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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

BBC Extinction The Facts- Sir David Attenborough





 
Documentário completo aqui 

Extinction - The Facts:With a million species at risk of extinction, Sir David Attenborough explores how this crisis of biodiversity has consequences for us all, threatening food and water security, undermining our ability to control our climate and even putting us at greater risk of pandemic diseases.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Marcelo espera que a pandemia sirva de lição e apela à ação climática

O Presidente da República afirmou hoje esperar que a pandemia de covid-19 sirva de lição quanto aos efeitos globais do que acontece no meio ambiente em qualquer parte do mundo e apelou à ação climática.


Marcelo Rebelo de Sousa transmitiu esta mensagem num vídeo divulgado no portal da Presidência da República na internet, a propósito do 'Evento de líderes pela natureza e os povos' realizado hoje durante a 75.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.

"A atual pandemia mostra, acima de tudo, que vivemos num só mundo, um mundo em que tudo está ligado, um mundo em que aquilo que acontece do outro lado do planeta acaba sempre por nos afetar, muitas vezes com efeitos dramáticos, como tem sucedido agora", declara o chefe de Estado.

Salientando que "um vírus surgido na Ásia chega ao Ocidente em poucos dias, e daí à África, à América, do Norte e do Sul, a todos os lugares do planeta", Marcelo Rebelo de Sousa acrescenta: "Talvez, finalmente, a pandemia da covid-19 nos sirva de lição".

"Talvez com ela aprendamos que a destruição de uma árvore num continente, que um incêndio florestal noutro, que os gazes produzidos pelo consumo de combustíveis fósseis têm efeitos para todos nós, para a humanidade inteira. Talvez com ela ganhemos consciência do que é uma catástrofe à escala global", considera.

O Presidente da República pergunta, "se isto se passa com um vírus, como será com o aquecimento do planeta, com a subida dos oceanos, com a desertificação galopante", e defende que "é tempo de agir, com determinação e esperança".

"Não importa o que pensam alguns senhores, importantes ou não importantes, significativos ou não significativos, que negam a evidência, que negam o que é necessário fazer em conjunto, que defendem posições egoístas, egocêntricas, de negação da realidade, de negação da importância do clima, de negação da importância da natureza, de negação da importância de atuarmos em conjunto por este planeta, que é nosso, e é um só. Temos de agir", reforça.

Um grupo de 16 jovens ambientalistas portugueses pediu hoje ao Presidente da República que se junte aos mais de 45 chefes de Estado e de Governo que já apoiaram o compromisso apresentado no 'Evento de líderes pela natureza e os povos', nas Nações Unidas.

No vídeo de três minutos e meio divulgado hoje à noite a propósito deste evento, Marcelo Rebelo de Sousa alerta para as consequências da perda da biodiversidade e repete o lema de que "não há planeta B ou C ou D".

"É tempo de finalmente percebermos, e com urgência, que vivemos num só mundo, o nosso, este planeta azul", insiste.

A limpeza da floresta é um mito.



"A limpeza da floresta é um mito.
O que se limpa na floresta, a matéria orgânica?
E o que se faz à matéria orgânica, deita-se fora, queima-se?
Dantes era com essa matéria que se ia mantendo a agricultura em boas condições e melhorando a qualidade dos solos. E, ao mesmo tempo, era mantida a quantidade suficiente na mata para que houvesse uma maior capacidade de retenção da água.
Com a limpeza exaustiva transformámos a mata num espelho e a água corre mais velozmente e menos se retém na mata, portanto mais seco fica o ambiente. A limpeza tem de ser entendida como uma operação agrícola. Mas esta floresta monocultural de resinosas e eucaliptos, limpa ou não limpa, não serve para mais nada senão para arder. Aquela floresta vive para não ter gente."
Gonçalo Ribeiro Telles

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Pensamento da Semana- Agostinho da Silva



"O que é necessário é que não tomem sobre si a história dos outros e abram caminhos novos, para os quais a imaginação convém mais que a memória, vale mais a iniciativa do que o hábito e é aconselhável que se procure ser modelo e não cópia"

- Agostinho da Silva, Ensaios Sobre a Cultura Portuguesa e Brasileira II, De que sobram idades, p.55.

domingo, 27 de setembro de 2020

Carta aberta aos médicos portugueses

Joaquim Sá Couto


Prezados colegas,

O impacto da Covid-19 e das medidas de contenção têm tal magnitude que é necessário discutirmos este assunto na “praça pública”, abertamente e sem quaisquer rodeios.

A narrativa apocalíptica, a “covidização” do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e do sector privado da saúde, aqui incluindo os consultórios médicos, o confinamento de pessoas saudáveis e assintomáticas, a generalização do uso de máscaras, o higienismo e o distanciamento social são fruto do pânico e da ignorância e, é necessário que o proclamemos bem alto, não têm qualquer justificação médica.

A narrativa apocalíptica, comecemos por aqui, devia ter sido imediatamente denunciada pelas associações médicas como falsa e alarmista, potencialmente maligna sob o ponto de vista social e indutora de comportamentos que, por si só, acarretariam consequências fatais. Estou a pensar nos idosos “abandonados” nos lares da terceira idade, por exemplo, pela ausência de funcionários compelidos a quarentenas questionáveis.

A covidização do sistema de saúde, no seu conjunto, constituiu e continua a constituir uma tragédia infame. Milhares de pessoas viram os seus tratamentos adiados e muitas centenas faleceram por falta de assistência médica.

O excesso de mortalidade verificado nos últimos meses, depois de excluir as fatalidades Covid, é o reflexo dessa falta de assistência e também do pânico incutido na população, que foge das urgências como o Diabo da cruz para falecer em casa, de forma prematura e desnecessária.

A profilaxia das doenças oncológicas estagnou e podemos garantir que a mortalidade relacionada com estas patologias irá explodir em breve. O cancro da mama e do cólon, para só falar destes, são curáveis se detetados numa fase inicial, mas, passando essa janela de oportunidade, tudo fica em causa.

A Ordem dos Médicos (OM) deve exigir o regresso à normalidade, deve exigir a descovidização do sistema de saúde. Não faz sentido exigir testes de Covid a pessoas absolutamente assintomáticas antes de intervenções programadas, quando não se exigem testes para outras doenças contagiosas, como a hepatite B, o HIV ou a tuberculose.

Por fim, é imperativo que os médicos denunciem as medidas governamentais de contenção da Covid-19 que não tenham fundamento na “legis artis”, na prática clínica consagrada pelo tempo, ou que sejam desproporcionadas face aos riscos existentes.

O confinamento de pessoas saudáveis e a generalização do uso de máscaras, especialmente em espaços abertos, não tem qualquer base científica. São medidas que nunca foram utilizadas no passado e que, por assim dizer, foram inventadas em 2020.

Impedir uma pessoa saudável e em idade ativa de sair de casa e ir trabalhar para “pôr pão na mesa” para si e para os seus, é uma violação do direito à vida, porque priva os cidadãos dos recursos necessários à sobrevivência. Quando vejo filas à porta da sopa dos pobres, de vítimas das medidas extravagantes do Governo para a “guerra ao coronavírus”, sinto uma profunda tristeza e revolta.

O estatuto da OM determina que esta deve “contribuir para a defesa da saúde dos cidadãos e dos direitos dos doentes”. Descurando a verdade sobre a epidemia do coronavírus e sobre as consequências das medidas de contenção, a OM poderá estar a violar os seus próprios estatutos. Estamos perante uma crise em que “calar é colaborar com o maior abuso de sempre perpetrado sobre a população portuguesa”. Milhares de médicos, por todo o mundo, estão a interpelar as respetivas associações profissionais, questionando a cobertura implícita que estas têm vindo a dar às medidas do Governo; é necessário terminar com esta passividade cúmplice.

Na Alemanha, perante a relutância dos políticos em auditar as respostas à Covid, foi organizado um “Inquérito Covid Extraparlamentar”, que conta com a colaboração de muitos médicos especialistas em epidemiologia e doenças infectocontagiosas. Em Portugal poderemos ter de fazer o mesmo.

Há dias fui surpreendido por uma declaração do nosso bastonário, o meu estimado amigo Dr. Miguel Guimarães, favorável à obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços abertos, em todo o território nacional. Com todo o devido respeito e amizade, é necessário afirmar que esta declaração não passa de uma ideia sem fundamento na praxis médica e que nem a OMS recomenda.

Quando é necessário apaziguar o pânico e regressar logo que possível à normalidade, os médicos devem estar do lado da Ciência, do bom senso e da razão. Temos de contribuir para que “a cura não seja pior do que a doença”, porque esse é o nosso compromisso com a humanidade.

sábado, 26 de setembro de 2020

Biodiversity blooms in cities when green spaces go wild

Fonte: aqui
From Dublin to Dessau, cities are leaving once manicured green spaces to rewild with native flowers and grasses that attract more diverse insects, birds and wildlife. Such a paradigm shift will take time, however.

What would happen if we stopped curating green spaces in cities, if we locked away the lawn mower and allowed native grasses, herbs, shrubs and wildflowers to do their own thing?

As several new urban "rewilding" initiatives have shown, butterflies, insects, birds and wildlife soon arrive to join the party. And, as self-regulating biodiversity replaces maintenance-heavy monoculture, these urban wilds also become more drought-resistant — and sequester more CO2. Pathogens and pests are also reduced, meaning that there's much less need for chemicals and pesticides.

Rewilding is a paradigm shift away from a centuries-long tradition of managing and controlling green spaces, whether in the form of hunting grounds or aestheticized public spaces.

A relatively new idea that only entered the dictionary in 2011, rewilding was recently described by ecology writer and curator Anna Souter as the act of encouraging "land to become self-willed." 


Beyond traditional ideas of managed conservation, "rewilding tries to approach a place with imagination and a sense of curiosity about what might happen if human beings stopped trying to manage nature," she wrote.

Many rewilding projects focus on returning great swaths of land to wilderness, but, more recently, European cities have shown a trend toward smaller, urban initiatives.

Pollinator-friendly

Since 2015, the Dublin City Council (DCC) has been allowing native wildflowers once considered weeds to flourish and seed in park grasslands, open spaces, roadside ditches and even graveyards. Rather than being cut back, clover and dandelion are also left to create habitat and food for insects, bees and other pollinators.

"A third of native bee species are at risk of extinction here in Ireland, which has highlighted how practices needed to change," DCC's biodiversity officer Lorraine Bull told DW. Herbicide usage is way down as a result of the program. On average, 80% of these urban green spaces are now pollinator friendly.

An early urban rewilding site was the High Line in New York, a once-abandoned elevated railway that went wild over decades before being adapted into a blossoming public park.

Opening in stages since 2009, the High Line gardens are merely "edited" to"mimic the dynamics of a wild landscape." A matrix of grasses support wildflowers, trees and shrubs that come and go as in nature. Some species have simply blown in with the wind.

'Cities dare wilderness'

Rewilding has also been adopted across Germany. The cities of Dessau, Hanover and Frankfurt am Main began a five-year rewilding project in 2016 called "Städte wagen Wildnis"(Cities Dare Wilderness) that aims to increase habitat for diverse species. In contrast to highly managed German parks, these urban centers are leaving allotted spaces mostly uncultivated. Self-regulation is the mantra.

Five years ago, Dessau, which is in Germany's former East, was characterized by a declining population and a plethora of abandoned buildings and vacant lots. To urban planners, rewilding made a lot of sense. So, the city started buying up enough unused properties and land to create a 120-hectare boomerang-shaped public green zone to return to nature. The grounds of existing housing estates became part of rewilding project. It was intended that 'daring' wilderness would not only encourage biodiversity, but make the city more attractive and improve the lives of the residents.

"The extensive flowering meadows attract an amazing variety of species," Christiane Jahn, head of the city planning department, told DW, adding that the rich habitat resulting from the four-year project attracts songbirds, hedgehogs, butterflies and some of the 67 bee varieties endemic to the state of Saxony.

While the outer perimeter of the wilding zone will be left to become woodlands again, the large inner meadows are managed — but only to a minimal degree, with the area only mowed once or twice annually.

"They are very robust and tolerate drought in summer better than the short lawns of other green spaces," says Jahn of the meadows that proved resilient to the unusually dry summers of 2018 and 2019.

Rewilding for human health

Researchers are now pointing out the manifold benefits of rewilding for human health and well-being.

According to Jacob Mills, a researcher at the University of Adelaide's School of Biological Sciences and Environment Institute, humans traditionally lived in wilder environments, meaning children were exposed to a broader variety of microbes that build stronger immune systems.

"More time spent indoors, poor quality diets and less exposure to wild environments has led to significant increases in non-communicable diseases such as poorer respiratory health," Mills told DW.

A recent study co-authored by Mills is an early investigation into how "microbiome rewilding" in urban green spaces — from lawns to vacant lots, parklands and revegetated woodlands — can help fight chronic illness.

The study also builds on the knowledge that a greater diversity of microbial compounds in soil can also reduce stress and anxiety.

"We're investigating if rewilding urban centers can help rewild our microbial experience to what our evolutionary history has dictated to us that we need," Mills said.

Cultural barriers

Allowing urban green space to run wild is both an ecological and cultural leap forward that is also facing inevitable resistance. For people conditioned to manicured lawns and cultured gardens, wild sprawls of native grasses and even wildflowers are often regarded as unsightly weeds. 


While in upwardly mobile Frankfurt the population tends to support the Cities Dare Wilderness initiative, in Dessau some residents are "much much more critical," Kirsten Lott, the city's director of parks planning, told DW.

And such opposition is not uncommon, with Lorraine Bull describing similar pushback in Dublin.

"Traditionally in Ireland, there is an ethos of having everything neat and tidy. Weeds are perceived as something that should be removed rather than appreciated."

But ongoing community consultation and workshops are educating residents about the way such "untidy" rewilded zones "provide both habitat and food for a range of wildlife."

As urban residents start to reconnect with biodiverse and constantly transforming natural habitats on their doorstep — and enjoy potential health benefits — a plethora of new urban initiatives indicate that the rewilding paradigm shift is underway. 

Pela Preservação do Património Natural da Península de Tróia

Com esta petição, o Movimento Dunas Livres pede a participação ativa dos cidadãos amigos das dunas, pela proteção do património natural da Península de Tróia.
- - - ENGLISH BELLOW - - -

Atingindo 7000 assinaturas, enviaremos a nossa CARTA ABERTA, escrita em colaboração com a LPN - Liga da Proteção da Natureza. Será então subscrita pelos assinantes e direcionada a vários órgãos municipais e do Governo, em que fundamentamos a nossa exigência pela conservação do tesouro natural que são os ecossistemas dunares desta região, ameaçados por urbanização turística desregulada.

Lutamos assim para que a nossa voz e opinião, como cidadãos, seja ouvida e respeitada nas ações que são implementadas no nosso território. A hora de agir é AGORA. Contamos convosco.

A CARTA É ABERTA e está disponível para leitura no link em baixo, ou na lateral direita (Links relacionados):

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https://drive.google.com/drive/folders/1tmxTbqlkFqkgwcIE8AhqQyeR7f0hbh8Y?usp=sharing
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ASSINEM, PARTILHEM a petição, e INFORMEM o vosso círculo de pessoas da situação e da sua gravidade.


Excertos da carta aberta:
“Esta faixa costeira Tróia-Sines é uma das últimas e mais bem preservadas zonas do litoral ibérico, um tesouro natural único que até hoje escapou às pressões que se fazem sentir na orla costeira. No entanto, a classificação territorial não acompanha, nem salvaguarda, o seu Património Natural único. As urbanizações previstas para as denominadas Unidades Operativas de Planeamento (UNOP) 4, 7, e 8 ameaçam frontalmente, assumidamente e irreversivelmente um Património Natural insubstituível.
(...)
Este Movimento é pelas Dunas Livres da construção insustentável; é pelo investimento num futuro verdadeiramente valioso para as populações locais e vindouras; é pelo respeito da participação dos cidadãos nas decisões estruturantes de Portugal; é pela defesa de um património de valor incalculável para o Mundo.
A defesa do património natural único e insubstituível da Peninsula de Tróia é da responsabilidade de todos. Por tudo o que foi mencionado nesta carta, requeremos que toda esta área seja abrangida pela Reserva Natural do Estuário do Sado, e obtenha assim o estatuto de conservação e a protecção que merece.”


FACEBOOK: https://www.facebook.com/dunaslivres
INSTAGRAM: https://www.instagram.com/dunaslivres/


--- ENG ---

With this petition, the Dunas Livres Movement asks for the active participation of the citizens that are dune friends, for the protection of the natural heritage of the Tróia Peninsula.

Upon reaching 7000 signatures, we will send our OPEN LETTER, subscribed by the ones who sign the petition and directed to several municipal and Governmental parties, in which we fundamente our demands for the conservation of the natural treasure which are these dunar ecossystems of this region, threatened by unregulated touristic urbanisation.

We fight so that our voice and opinion, as citizens, may be heard and respected in the actions that are implemented in our territory. The time to act is NOW. We are counting on you.


The LETTER IS OPEN and available for reading in the link bellow, or on the right lateral (Links relacionados/Related links):

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https://drive.google.com/drive/folders/1tmxTbqlkFqkgwcIE8AhqQyeR7f0hbh8Y?usp=sharing
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SIGN and SHARE the petition, and INFORM your circle of people around you about the situation and what is at stake.


Excerpts from the open letter:
“The Tróia-Sines coastline is one of the last and most well-preserved areas of the Iberian shore, a unique natural treasure that has, until now, escaped the pressures that are placed on the seaside1. However, the territorial classification does not follow, or safeguard, its unique Natural Heritage. The urbanisation scheduled for the Operational Units of Planning (UNOP – Unidades Operativas de Planeamento) 4, 7 and 8 (Annex I) are an upfront, assumed and irreversible threat to irreplaceable Natural Heritage.
(…)
This Movement is for Dunes Free of unsustainable building; it is for the investment in a truly valuable future for local and coming generations; it is for the respect for citizen participation in the structuring decisions in Portugal; it is for the defence of a heritage of incalculable value to the World.


The defence of the unique and irreplaceable natural heritage of the Tróia Peninsula is of everyone’s responsibility. For all that is mentioned in this letter, we request that this whole area be included in the Natural Reserve of the Sado Estuary, so that it obtains the conservation status and the protection that it deserves.”
Vivagreen - Por um Mundo +Sustentável

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Como estão os mamíferos de Portugal? Estes peritos estão a trabalhar na resposta

O Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental vai avaliar, até 2021, o estado de conservação e o risco de extinção de mais de 70 espécies, incluindo toupeiras, morcegos, cachalotes e gatos-bravos.
 por Helena Geraldes 11.09.2020
Lince-ibérico em Mértola. Foto: ICNF

Desde 2019 que está a ser montada a equipa por detrás do novo Livro Vermelho dedicado aos mamíferos de Portugal Continental. São dezenas de investigadores, técnicos e voluntários que, até 2021, vão tentar saber como estão estas espécies, de Norte a Sul do país.

Os dados mais recentes, que têm 15 anos, dizem que em Portugal há 18 espécies ameaçadas de extinção. Esses dados foram compilados para o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, publicado em 2005.

Dessas 18 espécies, cinco estavam Criticamente Em Perigo – o morcego-de-ferradura-mediterrânico, o morcego-de-ferradura-mourisco, o morcego-rato-pequeno, a cabra-montês e o lince-ibérico -; três estavam Em Perigo – o lobo-ibérico, a baleia-comum e o morcego de Bechstein -; e 10 eram Vulneráveis – a toupeira-de-água, rato de Cabrera, morcego-de-ferradura-pequeno, morcego-rato-grande, morcego-de-franja-do-Sul, morcego-de-peluche, a baleia-anã, o boto e o gato-bravo.Lince-ibérico em Mértola. Foto: ICNF

Mas passados 15 anos, como estão as espécies de mamíferos? Quais as espécies que estão mais ameaçadas e quais as que estão estáveis ou a aumentar a sua população?

“Os mamíferos são um grupo relativamente bem conhecido que atrai o interesse dos cientistas e também do público em geral. No entanto, é escasso um conhecimento científico mais detalhado, incluindo áreas de distribuição e ocorrência, devido ao pequeno tamanho de algumas espécies, aos hábitos nocturnos da maioria das espécies e baixas densidades populacionais de outras”, disse hoje à Wilder Maria da Luz Mathias, coordenadora-geral do novo Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental.
Ouriço. Foto: Alexandra München/Pixabay

Além disso, para muitas espécies o estatuto de ameaça e estado de conservação já está desactualizado. Isto por causa da “constante alteração do uso do solo e da estrutura da paisagem ou as alterações climáticas, que têm conduzido na região mediterrânea a um aumento dos fogos florestais com a consequente diminuição de habitats favoráveis a muitas espécies”, acrescentou a responsável.

Actualmente pensa-se que, para algumas espécies, o risco de ameaça ou mesmo de extinção pode ter-se acentuado nos últimos 15 anos. Como é o caso da toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus) e do boto (Phocoena phocoena).

Há também espécies cuja situação taxonómica foi alterada. Considera-se atualmente que em Portugal ocorre o morcego-de-franja do Sul (Myotis escalerai) em vez de Myotis nattereri. E, em 2017, confirmou-se o rato-do-campo-de-cauda-curta em Portugal (Microtus agrestis) como uma espécie distinta do rato-do-campo lusitano (Microtus rozianus), passando esta espécie a substituir a anterior.

E depois há 12 espécies novas que ainda não tinham sido registadas para Portugal.
Morcego-de-ferradura-pequeno, uma das 12 espécies das grutas do Alviela. Foto: Matthieu Gauvain/Wiki Comuns

São elas o rato-das-neves (Chionomys nivalis), o morcego-hortelão-claro (Eptesicus isabellinus), o morcego-de-bigodes de Alcathoe (Myotis alcathoe), o morcego-de-franja-críptico (Myotis crypticus), a baleia de Bryde (Balaenoptera edeni), o golfinho de Fraser (Lagenodelphis hosei), o golfinho-de-laterais-brancas do Atlântico (Lagenorhynchus acutus), o golfinho-de-bico-branco (Lagenorhynchus albirostris), o golfinho-malhado do Atlântico (Stenella frontalis), o cachalote-anão (Kogia sima), a baleia-de-bico de Sowerby (Mesoplodon bidens) e a baleia-de-bico de True (Mesoplodon mirus).

Até 2021, equipas de cinco universidades e do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) vão avaliar o risco de extinção das espécies, recorrendo aos critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

O projecto vai também contribuir para avaliar o estado de conservação das espécies abrangidas pela Diretiva Habitats, realizada a cada seis anos.

A avaliação de 2019 para as espécies protegidas pela Diretiva Habitats identificou nove espécies com estado de conservação desfavorável – como o toirão, gato-bravo, rato de Cabrera e toupeira-de-água – e 33 espécies com estado desconhecido.                                                                                                     
Lobo-ibérico. Foto: Arturo de Frias Marques/Wiki Commons

Actualmente existem em Portugal 21 espécies com Informação Insuficiente (DD). Ou seja, a avaliação feita em 2005 não conseguiu recolher informação suficiente para avaliar o seu risco de extinção. Estes mamíferos não tiveram, e ainda não têm, um estatuto de ameaça atribuído por falta de informação.

Os peritos estão já no terreno a fazer inventariação acústica de morcegos e a prospectar os seus abrigos; a procurar indícios de pequenos mamíferos como coelhos, ouriços, musaranhos e toupeiras e a fazer armadilhagem fotográfica e percursos pedestres para obter dados sobre a cabra-montês, veados, gamos, corços e javalis.

Em laboratório vão ser feitas análises genéticas do material recolhido no campo para confirmar a ocorrência das espécies.

A área de intervenção do Livro Vermelho dos Mamíferos abrange todo o território de Portugal Continental, em especial a Rede Nacional de Áreas Protegidas e as Zonas Especiais de Conservação da Rede Natura 2000.

Será criada uma base de dados para reunir a informação disponível sobre os mamíferos de Portugal Continental, que irá incluir, por exemplo, aspetos da ecologia, distribuição e abundância destas espécies.

Todo este trabalho ajudará a definir medidas e ações para conservar as espécies.

O Livro Vermelho é “um instrumento crucial para ajudar a decidir prioridades e medidas de conservação. É também uma chamada de atenção para as espécies que podemos estar a perder”, explica o site do projecto.

Segundo Maria da Luz Mathias, “a elaboração de Listas Vermelhas é fundamental para uma gestão activa e eficiente das espécies e dos habitats, sendo globalmente reconhecidas como um instrumento importante pelos gestores, comunidade científica e público em geral”.
Esquilo-vermelho. Foto: Jakub Hałun/Wiki Commons

As maiores ameaças para os mamíferos de Portugal são a degradação e a perda de habitat.

Mas há ameaças mais específicas. Por exemplo, os mamíferos insectívoros e os roedores semi-aquáticos sofrem com as mudanças nos cursos de água, como a construção de barragens, e com a fraca qualidade da água.

Os morcegos cavernícolas sofrem com a perturbação dos seus abrigos e, em alguns casos, com a falta de áreas de alimentação de qualidade na proximidade destes.

Alguns pequenos cetáceos têm um nível elevado de mortalidade devido a capturas acidentais em artes de pesca. Além disso, as suas populações estão a ser afectadas por diversos tipos de poluição, incluindo o lixo marinho.

O projecto “Revisão do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental e contributo para a avaliação do seu estado de conservação” é co-financiado pelo POSEUR, Portugal 2020, União Europeia – Fundo de Coesão e pelo Fundo Ambiental.

Tem como beneficiário a FCiências.ID – Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências e como parceiro o ICNF.

A coordenação científica é do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e conta como parceiros de execução com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Universidade de Aveiro (UA), Universidade de Évora (UE), ICETA – Instituto de Ciências, Tecnologias Agrárias e Agroambiente da Universidade do Porto (CIBIO-InBIO) e Mesocosmo – Consultoria, Tecnologia e Serviços Científicos, Unipessoal Lda.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Floresta diversificada resiste melhor a fogos e secas

Fonte: aqui


Uma floresta diversificada é menos afetada por incêndios e também reage melhor a períodos de seca, indica um estudo publicado na revista Nature.

Investigadores liderados pelo biólogo William Anderegg, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, concluíram que uma floresta com uma grande variedade de árvores e de características diversas relacionadas com o fluxo da água sofre menos com os períodos de seca.

Os resultados da pesquisa aprofundam investigações já feitas nesta matéria e, diz-se no estudo, podem ser úteis para os gestores florestais e para quem tem de reconstruir florestas após grandes incêndios.

De acordo com Anderegg, a diversidade na forma como a água é usada pela floresta é um fator predominante sobre como essa floresta reage a períodos de seca.

As características hidráulicas de uma árvore são a forma como essa árvore move a água por todo o organismo, o que fará que tenha, por exemplo, níveis diferentes de reagir e suportar uma seca até todo o sistema colapsar. O estudo agora divulgado analisou não o indivíduo, mas todo o ecossistema.

Anderegg e os restantes investigadores, incluído responsáveis das universidades de Stanford, Princeton e Califórnia, analisaram dados de 40 zonas florestais de todo o mundo aos quais juntaram dados já analisados e informação recolhida por satélite, todos coincidentes na ideia de que as secas não têm o mesmo efeito numa floresta hidraulicamente diversa do que numa com árvores do mesmo tipo.

A diversidade, explica Anderegg no artigo, leva a que se multipliquem os tipos de árvores, de madeira mais ou menos tolerante à seca, de raízes a diferentes profundidades e com diversas fontes de água.

“Mais diversidade numa paisagem vai ajudar a floresta a ser mais resistente ao fogo”, diz também Anderegg, acrescentando que as mesmas condições climatéricas que levam às secas também estão na origem de muitos incêndios.

Arca sonora

O grasnar de um gaio ecoa na floresta, enquanto um grilo “canta” num dia típico de Verão. Os sons são o nosso primeiro contacto com o mundo natural.


Normalmente, ouvimos primeiro e só depois é que vemos. Esse foi o mote para o primeiro atlas acústico de Portugal, um projecto de uma equipa do Instituto Superior de Psicologia Aplicada e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa liderada pelo investigador Paulo Marques.

Cada espécie tem o seu próprio canto, que funciona como uma assinatura. As suas vocalizações permitem escolher o parceiro, sinalizar alarme ou encontrar outros membros da espécie.

Para documentar as diferentes sonoridades naturais no território português, a equipa desenvolve gravações das paisagens acústicas, registando uma memória sonora do território português em diferentes habitats: montanhas, estuários, zonas agrícolas, florestas e áreas urbanas. Os sons recolhidos são depois tratados e separados para que se saiba que espécies ocorrem em cada lugar.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Abate de árvores autóctones - Pela defesa da Serra da Lousã - Assine e partilhe a Petição

Associação ambientalista alerta para “centenas de árvores” marcadas para abate na Serra da Lousã



A associação ambientalista MilVoz alertou para a marcação de “largas centenas de árvores” para abate na Serra da Lousã por parte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

A marcação das árvores para abate está a decorrer no topo da Serra da Lousã, da Catraia até ao Trevim, afirmou à agência Lusa o presidente daquela associação da região de Coimbra, Manuel Malva.

“São florestas com alto valor ecológico e que albergam grande diversidade biológica. Aquela envolvente florestal fantástica acaba por ser uma das imagens de marca da Serra da Lousã”, salientou o responsável, referindo que encontrou na segunda-feira trabalhadores florestais do ICNF a fazer a marcação das árvores para abate.

Entre as espécies presentes, há carvalhos-alvarinhos, carvalhos-negrais, castanheiros, bétulas, freixos ou pinheiros silvestres, entre outras.

Manuel Malva contou à agência Lusa que procurou perceber junto dos trabalhadores do ICNF a razão para o abate, referindo que foram apontadas várias razões diferentes, desde uma intervenção fitossanitária à necessidade de gestão na faixa de dez metros em relação à estrada.

“São quase dez quilómetros de estrada de intervenção que vai muito para além da faixa de dez metros. Trata-se de uma desvalorização paisagística da Serra da Lousã. É uma intervenção desajustada e é difícil perceber qual a motivação real que suporta uma intervenção daquela dimensão”, criticou o responsável da MilVoz.

Segundo Manuel Malva, a associação já fez um pedido de esclarecimento junto do ICNF.

A agência Lusa tentou também obter esclarecimentos do ICNF relativamente à intervenção, mas sem sucesso até ao momento.

Assine e partilhe a Petição

L’insoutenable légèreté du capitalisme vis-à-vis de notre santé, par Eva Illouz

TRIBUNE. Dans ce texte brillant, qui souligne le lien étroit entre santé et économie, la grande sociologue franco-israélienne analyse la crise planétaire du coronavirus. Elle dénonce « l’imposture » du néolibéralisme qui, privant l’Etat de ses ressources, a sacrifié le monde dont il se nourrit.



En regardant le film hypnotique de Lars von Trier « Melancholia », le spectateur comprend peu à peu, dans un mélange de terreur et d’impuissance, que le monde est sur le point de disparaître, condamné à entrer en collision avec la planète « Melancholia ». A la fin du film, ce spectateur, à la fois fasciné et paralysé, voit cette planète finir sa course pour s’écraser sur la Terre. D’abord apparue sous la forme d’un point lointain dans le ciel, elle grossit jusqu’à finalement devenir un disque qui envahit tout l’écran, au moment du choc.

Nous sommes tous plongés dans un événement mondial dont nous n’avons pas encore pleinement saisi l’ampleur. Dans ce moment inédit, j’ai tenté de trouver des analogies et je me suis souvenue de cette scène finale du film de Lars von Trier.

Une nouvelle réalité

C’est au cours de la deuxième semaine de janvier que j’ai lu pour la première fois un article au sujet d’un étrange virus ; c’était dans la presse américaine et j’y ai prêté une attention toute particulière parce que mon fils devait partir en Chine. Le virus était encore à distance, comme le point lointain d’une planète menaçante. Mon fils annula son voyage mais le point est devenu disque et a poursuivi sa course inexorable, venant progressivement s’écraser sur nous, en Europe et au Moyen-Orient. Désormais, nous observons tous, tétanisés, les progrès de la pandémie, tandis que le monde que nous connaissions a baissé le rideau.

Le coronavirus est un événement planétaire d’une magnitude que nous peinons à saisir, non seulement en raison de son échelle mondiale, non seulement en raison de la rapidité de la contamination, mais aussi parce que les institutions dont nous n’avions jamais questionné le colossal pouvoir ont été mises à genoux en l’espace de quelques semaines. L’univers archaïque des épidémies dévastatrices a brutalement fait irruption dans le monde aseptisé et avancé de la puissance nucléaire, de la chirurgie laser et de la technologie virtuelle. Même en temps de guerre, les cinémas et les bars underground continuaient de fonctionner ; or ici, les villes animées d’Europe que nous aimons sont devenues de sinistres villes fantômes, leurs habitants forcés de se terrer chez eux. Comme l’écrivit Albert Camus dans « la Peste », « tous ces changements, dans un sens, étaient si extraordinaires et s’étaient accomplis si rapidement, qu’il n’était pas facile de les considérer comme normaux et durables. »

Du transport aérien aux musées, c’est le cœur battant de notre civilisation qui a été arrêté. La liberté, la valeur cardinale de la modernité, a été mise entre parenthèses, non pas à cause d’un nouveau tyran mais en raison de la peur, cette émotion qui domine toutes les autres. Du jour au lendemain, le monde est devenu unheimlich, étrangement inquiétant, vidé de sa familiarité. Les gestes les plus réconfortants – se serrer la main, s’embrasser, s’étreindre, manger ensemble – sont devenus sources de danger et d’angoisse. En l’espace de quelques jours, de nouvelles notions ont fait leur apparition pour donner sens à une réalité nouvelle : nous sommes tous devenus spécialistes des différents types de masques et de leur pouvoir filtrant (N95, FPP2, FPP3, etc.), nous savons désormais quelle quantité d’alcool est nécessaire à un lavage de mains efficace, nous connaissons la différence entre la « suppression » et l’« atténuation », entre Saint-Louis et Philadelphie au temps de la grippe espagnole, et bien sûr, nous nous sommes familiarisés, surtout, avec les étranges règles et rituels de la distanciation sociale. En quelques jours en effet, une nouvelle réalité a fait son apparition, avec de nouveaux objets, de nouveaux concepts et de nouvelles pratiques.

Rupture du contrat de l’Etat

Les crises révèlent les structures mentales et politiques et, dans le même temps, elles mettent au défi les structures conventionnelles et la routine. Une structure est habituellement dissimulée au regard, mais les crises n’ont pas leur pareil pour exposer à l’œil nu les structures mentales et sociales tacites.

La santé, selon Michel Foucault, est l’épicentre de la gouvernance moderne (il parlait de « biopouvoir »). A travers la médecine et la santé mentale, affirmait-il, l’Etat gère, surveille et contrôle la population. Dans un langage qu’il n’aurait pas utilisé, nous pourrions dire que le contrat implicite passé entre les Etats modernes et leurs citoyens est fondé sur la capacité des premiers à garantir la sécurité et la santé physiques des seconds.

Cette crise met en lumière deux choses opposées : d’abord le fait que ce contrat, dans de nombreuses parties du monde, a progressivement été rompu par l’Etat, qui a changé de vocation en devenant un acteur économique entièrement préoccupé de réduire les coûts du travail, d’autoriser ou encourager la délocalisation de la production (et, entre autres, celle de médicaments clés), de déréguler les activités bancaires et financières et de subvenir aux besoins des entreprises. Le résultat, intentionnel ou non, a été une érosion extraordinaire du secteur public. Et la deuxième chose, c’est le fait, évident aux yeux de tous, que seul l’Etat peut gérer et surmonter une crise d’une telle ampleur. Même le mammouth Amazon ne peut faire plus qu’expédier des colis postaux, et encore, avec de grandes difficultés.

« Retombées zoonotiques »

Pour Dennis Carroll, expert mondial de premier plan en maladies infectieuses, travaillant aux Etats-Unis pour le CDC (Centers for Disease Control and Prevention), l’agence nationale de protection de la santé, nous devons nous attendre à voir ce type de pandémies se répéter plus souvent à l’avenir. Et cela en raison de ce qu’il appelle les « retombées zoonotiques », c’est-à-dire les conséquences d’un contact de plus en plus fréquent entre des agents pathogènes d’origine animale et les hommes – un contact lui-même causé par la présence toujours plus importante des humains dans des écozones qui, jusqu’ici, étaient hors de notre portée. Ces incursions dans les écozones s’expliquent par la surpopulation et par l’exploitation intensive de la terre (en Afrique, par exemple, l’extraction pétrolière ou minière s’est considérablement développée dans des régions qui étaient d’ordinaire peu habitées par les hommes).

Cela fait au moins une décennie que Caroll et de nombreux autres (dont, par exemple, Bill Gates et l’épidémiologiste Larry Brilliant, directeur de la fondation Google.org) nous avertissent que des virus inconnus menaceront toujours plus à l’avenir les êtres humains. Mais personne n’y a prêté attention. La crise actuelle est le prix que nous payons tous pour le manque d’attention de nos politiciens : nos sociétés étaient bien trop occupées à réaliser des bénéfices, sans relâche, et à exploiter la terre et la main d’œuvre, en tout temps et en tous lieux. Dans un monde post-Corona, les retombées zoonotiques et les marchés chinois d’animaux vivants devront devenir le souci de la communauté internationale. Si l’arsenal nucléaire de l’Iran est étroitement contrôlé, il n’y a aucune raison de ne pas exiger un contrôle international des sources de retombées zoonotiques. Le milieu des affaires, partout à travers le monde, peut enfin réaliser que pour pouvoir exploiter le monde, il faut encore qu’il y ait un monde.

Une femme, sur le pont de Brooklyn à New York, le 20 mars 2020.

L’économie ou la vie ? La santé, socle invisible du marché

La peur du public met toujours les institutions en danger (les monstres politiques du XXème siècle ont tous utilisé la peur pour dépouiller la démocratie de ses institutions). Mais l’inédit de cette crise, c’est à quel point elle se montre hantée par l’« économisme ». Le modèle britannique (décrié depuis) a initialement consisté à adopter la méthode d’intervention la moins intrusive possible, soit le modèle de l’auto-immunisation (c’est-à-dire de la contamination) de 60 % de la population – une option qui revenait à sacrifier une partie de cette population au nom du maintien de l’activité économique. L’Allemagne et la France avaient d’abord réagi de la même manière, ignorant la crise tant que cela fut possible. Comme l’a relevé l’essayiste italien Giuliano Da Empoli, même la Chine, qui piétine les droits de l’homme, n’a pas utilisé aussi ouvertement que les nations européenne l’« économisme » comme un critère à prendre en considération dans la lutte contre le virus (du moins au début). Le dilemme est sans précédent : sacrifier la vie de nombreuses personnes âgées et vulnérables ou sacrifier la survie économique de beaucoup de jeunes et d’indépendants.

Il n’est pas sans ironie que ce soit le monde de la finance, généralement arrogant et si souvent impénétrable, qui ait été le premier à s’effondrer. Cela a montré que la circulation de l’argent dans le monde repose sur une ressource que nous considérions tous comme acquise : la santé des citoyens. Les marchés se nourrissent de la confiance comme d’une monnaie pour construire le futur, et il s’avère que la confiance se fonde sur l’hypothèse de la santé. Les Etats modernes ont garanti la santé des citoyens : ils ont construit des hôpitaux, formé des médecins, subventionné la recherche médicale et conçu des systèmes de protection sociale. Ce système de santé était le socle invisible qui rendait possible la confiance dans l’avenir qui, à son tour, conditionne les investissements et la spéculation financière. Sans santé, les transactions économiques perdent leur sens.

La santé était donc tenue pour acquise ; et ces dernières décennies, les politiciens, les places financières, les grandes entreprises s’accordèrent tous pour promouvoir des politiques qui réduisaient drastiquement les budgets dévolus aux ressources publiques, de l’éducation aux soins de santé, ignorant ainsi de façon paradoxale à quel point les entreprises avaient pu bénéficier de ces biens publics (éducation, santé, infrastructures), sans rien débourser pour cela. Toutes ces ressources dépendent de l’Etat et conditionnent l’existence même des échanges économiques. Pourtant, en France, 100 000 lits d’hôpitaux ont été supprimés ces vingt dernières années (les soins à domicile ne sauraient compenser des lits en unités de soins intensifs). En juin 2019, les médecins et infirmières urgentistes avaient manifesté contre les coupes budgétaires qui sapent le système de santé français – une référence mondiale – jusqu’à le pousser au bord de l’effondrement.

A l’hôpital Emile Muller de Mulhouse, le 22 mars 2020.

Au moment même où j’écris ces lignes, un collectif de 600 médecins annoncent porter plainte contre le Premier ministre, Edouard Philippe, et l’ex-ministre de la Santé, Agnès Buzyn, pour leur mauvaise gestion de la crise (jusqu’au 14 mars, aucune mesure n’avait été prise). Aux Etats-Unis, le pays le plus puissant de la planète, les médecins se démènent pour trouver des masques, afin de se protéger eux-mêmes. En Israël, en 2019, le ratio lits d’hôpitaux/population totale était tombé à son plus bas niveau depuis trois décennies, selon un rapport publié par le ministère de la Santé.

Indígenas exigem a líderes mundiais proteção concreta para a Amazónia


Brasília, 22 set 2020 (Lusa) - Os líderes indígenas da Amazónia estão cansados de ouvir discursos e promessas e exigem agora aos líderes mundiais, reunidos na Assembleia Geral das Nações Unidas, ações concretas na bacia amazónica, atingida pela pandemia, incêndios, violência e seca.

“Esta pandemia é um sintoma de que o planeta está doente. Não queremos mais discursos, estamos diante de uma Amazónia num ponto sem volta”, disse hoje o coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazónica (Coica), José Gregorio Díaz, numa conferência de imprensa virtual.

“Esta situação é responsabilidade de todos, mas, principalmente, de vocês que estão reunidos em Nova Iorque”, acrescentou, referindo-se aos Presidentes e líderes mundiais que participam na celebração dos 75 anos da criação das Nações Unidas.

Díaz pediu aos chefes de Estado que sejam "honestos pela primeira vez".

“Precisamos reviver o Acordo de Paris (que visa dar uma resposta global às alterações climáticas) e travar os acordos de comércio extrativista, como o da União Europeia e do Mercosul (bloco económico composto pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai)”, acrescentou o coordenador, ao pedir aos grandes bancos para “pararem de dar dinheiro para destruir a Amazónia”.

“Saibam que hoje, tal como ontem, o nosso presente e futuro viram cinzas devido aos incêndios na Amazónia, contaminados com minerais e mercúrio, manchados com o sangue dos nossos irmãos pela luta em defesa do nosso território”, declarou Díaz.

O coordenador da COICA pediu numa carta aberta, dirigida aos líderes mundiais, que "pelo menos se comprometam a respeitar e incorporar as práticas indígenas "de uso sustentável dos recursos naturais".

“Se eles nos ignorarem novamente e continuarem com os seus discursos de mentiras, não haverá forma de recuperar a economia em lugar nenhum”, avisou José Gregorio Díaz.

A líder da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sonia Guajajara, também participou na conferência de imprensa, tendo denunciado que o Presidente, Jair Bolsonaro, "mente ao dizer que os povos indígenas são responsáveis" pela destruição da Amazónia.

“O Brasil tornou-se num dos lugares mais perigosos do mundo, o mundo inteiro ficou horrorizado com os incêndios, que puderam ser vistos do espaço”, disse a responsável da APIB, organização que coordena a luta dos povos originários pelos seus direitos.

A brasileira destacou que "por de trás de cada incêndio está a ganância corporativa de empresas como do agronegócio e da mineração, assim como os maiores bancos e corporações do mundo".

Guajajara também se referiu à pandemia de covid-19, que já matou mais de 800 indígenas no Brasil, país mais afetado pela doença na América do Sul, e onde mais de 30 mil índios foram infetados pelo vírus, segundo dados da APIB.

"Os nossos líderes mais importantes estão a morrer precocemente. Aldeias inteiras em confinamento voluntário correm o risco de desaparecer", alertou a coordenadora da APIB.

Por sua vez, o diretor de campanhas do movimento cívico Avaaz, Oscar Soria, recordou que o “Brasil e o Peru são os casos mais críticos devido à covid-19” na bacia amazónica, mas que “também existem problemas preexistentes, como a posse da terra, conflitos e violência".

Soria chamou ainda a atenção que “a iminência de uma seca dificultará a resistência dos povos indígenas até março” do próximo ano.

Organizações indígenas, civis e religiosas que apoiam as reivindicações da Amazónia estão reunidas esta semana, de forma virtual, na cimeira "O grito da selva", para alertar o mundo sobre as consequências da pandemia e dos incêndios na segurança climática e na alimentação global.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Toda Natureza é Consciente


A psicologia “moderna” mantém uma triste ilusão antropocêntrica: a ilusão segundo a qual o ser humano é dono exclusivo da consciência.  
 
Assim como outras áreas de conhecimento científico, a psicologia convencional parte da premissa de que o universo é inconsciente. Ela pensa que o reino vegetal também não tem consciência. Ela vai além e considera que o mundo animal é inconsciente, e que o próprio ser humano é, amplamente, governado por algo que ela insiste em chamar de “inconsciente”. 
 
O que vemos nesta situação é uma forma estreita de consciência imaginando que só ela própria é consciência, e que tudo o mais no universo é destituído de inteligência.  A arrogância coletiva – neste caso como em outras situações – é diretamente proporcional à ignorância.
 
Em “A Doutrina Secreta”, Helena P. Blavatsky escreveu: 
“Há uma só Onisciência e Inteligência indivisível e absoluta no Universo, e ela vibra por todos os átomos e em cada ponto infinitesimal de todo o Cosmos…”.
Poucas linhas mais abaixo ela acrescentou: 
“A ordem inteira da natureza mostra uma marcha progressiva na direção de uma vida mais elevada. Há um desígnio na ação das forças aparentemente mais cegas. Todo o processo da evolução, com suas intermináveis adaptações, é uma prova disso. As leis imutáveis que eliminam as espécies fracas e débeis, abrindo espaço para as fortes, e que asseguram ‘a sobrevivência dos mais adaptados’, embora sejam tão cruéis na sua ação imediata – estão todas trabalhando para a grande meta. O mero fato de que as adaptações ocorrem, de que os mais adaptados sobrevivem na luta pela existência, mostra que aquilo que se chama de ‘Natureza inconsciente’ é na realidade um agregado de forças manipuladas por seres semi-inteligentes (Elementais) guiadas por Espíritos Planetários Elevados (Dhyan Chohans), cujo agregado coletivo forma o verbum manifestado do LOGOS imanifestado, e constitui ao mesmo tempo a MENTE do Universo e a sua imutável LEI.” 
E H.P. Blavatsky acrescenta, na edição original da obra, a seguinte nota de rodapé: 
“A Natureza tomada em seu sentido abstrato não pode ser ‘inconsciente’, porque é a emanação, e portanto um aspecto (no plano manifestado) da consciência ABSOLUTA. Onde está o indivíduo suficientemente audaz para pretender negar à vegetação e mesmo aos minerais uma consciência própria deles? Tudo o que ele pode dizer é que esta consciência está além da sua compreensão.”
Segundo a teosofia, portanto, não há matéria morta no universo, e a consciência cósmica permeia tudo o que existe. Em seu livro “A Lei do Triunfo”, Napoleon Hill escreveu sobre a inteligência presente em cada célula orgânica:  
 
“As células de toda vegetação, bem como as da vida animal, são dotadas de um elevado grau de inteligência.”
 
Em seguida, Hill menciona o impacto positivo ou negativo da nossa alimentação sobre a inteligência celular do nosso corpo: 
“Pelo fato de que muitas formas animais (inclusive o homem) vivem de devorar os animais menores e mais fracos, a ‘inteligência celular’ desses animais que entram no homem e se tornam parte dele traz consigo o medo nascido da experiência de ter sido comida viva.” 
 
Da mesma forma, a literatura teosófica ensina que comer carne – isto é, devorar cadáveres de animais – é algo que embrutece o ser humano; e este embrutecimento começa pelo nível da  inteligência celular.  
 
Napoleon Hill  aborda a interação entre as emoções e os órgãos digestivos do ser humano: 
 
“Sabe-se que os aborrecimentos, as emoções ou os temores interferem com o processo digestivo e, em casos extremos, detêm inteiramente este processo (…..).  É claro, pois, que o espírito tem parte importante na química da digestão e da distribuição dos alimentos”.
 
Napoleon Hill discute a relação entre o estado de espírito do indivíduo e a inteligência celular do seu corpo físico:   
“A preguiça não é mais do que o resultado da ação de uma mente pouco ativa sobre as células do corpo. (…..) As células agem de acordo com o estado mental, exatamente da mesma maneira como os habitantes de uma cidade agem de acordo com a psicologia da massa que a domina. Se um grupo de cidadãos eminentes  procura fazer com que a cidade adquira a reputação de ‘progressista’, esta ação influencia a todos os que ali vivem. O mesmo princípio se aplica às relações entre a mente e o corpo. Uma mente ativa e dinâmica conserva as células do corpo em constante estado de atividade.” 
E ainda:  
“Os pensamentos dominantes na nossa mente – ou seja, os mais frequentes e profundos pensamentos que nos vêm – influenciam a ação do nosso corpo. Cada pensamento posto em ação pelo cérebro atinge e influencia todas as células do corpo.” 
 
Não existem, portanto, coisas ou seres inconscientes. Existem apenas seres e objetos cuja consciência nós ainda somos incapazes de perceber. Em algum momento, a psicologia convencional terá que adequar-se à verdade dos fatos e ir além da pretensão segundo a qual a única forma existente de consciência é a consciência verbal do hemisfério cerebral esquerdo do ser humano, aquela consciência que rotula e classifica, e que julga o futuro com base no passado.  
 
Na verdade, toda natureza é consciente, embora nem todos os seres tenham a consciência individualizada, ou percepção autoconsciente. Além disso, é importante saber que a percepção autoconsciente – de acordo com a filosofia esotérica – é também uma forma de ilusão, de maya. Para que se alcance a sabedoria, ela deve ser transcendida, ao mesmo tempo que é preservada como instrumento.  
 
O hemisfério cerebral esquerdo é útil, mas as inteligências das outras áreas cerebrais também devem ser usadas.     

O Problema das Redes Sociais



Saiu ontem o documentário "O Dilema das Redes Sociais" (2020), na Netflix, que procura dar conta de vários dos problemas que têm sido atribuídos às redes sociais: viciação, invasão de privacidade, propaganda, manipulação, fragmentação de identidade, etc. O protagonista do filme é Tristan Harris que começou por ser responsável pelo design ético da Google, tendo-se demitido para criar a fundação Center for Humane Technology. O filme é relevante, aconselhável a todos os que usam as redes sociais, dos adolescentes aos mais velhos, mas com algum espírito crítico para evitar entrar em estado de alarme.
Para quem trabalha na área nada é dito aqui de novo, mas o que é dito é importante que chegue a todos, e não apenas a quem trabalha no domínio. As pessoas que falam fizeram todas parte destas empresas — Facebook, Google, Twitter, Instagram, Snapchat,... — mas nem tudo o que dizem é tal como nos querem dar a entender, existe algum excesso, alguma falta de enquadramento principalmente de teoria dos media e análise histórica da psicologia humana. Mas no cômputo geral, o filme funciona bem no acendimento de algumas campainhas, podendo ser relevante para uma grande faixa da sociedade que passou a usar estas ferramentas sem compreender como funcionam, sem qualquer noção do que está por detrás daquelas imagens, menus e comentários que a toda a hora solicitam a nossa atenção.
O discurso alarmista tende ao exageramento das capacidades e potencial, mas aceito-o como discurso que procura gerar uma preocupação societal. Sem essa preocupação dificilmente poderemos levar os políticos a tomar as decisões que são necessárias. Não se compreende como andamos há uma década a pedir regulamentação para estas ferramentas, e tudo continua na mesma. Na Europa criou-se o RGPD, lançaram-se algumas multas, mas pouco mais foi feito. Se temos todo um conjunto de estruturas que regulam os media tradicionais, da rádio à televisão, porque é que ainda não criámos regulação para estas redes sociais? Simplesmente porque não há pressão.
Repare-se no que aconteceu com a Uber, a pressão dos taxistas tem obrigado os políticos a agir. No caso das redes sociais, a pressão surge apenas pelo lado de algumas das pessoas que trabalham na área, e depois quando se fala de roubo de dados ou do muito dinheiro gerado pelas companhias. Por outro lado, sabemos que não é algo simples ou fácil. A regulação das redes sociais, ao contrário dos media tradicionais, tende a chocar com as liberdades e garantias individuais, que é no fundo o mesmo problema da Uber, por isso é tão complicado legislar. Mas se pensarmos no modo como funcionam os regulamentos dos media tradicionais, esses também chocam com os mesmos direitos, a diferença é que a proibição atua de modo indireto e por isso parece menos intrusivo.
A questão dos sistemas informáticos e os algoritmos desenhados para o engajamento é em si menos relevante, porque não difere daquilo que fazemos quando criamos qualquer obra de arte, quando criamos uma peça musical, filme, livro ou uma peça de teatro, ou um espetáculo de televisão, circo ou ilusionismo. Recorrem-se às técnicas mais eficazes na captação da atenção. Claro que ter pessoas a passar dias inteiros fixados nos sistemas não é bom para qualquer pessoa, menos ainda crianças ou adolescentes, mas aí cabe aos pais atuar. Como tenho defendido no caso dos videojogos, as rede sociais devem seguir o mesmo regime, não proibir mas regrar o tempo. Um adolescente tem de ter tempo para ler, ver cinema, correr, brincar, ouvir música, pintar, etc. etc. não pode estar todo o dia no café virtual do Instagram ou na discoteca virtual do Tik Tok. Por isso o que mais desperta a minha preocupação é a relação com o discurso social, a construção de comunidade sócio-política sobre a qual as redes sociais intervêm cada vez mais.
No passado recente, o discurso comunitário era construído quase em exclusivo pelos media e os políticos. As redes sociais vieram dar voz, não a todas as pessoas, mas a todas as ideias, e é aí que surge aquele que considero ser o principal problema. Quando empresas estão dispostas a promover qualquer ideia em função de ganhos financeiros. Onde fica a chamada responsabilidade social das empresas? Como é que podemos aceitar que estas empresas promovam textos e vídeos que debitam informação falsa, errada, que busca manipular a percepção de realidade de outras pessoas? O problema não são os algoritmos, os seus truques de engajamento. Porque esses são bons para mim quando procuro informação relevante, como quando quero comprar um livro e os sistemas me apresentam os livros próximos. Agora quando tenho o Facebook a apresentar-me mais e mais informação sobre a Terra Plana apenas porque vi uma qualquer imagem relacionada, não faz sentido.
Repare-se que o problema não é alguém publicar um texto dizendo que a Terra é plana, mas é o facto das redes sociais, para ganharem dinheiro, aumentarem a distribuição desse texto. Isto está errado, porque quando os algoritmos apresentam esse conteúdo não o fazem porque foi pedido conscientemente por alguém, mas antes porque a empresa quer apresentá-lo para manter a pessoa agarrada ao sistema, por forma a conseguir enviar-lhe mais e mais publicidade. Ou seja, não se trata de proibir ou censurar, mas trata-se de impedir a manipulação empresarial de informação que se sabe ser falsa e nefasta para a sociedade que queremos.
Todos nós experienciamos o poder do algoritmo quando publicamos duas coisas distintas e verificamos que uma tem o dobro de likes da outra. Sabemos que não é por nossa vontade, mas também não é por acaso, é antes porque o algoritmo do Facebook considera um conteúdo melhor do que outro e por isso apresenta-o a muitas mais pessoas, aumentando a sua visibilidade e inevitavelmente o número de likes. Agora não podemos aceitar que o algoritmo considere mais uma notícia falsa, que por ser chocante tem enorme potencial de captar atenção, e a apresentade a mais pessoas do que uma notícia verdadeira que é menos chocante. Mas isto só vai mudar quando for regulado, é de uma ingenuidade tremenda andar a fazer pressão sobre as redes sociais para que elas se auto-regulem quando elas são empresas cotadas em bolsa.
A mensagem no final do documentário é, do meu ponto de vista, para ser levada à letra. Desliguem as notificações. Sempre que comprarem um novo telemóvel ou computador, comecem por desativar todas as notificações de todas as Apps, mantenham apenas as das chamadas e SMS. Se não o fizerem, abrem a porta a que o vosso tempo seja regulado pelo telemóvel e não por vocês.

Censored: Australian scientists say suppression of environment research is getting worse

Fonte: Nature

Environmental scientists in Australia say that they are under increasing pressure from their employers to downplay research findings or avoid communicating them at all. More than half of the respondents to an online survey thought that constraints on speaking publicly on issues such as threatened species, urban development, mining, logging and climate change had become worse in recent years.1

The findings, published this month in Conservation Letters, reflect how politicized debates about environmental policy in Australia have become, says Saul Cunningham, an environmental scientist at the Australian National University in Canberra. “We need our publicly funded institutions to be more vocal in defending the importance of an independent voice based on research,” he says.

Australian scientists aren’t the only ones who have reported interference in science or pressure — particularly from government employers — to downplay research findings. Scientists in the United StatesCanada and Brazil have also reported such intrusions in the past decade.

Scale of the problem

Two-hundred and twenty scientists in Australia responded to the survey, which was organized by the Ecological Society of Australia and ran from October 2018 until February 2019. Some of the respondents worked in government, others in universities or in industry, for example in environmental consultancies or non-governmental organizations.

The results show that government and industry scientists experienced greater constraints from their employers than did university staff. Among government employees, about half were prohibited from speaking publicly about their research, compared with 38% employed in industry and 9% of university staff. Three-quarters of those surveyed also reported self-censoring their work.

Scientists silenced: Infographic showing that many environmental scientists have had their work altered by their employer.

Source: D. A. Driscoll et al. Conserv. Lett. e12757 (2020)

One-third of government respondents and 30% of industry employees also reported that their employers or managers had modified their work to downplay or mislead the public on the environmental impacts of activities such as logging and mining.

Government employers most commonly modified science reported for the media or for internal communications, but conference presentations and journal articles were also altered to downplay environmental impacts. A 2013 survey of more than 4,000 Canadian government scientists found a similar rate (24%) of information for the media being altered or excluded for non-scientific reasons. In Australia, public commentary was most commonly curtailed on issues related to threatened species. “The public often remains ‘in the dark’ about the true state and trends of many species,” wrote one survey respondent.

Managers modifying communications shared in government departments is particularly concerning, says ecologist Don Driscoll from Deakin University outside Melbourne, who led the study. It suggests that for controversial issues, such as the environmental impacts of mining or land clearing, “the information is not getting right through to the decision makers”.

Although university scientists reported fewer restrictions on communicating their work, Cunningham says that they are not immune to pressures that can prevent them from speaking out. “Many prominent researchers in my school receive threats of violence as a result of their work,” he says. “[That’s] not going to be good for your mental health, and it might also shape your willingness to speak publicly about contentious issues,” he says.

Just under half of the survey respondents reported being harassed or criticized for speaking out. The Ecological Society of Australia has now set up a permanent online portal where instances of science suppression can be anonymously reported.

Most scientists felt the main consequences of being blocked or refraining from speaking about their work was that vested interest groups then dominated public debates and could mislead people, and that relevant data was not used to inform policies.

The remedy

Driscoll says that one way to reduce employer interference and improve transparency is to establish an independent environment commission that provides policy advice and has guaranteed funding. The commissioner in charge would need security of tenure, “so that they can’t be sacked every time there’s an election,” says Driscoll. This happened in 2013, when a newly elected conservative government disbanded a climate commission set up two years earlier to act as an advisory board to government on climate science.

New Zealand has had an independent parliamentary commissioner for the environment since 1986, to provide independent reports and advice on environmental issues to the parliament.

Policies and codes of conduct that stipulate how science should be communicated can also be helpful for scientists working in government departments, says Driscoll. In 2018, the Canadian government adopted a scientific-integrity policy for the public service, which directs departments employing scientists to ensure that communication is free from political, commercial and stakeholder interference, and that scientific information is made available to the public in a timely manner.

“I don’t think there’s a simple solution,” says Cunningham, but “it’s important to pursue some of these sorts of institutional changes and policy changes that can create a little bit of protection for ideas.”