Cientista e pedagogo português, de renome mundial, da primeira metade do século XX (1892-1987), Aurélio Quintanilha distinguiu-se pelo seu ativismo anarquista e pedagógico.
A oportunidade de acompanhar a reunião da plataforma IPBES – Plataforma Intergovernamental de Ciência e Política sobre Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas, que decorreu na sede da Unesco em Paris, de 29 de Abril a 4 de Maio, justifica esta breve análise, em particular tendo em conta as suas conclusões. A plataforma IPBES foi criada em 2012, com o objectivo de dar resposta à escassa interação entre cientistas e responsáveis pelas políticas em biodiversidade, e conta já com mais de 130 Estados-membros, entre os quais Portugal (infelizmente sem representação formal nesta reunião). Importa sublinhar que a plataforma agrega diversos especialistas, garantindo aos governos um contributo independente sobre a biodiversidade global, informando a decisão, tal como faz o IPCC – Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas em relação ao clima.
O IPBES concluiu agora um importante relatório de avaliação do estado da biodiversidade global, um documento preparado por mais de 150 especialistas ao longo dos últimos três anos. Os principais resultados foram divulgados em Paris no dia 6 de maio, com a apresentação de um documento negociado entre cientistas e representantes dos governos, à semelhança do que faz o IPCC, aguardando-se agora que o documento seja adotado pelos governos e incorporado nos seus planos de ação. A verdade é que há um amplo consenso em relação à problemática, mas tem sido difícil elevar o nível de reconhecimento da crise de biodiversidade que vivemos, por forma a identificar a perda da diversidade biológica como um grave problema, a par do clima. A ausência de uma estrutura como o IPBES (o IPCC existe há muito mais tempo) poderá explicar parte desta dificuldade em estabelecer uma relação pródiga entre as conclusões da ciência e a iniciativa política.
A avaliação global agora realizada confirma a situação de rápido declínio de muitas espécies, refletindo múltiplos trabalhos científicos, como um recente estudo alemão que revelava uma redução de cerca de 80% da biomassa de insetos em 30 anos, e convergindo com documentos produzidos por organizações como a WWF, que apontava cenários de redução geral de 60% nas populações monitorizadas. Sendo certo que a agricultura é uma das principais causas desta perda de biodiversidade, em particular através da destruição de habitats, a avaliação do IPBES identifica igualmente outras causas; a título de exemplo, o declínio das abelhas também se deverá a doenças oriundas de diferentes regiões, à introdução de espécies invasoras, aos pesticidas ou à ausência de flores. As alterações climáticas começam a causar impactos, promovendo a migração de espécies que se vêm forçadas a expandir ou a limitar o seu território.
Não surpreendem todas as evidências de degradação e perda acelerada de ecossistemas e espécies, mas deve interpelar a incapacidade que revelamos para reagir de forma colectiva face a esta tendência dramática, mesmo quando é tão manifesta a importância da biodiversidade para o bem-estar e para a própria sobrevivência das comunidades humanas. É verdade que o impacto da perda da biodiversidade pode ser mais difícil de interpretar porque não se apresentam medidas de percepção fácil e objetiva. Quando falamos do clima, aludimos ao aumento da temperatura média ou ao número crescente de eventos extremos, mas quando falamos sobre biodiversidade, a palavra de ordem é prevenir a extinção.
Na perspectiva da decisão política, entre outros contributos relevantes, o relatório do IPBES apoiará a reunião da Convenção sobre Diversidade Biológica a realizar em 2020, em Kunming, na China, um país que parece querer assumir um protagonismo global nesta área. Um claro objetivo desta reunião será alcançar um acordo equivalente ao de Paris, mas para a biodiversidade. Tenho por isso alguma expectativa que o relatório do IPBES, apoiado pela maioria dos países do mundo, venha a edificar um roteiro robusto e inovador, consagrando de forma decisiva uma agenda global para a conservação da biodiversidade.
Biodiversidade pode referir-se a qualquer nível de variabilidade existente entre seres vivos, incluindo a diversidade genética dentro da mesma espécie, em espécies diferentes e ecossistemas.
Há 27 anos, as Nações Unidas propuseram 22 de Maio como Dia da Biodiversidade, para homenagear a data de aprovação do texto final da Convenção da Diversidade Biológica. Mas falar em diversidade da vida é demasiado lato: sobre que tipo ou sistemas vivos se pretende chamar a atenção? Como se expressa e qual o valor? Para muitos, biodiversidade e natureza são sinónimos. Paisagens com diferentes tons de verde e castanhos, salpicada de flores e algumas aves a sobrevoar transmitem um sentimento de beleza, subjectivo e pessoal, que apenas se interioriza quando desaparece ou se modifica.
Mas afinal o que é a biodiversidade e por que é tão importante? Biodiversidade pode referir-se a qualquer nível de variabilidade existente entre seres vivos, incluindo a diversidade genética dentro da mesma espécie, em espécies diferentes e ecossistemas. Ou seja, não basta termos uma monocultura, herbácea ou florestal, para maximizar a produção onde não há diversidade genética, para termos biodiversidade. Pelo contrário, este “tipo” de diversidade pode implicar o aparecimento de pragas ou doenças ficando a produção globalmente afectada. O mesmo se passa com ecossistemas idênticos e contíguos. Não existindo variabilidade, a capacidade de resistência é praticamente nula. E isto explica o alastramento de incêndios porque as paisagens continuamente uniformes são ecossistemas de produção pouco complexos e/ou altamente explorados pelo homem. Surgem as tais “catástrofes” que requerem ajuda imediata.
Quando há diversidade genética dentro de espécies, em espécies e ecossistemas diferentes, a biodiversidade aumenta e a sua capacidade de resiliência a fogos e tempestades é maior. Nos ecossistemas naturais estabelece-se uma teia de dependências complexas que as torna intimamente ligadas e resilientes. São estes sistemas, que para além do alimento e da fibra, providenciam a regulação hídrica, a reciclagem de nutrientes, a purificação do ar, a regulação térmica, e ainda o lazer e deleite cultural. Serviços de que o homem tira partido sem nada dar em troca. Em áreas de reserva natural, mesmo que confiram um equilíbrio global e sustentável, se não são rentáveis, como podem ser garante da qualidade de vida?
Infelizmente, o homem só entende e respeita o que lhe possa dar benefícios e, por isso, dificilmente é entendível que o ecossistema natural preste um serviço que é de todos e para todos, sem trabalho humano. A compreensão dos serviços do ecossistema requer um conhecimento holístico interdisciplinar em ecologia. A vantagem dos ecólogos, em detrimento de outros investigadores, é o de saberem usar indicadores biológicos, para “ler” o estado de conservação dos ecossistemas como medida de prevenção e posterior intervenção. Esse conhecimento é, ainda, pouco apreciado e nada valorizado.
Antes que a biodiversidade do território se torne mais uniforme, é tempo de ler criteriosamente o relatório da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES) saído em Maio da reunião de Bruxelas. Após anos de análise, o relatório é unânime em confirmar o elevado declínio de biodiversidade. No entanto, o nosso dia-a-dia não é afectado, nem a nível pessoal nem social, como no caso das alterações climáticas. Quer isto dizer que a biodiversidade se pode perder perante a passividade quase generalizada da população e a indiferença dos políticos. Do ponto de vista estratégico, o importante é reduzir a emissão dos gases com efeito de estufa, porque são eles os causadores de todas as catástrofes. Ainda não se entendeu que a “alteração climática” poderia não ser tão dramática se não tivesse havido a delapidação dos ecossistemas florestais e a sobreexploração dos habitats marinhos e terrestres. Um dos efeitos da integridade dos ecossistemas é servir de tampão às alterações externas.
Sem pretender retirar o mérito das presentes medidas legislativas para cumprir o Acordo de Paris, não deixa de ser estranha a perseguição aos parques automóveis, quando há isenção ao fuel da aviação e incentivo ao aumento da emissão de gases com a aposta no aumento da área aeroportuária. Nesta altura, a nível mundial, já se pondera restringir o transporte aéreo, mas em Portugal pretende-se aumentar e à custa de uma zona sensível para a biodiversidade.
Também, nas faldas das serras a norte do Tejo, onde há concentração de lítio, foi já concessionada a exploração do denominado “ouro branco” que trará (?) riqueza económica. Depois da informação de que grande parte desses territórios são os mais pobres e desabitados do país, como se pode argumentar e defender a conservação da biodiversidade, com investimentos oportunos, da era moderna, para satisfazer os mercados da nova tecnologia? Há ainda o caso da implantação do projecto do porto espacial na ilha de Santa Maria. Depois da base das Lajes, surge agora uma nova exploração de grande envergadura de que pouco se tem falado. Todos estes exemplos incentivam a emissão de gases com efeito de estufa, contraditórios à política climática. Os custos-benefícios ecológico-económico foram suficientemente estudados? Como ficarão afectados os ecossistemas com a poluição consequente? Em nome do desenvolvimento económico, a perda da biodiversidade é, apenas, um problema secundário.
Enquanto as alterações climáticas arrastam problemas sociais de efeitos globais, a perda de biodiversidade ainda é encarada com pouco interesse político. Depois do relatório do IBPES e das Nações Unidas terem declarado a nova década para o restauro ecológico, Portugal poderia assumir um protagonismo global ao canalizar alguns fundos estruturais europeus para incentivar a conservação da biodiversidade, de forma coerente e com bases científicas. Seria uma oportunidade diferente de preparar o futuro, contribuir com a criação de emprego especializado e estabelecer isenções fiscais a proprietários que pretendessem conservar a biodiversidade ou mesmo contribuir para o seu restauro. É especialmente necessário investir nas bases sociais que impeçam a degradação dos ecossistemas e a poluição ambiental. E isso é saber ler a natureza e ensinar a valorizar a biodiversidade.
Bióloga, professora catedrática de Ciências Universidade de Lisboa; presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia
Primeiro, trocaram as fraldas descartáveis por outras reutilizáveis. Antes, Claire Sancelot e o marido já tinham comportamentos que reflectiam “algumas preocupações ambientais” — gestos mecanizados como não usar sacos plásticos para as compras e fazer a separação de lixo no apartamento que partilhavam em Hong Kong. Mas o nascimento da primeira filha quebrou um ciclo. Como? Com outra pergunta: “Que planeta estamos a deixar para as gerações futuras?”
Depois das fraldas e da primeira filha (já vão em três), mudaram quase tudo. Os carrinhos de bebé, berços, roupas e camas são em segunda mão — ou “pré-amados”, como Claire descreve. Fazem compostagem, recusam produtos embrulhados em plástico, reduziram o consumo de produtos de origem animal, trocaram os guardanapos de papel por outros de pano (para todas as refeições), os pensos higiénicos e os tampões por pensos laváveis e pelo copo menstrual. Compram muito menos coisas, e sempre a granel e em segunda mão.Aproveitam-nas muito mais. Tentam que nenhum lixo vá para aterros. Quando deixaram Hong Kong, a empresa de mudanças empacotou tudo só em caixas de cartão reciclado e jornal velho.
Em Kuala Lumpur, na Malásia, onde agora vivem, Claire Sancelot, uma das porta-vozes de um movimento crescente de pessoas que tentam reduzir a quantidade de lixo que produzem, fundou o projecto Zero Waste Malaysia, distinguido pelas Nações Unidas, em 2017. Foi lá que abriu “a primeira loja de desperdício zero no Sudeste Asiático”. Vendia “cerca de 50 produtos” e a abertura “gerou muita curiosidade”, mas a francesa não lhe chamaria um “sucesso”. Dois anos depois, a The Hive tem quatro espaços próprios e 20 pontos de venda, alguns em supermercados, em todo o país. “O movimento cresceu. As pessoas querem mesmo mudar a forma como estão a consumir. A frustração está lá, o que eu consegui fazer foi dar-lhes soluções”, conta, à conversa com o P3, esta segunda-feira, horas antes da palestra que deu no Porto na Conferência National Geographic. Nela “relembra coisas que nós nos esquecemos e pensamos que são impossíveis hoje": "Quebrar o ciclo de comprar, comprar, comprar é difícil, mas dás um pequeno passo atrás de um pequeno passo e vês a liberdade. É um sentimento óptimo.” Aqui ficam cinco ideias para começar.
Espreita para o teu caixote do lixo
“Estamos assoberbados — e eu sei que o problema é assustador. Estou só a propor a minha solução individual, que, na verdade, é 150% senso comum, o que a nossa avó costumava fazer. Começa por olhar para o teu lixo. Eu sei que vais ver que a maior parte são embalagens de plástico — que são muito difíceis de contornar.”
Como evitá-las? Descascar mais e desembalar menos é um dos lemas do movimento Lixo Zero. “Leva sempre que conseguires o teu próprio recipiente (consegues até poupar no preço da embalagem), leva os teus próprios sacos, escolhe alimentos não processados e sem embalagem, mas principalmente, e isto é o mais importante, pergunta ao teu supermercado: ‘podemos ter produtos sem plástico? Ou uma secção a granel?’ Afinal, tu é que estás a gastar o teu dinheiro lá.”
Não leves lixo para casa — e tira o que já lá entrou
“O primeiro passo é tirar todos os itens descartáveis de todas as divisões da casa.” E não comprar mais. Na casa de banho, por exemplo, Claire trocou os frascos de champô por barras sólidas, as escovas de plástico por alternativas feitas de bambu, regressou às lâminas de barbear não descartáveis e, depois de experimentar o copo menstrual, deixou de comprar pensos higiénicos e tampões descartáveis.
Na cozinha, reduziu o consumo de carne e de leites e derivados e estabeleceu relações com agricultores locais, a quem compra produtos frescos e dá o resultado do composto que faz. Claire não sai de casa sem uma colher, um copo, um saco, um lenço de pano. Quando viaja, deixa o sinal de “por favor não incomodar” na porta do quarto, mesmo quando não está lá, para que nada seja “substituído ou lavado desnecessariamente”. Deixou de comprar roupa nova e, quando precisa de alguma peça, procura por opções em segunda mão. “Vais sentir-te melhor porque a tua carteira vai estar melhor.”
Reduzir, reutilizar e reciclar só o que não se pode recusar
Recusa o que não precisas; reduz o consumo; privilegia o que podes reutilizar. Faz compostagem — um dos processos favoritos de Claire, que usa “um cesto para a roupa suja” que pertencia à sogra — e, só depois, separa para encaminhar para a reciclagem o que não podes recusar, reduzir ou reutilizar. São, aliás, estas as directrizes que Bea Johnson, a “guru do desperdício zero”, começou por divulgar.
“O movimento desperdício zero não é sobre ser perfeito”, diz, lembrando que vive numa casa “com três crianças e um cão”. É uma forma de vida “ética, eficiente e económica" — cujos vestígios, muitas vezes, cabem num frasco de vidro.
Qual é o verdadeiro impacto das acções individuais?
“Enorme. É o teu ‘poder-dólar’”, evidencia Claire. “Qualquer empresa segue os hábitos dos consumidores. As empresas percebem o que os consumidores querem, por isso estão a apresentar soluções. É muito lento, deviam fazê-lo muito mais rápido. E têm de ter preços muito semelhantes.” Mas não há que desmoralizar: “No dia-a-dia, tu só fazes o que podes fazer — mas nós podemos fazer tanto. Isso é o que estou a tentar lembrar as pessoas. Agora tenho um negócio, mas o que estou a tentar dizer aos meus amigos desde 2010 é: façam o que puderem mas façam-no agora. Porque nós não temos mais tempo. Temos de agir agora.”
"É pena que não se saiba o numero de insetos e outros organismos que são mortos com este tipo de prática…
As imagens são chocantes mas as autoridades portuguesas dizem que não há informação suficiente para controlar/ proibir a apanha mecânica noturna, para o nosso pais estima-se que morram 96 mil aves." SPEN - Sociedade Portuguesa de Entomologia
New research has discovered that millions of birds are being vacuumed up as part of nocturnal suction olive harvesting in the Mediterranean.
From October to January the machinery operates at night and in Andalusia, Spain, an estimated 2.6 million birds are vacuumed to death annually, with the regional government recently putting a stop to the practice. In Portugal, some 96,000 birds are thought to die every winter. The problem is feared to be so vast that Portuguese researchers have recently written a letter to Nature, pleading that nocturnal olive harvesting is ceased.
Huge numbers of birds from central and northern Europe winter in the Mediterranean, and while they are roosting at night the olive picking machines begin their work. The loud noise and dazzling illumination of the lights is thought to disorientate the birds, who are unable to escape and end up being sucked into the machines in large numbers. The trees are stripped at night because cool temperatures help preserve the olives' aromatic compounds.
The Andalusian government has already put a stop to the practice, but other Mediterranean countries – including France, Italy and Portugal – are yet to take action. A separate study found that nearly 100,000 birds die annually in Portugal as a result of suction olive harvesting. The research also found that, between December and January in Alentejo, an average of 6.4 birds died per hectare of intensive olive grove farmland.
This sample is small, and further studies will be undertaken when the harvest season recommences in October. However, the figures are worrying and – if Andalusia is a fair example – then suction harvesting consists of a serious threat to species wintering in the Mediterranean.
Domingos Leitão, from Portuguese Society for the Study of Birds (SPEA), said: "They [the birds] should not be subject to disturbance in the rest period. If the birds in one row of olive trees are frightened, they fly to another; the [EU's] Birds Directive says that they should not be disturbed during the rest period."
Nuno Sequeira added: "When negative impacts like these are detected, the authorities must act swiftly and accordingly. We are talking about hundreds of thousands of dead birds. The lack of regulation allows birds to die as well as other environmental impacts, such as soil erosion and contamination and pollution of aquifers with synthetic chemicals used in intensive and super-intensive agriculture."
Na imagem: um caricato mapa do continente europeu desenhado por Rafael Bordalo Pinheiro em 1870. Publicado n'A Berlinda, este mapa da Europa, qual manta de retalhos, mostra os diversos países configurados por figuras humanas e animais, evocando características típicas ou problemas internos de cada Estado.
Portugal é um velho decadente
A Grécia é um caranguejo agressivo.
A Finlândia é gelo puro.
A Polónia uma mosca.
A Escandinávia um bacalhau desinteressante.
A Dinamarca uma lagosta
A Inglaterra um marinheiro bêbado, trazendo a Irlanda à trela e vomitando esquadras.
Saiba mais sobre a ilustração publicada n'A Berlinda.
Ao mencionar a palavra “mina”, ocorrem-nos imagens de homens rijos e de rosto enegrecido, em cenários lunares que rasgam a paisagem. Mas o que acontece às minas quando são abandonadas? Na Universidade de Évora, uma equipa tem analisado as feridas ambientais geradas pelas explorações mineiras, procurando soluções e tentando compreender a interacção dos metais pesados com o ambiente.
A água é o principal veículo de disseminação dos poluentes. A análise química de amostras obtidas neste ambiente deixa frequentemente António Candeias e José Mirão, investigadores da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade, de sobrolho carregado, de tal forma são elevadas as concentrações de chumbo, arsénio, mercúrio ou cobre. Estes elementos têm implicações na saúde humana, pois a exposição prolongada pode provocar alterações metabólicas que se revelam em doenças crónicas como neuropatias, síndrome hepática, insuficiência pulmonar ou cardiovascular e mesmo cancro.
Há muito que aquela dupla de cientistas trabalha em equipa, e é no Colégio Luís Verney, antigo quartel militar, que a encontramos, sob as abóbadas arredondadas do laboratório, analisando o solo contaminado com recurso a um difractómetro de raios X. “O equipamento permite a identificação mineralógica pormenorizada e, em conjunto com a extracção sequencial, a distribuição dos metais em argilas, óxidos ou sulfatos”, diz António Candeias. “Com esta informação, pode conhecer-se a dinâmica dos sistemas e a distribuição e biodisponibilidade dos metais pesados.”
Uma das mais emblemáticas minas portuguesas encontra-se em São Domingos, no concelho de Mértola. Com vestígios de exploração romana, era considerada no século XIX um dos importantes centros de extracção de cobre e enxofre na Europa, tendo inclusivamente um caminho-de-ferro próprio, o primeiro em Portugal. Hoje, é um espaço quase alienígena, com os seus matizes vermelhos, laranjas e amarelos, envoltos no abafado calor alentejano.
Junto à aldeia, a corta impressiona pela dimensão. Bem perto, a ribeira segue a direito por um vale ensombrado pelos esqueletos de edifícios abandonados. Ácida (com pH que chega a 2, quando o valor normal para água não contaminada deveria ser entre 6 e 8, consoante a zona do país), a água transporta contaminantes até ao Guadiana. Ao entrarem em contacto com a hidrosfera e a atmosfera, os minerais iniciam um processo de alteração e libertam metais que se difundem no ambiente, contaminando os solos e os lençóis freáticos. A sua acção pode assim sentir-se em locais distantes dos focos de poluição superficiais.
Em Portugal, há aproximadamente cem minas abandonadas, com diferentes tipologias. Locais como São Domingos, Caveira ou Lousal situam-se sobre a Faixa Piritosa Ibérica, uma importante região mineralífera que se estende para lá da fronteira, onde se exploram sulfuretos. Nas condições em que se formaram, os sulfuretos são estáveis, mas, quando expostos, levam ao aparecimento de águas ácidas, fenómeno provocado pela oxidação do enxofre e pela libertação dos metais. Integrados na cadeia trófica, estes acabam por afectar os ecossistemas.
A crise ambiental tem sido menosprezada e descredibilizada há tanto tempo e de tantas formas diferentes, que o subconsciente coletivo parece dizer «Não é possível. Se fosse mesmo assim tão grave “eles” faziam alguma coisa». O “eles” todo-poderoso antecipava e salvava-nos.
Como nos salvou de todas as outras crises que vieram antes desta, certo?
A nossa classe política já provou, vezes e vezes sem conta, sobretudo nos últimos anos, que é estrategicamente incapaz de gerir ou antecipar o que quer que seja, mas nós continuamos a fechar os olhos, a empurrar a responsabilidade, a “deixar andar”. Afinal, não pode ser assim tão mau… e se for, os efeitos também só se vão sentir daqui a várias gerações, certo? Errado. Provado e avisado, inúmeras de vezes, pela comunidade científica (o “eles” que importa).
Claro que não apetece nada pensar nisto e muito menos assumir qualquer tipo de responsabilidade, porque não, não basta votar nos paliativos que temos no Parlamento (completamente alienados da realidade), nem basta fazer reciclagem em casa ou parar de comer carne. As medidas que são necessárias tomar neste momento são muito mais dramáticas e estruturais e afetam a própria organização da nossa sociedade. Precisamos reavaliar a sociedade de consumo em que vivemos, de constante produção e crescimento. O resultado já não é teórico. Está à vista. Isto não é segredo nenhum, nem conversa de hippies e extremistas ambientais. Consta, entre outros, do Relatório Especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas.
Neste momento, e se quisermos limitar o aumento do aquecimento global a 1,5°C até 2030, vamos ter que implementar medidas extremas, coisa que até agora nos temos recusado a fazer. Se não o fizermos, e ultrapassarmos esse limite, as consequências serão devastadoras: colapso do ecossistema, acidificação dos oceanos, desertificação, inundação das cidades costeiras, emigração em massa… enfim, receita para o caos. E isto sem considerar sequer que os recursos que usamos e abusamos atualmente, são finitos e que estão a desaparecer a um ritmo alarmante. Desde o peixe, aos combustíveis fósseis, passando pela extinção em massa da biodiversidade terrestre. Continuar assim não é sustentável, mas mais do que isso, não é sequer possível por muito mais tempo e ou aceitamos esse facto e vamo-nos preparando para uma mudança progressiva e faseada ou essa mudança vai acontecer na mesma, quer se queira, quer não – e desengane-se quem acha que temos muitos anos pela frente. O Planeta está-se nas tintas se é “prático” ou se o “custo é demasiado elevado” – vai acontecer e pronto.
Mas então, se temos a informação e se sabemos que medidas são precisas tomar, porque é que não o fazemos? Porque quem tem o poder de decisão é exatamente quem mais beneficia do atual status quo e tem todos os incentivos e mais alguns para negar que a situação seja assim tão urgente. Só vão agir se não lhes for dada outra escolha, através de um movimento em massa de protesto, como temos visto surgir um pouco por toda a Europa e que levou, inclusivamente o Parlamento Britânico a declarar recentemente estado de emergência ambiental.
Em Portugal, este movimento tem surgido em força nas gerações mais novas – naturalmente mais disruptivas e menos acomodadas, mas também mais facilmente descredibilizadas. É altura de juntarmos mais vozes, falar mais alto e exigir um futuro seguro e digno para os nossos filhos – porque é isso que está em jogo.
Quem não quer ser mais saudável, mais inteligente, mais forte, viver mais tempo e até mesmo adquirir poderes mágicos? Desde os tempos de Tétis, mãe de Aquiles, que mergulhava o filho no rio Estige para torná-lo invulnerável, até o Rei dos Macacos, que, segundo reza uma lenda chinesa, roubava pêssegos do pomar do imperador do céu para alcançar a imortalidade, o desejo de se tornar super-humano permeia diversas mitologias do mundo como motivo recorrente. Com a pesquisa genética, o ser humano vem se aproximando cada vez mais desse sonho alimentado. O passado já mostrou que uma ação rápida é necessária, a fim de regulamentar ações cada vez mais inescrupulosas neste campo.
Sonho alimentado por muito tempo parece se tornar realidade palpável
Modificar o genoma de um indivíduo de tal maneira que essa mudança possa ser geneticamente herdada é um procedimento definido como pesquisa sobre a linha germinal humana., ou seja, os genes são modificados dentro das células germinativas ou reprodutivas, ou seja, no óvulo ou no espermatozoide. A tecnologia atual para isso, CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), tem sido útil no tratamento genético de enfermidades. No entanto, é muito arriscado utilizar o método para fins reprodutivos, pois ainda temos muito pouco conhecimento sobre como os genes interagem entre si ao longo do tempo, e sobre quais variações poderiam ocorrer no desenvolvimento dos bebês.
Pesquisas arriscadas
Embora haja consenso na comunidade científica internacional no sentido de não interferir no material genético dos seres humanos, a discordância deste tipo de prática é relativamente pouca. O Japão, por exemplo, só promulgou em setembro de 2018 diretrizes limitando teoricamente a manipulação genética em embriões humanos. No entanto, essas diretrizes não são legalmente compulsórias, da mesma forma que acontece em diversos outros países, como os Estados Unidos e a China.
A China cria fatos consumados
A urgência de uma discussão sobre como coexistir com humanos reproduzidos através de engenharia germinativa tornou-se óbvia em novembro de 2018, quando o cientista chinês He Jiankui anunciou ter alterado os genes embrionários de gêmeos em uma tentativa de protegê-los da infecção pelo vírus HIV carregado por seu pai. Esse é o primeiro caso de recém-nascidos manipulados por engenharia germinativa na história humana. Para tornar os gêmeos imunes ao HIV, ele eliminou um gene chamado CCR5, que não apenas torna camundongos mais inteligentes, como também melhora a recuperação do cérebro humano após um AVC, e é também aparentemente necessário para uma trajetória escolar bem-sucedida.
A Caixa de Pandora está aberta
A indignação de todo mundo científico foi grande, inclusive na própria China. He foi proibido de continuar pesquisando e desapareceu do espaço público. No entanto, sua obra abriu uma Caixa de Pandora. Qual seria a punição para ele, se os gêmeos desenvolvessem uma doença incurável única por causa de seus genes manipulados?
E quanto aos cientistas que colaboraram com ele, mantendo silêncio sobre suas maquinações desde o início? E se ele for até mesmo uma inspiração para seus colegas e eles agora, no rastro do "Dr. Frankenstein”, resolverem criar seres super-humanos? Que efeitos esses seres criados por eles teriam sobre o patrimônio genético humano?
Em função da pouca clareza legal nessa área, não podemos, neste momento, dar resposta a todas essas questões, embora elas sejam urgentes. Os governos de todo o mundo deveriam impor leis mais elaboradas e severas, a fim de evitar tais experimentos inescrupulosos e para que não se coloque em risco o futuro da espécie humana. Não se trata de se opor a inovações em função de medos difusos, mas de evitar que vidas humanas sejam vistas como vítimas necessárias para a evolução. Em suma: nós precisamos proteger a humanidade da chegada dos super-humanos.
Acabámos de saber que o Jurássico Superior português era habitado há cerca de 150 milhões de anos por mais um dinossauro gigante, que tinha como casa a Bacia Lusitaniana – uma zona jurássica de águas pouco profundas na faixa Oeste da Península Ibérica, entre o (agora) norte de Aveiro e a península de Setúbal. O dinossauro agora identificado como novo para a ciência por uma equipa luso-espanhola pertencia ao grupo dos saurópodes, dinossauros herbívoros que se distinguem pelas caudas e pelos pescoços muito compridos.
Trata-se não só de uma espécie nova para a ciência, como igualmente de um género novo, segundo o artigo em que é descrito na revista Journal of Vertebrate Paleontology. Eis o Oceanotitan dantasi, o nome científico atribuído ao dinossauro pelos paleontólogos Pedro Mocho (do Instituto Dom Luiz da Faculdade de Ciências de Lisboa e da Sociedade de História Natural de Torres Vedras), Rafael Royo-Torres (do Dinópolis – Museu Aragonês de Paleontologia, em Espanha) e Francisco Ortega (do Grupo de Biologia Evolutiva da Faculdade de Ciências da Universidade Nacional de Educação à Distância, em Espanha).
Mas os ossos do Oceanotitan dantasi já foram descobertos há mais de 20 anos, em 1996, nas rochas que afloram na Praia de Valmitão, na vila de Ribamar, concelho da Lourinhã. E quem os descobriu foi José Joaquim dos Santos, um carpinteiro e paleontólogo amador que já encontrou muitos fósseis na região Oeste do país, conhecida pela sua riqueza em fósseis de dinossauro do Jurássico Superior, segundo se explica num comunicado sobre o trabalho.
Ao longo de mais de 30 anos, José Joaquim dos Santos foi reunindo uma enorme colecção paleontológica composta por milhares de exemplares de fósseis de vertebrados e invertebrados e que estão depositados na colecção paleontológica da Sociedade de História Natural, em Torres Vedras. “O acervo existente representa agora uma das maiores colecções de vertebrados fósseis do mesozóico português [era geológica ocorrida há 251 milhões a 65 milhões de anos]”, sublinha o comunicado.
Instead of neat rows of monoculture, forest gardens combine fruit and nut trees, shrubs, herbs, vines and perennial vegetables together in one seemingly wild setting. This type of agroforestry mimics natural ecosystems and uses the space available in a sustainable way. UK-based Martin Crawford is one of the pioneers of forest gardening. Starting out with a flat field in 1994, his land has been transformed into a woodland and serves as an educational resource for others interested in forest gardening. This short film by Thomas Regnault focuses on Crawford's forest garden, which is abundant, diverse, edible, and might be one answer to the future of food systems.
Alunos do ensino médio do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), de Juína, a 737 km de Cuiabá, produziram uma fralda a partir do amido da mandioca. Eles se inspiraram na história do professor e orientador deles, Aloizio Farias, que possui Alzheimer e precisa utilizar fraldas de plástico.
Os cinco alunos irão apresentar o projeto em Recife, entre os dias 7 e 11 de março, a investidores, junto com outros vencedores da Maratona de Células Empreendedoras MT 2017.
A equipe decidiu substituir o plástico, produzido por um polímero sintético feito a partir do petróleo, por um natural. Foi quando surgiu a possibilidade de utilizar o amido da mandioca na confecção de fraldas descartáveis.
A estudante Mariana Sacht Nunes contou que os alunos estão procurando investidores para conseguirem produzir as fraldas biodegradáveis em escala maior.
“Estamos pensando em fazer um financiamento coletivo na internet. Pesquisamos no mercado e ainda não existe um produto parecido com esse sendo comercializado”, contou.
De acordo com ela, os alunos tiveram apenas 4 horas para pensar em um projeto que solucionasse um problema social.
“Nos dedicamos muito, ficamos sem dormir para conseguir terminar o projeto. Estávamos confiantes que ficaríamos com um dos três primeiros lugares”, disse.
Além de Mariana, os estudantes Anderson de Brito Almeida, Evandro Carlos de Oliveira, Marcos Vinicius de Araújo, Wagner Leandro Júnior e Wanderson Perondi, participaram da criação do projeto “Toper Bio – Fraldas Biodegradáveis”.
Incentivo
Para Giovane, é importante a participação dos alunos em projetos de empreendimentos que buscam mudanças na sociedade. Ele contou que essa foi a primeira vez que viu alunos adolescentes virando noites em um projeto científico.
“Eles (os alunos) agarraram essa oportunidade com todas as forças. São alunos adolescentes moradores do interior do estado, que produziram coisas extremamente relevantes para a sociedade”, disse.
Como a apresentação dos projetos aconteceu em Cuiabá, um ônibus dos institutos foi disponibilizado para realizar a viagem. De acordo com a Anna Clara, os pais dos alunos, que moram no interior do estado, ficaram em casa, acompanhando a transmissão do evento pelo celular.
Funcionalmente extintos.” É este o termo que define o estado a que terá chegado mais uma espécie animal no planeta Terra. Uma outra espécie que, pensa-se agora, terá tão poucos animais no seu estado selvagem que tecnicamente pode já não haver condições, ou pares suficientes, para se sustentarem mais gerações. Os pequenos e adoráveis coalas estão mais perto do que nunca do risco de extinção, com uma ténue esperança pela sua sobrevivência no meio natural.
O aviso foi feito esta quinta-feira, 16 de maio, pela Fundação Australiana dos Coalas. Citada por vários meios internacionais, a associação informou que o total destes marsupiais a viver em liberdade caiu para um número estimado de apenas 80 mil. O grupo explica que não há dados sobre o número exato de coalas existentes, mas há uma certeza: assim que a população de coalas cair abaixo de um número crítico, ela não pode mais produzir a próxima geração. Neste momento, e com base nas estimativas, qualquer tipo de doença pode ser suficiente para os eliminar.
A extinção não é ainda inevitável mas a esperança é cada vez mais ténue, sobretudo tendo em conta que no século passado havia dezenas de milhões destes animais pelo país. Os marsupiais, que são um dos símbolos populares da Austrália, são agora motivo para uma enorme movimentação política e financeira, numa luta contra o tempo pela sua salvação.
Segundo o jornal britânico “The Sun“, a Fundação Australiana dos Coalas pediu ao primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, que decretasse a Lei de Proteção ao Coala. Segundo esta organização, a lei “está escrita e pronta para ser publicada” desde 2016. “A situação dos coalas recai sobre os seus [do governo] ombros”, adiantam.
O site savethekoala.com também foi lançado para aumentar a consciencialização sobre o declínio da população dos coalas australianos e suportar os amantes de animais que queiram ajudar a espécie.
Com medidas urgentes talvez ainda seja possível salvar os coalas. Apesar de quase não beberem água, por retirarem o líquido de que necessitam das folhas de eucalipto, o aquecimento global e as ondas de calor constantes no país são um dos motivos apontados para a redução da espécie. A desflorestação, os incêndios, ataques animais e doenças serão outros responsáveis.
São as praias que visualizamos quando pensamos num “paraíso tropical”. Só que — e “não querendo desencorajar ninguém que lá vá para turismo” — as ilhas australianas Cocos (Keelings) “estão literalmente inundadas de plástico”. É o que diz Jennifer Lavers, a investigadora para quem praias com pouca ou nenhuma interferência humana, como estas, no oceano Índico, são também territórios de excelência para entender as “tendências de acumulação de lixo” e monitorizar a poluição marinha: “É cada vez mais urgente agirmos sobre os sinais que estas localizações nos dão”, alerta.
Jennifer Lavers percorreu 25 praias (recolhendo amostras em 1110 metros quadrados) em sete das 27 ilhas, o correspondente a 88% do território do pequeno arquipélago, entre Março e Setembro de 2017. Tropeçou em embalagens de comida, chinelos, escovas de dentes, sacos, tampas de garrafas, palhinhas, cordas de pesca. Pela areia branca e pela vegetação selvagem por onde andaram, os investigadores das universidades da Tasmânia e de Victoria, ambas na Austrália, recolheram, pesaram e separaram “um total de 23.227 itens de detritos antropogénicos, que pesam um total de 96 quilos”. A partir destes números calculam que, pelo arquipélago inteiro, se espraiem 414 milhões de peças de plástico — e isto é só uma “estimativa conservadora”. Bem-vindos ao paraíso?
O centro de turismo local apresenta as ilhas Cocos, duas delas habitadas por pouco mais de 600 pessoas, como “o último paraíso intocado na Austrália”. O estudo, publicado na Scientific Reports nesta quinta-feira, uma revista científica online de acesso aberto da Nature, revela outro cenário. Espalhadas pelas “ilhas tropicais remotas”, os investigadores estimaram haver, em 2017, 238 toneladas de resíduos: 93% não está à vista, mas sim enterrados até dez centímetros de profundidade, já fragmentados em partículas de dois a cinco milímetros que são “uma ameaça para a vida selvagem”. A cientista lembra que estes fragmentos não são recolhidos em acções de limpezas de praia e não são considerados em muitos levantamentos. Noutras palavras: estamos “a subestimar” a quantidade de resíduos acumulados.
Estes números estão “entre os mais elevados” até agora reportados em ilhas remotas. Jennifer Lavers, a principal autora do estudo, sente-se confortável a fazer estas comparações: foi ela quem, em Maio de 2017, registou nas praias das também isoladas ilhas Henderson, no Pacífico Sul, “a maior densidade de lixo plástico encontrada na Terra” — e o único vestígio da espécie humana naquela localização.
A investigadora, que estuda a vida marinha há 15 anos, recorda que os números agora divulgados são “conservadores” e devem ser interpretados como uma “estimativa mínima”. Isto porque, para o estudo, não foram considerados os resíduos enterrados a mais de dez centímetros da superfície ou os que se amontoam em áreas onde não conseguiram aceder e são conhecidas como hotspots para o lixo.
O Grupo Nabeiro partilhou hoje em Lisboa a sua estratégia de sustentabilidade e apresentou vários compromissos nas vertentes económica, social e ambiental, com o objectivo de reforçar o seu papel na construção de um Mundo cada vez mais sustentável e em consonância com a estratégia da organização e com os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável.
Nesse âmbito foi apresentada a nova cápsula de café Delta Q, 100% orgânica e biodegradável. Esta nova cápsula, desenvolvida pelo Centro de Inovação do Grupo Nabeiro, a Diverge, em conjunto com parceiros externos e Centros de Investigação nacionais, é feita de BioPBS, ou seja, de um material de base biológica e vegetal, constituído por cana-de-açúcar, mandioca e milho. É uma cápsula com 0% plásticos, 0% micro-plásticos e 0% alumínio.
O primeiro blend da marca com esta cápsula 100% orgânica, Delta Q eQo, será lançado no 2º semestre de 2019, terá uma validade de 90 dias por ser biodegradável, e terá tripla certificação de sustentabilidade: Certificação Rainforest Alliance, que trabalha para conservar a biodiversidade e garantir meios de subsistência sustentáveis através da transformação de práticas de uso do solo, práticas comerciais e comportamento do consumidor; Certificação UTZ (UTZ representa uma agricultura sustentável e melhores oportunidades para agricultores, as suas famílias e o Planeta); e Certificação Biológica (O método de produção biológico combina as melhores práticas ambientais que contribuem para um aumento de biodiversidade e a preservação dos recursos naturais).
A embalagem do novo Delta Q eQo é feita em cartão totalmente reciclável, com certificação FSC (que assegura que o produto provém de uma floresta gerida de forma sustentável) e impressa com tintas biológicas.
“O caminho de sustentabilidade é prioritário para o Grupo e para todas as suas marcas. Com estas iniciativas damos continuidade ao trabalho que desenvolvemos na área social e em prol da comunidade. Pretendemos continuar com um papel activo na construção de valor para a sociedade, contribuindo para a adopção de comportamentos mais responsáveis, acrescentando simultaneamente valor aos vários momentos de consumo e de partilha proporcionados pelo café.”, sublinha Rui Miguel Nabeiro, Administrador do Grupo Nabeiro – Delta Cafés
Human society is in jeopardy from the accelerating decline of the Earth’s natural life-support systems, the world’s leading scientists have warned, as they announced the results of the most thorough planetary health check ever undertaken.
The biomass of wild mammals has fallen by 82%, natural ecosystems have lost about half their area and a million species are at risk of extinction – all largely as a result of human actions, said the study, compiled over three years by more than 450 scientists and diplomats.
Two in five amphibian species are at risk of extinction, as are one-third of reef-forming corals, and close to one-third of other marine species. The picture for insects – which are crucial to plant pollination – is less clear, but conservative estimates suggest at least one in 10 are threatened with extinction and, in some regions, populations have crashed. In economic terms, the losses are jaw-dropping. Pollinator loss has put up to $577bn (£440bn) of crop output at risk, while land degradation has reduced the productivity of 23% of global land.
The knock-on impacts on humankind, including freshwater shortages and climate instability, are already “ominous” and will worsen without drastic remedial action, the authors said.
“The health of the ecosystems on which we and other species depend is deteriorating more rapidly than ever. We are eroding the very foundations of economies, livelihoods, food security, health and quality of life worldwide,” said Robert Watson, the chair of the Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services (Ibpes). “We have lost time. We must act now.”
The warning was unusually stark for a UN report that has to be agreed by consensus across all nations. Hundreds of scientists have compiled 15,000 academic studies and reports from indigenous communities living on the frontline of change. They build on the millennium ecosystem assessment of 2005, but go much further by looking not just at an inventory of species, but the web of interactions between biodiversity, climate and human wellbeing.
Over the past week, representatives from the world’s governments have fine-tuned the summary for policymakers, which includes remedial scenarios, such as “transformative change” across all areas of government, revised trade rules, massive investments in forests and other green infrastructure, and changes in individual behaviour such as lower consumption of meat and material goods.
Following school strikes, Extinction Rebellion protests, the UK parliament’s declaration of a climate emergency and Green New Deal debates in the US and Spain, the authors hope the 1,800-page assessment of biodiversity will push the nature crisis into the global spotlight in the same way climate breakdown has surged up the political agenda since the 1.5C report last year by the UN Intergovernmental Panel on Climate Change.
David Obura, one of the main authors on the report and a global authority on corals, said: “We tried to document how far in trouble we are to focus people’s minds, but also to say it is not too late if we put a huge amount into transformational behavioural change. This is fundamental to humanity. We are not just talking about nice species out there; this is our life-support system.”
The report shows a planet in which the human footprint is so large it leaves little space for anything else. Three-quarters of all land has been turned into farm fields, covered by concrete, swallowed up by dam reservoirs or otherwise significantly altered. Two-thirds of the marine environment has also been changed by fish farms, shipping routes, subsea mines and other projects. Three-quarters of rivers and lakes are used for crop or livestock cultivation. As a result, more than 500,000 species have insufficient habitats for long-term survival. Many are on course to disappear within decades.
Eduardo Brondizio, an Ibpes co-chair from Indiana University Bloomington, said: “We have been displacing our impact around the planet from frontier to frontier. But we are running out of frontiers … If we see business as usual going forward then we’ll see a very fast decline in the ability of nature to provide what we need and to buffer climate change.”
Agriculture and fishing are the primary causes of the deterioration. Food production has increased dramatically since the 1970s, which has helped feed a growing global population and generated jobs and economic growth. But this has come at a high cost. The meat industry has a particularly heavy impact. Grazing areas for cattle account for about 25% of the world’s ice-free land and more than 18% of global greenhouse gas emissions. Crop production uses 12% of land and creates less than 7% of emissions.
The study paints a picture of a suffocating human-caused sameness spreading across the planet, as a small range of cash crops and high-value livestock are replacing forests and other nature-rich ecosystems. As well as eroding the soil, which causes a loss of fertility, these monocultures are more vulnerable to disease, drought and other impacts of climate breakdown.
In terms of habitats, the deepest loss is of wetlands, which have drained by 83% since 1700, with a knock-on impact on water quality and birdlife. Forests are diminishing, particularly in the tropics. In the first 13 years of this century, the area of intact forest fell by 7%, bigger than France and the UK combined. Although the overall rate of deforestation has slowed, this is partly an accounting trick, as monoculture plantations replace biodiverse jungle and woodland.
Oceans are no longer a sanctuary. Only 3% of marine areas are free from human pressure. Industrial fishing takes place in more than half the world’s oceans, leaving one-third of fish populations overexploited.
Climate change, pollution and invasive species have had a relatively low impact, but these factors are accelerating. Emissions continue to rise. Last week, the amount of carbon dioxide in the atmosphere passed the 415 parts per million mark for the first time. Even if global heating can be kept within the Paris agreement target of 1.5C to 2C, the ranges of most species will shrink profoundly, the paper warns.
Population growth is noted as a factor, along with inequality. Individuals in the developed world have four times as much of an economic footprint as those in the poorest countries, and the gap is growing.
Our species now extracts 60bn tons of resources each year, almost double the amount in 1980, though the world population has grown by only 66% in that time. The report notes how the discharges are overwhelming the Earth’s capacity to absorb them. More than 80% of wastewater is pumped into streams, lakes and oceans without treatment, along with 300m-400m tons of heavy metals, toxic slurry and other industrial discharges. Plastic waste has risen tenfold since 1980, affecting 86% of marine turtles, 44% of seabirds and 43% of marine mammals. Fertiliser run-off has created 400 “dead zones”, affecting an area the size of the UK.
Andy Purvis, a professor at the Natural History Museum in London and one of the main authors of the report, said he was encouraged nations had agreed on the need for bitter medicine.
“This is the most thorough, most detailed and most extensive planetary health check. The take-home message is that we should have gone to the doctor sooner. We are in a bad way. The society we would like our children and grandchildren to live in is in real jeopardy. I cannot overstate it,” he said. “If we leave it to later generations to clear up the mess, I don’t think they will forgive us.”
The next 18 months will be crucial. For the first time, the issue of biodiversity loss is on the G8 agenda. The UK has commissioned Partha Dasgupta, a professor at Cambridge University, to write a study on the economic case for nature, which is expected to serve a similar function as the Stern review on the economics of climate change. Next year, China will host a landmark UN conference to draw up new global goals for biodiversity.
Cristiana Pașca Palmer, the head of the UN’s chief biodiversity organisation, said she was both concerned and hopeful. “The report today paints quite a worrying picture. The danger is that we put the planet in a position where it is hard to recover,” she said. “But there are a lot of positive things happening. Until now, we haven’t had the political will to act. But public pressure is high. People are worried and want action.”
The report acknowledges current conservation strategies, such as the creation of protected areas, are well-intended but inadequate. Future forecasts indicate negative trends will continue in all scenarios except those that embrace radical change across society, politics, economics and technology.
It says values and goals need to change across governments so local, national and international policymakers are aligned to tackle the underlying causes of planetary deterioration. This includes a shift in incentives, investments in green infrastructure, accounting for nature deterioration in international trade, addressing population growth and unequal levels of consumption, greater cooperation across sectors, new environmental laws and stronger enforcement.
Greater support for indigenous communities and other forest dwellers and smallholders is also essential. Many of the last holdouts for nature are in areas managed by such groups, but even here, the pressures are beginning to take a toll, as wildlife declines along with knowledge of how to manage it.
Josef Settele, an Ipbes co-chair and entomologist at the Helmholtz Centre for Environmental Research in Germany, said: “The situation is tricky and difficult but I would never give up. The report shows there is a way out. I believe we can still bend the curve.
“People shouldn’t panic, but they should begin drastic change. Business as usual with small adjustments won’t be enough.”
This article was amended on 12 June 2019 because Eduardo Brondizio is from Indiana University Bloomington, not Indiana State University as an earlier version said. This has been corrected.