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sábado, 31 de julho de 2021
Quercus critica "tiro da 'bazuca'" com barragem no Alto Alentejo
Documentário: Os Homens Sem Sono
10 factos sobre vegetarianos que afinal são mitos
sexta-feira, 30 de julho de 2021
Esteva, Uma Planta Contra As Picadas De Insetos
O perfume doce a madeira e terra da esteva, transporta-me sempre para paisagens mediterrânicas, para Sul, onde esta magnífica planta resiste ao calor do verão e impregna o ar quente com o seu doce aroma. O nome de “cistus” vem do grego que significa cesto, devido ao facto de os seus frutos serem cápsulas globosas com 7 a 10 compartimentos (caixas).
É quase impensável imaginar a paisagem mediterrânica sem esteva. De facto, cresce em matas densas do centro ao sul do País. Mas também nas zonas quentes do interior das Beiras, Douro e Trás-os-Montes, em solos ácidos não calcários, de xisto, granito e quartzo.
É um arbusto perene de crescimento muito rápido que pode chegar a atingir 3 metros de altura. Muito resistente à seca e ao vento, mesmo ao vento marítimo, pode encontrar-se até nas areias da praia ou nos intervalos das rochas. Cresce também em altitude até cerca de 1000 metros acima do nível do mar.
A esteva é um bom indicador biológico da degradação dos solos devido, por exemplo, ao excesso de pastoreio ou à ocorrência contínua de incêndios, sendo esta uma das primeiras plantas a surgir ocupando o espaço onde outrora cresciam azinheiras. Antigamente obtinha-se carvão, nalgumas zonas do País, a partir da raíz da esteva que é extremamente dura e lenhosa.
Xara
A esteva (Cistus ladanifer) é facilmente hibridada, existindo cerca de 8 géneros e 160 espécies. É também conhecida por Xara e dispensa grandes descrições. Tem caules e folhas muito pegajosas que se agarram à roupa e à pele. Esta característica pegajosa deve-se à alta concentração de um constituinte resinoso chamado lábdano ou ládano. Esta resina serve também para a planta se defender dos climas agrestes e secos onde se instala, as suas flores são muito vistosas, de 7 a 10 cm, de pedúnculos curtos, brancas (variedade ladanifer) ou com uma mancha escura na base de cada uma das cinco pétalas (variedade maculatus), sépalas caducas; fruto, cápsula tomentosa com 7 a 10 lóculos.
Existem ainda flores de cor rosa, púrpura (Cistus crispus L.), também conhecida por roselha, o estevão ou lada (Cistus populifolus L.), que está presente em muitas serras e matagais do País e apresenta grandes flores rosadas. Todas as espécies afins são produtoras de lábdano. As flores individuais duram apenas um dia, existindo no entanto uma grande sucessão e são muito atraentes para as abelhas e outros insectos polinizadores.
Constituintes
Lábdano: composição complexa, pois depende do tipo de solvente utilizado, mas onde existe um grande número de resinóides de elevado peso molecular, óleo essencial (cerca de 1%), ácidos aromáticos, triterpenóides, taninos e mucilagens. O óleo essencial contém compostos monoterpénicos e sesquiterpénicos.
Propriedades
As propriedades medicinais da esteva não estão ainda muito investigadas mas sabe-se que é anti-séptico, antibacteriano e anti-viral, sendo utilizada externamente para lavar e desinfectar feridas e aliviar picadas de insectos. Nas utilizações populares é utilizada contra a queda do cabelo. O óleo essencial extraído é utilizado em aromoterapia para combater o stress ou, diluído num óleo base, para massajar a pele contra as rugas agindo como regenerador dos tecidos e combatendo doenças de pele e ainda alguns distúrbios linfáticos. Acredita-se ainda que tem propriedades sedativas. É também utilizada na tinturaria para obter o tom verde-acastanhado.
No jardim
São muito apreciadas em jardins como plantas ornamentais devido não só à sua beleza e aroma, mas também à sua robustez e capacidade de sobrevivência em solos pobres e sem rega. No entanto não reage bem ao corte dos ramos, sobretudo as plantas mais velhas que poderão morrer. As plantas jovens, no entanto, resistem muito bem a uma espécie de ceifa e rebentam no ano seguinte ou no outro com mais vigor, sendo aliás esse o método que se utiliza para colher a planta para a extracção dos óleos essenciais, que é feita por destilação a vapor. Existem já no nosso País alguns produtores de esteva para a extracção do óleo essencial muito apreciado na perfumaria como fixante de aromas.
Quatro peritos mostram como a agricultura pode ajudar ou destruir a biodiversidade
Falta pouco para entrar em consulta pública no nosso país o Plano Estratégico para a Política Agrícola Comum (PEPAC) para o período de 2023-2027. Quatro peritos falam de como a agricultura pode ajudar ou prejudicar a natureza.
WILDER: Quais os maiores impactos negativos da agricultura na biodiversidade em Portugal?
Maria Amélia Martins-Loução (SPECO): O maior impacto é a extensão, a massificação de culturas todas iguais (clones, sem variabilidade genética) e o tipo de exploração, intensivo, à base de rega e de nutrientes. As culturas, por si, não são gravosas. A principal questão tem a ver com a extensão das explorações e o modo como são exploradas como culturas únicas: o olival, o amendoal, daqui a pouco o nogueiral, mesmo a vinha, como culturas contínuas.
Domingos Leitão (SPEA): Os ecossistemas terrestres mediterrânicos beneficiam com um certo grau de intervenção humana. Por isso, muitos sistemas agro-pastoris ditos tradicionais albergam mais espécies de fauna e flora do que os sistemas naturais originais. O problema é quando o grau de intervenção humana aumenta para aquilo que se chama o uso intensivo e as estruturas naturais desaparecem completamente. A intensificação da agricultura é responsável por uma simplificação da paisagem, devido ao aumento do tamanho da parcela agrícola, à predominância de um único tipo de cultivo (monocultura) e ao desaparecimento ou redução drástica de estruturas “não produtivas” (bosques, bosquetes, sebes e linhas de árvores, margens naturais de ribeiras e linhas de água, charcas e outras zonas alagadas, e áreas rochosas ou pedregosas). Uma paisagem mais simples não possui os nichos de habitat suficientes para albergar muitas das espécies rurais mais especializadas, ficando apenas as poucas espécies generalistas. Adicionalmente, a intensificação agrícola acarreta também uma mobilização do solo mais frequente, uma utilização maior de fitofármacos e em muitos casos a cobertura com plástico, destruindo a biodiversidade do solo e o que restava da biodiversidade da vegetação.
Num primeiro plano, os cultivos mais graves neste momento são a intensificação associada ao regadio, que possibilita monoculturas intensivas de olival, amendoal, abacate, hortícolas e frutícolas, por vezes com estufas e outros processos extremamente artificiais que provocam a obliteração total da biodiversidade natural de vastas áreas do território. Num segundo plano, algumas formas de cultivo tradicionais, numa tentativa de competir com o intensivo aumentam o uso de fitofármacos e o uso do espaço levando a problemas adicionais em larga escala. Um exemplo é o aumento da densidade de animais nas explorações bovinas, levando frequentemente ao sobre pastoreio e à destruição dos habitats.
A agravar ainda mais o cenário de falta de espaço e artificialização do uso do solo, temos um aumento das mega-centrais fotovoltaicas.
Eduardo Santos (LPN): Alguns dos maiores impactos da agricultura sobre a biodiversidade estão relacionados com as mudanças nos usos do solo e com a degradação de habitats de espécies protegidas e/ou dos recursos naturais de que as mesmas dependem (como seja da quantidade e qualidade da água). Em particular é a intensificação agrícola e a adopção de práticas insustentáveis ou desadaptadas às nossas condições naturais que causam este tipo de problemas. Nesse sentido é a expansão descontrolada do regadio/culturas intensivas (ex. culturas permanentes super-intensivas de olival, amendoal ou outros pomares intensivos e muito consumidores de água e de fertilizantes/fitofármacos), o sobre-encabeçamento pecuário, ou como recentemente se denunciou na Costa Sudoeste, a instalação desregrada e o rápido aumento da área de estufas/culturas cobertas.
Catarina Grilo (ANP-WWF): A questão da intensidade da agricultura é deveras preocupante e já tem implicações na qualidade de vida das populações que vivem perto destas culturas (há relatos recentes, incluindo em notícias), e mais cedo ou mais tarde terá também na saúde dos consumidores. Há culturas e modos de produção que são desadequadas para as condições edafo-climáticas (solo e clima) que temos: cultivar abacates, uma cultura tropical que precisa de muito calor (que temos) e muita água (que não temos) não faz sentido, e não é por acaso que os abacates não são originários de cá. Por muito eficiente que possa ser uma produção de abacates em termos de consumo de água, continuará sempre a consumir muita água que não temos. Os modos de produção intensivos também são desadequados para os nossos solos, maioritariamente pobres.
W: De que forma pode a agricultura fomentar a biodiversidade? Que exemplos concretos de medidas que os agricultores podem tomar?
Maria Amélia Martins-Loução: Deixando manchas biodiversas entre explorações, mantendo a variabilidade genética das cultivares como reduto, não limpando as entrelinhas, o que significa deixar mais espaço entre culturas para manter alguma biodiversidade. Claro que a parte económica também é importante, por isso o que é produtivo devia ser incentivado mas com regulação em termos de água e nutrientes. A agricultura consome mais de 70 % da água doce disponível, maioritariamente de rios e toalhas freáticas. Mas as alterações globais, a poluição e a sobreexploração irão afectar a quantidade e qualidade de água disponível.
O modo como o sistema responde depende da diversidade de organismos, abaixo e fora do solo, que desenvolvem diferentes funções complementares que operam como um todo. A diversidade do solo é uma componente ecológica responsável pela funcionalidade do ecossistema, que explica a capacidade competitiva das espécies, os padrões de co-ocorrência dessas espécies, o estabelecimento de comunidades, a estabilidade do sistema, a produtividade e o balanço dos nutrientes. A lição aqui é óbvia: se um sistema agrícola tiver diversidade funcional todo o sistema é mais produtivo, menos afecto a pragas e mais resiliente face a extremos climáticos. Trata-se de um modo de gestão agrícola que tem por base o conhecimento ecológico sobre a gestão dos ecossistemas naturais. O foco é aumentar a capacidade de armazenamento de carbono e recuperar solo.
Domingos Leitão: Ao nível das estruturas não produtivas da paisagem, os agricultores podem proteger bolsas de biodiversidade que existem nas suas explorações, mantendo as sebes e bosquetes, as galerias de vegetação arbustiva e arbórea nas margens das ribeiras e canais, e as charcas e áreas paludosas que possam ter nas margens dos campos. Manter o que existe não dá trabalho, nem tem custos adicionais. Mas também podem criar refúgios para a fauna e flora, com custos económicos mínimos, através da manutenção de faixas por lavrar de vegetação natural juntos às linhas de água, margens dos campos e cabeceiras rochosas, construção de montes de pedras e troncos (maroços), instalação de caixas-ninho e criação de charcas artificiais com vegetação palustre.
Ao nível da gestão agrícola, só com a diversificação de cultivos já favorecem a biodiversidade. Depois podem optar por implementar rotações de cultivos com pousios, por modos de produção extensivos, deixar restolhos por lavrar, reduzir a densidade de gado nas pastagens, entre muitas práticas que deviam ser apoiadas pela PAC e não são.
Eduardo Santos: Embora representem ainda a menor parte do investimento da PAC, existem já medidas/apoios agroambientais que promovem espécies e habitats naturais, que devem ser ampliados, melhorados e replicados. É o caso das medidas dirigidas às aves estepárias no âmbito do plano zonal de Castro Verde (com apoios para a rotação ceral/pousio, por exemplo), a medidas para o lobo-ibérico (que apoia produtores pecuários extensivos a prevenirem prejuízos causados por esta espécie), ou os pagamentos Natura (como medida de discriminação positiva para as explorações localizadas em Rede Natura 2000). A agricultura, silvopastorícia e produção florestal podem, e frequentemente são, um aliado fundamental na conservação da natureza, têm apenas de ser desenvolvidas de forma sustentável e conciliada com os valores naturais de cada local. Só assim teremos uma PAC e uma agricultura que sirva as pessoas, a economia e o ambiente.
Catarina Grilo: É preciso também trazer os representantes destes agricultores e gestores bem intencionados para a discussão e ter os seus contributos em conta. O atual PEPAC claramente não os teve. Mas a incorporação de medidas que incentivem a proteção da biodiversidade, um uso parcimonioso da água, a recuperação de solos degradados, a mitigação das alterações climáticas, etc., não se faz só com a participação dos representantes dos agricultores. As ONGA, as associações de consumidores, entidades da área da saúde e da conservação da natureza, associações de desenvolvimento local – todos são também partes interessadas e com conhecimento aprofundado para contribuir para que o PEPAC, e a agricultura nacional, possa fazer a transição para a sustentabilidade que tantos desejam.
W: Actualmente, quais os maiores obstáculos à criação de mais espaço para a natureza em terrenos agrícolas em Portugal, por parte de agricultores e gestores de terrenos bem intencionados?
Maria Amélia Martins-Loução: Julgo que hoje em dia há já novos agricultores sensíveis para estas questões. Mas a formação contínua, o apoio técnico-científico e supervisão são necessários. Há mesmo casos de sucesso onde se privilegia a biodiversidade entre linhas de culturas, em manchas laterais acessórias. Mas tudo isto devia ser incentivado e até premiado para que mais agricultores possam seguir estes exemplos. Diminuir a produção total, tendo por base assegurar uma diversidade funcional, tanto abaixo como acima do solo, com repercussões positivas para a sua resiliência pode e deve ser uma mais valia a ser incentivado até como minimização das alterações climáticas.
Domingos Leitão: Sem dúvida é a falta de informação e de incentivo económico para isso. Muitos agricultores implementam já práticas benéficas que não têm custos, mas muito poderia ser feito se houvesse exigência e incentivo para isso na PAC. A exigência com respeito à agricultura intensiva, mais destrutiva, que não deveria receber qualquer apoio da PAC se não implementasse as medidas básicas e efetivas de proteção do solo, água e biodiversidade. Incentivo para a agricultura extensiva, com práticas e variedades tradicionais, que deve ser apoiada pelos benefícios públicos que produz.
E depois temos os agricultores dentro da Rede Natura 2000, que têm que manter práticas agrícolas especiais, pouco produtivas e que o mercado não remunera, como a rotação com cereal de sequeiro nas ZPE (Zonas de Protecção Especial) estepárias no Alentejo, o barrocal no Algarve, os olivais em socalco no centro e Norte interior ou o pastoreio de percurso nas montanhas. Estes agricultores e criadores de gado têm de ser apoiados, porque precisamos do seu trabalho para manter paisagens e ecossistemas ameaçados. Se não o fizermos vamos perder as pessoas e o património natural que protegem. A verdade é que até agora não foram suficientemente apoiados. Dos mais de 4.000 milhões de euros que a PAC coloca em Portugal, o Ministério da Agricultura apenas retirou 1,2% (pouco mais de 50 milhões) para medidas de apoio à agricultura na Rede Natura 2000, que ocupa 20% do território. Tinha prometido mais, mas a meio do quadro de apoio desviou dinheiro da Rede Natura 2000 para mais regadios no Alentejo.
Com falsas políticas ambientais, medidas pouco exigentes e sem o investimento necessário não vamos conseguir proteger a rica biodiversidade dos meios rurais.
Eduardo Santos: Claramente, falta uma PAC que promova verdadeiramente esse objectivo, com incentivos adequados técnica e financeiramente e sem subsídios/apoios perversos que actuem em sentido contrário (como tem acontecido até agora). O Plano Estratégico nacional para a PAC tem a obrigação de promover este tipo de objectivos, gerando evidentes benefícios sociais e ambientais com o enorme investimento financeiro que esta política representa, e não perpetuando uma estratégia de produção agrícola insustentável e lesiva do interesse (da saúde) dos cidadãos e da natureza.
Ricardo Salgado, da Sardenha com amor
quinta-feira, 29 de julho de 2021
Take Home Messages in “Organic Farming Lessens Reliance on Pesticides and Promotes Public Health by Lowering Dietary Risks”
We are excited to share the release of this HHRA sponsored peer-reviewed paper. HHRA’s Executive Director Dr. Charles Benbrook is the lead author, click here to view the paper, and read on for a user-friendly summary of the findings.
Did you know there are pesticide residues in and on your food on a daily basis (unless you seek out and consume mostly organic food)? Pesticides include insecticides, herbicides, fungicides, fumigants, and plant growth regulators. These chemicals can be taken up by crops and some make their way to your kitchen table.
We have all heard the saying “you are what you eat.” Yet a question lingers largely unanswered — What are the chemicals in the food we eat doing to our bodies, our health, and the integrity of the human genome (i.e. the DNA in our genes)?
Cutting-edge research has begun to shed new and brighter light on the ways pesticide exposure can contribute to or cause adverse health outcomes. Pesticide exposures have been linked to multiple health problems including cancer, getting and staying pregnant, developmental delays in children, heritable genetic changes, altered gut health, neurological disorders like Parkinson’s disease, and other chronic health problems. Clearly, pesticides can adversely impact the brain and our neurological system, the human immune system, and our reproductive health.
Neurological impacts increase the risk of autism, ADHD, bad behavior, and can reduce IQ and hasten mental decline among the elderly. Anything that impairs the functioning of the immune system increases the risk of cancer, serious infections, and can worsen viral pandemics, as we have regretfully learned throughout the Covid-19 outbreak. Several pesticides have been shown to cause or contribute to infertility, spontaneous abortion, and a range of birth defects and metabolic problems in newborns and children as they grow up.