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sábado, 25 de maio de 2019

Atenção, os “super-humanos” estão chegando


Quem não quer ser mais saudável, mais inteligente, mais forte, viver mais tempo e até mesmo adquirir poderes mágicos? Desde os tempos de Tétis, mãe de Aquiles, que mergulhava o filho no rio Estige para torná-lo invulnerável, até o Rei dos Macacos, que, segundo reza uma lenda chinesa, roubava pêssegos do pomar do imperador do céu para alcançar a imortalidade, o desejo de se tornar super-humano permeia diversas mitologias do mundo como motivo recorrente. Com a pesquisa genética, o ser humano vem se aproximando cada vez mais desse sonho alimentado. O passado já mostrou que uma ação rápida é necessária, a fim de regulamentar ações cada vez mais inescrupulosas neste campo.

Sonho alimentado por muito tempo parece se tornar realidade palpável
Modificar o genoma de um indivíduo de tal maneira que essa mudança possa ser geneticamente herdada é um procedimento definido como pesquisa sobre a linha germinal humana., ou seja, os genes são modificados dentro das células germinativas ou reprodutivas, ou seja, no óvulo ou no espermatozoide. A tecnologia atual para isso, CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), tem sido útil no tratamento genético de enfermidades. No entanto, é muito arriscado utilizar o método para fins reprodutivos, pois ainda temos muito pouco conhecimento sobre como os genes interagem entre si ao longo do tempo, e sobre quais variações poderiam ocorrer no desenvolvimento dos bebês.

Pesquisas arriscadas
Embora haja consenso na comunidade científica internacional no sentido de não interferir no material genético dos seres humanos, a discordância deste tipo de prática é relativamente pouca. O Japão, por exemplo, só promulgou em setembro de 2018 diretrizes limitando teoricamente a manipulação genética em embriões humanos. No entanto, essas diretrizes não são legalmente compulsórias, da mesma forma que acontece em diversos outros países, como os Estados Unidos e a China.  

A China cria fatos consumados
A urgência de uma discussão sobre como coexistir com humanos reproduzidos através de engenharia germinativa tornou-se óbvia em novembro de 2018, quando o cientista chinês He Jiankui anunciou ter alterado os genes embrionários de gêmeos em uma tentativa de protegê-los da infecção pelo vírus HIV carregado por seu pai. Esse é o primeiro caso de recém-nascidos manipulados por engenharia germinativa na história humana. Para tornar os gêmeos imunes ao HIV, ele eliminou um gene chamado CCR5, que não apenas torna camundongos mais inteligentes, como também melhora a recuperação do cérebro humano após um AVC, e é também aparentemente necessário para uma trajetória escolar bem-sucedida.

A Caixa de Pandora está aberta
A indignação de todo mundo científico foi grande, inclusive na própria China. He foi proibido de continuar pesquisando e desapareceu do espaço público. No entanto, sua obra abriu uma Caixa de Pandora. Qual seria a punição para ele, se os gêmeos desenvolvessem uma doença incurável única por causa de seus genes manipulados?
 
E quanto aos cientistas que colaboraram com ele, mantendo silêncio sobre suas maquinações desde o início? E se ele for até mesmo uma inspiração para seus colegas e eles agora, no rastro do "Dr. Frankenstein”, resolverem criar seres super-humanos? Que efeitos esses seres criados por eles teriam sobre o patrimônio genético humano?
 
Em função da pouca clareza legal nessa área, não podemos, neste momento, dar resposta a todas essas questões, embora elas sejam urgentes. Os governos de todo o mundo deveriam impor leis mais elaboradas e severas, a fim de evitar tais experimentos inescrupulosos e para que não se coloque em risco o futuro da espécie humana. Não se trata de se opor a inovações em função de medos difusos, mas de evitar que vidas humanas sejam vistas como vítimas necessárias para a evolução. Em suma: nós precisamos proteger a humanidade da chegada dos super-humanos.

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