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domingo, 31 de outubro de 2021

Presidente executivo da Web Summit destaca clima e futuro do trabalho na edição deste ano

Paddy Cosgrave considerou que "muita gente se vai interessar pelo período" que se vive relativamente ao meio ambiente.

O presidente executivo da Web Summit destacou o clima e o futuro do trabalho como dois dos temas que estarão em destaque na edição deste ano, que conta com mas de 200 'startups' focadas na sustentabilidade.

Instado a destacar três temas na edição deste ano da cimeira tecnológica, que arranca na segunda-feira, em Lisboa, Paddy Cosgrave considerou que "muita gente se vai interessar pelo período" que se vive relativamente ao meio ambiente.

"Temos mais de 200 'startups' com foco na sustentabilidade, elas estão a fazer tudo o que poderia imaginar" para lidar com tudo, "desde a criação ao consumo de energia e tudo mais", acrescentou.

"Além do clima, energia e meio ambiente, temos também um grande foco na cripto", salientou.

A noite de abertura conta com o fundador da plataforma NFT de criptomoedas e a denunciante do Facebook Frances Haugen.

"E encerramos a Web Summit com uma conversa com Tim Berners-Lee, que criou a 'web', sobre o futuro da 'web' e o papel que a descentralização de protocolos e tecnologias podem desempenhar", acrescentou Cosgrave.

O terceiro tema "que estamos a ver a partir dos dados de todos os nossos participantes é o futuro do trabalho", apontou.

"Temos um novo palco inteiramente dedicado a discussões e debates sobre como o trabalho vai ser no futuro", porque "não acho que tudo venha a ser remoto, mas também não acho que vamos voltar aos velhos tempos", considerou.

Por isso, "o que é que vai funcionar para a maioria dos empregados? E para a maioria das empresas? Acho que isso não está claro e que todos estão a tentar descobrir" e este é um tema do interesse de muita gente, salientou o cofundador da Web Summit.

Este ano, a edição contará com 40.000 participantes porque a prioridade "é a saúde e segurança", afirmou, salientando que a organização trabalhou em "estreita colaboração com a DGS.

"Aprovaram a nossa licença há duas semanas e o principal para a aprovação da licença foi que cumpramos todas as regras e regulamentos que aconselharam, incluindo distanciamento social, incluindo como construímos o espaço, que tipo de espaços usamos", explicou.

"Como consequência, a única maneira de o fazer de forma segura e respeitando todas das regras é aumentar o espaço à disposição de todos. Portanto, este ano a capacidade máxima é de 40.000", disse, apontando que o evento está "muito perto de estar cheio".

Questionado se espera duplicar o espaço para o próximo ano, Paddy Cosgrave disse que sim.

"A menos que haja algo que eu não saiba, a minha expectativa é que o espaço seja duplicado, a construção de espaços para convenções é muito, muito rápida", leva cerca de seis meses para ficar concluída, disse.

Com o aumento do espaço, a organização espera acolher mais de 100.000 participantes

"Não tenho dúvidas de que a Web Summit poderá ter várias vezes o tamanho do que é hoje se tivéssemos mais espaço", salientou.

Na edição deste ano haverá "literalmente milhares de 'startups', 1.500 'startups' farão parte do nosso programa. Várias centenas delas irão aparecer no palco. Acho que há um grupo particular de 'startups' que estão na minha mente, as mais entusiasmantes ou mais importantes", disse, apontando as 200 focadas no clima.

Além disso, a "COP26 [conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas] estará a acontecer ao mesmo tempo. E temos líderes políticos de todo mundo e os maiores poluidores. Não sei por que é que eles estão lá. Esperançosamente, esperam que o acordo seja favorável", comentou.

"Mas na Web Summit temos vários empreendedores que esperam que as suas empresas e as suas inovações venham a ajudar-nos a criar um planeta mais habitável nos próximos anos, um planeta mais sustentável", disse.

Em termos de países, o Reino Unido lidera, apesar do Brexit, seguido da Alemanha, com o Brasil a ocupar o 'top 5' dos países de origem das 'startups'.

"Acho que há um gigante adormecido na América Latina que está lentamente a acordar e as suas 'startups' estão interessadas em conquistar a Europa e estão a vir à Web Summit em números cada vez maiores", contou.

Empresas de Angola, Moçambique e Cabo Verde também participam na edição deste ano.

"Acho que o continente mais desafiante na participação [desde evento] é África por causa das taxas de vacinação", que estão "abaixo dos 5% na maioria dos países, o que torna impossível, na maioria dos casos, as viagens dessas pessoas", lamentou.

Em termos de media, estão registados 1.500. No que respeita à participação por género, "mais de 40% das participantes" e "mais de 30% dos oradores" são do sexo feminino

Sobre a oradora Frances Haugen, denunciante das práticas do Facebook, cujo tema tem estado na ordem do dia, Paddy Cosgrave disse que todos na Web Summit "são crescidos e compreendem que "estas são as conversas" que é preciso ter no evento.

"Acho que os participantes preferem ouvir estas conversas do que demonstrações sem fim de pequenos produtos de tecnologia que podem ou não funcionar", considerou.

Sobre a expansão de eventos além da Web Summit, Cosgrave apontou que na próxima década os maiores mercados de crescimento para a cimeira são a América do Sul, África, Médio Oriente e Ásia.

"Estamos a planear nos próximos três anos começar eventos regionais Web Summit" nestes mercados, apontando que tal deverá arrancar em 2023.

"Se queremos crescer o evento anual, precisamos de ir a mercados onde o potencial de crescimento existe", porque assim é "mais fácil persuadir" as pessoas a apanhar aviões e voar de outras partes do mundo para vir para Lisboa todos os anos, argumentou.

Paddy Cosgrave salienta que se assistiu a mudanças no ecossistema português: primeiro, os empreendedores eram todos homens, o que hoje já não acontece, e eram todos portugueses, o que também já não é verdade.

"Diria que pelo menos um terço, senão metade dos empresários, são de outros países ao redor do mundo que decidiram" vir para Portugal, apontou.

"Acho que uma das mudanças mais surpreendentes é o número de pessoas que abrem empresas em Portugal, o que diz muito", e quando uma empresa nova decide escolher o país para abrir o negócio, isso "enriquece todo o ecossistema".

Sobre a possibilidade de Portugal criar um 'hub' de inteligência artificial (IA), Paddy Cosgrave salientou que esta é uma área que "obviamente vai ter um enorme papel no futuro da medicina, segurança", em quase todos os aspetos da vida das pessoas.

"Portanto, quanto mais Portugal puder fazer para apoiar investigação de ponta e depois ajudar a agrupar empresas líderes no espaço, acho que acaba por ter um efeito cumulativo positivo no ecossistema", defendeu, embora admita que na área da IA ainda há muitas coisas que não são claras.

"Tenho certeza de que há um futuro, é apenas incerto quão grande será esse futuro e quão grande será o papel que terá para Portugal", rematou.

Quanto as expectativas para a edição deste ano, Cosgrave afirmou que nunca viu tantas pessoas "entusiasmadas" com a Web Summit como agora.

"Acho que as pessoas estão simplesmente animadas por estar de volta", disse, esperando que as expectativas delas correspondam à realidade.

"O que é importante para nós (...) é que garantimos o máximo possível que o evento seja seguro" e que "haja café disponível", disse, a sorrir.


"E, depois disso, toda a magia e toda a 'networking' deverá simplesmente acontecer", concluiu Paddy Cosgrave.

Julian Assange and COP26

Julian Assange faces a 175 year prison sentence in the United States for publishing documents, including those which exposed wilful, or otherwise reckless, sabotage of climate action during prior climate change summits.

Targeted surveillance of negotiators, cabinet ministers, heads of state and even UN Secretary General Ban Ki-moon was also exposed by cables revealed by Assange, and are among the documents the US is charging him for receiving and publishing.

Assange’s environmental publications have created the political impetus for the US government to go after Assange, but he is also formally charged over his role in publishing the cables that contain these very revelations - and which account for 50 years of the sentence.

A full-frontal assault on the freedom of the press and the public’s right to know

The WikiLeaks publisher is being prosecuted for, among other things, informing the public about the ways in which powerful nations have undermined meaningful action in the face of a climate crisis.

The US indictment represents a full-frontal assault on the public’s right to impart and receive information; thereby undermining the very basis of Article 19 of the Universal Declaration of Human Rights, Article 10 of the European Convention on Human Rights (ECHR) and the First Amendment to the US constitution.

In September of this year, it was revealed that the CIA drew up plans to kidnap or assassinate Assange after he published documents revealing how the spy agency targets iPhones, Androids and other devices, from a covert CIA hacker base in the US consulate in Frankfurt.

The multi-award-winning journalist remains incarcerated in Belmarsh prison in the UK, in pre-trial detention, separated from his wife and two young children.

On 4 January 2021, District Judge Vanessa Baraitser rejected the US government’s extradition request on the grounds that extradition would be “oppressive” and would result in his death.

Nobody should face a single day in prison, let alone a life sentence, for their journalistic work which, in this case, has helped to inform environmental activists and civil society organisations the world over.

The prosecution against Julian Assange is an attack on the publics right to know - the truth about the environment, and our future, and what powerful countries want to keep hidden from the public.

Although Julian Assange and WikiLeaks are perhaps best known for the release of the Afghanistan Diaries, Iraq War logs, and Guantanamo Bay detainee files the materials published by the award-winning investigative news outlet go far beyond this.

As the latest climate change summit, COP 26, due to be held in Glasgow, Scotland, fast approaches, it is worth remembering some of the key environment-related documents published by Assange.

Such revelations as government spying and surveillance of diplomats and negotiators. Former Secretary of State Hillary Clinton, for example, drafted a detailed “human intelligence” directive calling on all manner of biographical and even biometric data (e.g. fingerprints, DNA) belonging to UN workers to be obtained.

Spying and surveillance is done in order to gain a competitive edge between countries. During environmental summits, human and electronic intelligence gathering methods are used in order to determine what the bargaining positions of even ‘friendly’ governments are. An NSA intercepted conversation between German and Japanese diplomats, for example, revealed that the US was pressuring the Germans to drop their demand for a 25-45% reduction in carbon emissions, and that the lobbying would likely be successful.

Spying is also being used to help bribe, blackmail or coerce governments into acting as desired. Meanwhile, even as climate negotiations proceed from year to year, separate treaty negotiations such as TPP, TTIP and TiSA, all have provisions that would preference the rights of corporations over the ability of governments to protect the environment, reduce greenhouse gas emissions and promote renewable energy.

Diplomatic cables published by Assange also exposed that an environmental “marine reserve” pushed by the UK government in the Chagos Islands was actually designed to prevent the people of those Islands from ever returning (the British government forcibly removed the Chagos Islanders from their homes against their will in the 1960s and 70s). The UK was admonished by the International Court of Justice and the UN General Assembly, its greenwashing of a major colonial crime was exposed thanks to the cable.

Worrying developments, such as the melting of the polar ice caps, are shown in other cables, as offering positive economic opportunities to US, Russian and European government ministers who see “new shipping routes” and the possibility of previously infeasible resource. A former Danish foreign minister described the new mood optimistically as a scramble to “carve up” the Arctic.

Serious corruption and “neocolonial exploitation” of mining resources by multinational corporations was also laid bare by documents focusing on the Central African Republics mining resources. As was a suppressed report into the devastating toxic dumping of waste in the Ivory Coast by commodities trader Trafigura.

All this and more has been brought to light by documents revealed by Julian Assange and then provided to the public at large.

Topics covered by WikiLeaks releases COP 15 agreement draft text first published by Julian Assange
  1. Government manipulation of countries into accepting their climate strategy
  2. Spying and surveillance to gain advantages commonplace in prior climate discussions
  3. Geopolitics interfering with a science-based and cooperative approach to tackling climate change
  4. US uses its economic position to lobby/coerce countries to accept genetically modified foods
  5. Melting Arctic due to Global Warming seen as opportunity for oil drilling
  6. Middle-range powers also sought to water down climate accords
  7. ‘Environmental protection’ used to disguise ulterior motives: The ‘marine reserve’ in Diego Garcia
  8. Pollution is seen as a tradeable commodity
  9. China opposed 60 per cent carbon emission reduction target during Copenhagen 2010 talks
  10. Trans-Pacific Partnership (TPP)
  11. Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP), aka Trans-Atlantic Free Trade Agreement (TAFTA)
  12. Trade in Services Agreement (TiSA)
  13. Iraq’s city of Basra heavily contaminated by war, oil and radioactive weaponry
  14. Dirty war for uranium and mineral rights in the Central African Republic (CAR)
  15. Suppressed Minton report on Trafigura toxic dumping along the Ivory Coast

1. COP 15 agreement draft text first published by Julian Assange [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

Julian Assange attended the Climate summit in Copenhagen (COP15) in 2009 and obtained a draft of the agreement. The text revealed an agreement^1 largely devoid of meaningful efforts to tackle global warming, with a substantial shift in the demands made on poorer countries. COP15 would ultimately be declared an “‘incredible disaster” by the EU’s president.

The documents show that world leaders were to be asked to sign “an agreement that hands more power to rich countries and sidelines the UN's role in all future climate change negotiations”, according to analysis of the text by The Guardian^2.

The COP 15 text revealed an agreement that reversed the position staked out in the Kyoto Protocol which expected richer nations – that were responsible for the majority of greenhouse gas emissions – would take “firm and binding commitments to reduce greenhouse gases” leaving poorer countries with the flexibility to act.

The Copenhagen Agreement would also prohibit poor countries from emitting more than 1.44 tonnes of carbon per person by 2050, while allowing rich countries to emit nearly double that amount (2.67 tonnes).

One diplomat called it a “very dangerous document for developing countries”. Although it was not a final text, it reveals the dangers of secret negotiations between states which are vastly unequal in their power.

2. Government manipulation of countries into accepting their climate strategy [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

Amid the Copenhagen climate change summit and COP 15, the US government was revealed by Assange to have been seeking “dirt” on nations opposed to its approach to tackling global warming, but also using financial pressures to compel countries to act in a particular manner^3.

The US privately pressured Germany into dropping its demand for “a 25- to 45-percent mid-term carbon dioxide reduction” in 2008^4 ahead of the 2009 COP 15.

On 17 February 2010 the EU Commissioner for climate spoke with US Deputy National Security Advisor for International Economic Affairs regarding upcoming climate talks in Mexico and beyond post Copenhagen. They both agreed that the US and EU “will need to neutralize, co-opt or marginalize” so called “unhelpful countries” such as Venezuela, Bolivia, Nicaragua, Cuba and Ecuador^5. All of which had been critical of past climate policies and negotiations for being insufficient or undemocratic.

EU’s Climate Action Commissioner, also on 17 February 2010, suggested to US Deputy Special Envoy on Climate Change that the Alliance of Small Island States (AOSIS) “could be our best allies given their need for financing”^6. This suggests that poorer countries could potentially be ‘bought off’ to accept potentially inadequate climate policies despite the existential threat rising sea levels pose to such states.

Only a few days later, on 23 February 2010, Maldives Ambassador-designate informed then-Secretary of State Hillary Clinton that if “small countries, like Maldives” receive “tangible assistance from the larger economies” then other states “would then come to realize that there are advantages to be gained by compliance” with climate change agreements^7. The Maldives Ambassador also pushed for $50 million in assistance for climate change “adaptation programs” such as harbour deepening and strengthening sea walls.

3. Spying and surveillance to gain advantages in prior climate discussions [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

The US National Security Agency intercepted 2008 communications between Japanese and German diplomats about upcoming 2009 Copenhagen climate talks. The German official acceded that pressure from the US would likely result in their country dropping their demand for 25 – 45% mid-term carbon dioxide reductions^8.

A 2010 leaked document from the UK’s communications spy agency GCHQ lays out why spying on climate change participants is a priority in order to know other countries’ negotiating positions and “red lines”^9. Following these revelations the UN General Secretary stated that an investigation was being opened into spying by the UK and other countries as “UN information should be protected in its entire confidentiality”^10

In fact, other leaked documents reveal a 2010 directive from Secretary of State Hillary Clinton to obtain (ie steal) “biometric information” from top UN officials^11.

4. Geopolitics interfering with a science-based and cooperative approach to tackling climate change [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

In 2009, the US pressured then Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) chairman Dr Rajendra Pachauri who agreed to help prevent Iranian climate scientist Dr Mostafa Jafari from being elected as a co-chairman to a key working group at the IPCC. The cable, sent by then-Secretary of State Condoleezza Rice, recognised Jafari as a “highly-qualified scientist with research ties to the UK and Japan” but argued that having “US and Iranian co-chairs would be problematic and potentially at odds with overall US policy towards Iran”^12. Jafari was ultimately not elected as co-chair of the working group in question.

5. US uses its economic position to lobby/coerce countries to accept genetically modified foods. [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

How the US has behaved in relation to GMO foods provides insight into how it gets its way on environmental issues.

In 2007, US ambassador to France recommended the USG “calibrate a target retaliation list that causes some pain across the E.U.” in defence of GMO crops^13.

Food and Water Watch analysed 926 diplomatic cables, sent between 2005 and 2009, containing the words “biotech” or “GMO”. It concluded that the emails “reveal a concerted strategy to promote agricultural biotechnology overseas, compel countries to import biotech crops and foods they do not want, and lobby foreign governments — especially in the developing world — to adopt policies to pave the way to cultivate biotech crops”^14.

6. Melting Arctic due to Global Warming seen as opportunity for oil drilling [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

Diplomatic cables from 2007 – 2010^15, ^16, ^17, published by Julian Assange in 2011^18, reveal that the melting ice in the Artic is seen as an opportunity to “carve up”^19 the Arctic – as the ex-Danish Foreign Minister Per Stig Møller told US diplomats - for oil, gold and uranium extraction when it otherwise would not have been. Melting ice due to global warming is also seen as a positive for opening “new shipping routes”^20 according to Møller in a 2009 cable.

The cables also reflect that this ‘opportunity’ is also seen in the context of great power competition with NATO and Russia^21 worried that a military scramble in the Arctic may lead to war^22.

7. Middle-range powers also sought to water down climate accords [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

While it has been noted that US negotiators seek to limit the cuts and commitments amid climate negotiations, France was also revealed to have played a key role in lobbying against a legally binding treaty. According to a 2010 US embassy cable, “French Environment Minister Jean-Louis Borloo told the [US] Ambassador that the key to advancing climate negotiations is to drop the notion of a legally binding treaty in favour of a system of national commitments”. The French Minister also argued that it would be down to a “small group” of 8 – 10 to negotiate the Copenhagen Accord^23.

8. ‘Environmental protection’ used to disguise ulterior motives [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

In 2009, The UK government proposed the establishment of a "marine park" or "reserve" in the Chagos Archipelago. The Chagos Islanders were forcibly removed by the British in the 1960s and 70s who then leased territory in Diego Garcia, the largest of the islands, to the US to establish a military base^25.

According to a cable revealed by WikiLeaks the true motive of establishing a marine reserve would be to ensure Chagos Islanders could not return to their homes. The “former inhabitants would find it difficult, if not impossible, to pursue their claim for resettlement on the islands if the entire Chagos Archipelago were a marine reserve”^26, according to discussions between senior UK foreign office officials and US diplomats. Meanwhile the reserve “would in no way impinge on [US Government] use of the [British Indian Oversees Territory], including Diego Garcia”^27.

In 2019, the International Court of Justice issued an advisory opinion stating that the UK “is under an obligation to bring to an end its administration of the Chagos Archipelago as rapidly as possible”^28. In reaching its decision, the ICJ made explicit reference to the aforementioned cables published by Assange^29. A vote in the UN General Assembly adopted the text of the ICJ decision and demanded that the islands be returned to Mauritius^30. A maritime law tribunal at the UN later also confirmed the ICJ decision and the UNGA vote^31. The UK continues to ignore the ICJ and UN decisions stating that the islands are required “for defence purposes” and that the archipelago has been under UK sovereignty since 1814^32.

9. Pollution is seen as a tradeable commodity [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

A 2007 confidential research document Air Pollution as a Commodity: Regulation of the Sulfur Dioxide Allowance Market^33, prepared for members of the US congress, reveals the extent to which air pollutants and greenhouse gases driving global warming are also seen as potential money-making opportunities.

There is no evidence that speculative or any other market trading in greenhouse gases will lead to an overall reduction in the substances, let alone enough to avoid climate catastrophe^34. Carbon markets continue to be discussed as key to addressing climate change despite continued failures of the markets to show results^35.

Extractive potentials noted above led US diplomats in 2007 to see “a unique opportunity to shape the circumstances in which an independent [Greenland] may emerge”^36.

10. China opposed 60 per cent carbon emission reduction target during Copenhagen 2010 talks [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

A Cable summarising discussion between US counsellor on Environment, Science, Technology, and Health Brent Christensen in Beijing and Shanghai Institutes of International Studies Vice President Chen Dongxiao was published by Assange^37.

The Europeans "played a lot of tricks" and took advantage of their "united front" to endeavour to push China to increase its carbon intensity reductions to an unacceptable level of 60 percent, Chen said.

Amid discussions in Copenhagen in 2010, the Chinese were reportedly angry when UK Prime Minister Gordon Brown “simply repeated European earlier demands on the 60 percent target”.

China's delegation at Copenhagen was seen to reflect “a lack of coordination between the Foreign Ministry and National Development and Reform Commission” as well as the fact that “China's internal decision-making process does not mesh with the fast-moving negotiating environment that characterized the Copenhagen discussions”.

Chinese saw Copenhagen as representing a “new dynamic between the developing countries (led by China), Europe and other developed countries, and the United States emerging”.

11. Trans-Pacific Partnership (TPP) [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

The TPP was negotiated in secret primarily from 2008 – 2015, the environmental chapter was published by Assange and contributed to growing pressure against ratification of the deal.

In addition to global warming and climate change the environmental chapter of the TPP covered conservation, biodiversity, indigenous knowledge and resources, over-fishing and illegal logging.

Notwithstanding rhetoric espousing the need to tackle climate change and ensure strong environmental protections more broadly, Assange revealed that the environmental section of the Trans-Pacific Partnership (TPP) was “noteworthy for its absence of mandated clauses or meaningful enforcement measures”^38. ­ Julian Assange, WikiLeaks’ publisher, described the environmental chapter as a “toothless public relations exercise with no enforcement mechanism”^39.

In Article SS15 of the environmental chapter^40 the parties merely agree to discuss ways to deal with climate^41 with no further elaboration^42, revealing global warming and climate change to be an afterthought or otherwise secondary to the primary objective of trade.

The TPP negotiations also show that environmental issues and policies are impacted by other policies and chapters such as rules pertaining to market access, tariffs, financial services and intellectual property.

Analysis of the TPP text in 2014 determined that the “most egregious threat” to the environment is the investment chapter, whereby signatories to the treaty agree in advance to dealing with disputes via investor-state dispute settlement (ISDS) mechanisms. In essence, these corporate courtrooms allow businesses to sue governments if their environmental and health policies impact on current and future profits of the enterprise, rendering domestic laws and protections ultimately meaningless^43. According to Professor Jane Kelsey the “vast majority of investment arbitrations under similar agreements involve natural resources, especially mining, and have resulted in billions of dollars of damages against governments for measures designed to protect the environment from harm caused by foreign corporations”^44.

The TPP was on the verge of becoming law in the US encompassing nearly one third of global trade, the leaks stimulated substantial opposition to the bill and both Hillary Clinton and Donald Trump said they would not continue with it once in office. The Comprehensive and Progressive Agreement for Trans-Pacific Partnership evolved out of the failed TPP deal, with much of the same provisions^45, with many countries ratifying the deal though without the US as a signatory.

12. Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP), aka Trans-Atlantic Free Trade Agreement (TAFTA) [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

Negotiated between 2013 – 2016, if ratified, the currently stalled TTIP would address policies including health, environment and finance between the EU and US46.

Leaked drafts of the TTIP dated April 2016 reveal47 apparent failure of EU negotiators to remain committed to their pledge of tackling global warming and maintaining the independence of EU environmental protections.

The now-notorious ISDS mechanisms from TPP are also introduced via TTIP, which would allow corporations to sue governments for loss of profits allegedly resulting from health, safety and environmental protection laws.

13. Trade in Services Agreement (TiSA) [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

The TiSA is a proposed agreement between 23 parties including the EU, UK and US negotiated from 2013 to 2016^48.

It was heavily criticised, following publication by Assange of analysis of various of its provisions^49, for seeking to lock-in privatisation of public services (including healthcare) and guaranteeing market access for multinationals^50.

Despite its focus, TiSA still covers environmental policies as it seeks to lower barriers to international trade in services, including environmental protections, according to analysis by Friends of the Earth^51.

Further analysis^52 of a proposed “Energy Related Services Annex” shows that^53 :

TiSA would undermine the ability of regulators to distinguish between technology regardless of whether it is used for solar, nuclear, wind, coal, geothermal or fracking.

TiSA would undermine or eliminate a country’s ability to ensure control over and benefit of their natural resources by requiring free markets for foreign suppliers of energy related services.

Undermines climate change and other environmental policies by restricting governments from regulating energy markets, companies, and industry infrastructure.

14. Iraq’s city of Basra heavily contaminated by war, oil and radioactive weaponry [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

A top US diplomat as early as June 2006 wrote a succinct yet detailed report/diplomatic cable revealing the extent to which the water supply and surrounding environment in Basra had been heavily contaminated by oil, toxic and radioactive materials^54.

The cable, revealed by Assange as part of its Cablegate releases, describe the contamination as resulting largely from “25 years of war” in Iraq, all of which the US and UK were both directly and indirectly implicated in.

An estimated 70% of rural inhabitants and 40% of city-dwellers have no access to running water, with much of the water that is available being too contaminated to drink.

UN sanctions circa 1990s (which were pushed through by the US and UK governments) “caused a severe shortage of parts to maintain the oil industry” resulting in “an increased number of oil spills and leaks” which were “worsened because of a lack of technology for leak detection and the disposal of oil-contaminated water in shallow aquifers or land”, according to the cable.

“Large and widespread quantities of military debris” such as unexploded ordinance (ie explosives) and “toxic and material such as depleted uranium” are scattered in the area without any monitoring, the cable notes. The cable also notes that “it is believed” that “significant quantities of depleted uranium were used in Basrah during the 1991 Gulf War” by the US.

The cable, written by Principal Officer at the Regional US Embassy Office in Basrah Ken Gross, ominously and presciently warns that there is “very little attention being paid to the serious environmental issues facing Basrah today that could cause devastating results in the near future.”

Studies published by Iraqi experts showed that “cases of leukemia in children in Basra increased by 60 percent between 1990 and 1997, and that the number of children born with severe birth defects increased by a factor of three”, with the research pointing to the use of “depleted uranium” by the US^55, ^56.

15. Dirty war for uranium and mineral rights in the Central African Republic (CAR) [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

In February 2016, Assange published^57 documents exposing serious corruption and environmental degradation in the Central African Republic as a result of apparently unlawful and destructive policies of extractive multinational corporations.

Included among the revelations was:

Radioactive contamination (up to 30 times the natural radioactivity in the zone) left by French nuclear waste giant AREVA^58, which failed to invest in the country as it had promised and with “neocolonial” conditions of exploitation of its mines.

Bribery of local officials and legal violations by nearly two dozen mining companies^59.

A fake UN-backed organisation (the World Sports Alliance)^60 which undertook to establish numerous infrastructure obligations including creation of a system of garbage disposal, electricity production, 4 sport centres and 12 youth centres none of which ever materialised. The WSA was revealed to be a front organisation which facilitated the illicit acquisition of mineral resources belonging to the CAR public.

16. Suppressed Minton report on Trafigura toxic dumping along the Ivory Coast [Julian Assange is being formally extradited over these publications]

In September 2009, Assange published an internal study known as the “Minton report” detailing an incredibly serious toxic waste dumping incident which effected up to 108,000 people in the Ivory Coast, according to a UN report^61.

Oil and commodity trader Trafigura, which dumped the toxic waste, commissioned the report. But the multinational corporation successfully obtained a ‘gag’ order from a UK High Court judge. The order was so strict that it prevented any person or news outlet served with the ‘gag’ order or even aware of its existence, from reporting any aspect of the incident, its link to Trafigura, or even the exitance of the order itself.

The ‘gag’ order, known as a ‘super injunction’ because, unlike with most injunctions, in this case news outlets were not permitted to even disclose its existence, prevented anyone from sharing the WikiLeaks’ link to the “Minton report”.

Assange also revealed the court order itself^62.

After five weeks, the highly controversial super-injunction - which Trafigura’s lawyers argued prevented anyone even from reporting on a Parliamentary question raised about the incident^63 by a member of parliament– was discharged by the company following growing criticism and outrage by politicians, press and civil society organisations^64.

WikiLeaks was launched in 2007 as a not-for-profit news organisation. It trailblazed by offering a means for whistblowers the world over to anonymously leak information like never before. The methods for securely receiving leaks first established by Julian Assange and WikiLeaks have now become standard for many elite news organisations.

Julian Assange, WikiLeaks’ founder and publisher, came to global attention for his role in publishing what are known as the Afghanistan diaries, Iraq War logs, Guantanamo Bay detainee files and US diplomatic cables. These documents, published from 2009 -2011, exposed war crimes, crimes against humanity and other wrongdoing by the US and allied governments.

The US is seeking the extradition of Julian so that he can be tried before a jury stacked with current or former members of the national security state or their family members in the Eastern District of Virginia, less than 20km from the CIA’s headquarters. A court with a near 100% conviction rate. The charges are almost entirely under the archaic 1917 Espionage Act, which does not permit any public interest defence for journalists, publishers or whistleblowers. Prosecution of a publisher under this law is unprecedented in US history.

Julian faces a 175 years prison sentence if extradited to the US.

In 2013, the Washington Post reported that officials in the US Department of Justice concluded that there was no way to prosecute Julian without opening the door to prosecutions against establishment outlets such as the Post, New York Times and The Guardian for publishing leaked information. Yet, Donald Trump’s administration secured a deal with a newly elected Ecuadorian government to unlawfully renege on its grant of asylum to the award-winning publisher. After nearly two years, a British judge determined in January 2021 that extradition would be “oppressive” and would result in his death. However just two days before Trump left ofice the US appealed this decision. The latest court hearings were held on October 27-28, just weeks after bombshell revelations that the CIA planned to assassinate Assange were revealed.

Dozens of press and civil liberties organisations including the American Civil Liberties Union, Freedom of the Press Foundation, Amnesty International, Human Rights Watch, have called for the charges to be dropped describing them as an afront to a free press and basic democratic norms. Over 167 notable governmental figures, including current and former heads of state oppose the charges. As have over 189 jurists, lawyers, academics and lawyers’ associations. The Council of Europe’s parliamentary arm and its human rights Commissioner condemning the “broad and vague nature of the allegations” against Julian which “concern activities at the core of investigative journalism”.

Take Action!

Write to your representatives and ask them to demand that the charges be dropped.

Supporters can also donate to Julian’s legal defence https://www.crowdjustice.com/case/assangeappeal/ or https://defend.wikileaks.org/donate

Finally, please spread the word about all of the good that Julian Assange and WikiLeaks have done and his persecution.

Inform yourself and search the WikiLeaks Archive: https://wikileaks.org

Defend a free press, defend democracy, *defend Julian Assange!*

  1. https://wikileaks.org/wiki/Draft_Copenhagen_climate_change_agreement,_8_Dec_2009
  2. https://www.theguardian.com/environment/2009/dec/08/copenhagen-climate-summit-disarray-danish-text
  3. https://www.theguardian.com/environment/2010/dec/03/wikileaks-us-manipulated-climate-accord
  4. https://wikileaks.org/nsa-un/intercepts/#intercept2
  5. https://www.theguardian.com/world/us-embassy-cables-documents/249182
  6. https://www.theguardian.com/world/us-embassy-cables-documents/249185
  7. https://www.theguardian.com/world/us-embassy-cables-documents/251174
  8. https://wikileaks.org/nsa-un/intercepts/#intercept2
  9. https://s3.amazonaws.com/s3.documentcloud.org/documents/1350180/20110405-cancun-amp-reqs-redacted-small2.pdf
  10. https://www.theguardian.com/environment/2014/nov/03/un-investigate-wikileaks-claims-uk-spies-infiltrated-climate-talks
  11. https://wikileaks.org/plusd/cables/09STATE80163_a.html#efmJZLJeM
  12. https://www.theguardian.com/environment/2010/dec/06/wikileaks-rajenendra-pachauri-iran-un-climate
  13. https://wikileaks.org/plusd/cables/07PARIS4723_a.html
  14. https://sustainablepulse.com/wp-content/uploads/Biotech_Report_EU.pdf
  15. https://www.commondreams.org/news/2011/05/21/wikileaks-battle-carve-arctic
  16. https://insideclimatenews.org/news/12052011/drilling-arctic-oil-clinton-polar-summit-wikileaks/
  17. https://www.greenpeace.org/usa/new-wikileaks-revelations-shed-light-on-arctic-oil-carve-up/
  18. https://web.archive.org/web/20110527201551/https://wikileaks.org/reldate/2011-05-12_0.html
  19. http://www.wikileaks.org/cable/2008/06/08COPENHAGEN322.html
  20. https://wikileaks.org/plusd/cables/09STATE27305_a.html
  21. https://www.greenpeace.org/usa/new-wikileaks-revelations-shed-light-on-arctic-oil-carve-up/
  22. https://www.commondreams.org/news/2011/05/21/wikileaks-battle-carve-arctic
  23. https://wikileaks.org/plusd/cables/10PARIS183_a.html
  24. https://www.theguardian.com/environment/2009/dec/18/copenhagen-deal
  25. http://johnpilger.com/videos/stealing-a-nation
  26. https://wikileaks.org/plusd/cables/09LONDON1156_a.html
  27. https://wikileaks.org/plusd/cables/09LONDON1156_a.html
  28. https://www.icj-cij.org/en/case/169
  29. https://www.icj-cij.org/public/files/case-related/169/169-20190225-ADV-01-00-EN.pdf, see paragraphs 130 & 131
  30. https://www.un.org/press/en/2019/ga12146.doc.htm
  31. https://www.bbc.co.uk/news/world-africa-55848126
  32. Ibid
  33. https://file.wikileaks.org/file/crs/RL34235.pdf
  34. https://law.utexas.edu/wp-content/uploads/sites/31/2016/02/Pearse-Boehm-Ten-Reasons-carbon-markets-will-not-bring-about-radical-emisison-reductions.pdf
  35. https://insideclimatenews.org/news/16122019/cop25-carbon-markets-un-climate-talks-fail-madrid-kyoto-protocol/
  36. https://web.archive.org/web/20110527201551/https://wikileaks.org/reldate/2011-05-12_0.html
  37. https://wikileaks.org/plusd/cables/10SHANGHAI18_a.html
  38. https://wikileaks.org/tpp-enviro/pressrelease.html
  39. https://wikileaks.org/tpp-enviro/pressrelease.html
  40. https://wikileaks.org/tpp-enviro/#trade_and_climate
  41. https://web.archive.org/web/20140117080326/https://wikileaks.org/tppa-environment-chapter.html
  42. https://defenders.org/newsroom/trans-pacific-partnership-falls-short-wildlife
  43. https://truthout.org/articles/wikileaks-on-the-trans-pacific-partnership-environment-chapter-toothless-public-relations-exercise/
  44. https://web.archive.org/web/20140117080326/https://wikileaks.org/tppa-environment-chapter.html
  45. https://www.international.gc.ca/trade-commerce/trade-agreements-accords-commerciaux/agr-acc/cptpp-ptpgp/final_ea-ee_finale.aspx?lang=eng
  46. https://www.citizen.org/article/ttip/
  47. https://wikileaks.org/ttip/
  48. https://www.tjm.org.uk/trade-deals/trade-in-services-agreement
  49. https://wikileaks.org/tisa/releases/
  50. https://www.tjm.org.uk/trade-deals/trade-in-services-agreement
  51. https://wikileaks.org/tisa/analysis/Analysis-of-201412_Annex-on-Environmental-Services/
  52. https://wikileaks.org/tisa/analysis/Analysis-of-201412_Annex-on-Energy-Related-Services-Proposal-QA/page-10/#pagination
  53. https://wikileaks.org/tisa/analysis/Analysis-of-201412_Annex-on-Energy-Related-Services-Proposal-QA/Analysis-of-201412_Annex-on-Energy-Related-Services-Proposal-QA.pdf
  54. https://wikileaks.org/plusd/cables/06BASRAH107_a.html
  55. https://thebulletin.org/2020/07/war-and-the-environment/
  56. https://ewb-iq.com/depleted-uranium/
  57. https://wikileaks.org/car-mining/index.html
  58. https://wikileaks.org/car-mining/index.html#areva
  59. https://wikileaks.org/car-mining/index.html#bonus
  60. https://wikileaks.org/car-mining/index.html#wsa
  61. https://wikileaks.org/wiki/Minton_report:_Trafigura_toxic_dumping_along_the_Ivory_Coast_broke_EU_regulations,_14_Sep_2006
  62. https://wikileaks.org/wiki/Minton_report_secret_injunction_gagging_The_Guardian_on_Trafigura,_11_Sep_2009
  63. https://www.theguardian.com/media/2009/oct/12/guardian-gagged-from-reporting-parliament
  64. https://www.theguardian.com/world/2009/oct/17/trafigura-minton-report-revealed

Mudança da hora: Era para acabar mas continua e as opiniões dividem-se. O que dizem os argumentos contra e a favor

Este fim de semana voltámos a mexer nos relógios para os atrasar 60 minutos e voltar a hora de inverno. Estes são os argumentos para mudar (ou não) a hora

Foi esta madrugada que voltámos a mexer nos relógios, mas desta vez para ganhar uma hora de sono. Na madrugada de sábado, 30, para domingo, 31, em Portugal Continental e na Madeira, quando eram 2h00 da manhã, os ponteiros recuaram 60 minutos. Já nos Açores o mesmo sucedeu à 1h00, voltando à meia-noite.

Ao contrário do que aconteceu a 27 de março, quando Portugal entrou no horário de verão – o horário que mais questões levanta, dividindo as opiniões dos especialistas e também dentro da União Europeia (UE) – e todos ficámos com menos uma hora de sono nessa noite, desta vez, e como acontece todos os anos, com a chegada do horário de inverno, “ganhámos” essa hora.

O horário de verão foi implementado na Alemanha, a 30 de abril de 1916. Esta foi a primeira vez que os relógios foram adiantados e o objetivo era poupar energia. Estando o Velho Continente em plena I Guerra Mundial, poupar na iluminação artificial e economizar combustível para depois ser usado no esforço bélico era essencial. Muitos foram os países que seguiram o exemplo da Alemanha, como Portugal que o fez ainda em 1916. Muitas oscilações se deram ao longo dos anos, levando os vários países da UE a alternar entre mudar e não mudar a hora. No entanto, esta tornou-se definitiva em 2001, com a implementação da diretiva 200/84/EC na UE, que faz com que todos os estados-membros sejam obrigados a mudar a hora duas vezes por ano.

Se em tempos de guerra a mudança era consensual, passado mais de um século o mesmo não se verifica. Estados-membros, como a Finlândia e a Lituânia, têm vindo a manifestar o seu desagrado com esta prática e este descontentamento ganhou amplitude em 2018, quando a Comissão Europeia (CE) revelou os resultados de um inquérito online em que a maioria dos participantes mostrava querer acabar com a mudança horária. Este foi um dos estudos de opinião com maior participação realizados pela CE, com um total de 4,6 milhões de respostas. Cerca de 84% eram a favor do fim da mudança, com 76% considerando-a “negativa” ou “muito negativa”. É importante notar, no entanto, que a União Europeia tem cerca de 450 milhões de cidadãos, sendo que este inquérito também não tem uma distribuição igual entre todos os estados-membros. Em Portugal, por exemplo, a participação foi de apenas 0,33 por cento.

O caso seguiu para o Parlamento Europeu (PE), onde em 2019, foi aprovado o fim da mudança bianual da hora. A decisão teve 410 votos a favor de abolir, 192 contra e 51 abstenções. Esta decisão foi, então, adiada para 2021, ano em que os países deveriam fazer a última mudança da hora, decidindo se ficavam com o horário de verão ou de inverno. Os países deveriam avisar, até 1 de abril de 2020, qual seria o horário com que iriam ficar. Mas, então, o que aconteceu? “Devido à pandemia a CE ainda não tomou a decisão sobre esse assunto e não há nenhuma informação de quando será tomada”, explica à VISÃO Suzana Ferreira, astrónoma do Observatório Astronómico de Lisboa.

Em Portugal, o primeiro-ministro, António Costa, manifestou, ainda em 2018, a intenção de manter o atual regime bi-horário. No entanto, como afirma a astrónoma, quando for tomada a decisão na UE “todos os países têm de fazer igual”. Assim, mesmo não querendo, se for essa a decisão da CE, teremos de escolher com que fuso horário ficamos. “Portugal pode escolher se fica com a hora de inverno ou se fica com a de verão. Mas pode nem chegar a esse ponto” explica Suzana Ferreira. Depende, então, se a decisão da CE irá, ou não, avançar.

Argumentos para continuar (ou não) a mudar a hora

O argumento de António Costa baseia-se no relatório do Observatório Astronómico de Lisboa realizado em 2018, pelo seu diretor na altura, Rui Jorge Agostinho, onde se defende a posição de “aproveitar a luz solar ao máximo”. “Na nossa posição a nível geográfico faz sentido haver mudança da hora, enquanto que outros países, mais a norte, como têm dias muito pequeninos ou muito grandes, não faz sentido” acrescenta Suzana Ferreira, explicando que o principal problema de não mudar a hora seria desperdiçar a luz solar, uma vez que, no verão, o sol nasceria por volta das 5h da manhã, não sendo aproveitado pelas pessoas por ainda estarem a dormir. Já no inverno, só nasceria às 9h, o que nos faria ir para o trabalho e para a escola de noite. “A população iria começar o horário de trabalho ainda de noite e isso é mau para o nosso organismo. Nós acordamos com a claridade do sol e naquele caso ainda estaríamos um bocado dormentes”, explica.

Já o principal argumento de quem defende, em Portugal, que se deveria acabar com esta mudança tem a ver com a alteração dos ritmos biológicos e do sono. Miguel Meira Cruz, diretor clínico do Centro Europeu do Sono e autor de um estudo sobre a temática, afirmou, em 2019, à Lusa, que não fazia sentido continuar com a mudança da hora, considerando que mudar a hora duas vezes por ano pode ser “bastante nocivo sobretudo para alguns grupos populacionais”, como é o caso de pessoas vulneráveis em relação ao sono, pessoas imunodeprimidas ou pessoas mais velhas. “A agressão maior não é exatamente nós mudarmos a hora, porque adaptar-nos-íamos, uns mais depressa e outros menos depressa. A questão é que duas vezes por ano ora andamos para a frente, ora andamos para trás, e exigimos que os nossos genes, que são coisas que demoram muitos, muitos anos a adaptar, se adaptem imediatamente. E isso não acontece”, explicou. Já em 2020 afirmou que devido ao confinamento este impacto nocivo pode ainda ser mais problemático.

Para saber mais

Música do BioTerra: Drugstore feat. Thom Yorke - El President


[It came from the skies
It burst through the gates
With no mercy or disguise
With their hearts set out in flames
I know I've seen the master plan]

Well I'm just a man
[I am just a man]
I'm not giving in
All the people understand
Cos they all fell down and prayed
I know, I've seen the master plan

They've killed the president
They've killed the president

[It came from the skies] It came from the skies [In all shades of green We can always justify You can measure up your dreams I know I've seen the master plan] They've killed the president
I'm just a man...

sábado, 30 de outubro de 2021

Efeitos das alterações climáticas nos incêndios são cada vez mais evidentes



O Centro Comum de Investigação (JRC) da Comissão Europeia disse este sábado que os efeitos das alterações climáticas são "cada vez mais evidentes", alertando para a época de incêndios deste ano ser pior do que a do ano passado.

"Os efeitos das alterações climáticas são, também, cada vez mais evidentes; verifica-se uma tendência crescente, claramente observável, de aumento dos riscos de incêndio, épocas de incêndio mais longas e intensos 'megaincêndios' que se propagam rapidamente e relativamente aos quais os meios tradicionais de combate a incêndios pouco podem fazer", lê-se na nota de imprensa sobre o relatório dos incêndios, divulgada nas vésperas da reunião da COP26, que decorre a partir de segunda-feira em Glasgow.

"Após 2019, o pior ano jamais registado, os incêndios voltaram, em 2020, a queimar vastas áreas de terreno natural na Europa", tendo ardido 340 mil hectares, o que representa uma área 30% superior à do Luxemburgo, aponta Bruxelas.

Este ano, alerta-se, "a época de incêndios está a ser ainda pior", com uma área ardida de quase 500 mil hectares, estando 61% desta área em florestas.

No final de junho, altura que, tradicionalmente, marca o início da época de incêndios, tinham já ardido cerca de 130 mil hectares, que não afetam apenas os países meridionais, alerta o JRC.

"Os incêndios já não afetam apenas os Estados meridionais, mas constituem agora uma ameaça crescente também para a Europa Central e Setentrional", afirma o comunicado, que diz que nove em cada dez incêndios são de origem humana.

"O primeiro semestre de 2020 caracterizou-se por um elevado número de incêndios florestais; os incêndios eclodiram, no inverno, no delta do Danúbio e nos Pirenéus e, na primavera, principalmente na região dos Balcãs, e, durante o verão e o outono, os países mais afetados foram os mediterrânicos, especificamente Espanha e Portugal, que registaram os maiores incêndios de 2020 na UE", diz o documento.

Para a comissária da Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude e responsável pelo JRC, Mariya Gabriel, "as alterações climáticas estão a agravar os riscos e a magnitude dos incêndios florestais em todo o mundo".

Também citado no comunicado, o comissário responsável pela Gestão de Crises, Janez Lenarcic, afirmou que "os incêndios florestais apresentam um elevado risco de catástrofe tanto na Europa como no resto do mundo", e acrescentou que "as alterações climáticas estão também a prolongar a época dos incêndios florestais por vários meses, o que aumenta as probabilidades de as comunidades da Europa terem, no futuro, de afrontar ainda mais incêndios florestais".

Os relatórios do JRC sobre incêndios florestais na Europa, no Médio Oriente e no Norte de África oferecem uma vasta panorâmica da situação deste tipo de incêndios, e a publicação relativa a 2020, hoje divulgada, inclui a análise de 33 países.

Veja também

Projeto Life Maronesa Quer Combater as Alterações Climáticas e Prevenir Fogos



Um projeto-piloto implementado numa exploração de vacas maronesas, em Vila Pouca de Aguiar, quer ajudar a combater as alterações climáticas, reduzir o risco de incêndio, quantificar a produção de biomassa nas pastagens e os efeitos do pastoreio.

O projeto Life Maronesa tem um financiamento de cerca de dois milhões de euros, comparticipado em 55% pela União Europeia, e estende-se até 2025.

“Aqui, na área do Casal da Bouça, nós adquirimos experiência com estas práticas mais sustentáveis e que estão, de forma natural, mais adaptadas ao impacto das alterações climáticas”, afirmou à agência Lusa Juliana Salvação, da associação florestal Aguiarfloresta, coordenadora do projeto.

A gestora do projeto destacou ainda o contributo do pastoreio para a redução do risco de incêndio florestal e a importância de replicar as “boas práticas” em outros baldios que fazem parte do Life, em Mondim de Basto, Ribeira de Pena e Vila Real, concelhos que são “solar” da raça autóctone maronesa.

No Casal da Bouça, na aldeia de Souto, em Vila Pouca de Aguiar, o produtor António Moutinho tem 130 vacas e novilhas em regime extensivo, ou seja, os animais andam a maior parte do tempo ao ar livre entre a serra do Alvão e os lameiros.

Esta exploração transformou-se numa “área de demonstração”. Ali foi construída, há já uma década, uma manga de maneio dos animais que é considerada única na região e “anti-stress” para as vacas e, nos lameiros e na montanha, foram colocados cercados e gaiolas de exclusão (de monitorização da herbivoria).

Também ali está a ser quantificada, pela primeira vez, a biomassa consumida pelas vacas, por dia, o que permitirá, também, apurar o rendimento do animal, por dia, em serviços de ecossistema, ou seja, os benefícios desta raça para o ambiente.

Trata-se, segundo o investigador Carlos Aguiar, do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), de “um ensaio fatorial” onde foram introduzidas variáveis: num cercado não há pastoreio, em outro corta-se o feno e num outro corta-se o feno e há pastoreio.

“E nós vamos ver o que acontece à flora e à produtividade”, referiu.

Com este estudo pretende-se recolher dados científicos e números que, segundo o responsável, “nunca foram quantificados”.

“No final vamos ficar a saber quantos quilos de biomassa produz um lameiro, mas também quantos quilos consome uma vaca”, salientou.

Carlos Aguiar explicou que o Life Maronesa “tem várias frentes”, desde a recuperação da fertilidade das terras nos lameiros, através da aplicação de calcário magnesiano, medida que classificou como importante porque a “produção de feno e de pasto condiciona o número e animais” que os criadores podem ter.

Outra frente é a recuperação dos solos nas montanhas, devastadas pelos incêndios de grande severidade, apostando nos fogos controlados, de baixa densidade, associados à herbivoria, ou seja, à ingestão das plantas por parte dos animais.

Carlos Aguiar referiu que “as vacas podem trazer atrás de si mais animais e mais plantas”.

“O discurso que liga a criação de gado à libertação de metano e a carbono na atmosfera, ao aquecimento global, aqui não, é ao contrário”, salientou.

Por sua vez, o produtor António Moutinho explicou a manga de maneio, construída pelo próprio, que foi inspirada num modelo americano e que visa o bem-estar dos animais.

Ao longo de um cercado com três círculos os animais são conduzidos para uma espécie de tronco, onde entram individualmente e são manuseados “sem entrarem em stress”, o que facilita as intervenções veterinárias, de sanidade e o seu transporte.

“O projeto tenta replicar o que estamos a fazer nesta exploração para outros criadores no sentido de introduzir alguma inovação para tornar as explorações mais sustentáveis ambiental, económica e socialmente”, salientou António Moutinho.

Para levar visitantes ou técnicos ao terreno foi criado o percurso do Pastoreio Sustentável e da Gestão da Paisagem Clima +, onde ao longo de 13 quilómetros foram espalhados 32 painéis, entre o Casal da Bouça até à Serra do Alvão, que descrevem as várias etapas e iniciativas do projeto.

Os mentores do projeto acreditam que o incremento do consumo e do preço da carne de raças autóctones de montanha, criadas em extensivo, traduz-se em fogos de menor intensidade, mais carbono sequestrado no solo, maior diversidade de espécies e ecossistemas, ganhos de bem-estar animal e em rendimentos acrescidos dos criadores de gado.

“O número de animais e de produtores tem vindo a diminuir e é importante valorizar estas atividade enquanto motor de desenvolvimento rural e social e cativar novos pastores e produtores e gado para a região”, afirmou Juliana Salvação.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

"As alterações climáticas vão atuar como um multiplicador de ameaças"

Serge Stroobants é o diretor para a Europa, Médio Oriente e Norte de África do Instituto de Economia e Paz, conhecido pelo seu Global Peace Index, e apresenta hoje em Lisboa o Relatório de Ameaças Ecológicas. Ao DN, por email, falou do aquecimento global e do aumento da violência no mundo.

                               

Normalmente quando pensamos em aquecimento global ou alterações climáticas não pensamos em conflitos ou guerra. Qual é a ligação entre os dois conceitos?
O Relatório de Ameaças Ecológicas [ETR, na sigla em inglês] mostra que estas e as alterações climáticas representam sérias ameaças ao desenvolvimento global e à paz. Os efeitos adversos vão afetar de forma desproporcional os países mais pobres e mais vulneráveis do mundo e criar pressões indiretas nos países vizinhos através do movimento em massa de pessoas e extração de recursos. Construir resiliência às ameaças ecológicas será cada vez mais importante e irá requerer já hoje um investimento substancial. Muitas ameaças ecológicas existem independentemente das alterações climáticas. Contudo, estas têm um efeito amplificador, causando mais degradação ecológica e empurrando alguns países para pontos de inflexão violentos. Olhando para o futuro, as alterações climáticas vão atuar como um multiplicador de ameaças, exacerbando potencialmente a concorrência e tensões entre os países com menos recursos e resiliência.

E que países são esses?
O relatório identificou 30 países que são hotspots [pontos quentes], sendo que 28 desses 30 estão também na metade inferior do Global Peace Index [GPI] do Instituto de Economia e Paz. Onze dos 15 países com maior impacto ecológico estão já em conflito e os outros quatro países estão a cair na armadilha da violência e estão à beira desse conflito. Os recursos vão continuar a esgotar-se e a luta para aceder e eventualmente gerir esses recursos vai continuar a intensificar-se. Por exemplo, notámos um aumento de 270% nas disputas relacionadas com água na última década, concentradas em países como o Iraque ou o Iémen, mas também vimos um aumento forte (250%) da violência para resolver essas disputas. Esta é uma tendência que irá continuar. Estes são os ciclos viciosos que o relatório
 menciona.

É importante a Administração de Joe Biden ter vindo dizer que as alterações climáticas representam uma ameaça crescente à segurança nacional dos EUA?
É importante porque sublinha a relação entre as ameaças ecológicas e a segurança. Chama a atenção para a luta por recursos e os seus efeitos nas migrações. Como disse, o relatório identificou 30 hotspots, países onde o impacto das ameaças é maior e a resiliência é menor. Estes países são a casa de 1,26 mil milhões de pessoas, que enfrentam o risco potencial de deslocamento. Ao todo, 3,3 mil milhões de pessoas vivem hoje em 47 países que enfrentam riscos ecológicos elevados ou extremos, sendo que o número irá aumentar 2% até 2050, quando 4,7 mil milhões de pessoas ou 48,7% da população mundial viverá nesses países. O relatório refere ainda que a evolução demográfica será mais forte nos países mais afetados ou onde a ameaça é maior, que são também países com níveis baixos ou muito baixos de paz.

Quais são as ameaças para Portugal?
Portugal tem uma pontuação de 1 no índice, o que revela uma ameaça muito baixa. Está em 28.º de 178 países, mas esta é uma classificação relativa. O maior risco prende-se com o indicador da água e das anomalias de temperatura. Mas Portugal é um país europeu e, como a maioria dos países da União Europeia, está exposto a um número reduzido de ameaças e desenvolveu altos níveis de resiliência. Daí o ranking muito bom. Os países onde a resiliência é alta não têm pontuações más, porque têm a adaptabilidade para tomar os passos necessários para evitar ou mitigar as ameaças.

Falou no GPI, pelo qual o instituto é mais conhecido. Este é o segundo relatório sobre ameaças ecológicas. Porque é que decidiram abordar este tema e qual é a correlação entre os dois relatórios?
Foi simplesmente por causa da forte relação entre a degradação ecológica e os conflitos. O instituto tem como objetivo uma mudança de paradigma de forma a que o mundo pense na paz, usando investigação baseada em dados para mostrar que a paz é uma medida positiva, tangível e alcançável do bem-estar humano e desenvolvimento. Fazemos isto desenvolvendo índices globais e nacionais, calculando os custos económicos da violência, analisando o risco dos países e as fragilidades e compreendendo a Paz Positiva. Ao todo, 19 dos 20 países com a maior pontuação no ETR estão entre os cem países menos pacíficos medidos pelo GPI. Estes países incluem o Afeganistão, o Iémen, a Somália, o Níger, o Burkina Faso e o Paquistão. À medida que a paz se deteriora, o nível do ETR tende a piorar. Como resultado, os países com alto ou muito alto índice de paz tendem a ter um ETR melhor do que os países com níveis de paz médios, baixos ou muito baixos.

Angola e Moçambique, dois dos membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, estão entre aqueles com o ETR mais elevado. Porquê?
As previsões apontam para que ambos dupliquem a sua população até 2050. No caso de Angola terá o segundo maior crescimento populacional a nível mundial. Ambos também têm alguns dos níveis mais elevados de malnutrição e insegurança alimentar. A relação entre a paz e a insegurança alimentar, a falta de água e o crescimento populacional é complexa. Mudanças adversas no ambiente natural podem levar ao aumento das tensões sociais e à agitação civil se as sociedades não tiverem os níveis necessários de resiliência para lidar com estas ameaças. Da mesma maneira, o conflito e o crescimento populacional descontrolado têm impactos bem documentados no ambiente. Estas duas dinâmicas - de aumento da escassez de recursos e conflito - podem criar um ciclo vicioso onde uma aumenta a possibilidade da outra, levando a sociedades falhadas.

O vosso relatório não mostra apenas o cenário negro, também oferece recomendações para tentar quebrar este ciclo. O que pode ser feito para impedir que a situação piore?
Em 2020, o instituto organizou uma série de seis seminários com 60 peritos de governos, think tanks, instituições militares e organizações de desenvolvimento para explorar opções políticas com base no relatório do ano passado. A principal contribuição desse relatório foi a identificação e análise do ciclo vicioso que existe entre os conflitos violentos e a degradação dos recursos. Países que sofrem a pior degradação ecológica também tendem a ser alguns dos mais violentos. Uma mensagem recorrente dos seminários foi que é pouco provável que a comunidade internacional consiga reverter os ciclos viciosos em algumas partes do mundo. É o caso em particular no Sahel ou no Corno de África, com os seus elevados níveis de degradação de recursos, crescimento populacional e correntes conflitos.
A recente queda do Afeganistão para os talibãs pôs em destaque a incapacidade de as grandes democracias ocidentais implementarem uma agenda de desenvolvimento para o país. O estudo da Universidade de Brown sobre os custos da guerra diz que o governo norte-americano gastou 2,261 biliões de dólares na guerra do Afeganistão. Isso não inclui os gastos das forças da coligação ou os gastos norte-americanos no vizinho Paquistão. Ou seja, o custo per capita da guerra é mais do que cem vezes o rendimento anual per capita do Afeganistão e dado que o estudo foi conservador, o verdadeiro custo pode ser muito maior. O exemplo afegão demonstra que o modelo para os programas de desenvolvimento e de construção de resiliência precisa de ser revisto para desenvolver um alinhamento mais próximo às necessidades das comunidades locais. Os desafios sistémicos requerem análises sistémicas que levam a soluções sistémicas. Aconselhamos o agilizar da revisão dos esforços de desenvolvimento com uma abordagem internacional compreensiva e concertada. Enfrentar a degradação ecológica reforçada pelas alterações climáticas está na casa dos mil milhões agora, mas irá ser de biliões nos próximos anos. Só os conflitos custam 600 mil milhões por ano, isto irá aumentar gradualmente até aos biliões se não for tratado de forma adequada e sistemática. O custo total da violência é estimado em 14,5 biliões. Imagine quanto dinheiro poderia ser redirecionado para a ajuda ao desenvolvimento e climática se mudássemos o paradigma existente! Apenas um ou dois por cento, sendo que 1% já representa o equivalente ao orçamento para a ajuda global ao desenvolvimento.

O que espera ver dos líderes mundiais na cimeira do clima em Glasgow (COP26) que começa no domingo? Acha que haverá algum avanço?
Eles precisam de concordar num investimento mais considerável do que o que está a ser feito hoje para responder a muitos dos temas e quebrar o ciclo vicioso de degradação ecológica e violência que muitos países sofrem e vão continuar a sofrer. O que devíamos esperar dos nossos líderes era uma mudança de paradigma e a concentração na natureza sistémica dos problemas em causa.