Para comemorar o Dia Internacional do Urso Polar, decidimos trazer alguns fatos e números sobre esses animais fascinantes e sobre como as mudanças climáticas estão afetando seu modo de vida. Também conversamos com pessoas envolvidas em ações pró-meio ambiente para falar da importância da sustentabilidade e saber como você pode dar o primeiro passo na diminuição do seu impacto ambiental.
O que é o Dia Internacional do Urso Polar e por que ele é importante?
O aquecimento do Ártico e o efeito devastador que isso tem sobre o gelo marinho são uma grande ameaça para os ursos polares. Com o objetivo de aumentar a conscientização sobre os problemas que os ursos estão enfrentando, o Dia Internacional do Urso Polar é comemorado em 27 de fevereiro de cada ano, uma data que coincide com a época do ano em que as mães ursas protegem seus filhotes recém-nascidos em uma toca construída na neve. Algumas semanas após esta data, os filhotes (que normalmente são gêmeos, aumentando a chance de sobrevivência até a idade adulta) sairão de sua toca com a mãe.
Fatos sobre os ursos polares
Os ursos polares são encontrados em cinco países do Ártico: Canadá, Groenlândia, Noruega, Rússia e os EUA, no Alasca. No entanto, eles são classificados internacionalmente como vulneráveis na escala de risco de extinção e seus números estão em declínio em pelo menos quatro das 19 subpopulações em que são divididos.
Como o maior carnívoro terrestre do mundo, esses enormes animais dependem da comida de alto teor calórico que obtêm da caça de focas barbadas e aneladas. Os ursos polares podem caminhar longas distâncias em busca de focas, mas como isso requer uma grande quantidade de energia, eles normalmente praticam a caça de emboscada. Sua técnica mais bem-sucedida envolve localizar o orifício de respiração de uma foca no gelo (eles conseguem cheirar suas presas a até um quilômetro de distância) e esperar que a foca venha à superfície. No entanto, não é uma caça rápida, pois as focas aneladas podem permanecer submersas por até 45 minutos e às vezes sopram bolhas pelo orifício de respiração para ver se há algum urso polar por perto - por isso, esse estilo de caça de emboscada pode envolver várias horas de espera e observação.
Esses animais são a única espécie de urso considerada um mamífero marinho. Apesar de passarem a maior parte do tempo fora da água, eles são totalmente adaptados para a natação e podem nadar por várias horas (ou até mesmo dias). Eles usam suas patas dianteiras como remos para tomar impulso, e mantêm as patas traseiras planas para que funcionem como um leme. Nadar longas distâncias consome muita energia, e pode ser difícil repô-la se o gelo não for adequado para a caça. Além disso, os ursos polares dependem do mar (e do gelo dele) não só para sua alimentação, mas também para viajar, acasalar, descansar e abrigar seus filhotes.
10 curiosidades sobre os ursos polares
Sua pele é preta e seus pelos são transparentes - eles parecem brancos porque os fios refletem a luz visível
Eles chegam a nadar a aproximadamente 10 quilômetros por hora - é uma velocidade parecida com a do nadador Michael Phelps, três vezes mais rápido do que um humano não-atleta
Menos de 2% das suas caças são bem-sucedidas
Existem cerca de 26.000 ursos polares na natureza, e eles são divididos em 19 subpopulações
Dessas 19 subpopulações, 4 estão em declínio, 5 estão estáveis e 2 estão aumentando. Ainda não há dados suficientes sobre as 8 restantes
Ursos polares machos têm o dobro do peso das fêmeas e podem pesar 600 quilos - ou o equivalente a 8 humanos adultos
Somado a seu peso, o fato de chegarem a ter até 3 metros de comprimento os torna os maiores carnívoros terrestres do mundo
Eles podem sentir o cheiro de focas a até um quilômetro de distância e sob uma camada de um metro de neve compactada
A maior ameaça à sua sobrevivência é a mudança climática, seguida pela extração de óleo e gás e por conflitos diretos com seres humanos
Com a palavra...
Todo mundo concorda que esses animais são muito fofos, certo? Então, que tal começar a a contribuir para um planeta mais sustentável? Conversamos com quem entende do assunto e pedimos dicas para fazermos a nossa parte. Veja o que eles disseram:
Suzana Camargo
Jornalista que aborda mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Editora do portal Conexão Planeta, assina com Mônica Nunes o blog Inspiração para a Ação
O que podemos fazer para diminuir nosso impacto ambiental?
Precisamos diminuir nossa pegada de carbono e para isso, é necessário rever a maneira como agimos e consumimos. Como sociedade, precisamos estar mais atentos a pequenas ações do dia a dia, como a redução a ingestão de carnes, dar preferência ao uso de transporte público ou modais menos poluentes (a bicicleta, por exemplo), diminuir o consumo de água e energia e ainda, implementar a prática da reciclagem e mesmo da compostagem, como norma. Já no caso de empresas e grandes corporações, elas têm obrigação de cumprirem seu papel social e ambiental e mostrarem suas ações de maneira completamente transparente. Não dá mais para aceitar que companhias vendam seus produtos comprados em áreas de desmatamento ilegal. É uma prática vergonhosa e deve ser denunciada.
Como podemos reagir diante de opiniões negacionistas sobre as mudanças climáticas?
Com evidências científicas, informações de fontes confiáveis e a verdade. E sempre com uma linguagem que possa ser compreendida por todos os setores da sociedade. A ignorância precisa ser combatida com clareza e jamais, com ataques.
Tasso Azevedo
Coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG) e do Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil (MapBiomas), é engenheiro florestal e colunista de O Globo e de Revista Época Negócios. Assina o Blog do Tasso Azevedo.
Que atitudes podem ser tomadas coletivamente para evitar o aquecimento global?
Zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa no planeta até meados do século. Isso inclui minimizar e eventualmente eliminar o uso de combustíveis fósseis, acabar com o desmatamento, eletrificar a economia com fontes renováveis de energia e reflorestar o planeta.
O que podemos fazer enquanto indivíduos para diminuir nosso impacto ambiental?
Andar mais, usar produtos e serviço que conhece a origem, evitar toda forma de desperdício, cuidar de todas as formas de vida, manter contato com a natureza e deixar sempre os ambientes por anda passa melhores do que encontrou.
João Soares
Biólogo, mestre em Ecologia e pesquisador do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto. Formador de opinião, mantém o blog BioTerra
O que é sustentabilidade e por que ela é tão importante?
Para mim respeitar os 17 objetivos do Milénio, descritos pela ONU. No entanto, sustentabilidade será sempre tudo o que possamos fazer para garantir o mesmo património da Natureza que recebemos e legá-lo às gerações vindouras.
O que podemos fazer para diminuir nosso impacto ambiental?
Muita coisa. Especialmente o plástico. Substituir no nosso quotidiano tudo o que seja de plástico em materiais naturais e biodegradáveis. Outra preocupação é apoiar os produtores biológicos. Um mundo sem pesticidas nem OGM. Finalmente as nossas casas: aumentar a eficiência energética.
Liga para a Protecção da Natureza
Organização Não Governamental de Ambiente (ONGA) com sede em Lisboa. Atua em projetos de Conservação da Natureza e do Ambiente, Investigação, Formação, Educação e Sensibilização Ambiental. Acesse o site
O que significa cidadania ambiental e como podemos aplicá-la?
Cidadania Ambiental é traduzida como o envolvimento e consciencialização dos cidadãos nas diversas questões ambientais, podendo esta ser efetuada de forma mais ativa ou passiva. As ações associadas à cidadania ambiental são todas aquelas que visam um maior conhecimento, participação e responsabilização da sociedade na proteção da natureza e do ambiente em geral, garantindo a sustentabilidade do planeta.
O que podemos fazer individualmente para diminuir nosso impacto ambiental?
Cada cidadão poderá contribuir para um planeta mais sustentável, garantindo que as suas escolhas e gestos diários são feitos de forma informada e responsável. Desde que acordamos até ao final do dia, são vários os desafios que nos levam a ser mais ou menos sustentáveis, partindo pelo consumo de água e energia usado em nossas casas, ao vestuários que usamos, à alimentação que temos, à forma como nos deslocamos e o que fazemos aos nossos resíduos. Cabe a cada um estar atento e informado sobre as opções que nos são colocadas à nossa disposição e ter o poder de optar pela mais sustentável e adequada à sua realidade.
Cláudio Angelo
Coordenador de Comunicação do Observatório do Clima, coalizão de organizações da sociedade civil brasileira para discutir mudanças climáticas. Acesse o site
Qual é o papel do Brasil na luta contra as mudanças climáticas?
O Brasil é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, dono da maior floresta tropical do mundo e com 25% da população vivendo no litoral. Somos ao mesmo tempo um vilão das mudanças climáticas e uma de suas grandes vítimas. Nosso papel deveria ser (e já foi no começo do século) o de líder nos países tropicais em redução de emissões por desmatamento e de líder em recuperação florestal para sequestrar carbono e no uso de energias limpas. Há espaço e vantagens econômicas para tudo isso. A gente não faz porque não quer.
O que podemos fazer, enquanto indivíduos, para diminuir nosso impacto ambiental?
Sinceramente, hoje em dia a ação mais eficiente que qualquer pessoa maior de 16 anos pode adotar é votar em políticos comprometidos com o combate à mudança do clima, para todas as esferas de governo. Grande parte dos problemas que vimos nos últimos dois anos no Brasil ocorrem porque temos governo federal e vários governos estaduais negacionistas das mudanças climáticas. Este é um tema central para a vida de todos, mas que não aparece nas plataformas eleitorais de quase ninguém.
António Nogueira Leite
Presidente da Sociedade Ponto Verde, entidade privada e sem fins lucrativos que promove a recolha selectiva, a retoma e a reciclagem de embalagens em Portugal. Acesse o site e o blog Recicla
Que atitudes podemos tomar para evitar o aquecimento global?
Nunca esquecer três ideias fundamentais: reduzir, reutilizar e reciclar. Só assim é que todos podem dar o seu contributo para o desenvolvimento de um planeta sustentável. A sustentabilidade é uma responsabilidade de todos e enfrentar o aquecimento global será um dos grandes desafios das próximas décadas. Todas as atividades humanas provocam a emissão de gases de efeito de estufa na atmosfera, que causam o aquecimento global e severas alterações no clima em todo o mundo. E os atuais padrões de produção e consumo têm piorado este fenómeno. Os governos dos vários países têm um papel fundamental na gestão deste problema, mas todas as pessoas, enquanto consumidores, podem fazer a sua parte evitando o consumo exagerado, o desperdício e a utilização excessiva de combustíveis fósseis, entre várias pequenas ações que podem fazer a diferença no dia-a-dia.
Qual é o papel da reciclagem na diminuição de nosso impacto ambiental?
A reciclagem evita que as embalagens sejam encaminhadas para aterros, reduzindo-se, assim, a necessidade de criar este tipo de espaços, que produzem uma grande quantidade de gases com efeito de estufa. Por outro lado, muitas vezes, os resíduos não são colocados nos locais corretos e pode resultar em diversos problemas para o ambiente, como contaminação da água, do solo e do ar.
Um dos problemas é o consumo de energia e materiais que são usados para fazer as embalagens e os produtos e que depois são colocados no lixo comum. A reciclagem, enquanto processo responsável por transformar resíduos em novos recursos e matérias primas, permite que exista a reinserção destes materiais na cadeia de consumo, reduzindo a quantidade que é descartada no ambiente.
É por isso que a SPV, junto com as empresas e os vários setores de atividade, procuram reduzir o impacto ambiental das embalagens. E isto pode ser feito desde tornar as embalagens mais fáceis de reciclar, à integração de material reaproveitado em novas embalagens até novas soluções de embalagens que permitem melhorar o ambiente.
Dalce Ricas
Superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), entidade de atuação eco política que luta contra tráfico de animais silvestres, desmatamento e incêndios. Acesse o site
Como o aquecimento global afeta não só as calotas polares, mas todo o planeta e a vida na Terra?
O aquecimento global, alicerçado e agravado a cada ano, mudou o ritmo dos processos da natureza afetando o ciclo da água, reprodução da fauna silvestre, microclimas, sobrevivência e crescimento de florestas e outros ecossistemas.
A espécie humana está num processo de suicídio pelo esgotamento dos recursos naturais e pela degradação ambiental. Provavelmente não será extinta. Os mais pobres, obviamente, continuarão morrendo por fome, doenças ou por guerras de disputa do que restar de recursos naturais. A tecnologia provavelmente ajudará os mais ricos, pelo menos por um tempo. Mas o futuro é sombrio. Digno de uma espécie capaz de descobertas maravilhosas, mas que não consegue imaginar o futuro.
O que podemos fazer para diminuir nosso impacto ambiental?
Diminuir a população do planeta, mudar hábitos e comportamentos, o que é quase impossível, pois além das amarras econômicas, geográficas, políticas e culturais a que estão sujeitas bilhões de pessoas, elas não querem mudar. Acostumaram-se à ilusão de que o desastre ambiental não as afetará ou simplesmente não acreditam ou não conseguem estabelecer relação de causa/efeito. Morrerão sem entender que fizeram parte de um suicídio coletivo. A única esperança é compromisso e ação dos poderosos. Mas eles também, em boa parte, se julgam imunes à degradação do planeta. E continuarão alheios, desperdiçando recursos naturais, até serem encurralados.
Susana Lucas
Criadora do blog SEIbySusana, que se transformou e hoje é uma plataforma online de informações envolvendo sustentabilidade, saúde, engenharia e inovação
Além disso, para marcar o Dia Internacional do Urso Polar, disponibilizamos gratuitamente alguns de nossos recursos feitos por professores - eles podem ser usados na sala de aula e em casa. Que tal ensinar educação ambiental para os pequenos?
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