A sua morte conhecida nesta terça-feira vai obrigar a uma releitura de tão vasta obra e recordar o que sempre disse em público de uma forma sedutora e sobre qualquer assunto do mundo, afinal a sua visão era grande e fundamentada pela história, filosofia e todos as ciências sociais, que o tornaram uma das principais figuras do pensamento português do século XX e XXI
Não escapa à sedução de participar na vida política nacional após a Revolução dos Cravos e, mesmo que em 1975 tivesse recusado o Ministério da Cultura ao ser convidado por Vítor Alves para o VI Governo Provisório, em 1980 apoia a candidatura do general Ramalho Eanes à Presidência da República, em 1985 a de Maria de Lourdes Pintasilgo à Presidência da República e a de Mário Soares na segunda volta das presidenciais. Com mais doze intelectuais, subscreve um documento apoiando a formação de um novo partido político, o PRD.
A exaustiva passagem por terras europeias iria moldar-lhe o pensamento, mesmo que o ano brasileiro tenha servido para estudar o passado colonial português através de uma séria produção de textos, mas Eduardo Lourenço nunca deixa de estar em Portugal nem de aqui regressar. Algumas dezenas de páginas entre as milhares que estão a ser reunidas em espessos volumes editados pela Gulbenkian mostram essa sua viagem filosófica, que lhe fez merecer vários prémios - Camões, Pessoa, Vasco Graça Moura, entre muitos outros -, mas principalmente a responsabilidade por uma busca do estatuto da identidade nacional e da vocação da Europa.
Uma viagem intelectual que é recordada numa placa da toponímia da sua terra natal, que confirma na parede da escola onde "aprendeu as primeiras letras" e deu os primeiros passos de um caminho para se tornar "figura cimeira da cultura e do pensamento português e europeu contemporâneos". Essa placa de mármore colocada em 1995 junto aos bancos da escola reflete em onze palavras apenas a sua dimensão, numa concisão que o filósofo nunca foi capaz de ter, pois a sua capacidade oratória era infindável e, ao mesmo tempo, muito sedutora para as plateias que o escutavam.
"Nunca fui leitor de um só livro", disse Eduardo Lourenço uma vez, daí que seja fácil aceitar o que em 1998 escreveu no Diário de Notícias sobre a sua própria produção investigatória realizada ao longo da vida: "Todos os meus livros são de circunstância, ou antes, são-me impostos." Acrescentava: "Cada um dos assuntos porque me interesso daria para ocupar várias pessoas durante toda a vida. Por isso, como não possuo vocação heteronímica, tenho procurado encontrar um nexo entre as minhas diversas abordagens da realidade. No fundo é a procura de um só tema. E, de facto, se virmos bem, o fio condutor do que venho fazendo, e procuro ainda fazer, é uma reflexão constante sobre o tempo. Ou melhor, a temporalidade."
No mesmo texto no jornal queixa-se do que é obrigado pelos seus amigos: "Já só escrevo de empreitada: fulano vai fazer uma conferência a tal parte, é preciso que eu escreva, eu escrevo. Senão não escrevia nada. Nunca teria nenhum destes textos. Nunca me quis servir dos autores. Hesitei durante muitos anos em escrever Pessoa Revisitado, nunca me quis servir de Fernando Pessoa para fins escolares. Podia ter feito uma tese, há imensas por aí que são apresentadas, curriculadas e tal. Mas nunca. É que a minha relação com Pessoa... Encontramos os autores com este sentimento de que fomos roubados, de que fomos já vividos, de que fomos consumidos anteriormente. Por conseguinte, experimentamos um sentimento de fascínio e, ao mesmo tempo, quase de terror diante de gente que nos parece tão parecida connosco por dentro, não é? E isso é inutilizável. É como se eu... Vem daí o próprio facto de eu não ser capaz de falar de mim. A minha maneira de falar de mim é falar através de Fernando Pessoa ou de outro autor com quem eu tenho afinidade. Na verdade, eu falo de mim em todos os textos. Tanto me faz que seja sobre política, literatura ou qualquer outra coisa."
Falar de si sem um olhar pretensioso, mas de análise do mundo em que vivia. Se se lhe perguntasse o que achava da guerra civil na Síria, Eduardo Lourenço regressava ao presente após a narrativa de milénios para encontrar o fio de ligação histórico. Se se lhe questionasse o terrorismo que aflige a França, Eduardo Lourenço explicava o caldo étnico que o fim das colónias criou e chegava até aos atentados do Bataclan. Não havia pergunta que calasse Eduardo Lourenço, nem quando o fim da Europa estava a ser anunciado há pouco anos, um dos temas dos continentes do mundo que mais o entusiasmava.
Crise de identidade nacional
A crise de identidade nacional era uma das suas preocupações e a polémica sobre a história da colonização portuguesa inquietava-o. Era claro: "Não sei porque é que neste momento parece haver uma necessidade de crucificar este velho país em função de uma intenção louvável, mas que ainda não redime aqueles que querem realmente a redenção, aqueles que foram objeto de uma pressão forte como o do nosso domínio enquanto colonizadores, de uma certa época. Já não podemos reparar nada, que essas coisas não têm reparação, mas podia ser [esta polémica] um gesto que se justificasse por uma espécie de maldade particular e única que nos afastasse da consideração de país civilizado, de um continente civilizado chamado Europa, mas não."
A irreverência em Eduardo Lourenço não surgia só através das palavras ou da sua atividade política habitual no pós-25 de Abril, também os títulos de alguns dos seus livros confirmavam essa apetência de um pensador que se manteve ativo ao longo de nove décadas. É o caso de As Saias de Elvira e Outros Ensaios em 2006, ou a tripla provocação logo após o derrube do anterior regime salazarista/caetanista com três títulos impensáveis se não fossem da autoria de alguém intocável: Os Militares e o Poder, em 1975; O Fascismo nunca Existiu, em 1976, e Situação Africana e Consciência Nacional, também de 1976.
Foi, no entanto, um título metafórico que o tornou verdadeiramente "popular" em Portugal: O Labirinto da Saudade - Psicanálise Mítica do Destino Português. A partir desse ano de 1978, Eduardo Lourenço alargou a sua base de leitores e, se por um lado, intentava uma reconciliação entre os portugueses e a imagem que tinham de si próprios, por outro lado solicitava que os portugueses se reencontrassem com a verdadeira identidade e com a compreensão de uma realidade que estava para construir após o fim do império, sendo a boia de salvação a derradeira integração na Europa de que fazemos parte. Era hora de deitar borda fora, afirmava, "a espécie de enteroscopia delicada das qualidades imponderáveis deste Portugal perdido no labirinto de si mesmo".
Era o que pensava Eduardo Lourenço, autor que vivia e olhava a convulsão nacional pós-revolucionária da distância de alguns milhares de quilómetros e, poucos anos depois, pensava o continente atingido pelos grandes momentos da história, como a queda do Muro de Berlim, ou a nível mais mundial - mas que afligia os europeus - com o 11 de Setembro e a Guerra do Golfo e sentenciava: "É uma ilusão imaginar que, herdeiros de uma civilização que construiu catedrais, pintou a Sistina e descobriu as leis da natureza, isto nos baste para erigir o que nem ousamos já designar como 'cultura europeia' em baluarte ou refúgio."
Uma vida longa
Tudo começa em 1949 quando Eduardo Lourenço publica o seu primeiro ensaio: Heterodoxia. É um jovem assistente no curso de Filosofia da Universidade de Coimbra que atira a pedra para o charco, conforme dirá em 1988: "Escrevendo Heterodoxia, o meu propósito era em certos termos, muito claro, na medida em que queria demarcar uma atitude. Um domínio, um território. Que me pusesse fora dos campos delimitados por qualquer ortodoxia, de qualquer género que fosse. Tinha, pelo menos, esse significado negativo."
A escolha de Vence como morada foi uma vez explicada por Eduardo Lourenço ao DN: "Na minha vida há poucas escolhas. Deixei-me escolher. Não tenho a pretensão de ter sido escolhido. Estou em Vence por força do acaso. Ao tempo era leitor de português, havia casado em França, a minha mulher já tinha o seu lugar e eu fui para o sítio onde me ofereceram a possibilidade de ganhar, modestamente, a minha vida."
Se fisicamente, Eduardo Lourenço se "deixava escolher", já o seu pensamento não admitia esse acaso nem era delimitado por uma geografia em particular. Quando celebrava os 93 anos foi condecorado pela Academia Francesa e no agradecimento referiu: "Nunca esperava que algum dia tivesse um prémio por me ter interessado e divulgado a própria cultura francesa. Eles não precisam de ninguém, porque a [sua] cultura está espalhada no mundo inteiro - e há muitos séculos. Mas, enfim, estas coisas... parecem contos de fadas."
No 96.º aniversário, foi o primeiro-ministro António Costa a elogiá-lo ao prestar tributo à "sabedoria ilimitada" do ensaísta Eduardo Lourenço e até propôs que a data "merece ser celebrada como um dia de festa da cultura portuguesa".
Quanto à morte, era uma "situação" que nos últimos tempos dizia não estar longe mas que não o preocupava tanto como a dos seus amigos. Quando correu um rumor incorreto sobre a morte de José-Augusto França, disse ao DN: "Não acredito que tenha morrido, além de que já foi anunciada tantas vezes e foi sempre falsa." O mesmo não aconteceu agora a Eduardo Lourenço, afinal a sua morte aconteceu e Portugal perdeu um dos maiores e lúcidos pensadores da contemporaneidade.
Biografia de Eduardo Lourenço
1923 - Eduardo Lourenço de Faria nasce a 23 de maio, em São Pedro do Rio Seco (Almeida-Guarda).
1930-31 - Frequenta a Escola Primária em São Pedro do Rio Seco.
1932 - Parte com a família para a Guarda, onde frequenta a 3.ª classe.
1933 - Regressa a São Pedro de Rio Seco, concluindo o ensino primário com distinção no exame final.
1934 - De novo na Guarda, frequenta o 1.º ano do ensino secundário no Liceu Afonso de Albuquerque.
1935 - Ingressa no Colégio Militar, cujo curso termina em 1940. E neste mesmo ano é admitido na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.
1941 - Pensa entrar na Escola do Exército mas desiste dos cursos preparatórios militares na Faculdade de Ciências e presta provas de aptidão à Licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, tendo sido admitido.
1944 - Conclui o 4.º ano da licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas.
1945 - Frequenta o Curso de Oficiais Milicianos.
1946 - A 23 de julho conclui, com 18 valores, a licenciatura de Ciências Histórico-Filosóficas defendendo a tese intitulada O Idealismo Absoluto de Hegel ou O Segredo da Dialéctica.
1947 - É convidado, pelo Professor Joaquim de Carvalho, para assistente (20 outubro 1947-20 outubro 1953) do Curso de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
- Presta serviço militar na Guarda, como alferes miliciano, no Batalhão de Caçadores 7.
1949 - Com uma bolsa de Estágio da Fundação Fullbright e a convite do reitor da Faculdade de Letras da Universidade de Bordéus, parte para França (novembro 1949-junho 1950) a fim de colaborar no Corpus des Philosophes Français na reedição de parte da obra de Malebranche relativa às polémicas com Arnauld.
Conhece Annie Salomon, então estudante no Instituto Hispânico da mesma Universidade.
1953 -Estadia de dois meses (1953) em Paris, com uma bolsa do Instituto de Alta Cultura, a fim de prosseguir a investigação sobre Malebranche.
1954 - A 20 de abril casa em Dinard (Bretanha) com Annie Salomon.
1955-58 - Como leitor do governo português, na Faculdade de Letras da Universidade de Montpellier, leciona Língua e Literatura Portuguesas.
1958 - Em maio deste ano parte para o Brasil onde, por um ano e como professor convidado da Universidade da Baía, rege a cadeira de Filosofia.
1959 - Regressa a Montpellier.
1960-65 - A convite do governo francês é leitor independente de Língua e Cultura Portuguesas na Faculdade de Letras da Universidade de Grenoble.
1965 - É maître assistant e professor associado na Faculdade de Letras da Universidade de Nice.
1966 - Adoção do filho Gil.
1973 - Professor convidado da Universidade Nova de Lisboa onde dirige um Seminário de Literatura Contemporânea.
1974 - Fixa residência em Vence (Alpes Marítimos); é convidado pelas faculdades de Letras de Coimbra, do Porto e de Lisboa para nelas exercer funções docentes, mas declina esses convites.
1975 - É convidado por Vítor Alves, ministro da Educação do VI Governo Provisório, para assumir a pasta de ministro da Cultura, convite que recusa.
1978 - Adere à União de Esquerda para a Democracia Socialista (UEDS).
1980 - Com outras personalidades apoia a candidatura do general Ramalho Eanes à Presidência da República.
1985 - Apoia a candidatura de Maria de Lourdes Pintasilgo à Presidência da República e a de Mário Soares na segunda volta das presidenciais.
Com mais doze intelectuais subscreve um documento apoiando a formação de um novo partido político, o PRD.
1986 - É maître de conférences associado na Faculdade de Letras da Universidade de Nice.
1989 - Jubila-se da Faculdade de Letras de Nice e é nomeado, pelo governo português, conselheiro cultural junto da Embaixada de Portugal em Roma, cargo que ocupa até 1991.
1992 - Em colaboração com Pierre Botineau, e com fotografias de Jean-Luc Chapin, publica Montaigne 1533-1592, Centre Régional des Lettres d"Aquitaine/L"Escampette Éditions, que encontra largo eco em França.
1995 - Homenagem a Eduardo Lourenço 50 anos de Vida Literária, Almeida - São Pedro do Rio Seco.
Homenagem do Jornal do Fundão com caderno especial.
2002 - É nomeado administrador (não executivo) da Fundação Calouste Gulbenkian.
2008 - Eduardo Lourenço - Congresso Internacional promovido pelo Centro Nacional de Cultura e Fundação Calouste Gulbenkian.
Homenagem da Câmara Municipal da Guarda nos 85 anos de Eduardo Lourenço.
2010 - Passa a residir entre França (Vence) e Portugal (Lisboa).
2012 - Homenagem das Correntes da Escrita - Póvoa do Varzim.
2013 - Morre Annie Salomon de Faria; radica-se, definitivamente, em Lisboa.
2015 - Por ocasião da 5.ª edição do Festival Literário da Madeira, a Câmara Municipal do Funchal atribui a Eduardo Lourenço a Medalha de Honra da Cidade.
É eleito sócio-honorário da Academia das Ciências de Lisboa e a Câmara Municipal do Fundão entrega-lhe a medalha de ouro do município.
2019 - Homenagem da Livraria Lello, no âmbito das comemorações do seu 113.º aniversário, e consequente criação do Prémio Livraria Lello - Eduardo Lourenço.
Eduardo Lourenço.© Paulo Spranger / Global Imagens
Bibliografia de Eduardo Lourenço
Heterodoxia I, 1949 Coimbra, Coimbra Editora.
O Desespero Humanista na Obra de Miguel Torga, 1955 Coimbra, Coimbra Editora.
Heterodoxia II, 1967 Coimbra, Coimbra Editora.
Sentido e Forma da Poesia Neo-Realista, 1968 Lisboa, Editorial Ulisseia.
Fernando Pessoa Revisitado. Leitura Estruturante do Drama em Gente, 1973 Porto, Editorial Inova.
Tempo e Poesia - À Volta da Literatura, 1974 Porto, Editorial Inova.
Os Militares e o Poder, 1975 Lisboa, Arcádia.
O Fascismo nunca Existiu, 1976 Lisboa, Publicações D. Quixote.
Situação Africana e Consciência Nacional, 1976 Amadora, Publicações Génese.
O Labirinto da Saudade - Psicanálise Mítica do Destino Português, 1978 Lisboa, Publicações D. Quixote.
O Complexo de Marx ou o Fim do Desafio Português, 1979 Lisboa, Publicações D. Quixote.
O Espelho Imaginário - Pintura, Anti-Pintura, Não-Pintura, 1981 Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda.
Poesia e Metafísica - Camões, Antero, Pessoa, 1983 Lisboa, Sá da Costa Editora.
Ocasionais I, 1984 Lisboa, A Regra do Jogo.
Fernando, Rei da Nossa Baviera, 1986 Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda.
Heterodoxia I e II, 1987 Lisboa, Assírio e Alvim.
Nós e a Europa ou as Duas Razões, 1988 Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda.
O Canto do Signo - Existência e Literatura (1957-1993), 1994 Lisboa, Editorial Presença; 2017 Lisboa, Gradiva.
A Europa Desencantada - Para Uma Mitologia Europeia, 1994 Lisboa, Visão.
Cultura e Política na Época Marcelista, 1996 Lisboa, Cosmos.
Nós como Futuro, 1997 Lisboa, Assírio & Alvim.
O Esplendor do Caos, 1998 Lisboa, Gradiva.
Portugal como Destino seguido de Mitologia da Saudade, 1999 Lisboa, Gradiva.
A Nau de Ícaro seguido de Imagem e Miragem da Lusofonia, 1999 Lisboa, Gradiva.
A Noite Intacta. (I)recuperável Antero, 2000 Vila do Conde, Centro de Estudos Anterianos.
Destroços - O Gibão de Mestre Gil e Outros Ensaios, 2004 Lisboa, Gradiva.
O Lugar do Anjo - Ensaios Pessoanos, 2004 Lisboa, Gradiva.
A Morte de Colombo - Metamorfose e Fim do Ocidente como Mito, 2005 Lisboa, Gradiva.
As Saias de Elvira e Outros Ensaios, 2006 Lisboa, Gradiva.
Paraíso sem Mediação (breves ensaios sobre Eugénio de Andrade), 2007 Porto, ASA Editores.
A Esquerda na Encruzilhada ou Fora da História? - Ensaios Políticos, 2009 Lisboa, Gradiva.
Pequena Mitologia Europeia. A Propósito de Guimarães, 2011 Lisboa, Verbo-Babel.
Heterodoxias (O.C. Vol.I), 2011 Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Tempo da Música, Música do Tempo, 2012 Lisboa, Gradiva.
Os Militares e o Poder Seguido de o Fim de Todas as Guerras e a Guerra sem Fim, 2013 Lisboa, Gradiva.
Do Colonialismo como Nosso Impensado, 2014 Lisboa, Gradiva.
Sentido e Forma da Poesia Neo-Realista e Outros Ensaios, (O.C. Vol. II), 2014 Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Do Brasil, Fascínio e Miragem, 2015 Lisboa, Gradiva.
Crónicas Quase Marcianas, 2016 Lisboa, Gradiva.
Tempo e Poesia (O.C. Vol. III), 2016 Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Da Pintura, 2017 Lisboa, Gradiva.
Tempo Brasileiro: Fascínio e Miragem, (O.C. Vol. IV), 2018 Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Da Música (O.C. Vol. V), 2019 Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Estudos sobre Camões, (O.C. Vol. VI), 2019 Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Antero. Portugal como Tragédia (O.C. Vol. VII), 2019 Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
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