordar o passado colectivo é uma forma de lutar contra a morte.

Esta consciência cidadã, aliada às potencialidades formativas das metodologias da educação histórica, torna manifesta a importância essencial da disciplina de História nos currículos escolares, como o reconheceu a Conferência Permanente dos Ministros Europeus da Educação, reunida na Noruega em 1997. As conclusões da Conferência, subscritas pelo governo português, consideram que:

O ensino da História pode e deve ter uma importante contribuição para a educação em geral e, em particular, para a educação de uma cidadania democrática permitindo aos jovens: 
i. Aprenderem acerca da sua herança histórica, bem como a de outras pessoas e nações; 
ii. Adquirirem e praticarem técnicas fundamentais, tais como a capacidade de pensarem por eles próprios, a capacidade para tratarem e analisarem de forma crítica diferentes formas de informação e a capacidade de não se deixarem influenciar por informação preconceituosa e por argumentos irracionais; 
iii. Desenvolverem atitudes básicas tais como a honestidade intelectual e rigor, um julgamento independente, uma abertura de espírito, a curiosidade, a coragem civil e a tolerância.

Desde a sua formação, a Associação de Professores de História tem procurado contribuir activamente para a promoção da História e a consecução dos objectivos do seu ensino. É, assim, incompreensível e preocupante o espaço cada vez menor atribuído à História nos actuais 2º e 3º ciclos do ensino básico, (reduzida em muitas escolas a escassos 90 minutos semanais) e o seu eventual futuro desaparecimento do currículo como área autónoma de saber.

A APH reafirma a importância da consagração do lugar da História no currículo da escolaridade obrigatória, dotada de tempos lectivos adequados e com o relevo que o seu papel na formação da cidadania democrática lhe exige.

Associação de Professores de História

Assine aqui a petição!

terça-feira, 11 de maio de 2004

Estudo reforça teoria do aquecimento global da BBC

Fonte: Nature

Cientistas norte-americanos divulgaram uma nova pesquisa que confirmaria o fenómeno da elevação da temperatura média do planeta.

Satélites dos Estados Unidos descobriram que a temperatura na chamada atmosfera baixa (troposfera) está aumentando em graus semelhantes à da superfície do planeta --uma descoberta que derruba o argumento dos mais céticos em relação às mudanças climáticas.

Os cientistas da Universidade de Washington, em Seattle, e da Administração Nacional de Atmosfera e Oceanos afirmam ter encontrado um erro fundamental na forma com a qual pesquisas anteriores sobre o efeito estufa interpretavam os dados de satélite relacionados à temperatura atmosférica.

Diferenças

Os dados anteriores sugeriam que a temperatura da atmosfera baixa se mantinha constante, enquanto que somente a da superfície da Terra aumentava.

Os pesquisadores afirmam que, na verdade, os cientistas estavam errados ao interpretarem os dados porque misturavam a temperatura da troposfera com a de camadas mais superiores da atmosfera.

O fato de a temperatura estar variando também na baixa atmosfera, e não apenas na superfície da Terra, reforça a idéia de que o aumento da temperatura média do planeta é provocado pelos seres humanos e não por fenômenos naturais e cíclicos.

Os novos cálculos foram publicados na revista científica "Nature" e resolvem um grande paradoxo na pesquisa sobre as mudanças climáticas.

Protocolo de Kyoto

A interpretação de que os dados de satélite estavam errados, e que o aquecimento global existe e é mais grave do que se imaginava, ocorre em um momento no qual céticos em relação às mudanças climáticas ganham força política.

Os governos dos Estados Unidos, da Rússia e da Austrália --países que emitem grandes quantidades de gases do efeito estufa-- já deixaram claro suas opiniões de que ainda falta muito para o aquecimento global ser comprovado cientificamente.

Esta posição ameaça o Protocolo de Kyoto, que ainda não saiu do papel. O protocolo previa que os países mais industrializados diminuíssem as emissões de gases do efeito estufa.

segunda-feira, 10 de maio de 2004

Por que dizer não aos transgénicos, por Olimpio Junior

POR QUE DIZER NÃO AOS TRANSGÊNICOS

Via Casita Colibri

Olimpio Araujo Junior

Podemos citar dezenas de excelentes motivos para se dizer “NÃO” aos alimentos geneticamente modificados, enquanto os defensores dos transgénicos só tem um argumento de peso a seu favor: o lucro.

A ganância por ganhar cada vez mais está fazendo muitos produtores fecharem os olhos para os problemas causados pelos transgênicos, e o pior, é que nem o próprio lucro está comprovado, pois segundo dados fornecidos pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Bio-segurança), os transgênicos são menos aceitos que os convencionais, e por isso, quem produz transgênicos, acaba produzindo menos. Entre os anos de 1996 e 2001, período de grande crescimento do plantio de alimentos geneticamente modificados nos Estados Unidos, a produção por hectare cresceu 4%, enquanto no Brasil, com sementes convencionais, durante o mesmo período, a produção aumentou 25% (dados CTNBio). Além disso, segundo dados da FAEP, a produtividade de soja brasileira, por exemplo, já alcança 4 toneladas por hectare, isso demonstra que não precisamos parar de produzir alimentos convencionais substituindo-os por geneticamente modificados. Se a intenção é lucrar mais, então por que não investir na soja orgânica, que além de natural, tem mercado garantido e preço muito maior que o da convencional ou que a transgênica?

Outro grande motivo para se dizer “NÃO” aos transgênicos é que os mesmos podem ser patenteados, e quando não existir mais sementes convencionais no mercado, as empresas detentoras de seus direitos poderão cobrar quanto quiserem por suas sementes, fertilizantes e agrotóxicos, controlando como queiram o mercado e o que deve ser utilizado pelo produtor. Por isso, o que é barato e lucrativo para ser produzido hoje, amanhã pode ser o pesadelo de quem planta. Os lucros da agricultura podem ser transferidos em um passe de mágica para as indústrias dos transgênicos, e então perderemos o superávit gerado pela agricultura, que impulsiona todo o resto do país.

EUA x BRASIL: A GUERRA JÁ COMEÇOU

Na luta pelo mercado internacional, os Estados Unidos da América, usam seus técnicos e sua imprensa como principal arma para vencer de forma suja e desleal seu maior concorrente: O Brasil.

Nosso País atualmente é o maior produtor mundial de soja não-transgênica e agora está sendo inconsequentemente acusado de ter 60% de sua soja transgênica, mesmo sem referência alguma a qualquer estudo cientifico sobre o assunto. Mas esta não é a única tática inescrupulosa utilizada pelos nossos vizinhos. Suas multinacionais já iniciaram uma forte campanha publicitária tentando convencer agricultores brasileiros que os mesmos passariam a ter vantagem competitiva e maiores lucros com a produção de transgênicos. Além disso, misteriosamente sementes transgênicas contrabandeadas começaram a aparecer em nossas lavouras.

É bom lembrar a nossos agricultores que quem tudo quer, tudo perde. O mercado internacional em sua maioria, não aceita sementes transgênicas (como recentemente a China ameaçou não comprar mais soja brasileira), e esse é o principal motivo dos EUA insistirem para nós também produzirmos, pois assim além de forçar o mercado mundial a aceitar esse produto, visto que os dois maiores produtores do planeta estariam utilizando material geneticamente modificado, eles também passariam a dominar nossa agricultura, através de nossa dependência tecnológica e das leis internacionais de patentes.

Segundo Jorge Proença, agrônomo da FAEP, “Seria tolice plantar transgênicos se o mercado comprador não aceita este tipo de produto” (Boletim Informativo FAEP/SENAR, nº 754). A soja convencional (não-transgênica), é tida como a maior vantagem competitiva do Brasil no mercado mundial, o que fez com que se torna-se o principal fornecedor da União Europeia, que prefere consumir alimentos convencionais. No Brasil não é diferente, segundo pesquisa do IBOPE, de cada 100 pessoas que possuem conhecimentos sobre transgênicos, 71 rejeitariam produtos fabricados a partir dos mesmos na fabricação direta ou indireta de alimentos. Em julho de 2002, em pesquisa semelhante, o Greenpeace constatou um índice de rejeição de 74%.

A luta contra os transgênicos é uma obrigação de cada cidadão e vai além de nossas mesas, podendo ser realmente encarado como um problema de soberania nacional.


A DOMINAÇÃO ATRAVÉS DOS TRANSGÊNICOS

As empresas multinacionais que hoje dominam a produção de transgênicos são originalmente especializadas em produtos químicos e farmacêuticos, muitas delas, produtoras de inseticidas, herbicidas e fungicidas. Monsanto, Novartis, Pioneer e Agrevo respondem pela grande maioria das sementes de variedades transgênicas registradas no Brasil e estão entre as maiores do mundo em seu ramo. Seu objetivo na pesquisa de transgênicos é favorecer a venda de seus próprios agrotóxicos. A soja Roundup Ready, por exemplo, foi desenvolvida para ser resistente ao herbicida Roundup, sendo que ambos são produzidos pela Monsanto.

Se estas variedades vierem a substituir as tradicionais e as convencionalmente melhoradas estaremos subordinados aos interesses destas empresas. Há ainda o risco dessas empresas adotarem de forma generalizada uma operação transgênica chamada Terminator. As variedades transgênicas com as características Terminator produzem sementes estéreis, impedindo que os agricultores produzam sementes próprias a partir das compradas. A propaganda dessas empresas diz o contrário, que isso não seria feito, porém, nada impede que após liberados no Brasil a operação Terminator seja implantada.

É válido citar o caso dos produtores de fumo, que no início receberam todos os incentivos possíveis, e o que parecia ser um grade negócio para todos se transformou em uma grande armadilha. A maioria desse produtores hoje estão completamente na mão das empresas que lhes fornecem desde a semente, equipamentos até os produtos químicos, compram seu produto final pelo menor preço, e os produtores não podem mudar de ramo ou por que possuem rígidos contratos, ou por que estão endividados e não possuem recursos para recomeçar.

Agora as multinacionais afirmam que a adoção dos transgênicos no Brasil deve trazer maiores ganhos aos agricultores, manipulando informações e omitindo seus reais interesses, porém, na verdade, isso permitirá que as empresas não apenas ditem os preços que quiserem, mas ainda controlem a produção nacional em função de seus interesses econômicos internacionais, ignorando o interesse público.

É bom lembrar que estas empresas são na maioria americanas, que o Estados Unidos é o maior concorrente do Brasil na produção e exportação de grãos e que a maioria dos países da Europa só compram a soja e o milho brasileiro devido a garantia de que aqui não se produz transgênicos. Sendo assim, estas multinacionais podem monopolizar a produção de sementes para a agricultura, tornando agricultores brasileiros e o Brasil dependentes de seus interesses.


OS TRANSGÊNICOS E A AGRICULTURA

Atualmente, uma decisão judicial impede o governo federal de liberar o cultivo de transgênicos, entretanto, o contrabando de sementes transgênicas da Argentina já estão contaminando o meio ambiente no sul do país enquanto a importação de produtos contendo transgênicos já pode estar provocando impactos na saúde dos consumidores.

Sem discutir com a sociedade, o governo brasileiro de FHC, autorizou 636 testes de campo para 176 variedades transgênicas de arroz, milho, batata, soja, algodão, cana-de-açúcar, fumo e eucalipto. Quase 90% destas variedades foram patenteadas por seis empresas multinacionais. E cinco variedades transgênicas da soja, chamadas Roundup Ready, obtiveram parecer técnico favorável da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança para o cultivo comercial – o que não significa autorização final, pois ainda não foram concedidas autorizações dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, além de estar suspensa, por decisão judicial, sua eventual aprovação final.

As primeiras pesquisas independentes em relação ao cultivo de transgênicos estão provando que os resultados não são bons e que os riscos desta tecnologia são muito grandes. No Brasil os protestos se sucedem, por meio de organizações de consumidores como o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), de ambientalistas e de cientistas da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e de muitos outros. Na Europa , EUA e Japão, cada vez mais ambientalistas, médicos, cientistas e agrônomos unem-se contra o produção de transgênicos.

Outro risco para agricultura é que os transgênicos podem afetar a vida microbiana no solo e reforçam a tendência à uniformidade genética na agricultura, com grandes monoculturas utilizando umas poucas variedades da mesma espécie.

A toxina Bt pode ser incorporada ao solo junto com resíduos de culturas, afetando invertebrados e/ou microorganismos que têm importante função na reciclagem de nutrientes para uso das plantas ou podem afetar a capacidade de multiplicação no solo das bactérias que retiram nitrogênio do ar e permitem a fertilização natural desta leguminosa devido ao uso maciço de herbicidas nos campos cultivados com variedades em que se introduziu resistência a estes agrotóxicos.

Como podemos ver, não existe nenhuma vantagem na adoção desta nova tecnologia, muito pelo contrário, se cedermos as pressões dos interesses das multinacionais, não só estaremos entregando nosso país mas também estaremos vendendo nossas almas, pois perderemos totalmente o controle de nossas vidas, de nossa economia e até de nossa alimentação.


DEZ RAZÕES PARA SER CONTRA OS PRODUTOS TRANSGÊNICOS

"As sementes são patrimônio da humanidade"

1º. Não há nenhuma segurança, ainda, sobre seus efeitos sobre a saúde das pessoas que os consumirem.
2º. Não há nenhuma segurança, ainda, sobre os efeitos sobre o meio ambiente, já que esses novos seres vivos não existiam antes na natureza, e são resultados de experimentos de laboratório.
3º. Não há nenhuma segurança, ainda, sobre os efeitos para a saúde dos agricultores que conviverem com essas sementes e estes produtos.
4º. As pesquisas de sementes e produtos transgênicos realizados pelas empresas visam apenas aumentar suas taxas de lucro e não melhorar o bem estar da população.
5º. Embora, os métodos de biotecnologia possam ser benéficos, não há nenhuma prova concreta de que as sementes transgênicas, por si só sejam mais produtivas e mais adequadas à preservação da natureza, do que as sementes melhoradas.
6º. Cerca de 97% das sementes transgênicas existentes no mercado tem sua utilização e produtividade casadas com o necessário uso de algum tipo de agrotóxicos: herbicidas, inseticidas, etc.
7º. Muitas sementes transgênicas possuem o componente "terminator" que as esteriliza para utilização de seus frutos como sementes. Obrigando os agricultores a comprar novas sementes a cada safra, ficando dependentes sempre da empresa fornecedora.
8º. O domínio da biotecnologia e o uso dos transgênicos está levando a um processo de controle oligopólico em todo mundo, das sementes por parte de apenas oito grandes grupos econômicos.
9º. Os agricultores perderão completamente o controle do uso das sementes e ficarão totalmente dependentes das empresas multinacionais.
10º. É possível ter sementes e alimentos sadios, em grande quantidade para toda população mundial, respeitando o meio ambiente, praticando uma agricultura saudável, sem depender de transgênicos. A fome existente no mundo e no Brasil não é decorrente da falta de alimentos, mas do modelo económico concentrador de renda e de riqueza que impede muitas pessoas de terem acesso aos alimentos necessários para uma vida saudável.

OS TRANSGÊNICOS NA MÍDIA

Na Era da Informação e da Globalização, as maiores armas de uma organização são o marketing e a comunicação. Uma das melhores estratégias de marketing é utilizar-se em partes do construtivismo e das mensagens sublineares, fazendo com que as pessoas aceitem uma determinada ideia ou um produto sem perceber que estão sendo induzidas a isto.

Aos poucos as pessoas passam a acreditar que fumam por opção própria, e não por que passaram anos assistindo pessoas bonitas e de sucesso fumando na TV. Acreditam também que vestem um estilo de roupa por que faz parte de sua personalidade, e não por que aquela roupa faz parte de um estereótipo construído pelas telas do cinema ou pela última novela. Comemos, vestimos, compramos e até descartamos o que a mídia quer. Acreditamos que existe um “eixo do mal”, formados por perigosos vilões que querem dominar o mundo, mas ao mesmo tempo ficamos tranquilos, pois assistimos na TV que os Estados Unidos vai fazer de tudo para salvar o mundo.

Mas não é só a mídia que tem o poder de programar nossas vidas, a educação também pode ser utilizada como uma ferramenta para manipulação. Lembremo-nos sempre: ‘a mesma mão que bate é a mão que acaricia’. Basta lembramos que ainda existe quem jure que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil em 1.500. A educação demonstra ainda mais claramente seu poder de construção da identidade de uma pessoa quando observamos indivíduos criados em diferentes sociedades. Um brasileiro comum, equilibrado mentalmente, dificilmente se amarraria a bombas e explodiria em nome de seus ideais, porém, para um islâmico fundamentalista, mesmo com curso superior e equilíbrio mental considerado normal, é gratificante tomar um avião e explodir dentro de um prédio com 5.000 pessoas.

Utilizando o que existe de melhor em marketing e comunicação, a Monsanto tem apelado para imagens inocentes e frases de efeito em campanhas milionárias para convencer a todos de que os transgênicos são a salvação do mundo.

A Monsanto lançou na segunda-feira, 8 de dezembro de 2003, uma campanha nacional para tentar desmitificar os transgênicos, levando ao público dados manipulados sobre sua segurança alimentar e ambiental tentando provar também que a transgenia pode proporcionar outros benefícios. A campanha, desenvolvida pela Fischer América, foi veiculada na mídia impressa e eletrônica (rádios, Internet e TVs) durante todo o mês de dezembro e teve como público-alvo donas-de-casa, mães e estudantes, com um total de investimentos de cerca de R$ 6 milhões, aplicados em pesquisas, na produção de materiais e na veiculação dos anúncios. Segundo Felipe Osório, diretor de Marketing da Monsanto, este público alvo foi selecionado por que as donas-de-casa que decidem o que vai para a mesa da família e os estudantes são futuros formadores de opinião e um público que se mostra mais preocupado com o ambiente.

Além de apelar para o lado emocional do telespectador, a Monsanto se utiliza de argumentos ambientais e sociais, tentando passar uma imagem de uma empresa socialmente responsável e ambientalmente correta. Na verdade, a empresa responsável pelo marketing da Monsanto não está fazendo nada de novo. Estão apenas reproduzindo a mesma estratégia já utilizada durante décadas pelos fabricantes de cigarro, ao tentar ligar a imagem de seus produtos ao sucesso, a saúde, ao meio ambiente equilibrado e outros temas politicamente e ambientalmente corretos.

Outra estratégia que tem sido muito utilizada é o convencimento dos agricultores. Constantemente a Monsanto tem oferecido jantares, coquetéis e palestras, onde reforçam suas mensagens que sempre estão ligadas ao lucro fácil proveniente do aumento da produtividade e diminuição dos custos de produção, argumentos comprovadamente mentirosos.

Porém, mesmo com todo este ataque ideológico, mais de 80% da população ainda é contra os transgênicos. Precisamos unir estas pessoas e fazer o possível e o impossível para transformar este número no mínimo em 99%. Dizer não aos trangênicos é mais que uma questão ambiental ou de saúde, é uma questão de soberania nacional.


UNIVERSIDADE MONSANTO? ERA SÓ O QUE FALTAVA!

Com o descarado slogan “Plante esta cultura”, a multinacional transgênica Monsanto invade agora a educação brasileira. Com frases vazias que parecem dizer alguma coisa, mas na verdade procuram apenas esconder seus reais interesses de manipulação e dominação, o site www.monsanto.com.br apresenta a sua Universidade

“Se você já pensou em um mundo melhor, você pensa como a gente. Você pensa em um mundo com transgênicos”

“Nós, da Monsanto, sempre acreditamos que a liderança no mercado depende da nossa capacidade de inovar. Que depende também da nossa capacidade de desenvolver pessoas.”

“A Universidade Monsanto semeia o saber como força transformadora, inovadora. Plante esta cultura. A cultura da liderança. A cultura da Monsanto”

A real intenção é formar profissionais completamente condicionados sobre as pseudo vantagens dos transgênicos.

IMPACTO AMBIENTAL DOS TRANSGÊNICOS

Ainda não existem no Brasil conhecimentos científicos suficientes sobre os impactos do uso de transgênicos tanto no meio ambiente, quanto na saúde humana, nem critérios de avaliação ou procedimentos científicos para testá-las em nossa realidade. Os poucos estudos de impactos potenciais existentes foram realizados pelas multinacionais nos ambientes de seus países de origem e estão sendo contestados por inúmeros cientistas, como no caso da Europa que anunciou a suspensão do licenciamento de plantas geneticamente modificadas.

As multinacionais afirmam que não há riscos, mas se recusam a assumir a responsabilidade pelos eventuais efeitos negativos. Já as companhias americanas de seguros só aceitam assumir os riscos de curto prazo resultantes da introdução de plantas geneticamente modificadas no meio ambiente, mas avisam que não oferecerão cobertura de responsabilidade por danos ambientais catastróficos de médio e longo prazo.

Isso se deve ao fato de que, uma vez liberados na natureza, não é mais possível restabelecer o equilíbrio ambiental, pode-se cessar o uso de um agrotóxico, por exemplo, e restabelecer um equilíbrio entre insetos-praga e seus predadores após um certo tempo, mas não é possível desfazer os impactos nos ecossistemas ou controlar os processos de transgénese espontânea que porventura venham a ocorrer, pois é impossível retirar da natureza os genes que foram artificialmente introduzidos numa planta.

Recentemente foi demonstrada por pesquisas de universidades americanas a possibilidade de transferência espontânea, para plantas silvestres da mesma família ou para insetos, dos genes introduzidos numa variedade cultivada. Por exemplo, os genes introduzidos em espécies cultivadas para torná-las resistentes a herbicidas podem transferir-se espontaneamente para plantas silvestres com risco de torná-las superervas daninhas de difícil controle ou, em culturas como milho e algodão, em que foram introduzidos genes retirados da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), verificou-se que geraram resistência crescente em espécies de mariposas cujas lagartas passaram a atacar tanto estas culturas, quanto várias outras e, inclusive, algumas plantas silvestres.

Os estudos sobre a transgênese continuam, mas indiferente dos resultados, temos o dever ético de lutar contra os alimentos transgênicos. A natureza é uma grande teia e se o seu equilíbrio for quebrado, as consequências afetarão todas as formas de vida em um grande efeito dominó.

domingo, 9 de maio de 2004

UE É Agora o Maior Produtor de Energia Nuclear do Mundo

Domingo, 09 de Maio de 2004
A partir do passado fim-de-semana, a União Europeia tornou-se no maior produtor de energia nuclear do mundo, com 156 reactores em funcionamento que serão responsáveis pelo abastecimento de 32 por cento do total de energia consumida nos estados membros. Mas este recorde tem uma outra face: com o alargamento, entrarão no espaço comunitário reactores do mesmo tipo de Tchernobil. E toneladas de resíduos sem destino apropriado.
Entre os novos membros, cinco produzem energia nuclear: Lituânia, República Checa, Hungria, Eslováquia e Eslovénia. Com excepção desta última, todos os restantes utilizam reactores de tecnologia soviética, concretamente os RBMK - como os de Tchernobil - e os VVER 440-230, ambos considerados de elevado risco. Na Agenda 2000, onde se definem as regras de entrada dos novos parceiros comunitários, ficou claro que este tipo de instalações têm de ser encerradas e as restantes, que utilizam reactores de segunda geração do tipo VVER 440-213 e VVER-1000, têm de ser adaptadas às normas de segurança internacionais.
Mais no Público

Dossier muito preocupante e que que precisa de medidas muito sérias

sexta-feira, 7 de maio de 2004

Resistir é Vencer - novo álbum e obra-prima de José Mário Branco


Do que um homem é capaz ( letra e música de José Mário Branco) é uma das canções que mais gostei, que mais me impressionou. Fala muito da época em que estamos a viver...

Do que um homem é capaz?
As coisas que ele faz
Pra chegar aonde quer

É capaz de dar a vida
Pra levar de vencida
Uma razão de viver

A vida é como uma estrada
Que vai sendo traçada
Sem nunca arrepiar caminho

E quem pensa estar parado
Vai no sentido errado
A caminhar sozinho

Vejo gente cuja vida
Vai sendo consumida
Por miragens de poder

Agarrados a alguns ossos
No meio dos destroços
Do que nunca vão fazer

Vão poluindo o percurso
Com as sobras do discurso
Que lhes serviu pra abrir caminho

À custa das nossas utopias
Usurpam regalias
Pra consumir sozinhos

Com políticas concretas
Impõem essas metas
Que nos entram casa adentro

Como a trilateral
Com a treta liberal
E as virtudes do centro

No lugar da consciência
A lei da concorrência
Pisando tudo pelo caminho

Pra castrar a junventude
Mascaram de virtude
O querer vencer sozinho

Ficam cínicos brutais
Descendo cada vez mais
Pra subir cada vez menos

Quanto mais o mal se expande
Mais acham que ser grande
É lixar os mais pequenos

Quem escolher ser assim
Quando chegar ao fim
Vai ver que errou o seu caminho

Quando a vida é hipotecada
No fim não sobra nada
E acaba-se sozinho

Mesmo sendo os poderosos
Tão fracos e gulosos
Que precisam do poder

Mesmo havendo tanta gente
Pra quem é indiferente
Passar a vida a morrer

Há princípios e valores
Há sonhos e amores
Que sempre irão abrir caminho

E quem viver abraçado
Na vida que há ao lado
Não vai morrer sozinho

E quem morrer abraçado
À vida que há ao lado
Não vai viver sozinho

quinta-feira, 6 de maio de 2004

ALQUEVA: Três mil hectares preciosos debaixo de água

Na TSF (05/05/04): "As águas da barragem do Alqueva estão na cota 148 acima do nível médio das águas do mar. Já foram submersos mais de três mil hectares de áreas florestadas - o equivalente a três mil campos de futebol de zonas consideradas como a preservar devido ao seu valor ecológico."

"Ao todo são 1262 linhas de água, braços do Guadiana e afluentes, que estão agora submersos. Os antigos ministros Elisa Ferreira e Isaltino Morais tinham-se comprometido a preservar estas áreas, em particular os quase dois mil hectares do vale de Alcarrache, onde existiam espécies animais e vegetais identificadas como únicas na Península Ibérica.

A caminho da cota 152, este vale está submerso. Em declarações ao «Público», o presidente da EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva (EDIA) diz não compreender porque se privilegiou o vale de Alcarrache, uma vez que «vai ficar definitivamente debaixo de água».

Este jornal lembra que o ex-ministro Isaltino Morais tinha assegurado ao movimento cota 139 que seriam preservados 1100 hectares com valor ecológico que ladeavam as linhas de água do Guadiana a montante de Alqueva.

José Paulo Martins, da Quercus, disse à TSF que estão irremediavelmente perdidas várias espécies de animais e vegetais que eram únicas na Península Ibérica (registo audio). Outra preocupação é a decomposição das árvores submersas, que pode prejudicar a qualidade da água